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agosto 26, 2015
João Modé no Açude, Rio de Janeiro
A partir do dia 31 de agosto de 2015 estará aberta ao público a instalação O passado vem de frente numa brisa do artista João Modé, dando continuidade ao Programa Espaço de Instalações – Projetos Temporários do Museu do Açude, que associa arte contemporânea ao meio ambiente.
O trabalho propõe uma relação com a história do lugar e com seus ciclos naturais. No espaço orgânico da floresta, o artista aprofunda a perspectiva de uma trilha unindo árvores e arbustos por meio de correntes com elos de argila. Ao longo do percurso, constrói paredes de taipa que delimitam campos espaciais. “São sólidos quadrados que se tocam por seus vértices; são correntes que acompanham as curvas dos cipós, e troncos de árvores esculpidos com seus galhos talhados formando pousadas para espécies de pássaros e animais – todos lançados aos efeitos de erosão exercidos pelo tempo, pela chuva, pelo vento e pela luz”, afirma Daniela Castro, autora do texto do folder.
A casa do Alto da Boa Vista foi para Castro Maya seu recanto de lazer e fruição estética. As fotos de seu arquivo pessoal, assim como os depoimentos orais são ricos em registros sobre o entusiasmo com que se dedicava aos passeios a cavalo pelas trilhas do parque. O artista se apropria desse cenário campestre e da efusão de vestígios memorialísticos da moradia. O passado vem de frente numa brisa nos traz, mediante um gesto artístico, os hábitos e costumes de uma época, tornando simbolicamente menos distante o tempo de outrora e o tempo presente.
agosto 24, 2015
Mostra Rumos no Itaú Cultural, São Paulo
Um híbrido das artes na Mostra Rumos
A mais recente edição do programa Rumos traz uma variedade de linguagens, muitas entrelaçadas, entre obras visuais e tecnológicas, espetáculos de cênicas, audiovisuais, pesquisas, seminários e temas que suscitam debates; é o resultado da reformulação do programa do Itaú Cultural de apoio à produção cultural brasileira, e revela a arte atual em diálogo entre diversos suportes
Com abertura no dia 26, para convidados, e de 27 de agosto a 25 de outubro em cartaz para o público, o Itaú Cultural apresenta ao público a Mostra Rumos. Ela traz trabalhos selecionados na mais recente edição do principal programa do instituto de apoio à produção cultural brasileira: o Rumos. Agora totalmente reformulado, com a eliminação de segmentos por áreas de expressão, revela na exposição um híbrido das artes, incluindo uma maratona de espetáculos de dança, teatro, música, performance, seminários, debates que se alonga por todo o mês, no mesmo período em que são exibidas as obras com caráter expositivo em dois dos andares da casa.
Nestes pisos 1 e -1, o público encontra projetos assinados por 15 contemplados como Berna Reale (PA) com a vídeo-performance Precisa‐se do presente,João Angelini (DF), apresentando a pesquisa Experimentos em animação, Cecília Cipriano (RJ), com a instalação O corte, Marcelo Armani, em TRANS(OBRE)POR, mais uma instalação – esta sonora processual com fotografia digital --, Teresa Siewerdt (RS) com registro de performance Jardim de passagem,e as duplas Gisela Motta e Leandro Lima (SP) com vídeo instalação, e Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti (SP) com a escultura cinética VOZ|VOICE.
Ente as demais obras, os suportes variam passando de desenvolvimento de software, aplicativos e pesquisa traduzida em game a documentários multiplataforma. É possível interagir com outrasde caráter tecnológico, como Os Caminhos da Jibóia, um game sobre o universo indígena da tribo Huni Kuin, da Amazônia, elaborado por Guilherme Pinho Meneses, de São Paulo.Moviola, uma instalação que mescla recursos das artes visuais e coloca o visitante dentro de um sistema de engrenagens e manivelas feito por Márcio Ambrósio, também de São Paulo. Há, ainda, dois curtas-metragens: Rua Fulano de Tal, da paulista de Mauá Caroline Neumann, e Homenagem a Matta Clark, do carioca Pedro Urano, em cabines instaladas no andar -1.
Vale destacar outra atração que funciona fora das quatro paredes do Itaú Cultural: Tudo está relacionado, do fotógrafo paulistano André Penteado. Uma instalação alocada em um imóvel localizado no bairro de Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, aberto para visitação do público por duas semanas. Durante este tempo, o artista constrói uma obra que integra e entrelaça quatro arquivos distintos de fotos, sendo um herdado de seus familiares e outros três criados por ele mesmo. Isto é alcançado por um processo de análise, compreensão, edição e re-significação das imagens contidas em cada arquivo.
Arena para a diversidade artística
Em mais um andar, o piso -2 está montado um palco para receber espetáculos de diferentes vertentes. Em formatos variados e modos diversos de apresentação, passarão por alicinco trabalhos de artes cênicas, e uma extensa circulação de seminários e debates, com a participação dos artistas contemplados neste Rumos Itaú Cultural. Durante todo o mês, eles falam desde o processo de criação de suas obras, até desafios relacionados ao campo das artes que atuam no país.
Os temas abordados são todos relacionados com os projetos selecionados. Falam do novo formato do programa e da política de editais culturais,da memória, dos deslocamentos artísticos, do corpo na arte, das cidades, o qual aborda diferentes vivências urbanas com projetos como o Janelas do Minhocão, de Iarlei Rangel Leal Sena, de São Paulo, ou o Hip Hop Cozinha: Cartografia para Comer, Ver e Ouvir, do MC Zinho Trindade, de Embu.A temática circense também faz parte da programação da Mostra Rumos 2013-2014, para isto, a companhia Tropa Trupe, do Rio Grande do Norte, apresenta o seu espetáculo Agora eu posso ver!,na Sala Itaú Cultural.
O teor de todos os 101 trabalhos contemplados, pelo Rumos Itaú Cultural 2013-2014, entre mais de 15 mil inscritos – muitos ainda em produção, outros em processo de pesquisa –, estão disponíveis para consulta no site do Itaú Cultural (novo.itaucultural.org.br), em um canal dedicado especialmente para esta mostra. Além disso, ainda neste segundo semestre, o instituto anuncia a abertura das inscrições para a edição Rumos Itaú Cultural 2015-2016.
agosto 23, 2015
José Damasceno na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
A Artur Fidalgo Galeria está completando 15 anos. A data será marcada com a inauguração de novo local no mesmo shopping, Cidade Copacabana, onde Artur Fidalgo construiu seu nome como galerista apresentando inúmeras exposições tanto de renomados artistas como ainda incentivando jovens em suas novas trajetórias.
Para celebrar os 15 anos, Artur Fidalgo apresenta a exposição É pura épura, de José Damasceno. O artista volta à galeria onde em 2006 realizou a individual, “Projeto Objeto”.
“É pura épura” é o título de uma das obras que faz parte da próxima exposição do artista na Artur Fidalgo Galeria e igualmente nomeia a mostra. A peça consiste em simplesmente uma única linha manuscrita diretamente sobre a parede, evocando consigo o sistema de representação da geometria descritiva vertido agora sobre o campo da linguagem e imaginação. A mostra reúne elementos desafiadores onde participam, além de colagem e desenho, objetos de madeira, chumbo e granito oriundos do universo da escultura, aliando técnicas e materiais diversos. A exposição busca desenvolver novas hipóteses às pesquisas espaciais do artista relacionadas à ideia de jogo e representação.
agosto 20, 2015
Destino dos Objetos na FVCB, Viamão
De 22 de agosto a 12 de dezembro de 2015, a Fundação Vera Chaves Barcellos apresenta a mostra Destino dos Objetos | O artista como colecionador e as coleções da FVCB. Impressões, desenhos, fotografias, gravuras, fotocópias, objetos, esculturas, colagens e vídeos integram a mostra que reúne um diverso grupo de 50 artistas de várias nacionalidades.
Com curadoria de Eduardo Veras, Destino dos Objetos examina como, por diferentes caminhos, os artistas se fazem colecionadores, ou, pelo menos, como seus trabalhos podem replicar algo do furor colecionista. Há aqueles que tratam de isolar, recolher e sacralizar peças específicas, peças que imediatamente perdem sua função original, mesmo que não renunciem às memórias que carregam. Há também aqueles em que, mais do que a escolha, despontam as noções de acúmulo, ordenamento e classificação. Entre uns e outros, o artista emerge como o sujeito dos desejos e das decisões, oferecendo ou adivinhando um destino para os objetos.
A exposição remonta ao gérmen da própria Fundação Vera Chaves Barcellos, cuja origem acervística encontra-se nas coleções de arte formadas pelos artistas Vera Chaves Barcellos e Patricio Farías ao longo dos anos, antes mesmo da formalização desse importante centro de divulgação de arte contemporânea.
Destino dos Objetos permanece em cartaz até o dia 12 de dezembro de 2015 e contará com uma programação paralela com palestras, conversas com artistas, além das visitas mediadas e da promoção do Curso de Formação Continuada em Artes – ações permanentes do Programa Educativo da FVCB, que segue oportunizando vivas experiências com a arte e estimulando a formação de novos públicos.
agosto 19, 2015
Xavier Veilhan na Nara Roesler, São Paulo
Galeria Nara Roesler passa a representar no Brasil o artista francês, agora em sua primeira individual na América Latina
Seis anos depois de conquistar o reconhecimento internacional com a exposição que sucedeu a de Jeff Koons no Palácio de Versalhes, o francês Xavier Veilhan ganha a sua primeira individual na América Latina. Entre 24 de agosto e 26 de setembro 31 de outubro, Horizonte Verde reunirá na Galeria Nara Roesler - que passa a representá-lo no Brasil - 17 obras do artista, considerado um dos mais originais da atualidade, sobretudo no uso da tecnologia.
Desde o fim dos anos 1980, a obra de Xavier Veilhan oscila entre o classicismo formal e a alta tecnologia, confrontando a herança modernista com o contexto contemporâneo. Por meio de um registro de formas, ele busca manter a tensão entre abstração e figuração; de um estado de espírito, ele extrai a energia típica das épocas de transição tecnológica. Através de uma grande variedade de registros e meios, certos temas recorrentes, como a velocidade, o movimento ou o progresso técnico, são desenvolvidos por uma sintaxe formal moldável: os móbiles, os raios, as litografias ou as esculturas lapidadas feitas com scanners 3D.
Para essa primeira exposição individual latino-americana, depois de coletivas em Quito, Caracas, Montevidéu e em São Paulo, no antigo Hospital Matarazzo (2014), Veilhan apresenta desdobramentos de algumas de suas séries emblemáticas. Uma grande instalação de litografias monocromáticas ocupa as paredes da Galeria Nara Roesler, fazendo fundo para um novo móbile com elementos pintados à mão, uma novidade no trabalho do artista. Numa segunda sala, uma instalação articula quadros e esculturas retratando parentes do artista.
Entre as duas salas, uma linha de 1,40m que parte do chão conecta os dois espaços, e corre ao longo das paredes como se fosse uma linha do horizonte. Embora artificial, esse processo visual unifica o espaço da galeria, transformando-o em palco: o público abandona sua posição de visitante passivo para se tornar ator da máquina visual que é a exposição. Uma maneira de reiterar a herança da cena artística francesa dos anos 1990, em que a exposição era vista como um meio, mas também de revelar os experimentos de Xavier Veilhan com dados imateriais, espaço e movimento. A sua prática ligada ao teatro será evidenciada na mostra através de projetos recentes: a performance artística Systema Occam (2013), seu último filme Vent Moderne (2015) e Architectones (2012-2014), um ciclo de intervenções in situ em edifícios emblemáticos da arquitetura modernista.
Horizonte Verde evoca uma evolução recente dentro do trabalho de Veilhan. Nela, a estética bem definida e faiscante dos anos 2000, um período caracterizado pela predileção pelo aço inox ou a resina, deu, há alguns anos, lugar a um trabalho mais bruto e artesanal, como os pedestais de madeira bruta, as esculturas de carbono e as litografias simplesmente penduradas nas paredes que serão apresentados em São Paulo.
Por sua extrema atualidade, ainda que sempre relacionada com a história da arte e do século 20, a obra de Veilhan é de difícil classificação. Escultura, estatuário público, instalação, móbile, pintura e vídeo são algumas das manifestações que ela já assumiu. Um exemplo é a sua antiga série de esculturas de animais em cores vibrantes, como Shark (2008) e The Rhinoceros (1999), cujas formas prismadas (e monocromáticas) as tornavam figuras cubistas tridimensionais. Com The Model T Ford (1997-1999), Veilhan reconstruiu, artesanalmente, o primeiro modelo de carro produzido em série por Henry Ford, no início do século 20, numa inversão de paradigmas: se no original de Ford a industrialização massiva era a causa de admiração, sua clonagem em processo manual sugere a união da tecnologia, levada hoje a extremos, a um tempo e espaço próprios da realização individual e da manufatura.
Suas instalações e ambientações exploram sempre as conexões entre história da arte, história universal, desenvolvimento tecnológico e uma certa forma de olhar para a natureza intermediada por essa tecnologia - e vice-versa. O modernismo, em sua abstração construtiva, é um dado constante em esculturas e instalações públicas.
Em duas de suas séries mais marcantes, Music e Maquettes, que terão exemplares exibidos na mostra na Nara Roesler, os elementos são reunidos como num museu do futuro. Music é uma antologia de esculturas de grandes personagens musicais desde o fim do século 20 até a atualidade, realizadas por escaneamento 3D e recorte eletrônico em materiais como madeira policrômica e um composto que remete a pedras do estatuário medieval. Maquettes traz diversas estruturas que lembram esculturas geométricas modernistas, formadas por bastões de madeira encaixados entre si por articulações de elástico. Pela instabilidade com que parecem se equilibrar as peças, há uma recusa à perfeição formal construtiva.
Com tantos entrefluxos atravessando a pluralidade de estilos de todas as épocas, formas e materiais, Veilhan propõe um frescor visual que possibilita a reinvenção da natureza pela tecnologia, usada de forma a desinstrumentalizar o olhar industrializado. Em vez de aceitar as regras impostas pelas técnicas da produção em massa, o artista joga com a noção de tempo, espaço e artesania para contestar a infalibilidade da máquina e inserir o dado humano e natural no quebra-cabeça da perfeição computadorizada.
Xavier Veilhan nasceu em Paris, em 1963. Participou das coletivas Simple shapes (Mori Art Museum, Tóquio, 2015), Une histoire, art, architecture, design, des années 80 à aujourd’hui (MNAM-Centre Georges Pompidou, Paris, 2015) e Made by... (Cidade Matarazzo, São Paulo, 2014), entre outras. Teve como exposições individuais mostras como Canal+ Xavier Veilhan, L’Expo des 30 ans (Palais de Tokyo, Paris, 2014), Maquettes (FRAC Centre, Orléans, 2014-15) e Systema Occam (performance com música de Eliane Radigue, Musée Delacroix, Paris, 2014).
agosto 14, 2015
Casa França-Brasil comemora 25 anos com cinco mostras simultâneas no Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 15/08 às 15h: Casa França-Brasil comemora 25 anos com cinco mostras simultâneas http://bit.ly/CFB-25anos >>> Arquivo + Cinema + Alfredo Jaar + Beto Shwafaty + Cildo Meireles
Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 15 de agosto de 2015
Obras do artistas Alfredo Jaar, Cildo Meireles e Beto Shwafaty, e um jardim de inverno-praça pública, integram as cinco mostras simultâneas que comemoram 25 anos do centro cultural
A Casa França-Brasil, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura administrado pela organização social Oca Lage, apresenta a partir do próximo dia 15 de agosto “CFB: 25 anos”, cinco mostras simultâneas que celebram seus 25 anos de atividade. O curador Pablo León de la Barra reuniu trabalhos dos artistas Cildo Meireles, Alfredo Jaar, Beto Shwafaty, e os filmes "Canoas” (2010), de Tamar Guimarães; “Superfícies vibráteis” (2005), de Manon de Boer; e “Bete & Deise” (2012), de Wendelien van Oldenborgh. O espaço central será ambientado como local de convivência, como “uma praça cultural”, onde o público poderá ver uma seleção de documentos de exposições realizadas na Casa desde 1990, em curadoria conjunta com Natália Quinderé.
Do artista chileno Alfredo Jaar (1956), residente em Nova York desde 1982, estará o letreiro Cultura = Capital (2012-2015), que ficará suspenso a 3,5 metros do chão do espaço central. Ele amplia o conceito de “Arte = Capital” (“Kunst = Kapital”) de Joseph Beuys, e acompanha o pensamento dos filósofos Antonio Gramsci e Friedrich Nietzsche de que “cultura é fundamental para a existência humana”. “Para Jaar, arte e cultura constituem um espaço de resistência e desempenham um papel fundamental em nossas vidas políticas diárias”, comenta Pablo León de la Barra. “Em tempos de recessão econômica, quando cultura e educação logo sofrem cortes orçamentários, ‘Cultura = Capital’ reconhece que cultura não é apenas um fator de desenvolvimento econômico, mas uma necessidade básica e elemento indispensável para o progresso social. Invertendo a equação, sem cultura, não existe capital”, afirma o curador.
O espaço do Cofre será ocupado com dezesseis obras icônicas de Cildo Meireles (1948) sobre a moeda brasileira, “em uma pequena retrospectiva” das séries “Zero Cruzeiro” (1974), que, observa o curador, “questiona o valor do dinheiro”; “Inserções em Circuitos Ideológicos” (a partir de 1970), que “demonstra como os indivíduos podem interferir na economia, na política e na ideologia”; e ainda “Projeto Cédula (1970-2015).
Na primeira sala lateral, estará a instalação Remediações (2010-2014), de Beto Shwafaty, artista nascido em São Paulo em 1977. Ele discute criticamente o projeto nacional brasileiro e sua transposição para os campos da cultura visual, nas estratégias de propaganda, desde o final do século 19 até os tempos atuais, passando pelo modernismo e pelo regime militar. Para isso, criou um ambiente com linguagem museográfica, com móveis, vitrines em acrílico, painéis com treliças, fotografias e intervenções feitas sobre material impresso, como cartazes, e um monitor de televisão onde é exibido em looping um vídeo videocolagem de dez minutos, com uma colagem feita a partir de material de arquivo de cinco décadas, onde o Brasil turístico é intercalado por cenas de Zé Carioca, criado por Walt Disney dentro da política de “boa vizinhança”, uma fala do geógrafo Milton Santos sobre o legado colonial, e ainda cenas de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. A obra cria “uma tensão entre desejo e realidade”, diz o curador.
JARDIM DE INVERNO / ARQUIVO 25 ANOS
O espaço central será transformado em um “Jardim de Inverno / Praça Pública”, onde será exposto o arquivo histórico de 25 anos da CFB como centro cultural, com dez estações com mesas-vitrines, cadeiras e vasos de plantas, onde o público poderá mergulhar em uma seleção de eventos realizados ao longo da história da instituição. Pablo León de la Barra buscou criar um espaço acolhedor, e ao mesmo tempo recuperar a história tanto da construção, criada em 1820 para ser uma Praça de Comércio, quanto das exposições realizadas ao longo de seus 25 anos. “A Casa tem um público cativo, que vem aqui para ler, estar em um local público e seguro. Transformamos então o espaço central em uma grande sala de leitura, uma praça cultural”, explica o curador. A inspiração vem de “Un jardin d'hiver” (“Um jardim de inverno”), obra de 1974 do artista belga Marcel Broodthaers, um jardim de palmeiras com vitrines contendo gravuras “como forma de crítica aos discursos coloniais e à autoridade das instituições culturais”. Para compartilhar a curadoria deste espaço, Pablo León de la Barra convidou Natália Quinderé, que pesquisou os arquivos da instituição e levantou documentos sobre as exposições realizadas nos últimos 25 anos, que foram selecionados e serão dispostos em oito núcleos:
1. Fotografia em foco
“Cartier Bresson & Sebastião Salgado: Fotografias”, de 27 de junho a 29 de julho de 1990; e “Retratos da Bahia: fotografias de Pierre Verger e aquarelas de Carybé”, de 19 de setembro a 7 de outubro de 1990
2. “Missão artística francesa e os pintores viajantes: França-Brasil no século XIX”, de 13 de novembro a 16 de dezembro de 1990, com curadoria de Jean Boghici
3. “Apoteose Tropical: desfile-exposição com pinturas de Glauco Rodrigues”, de 31 de janeiro a 3 de março de 1991, com curadoria de Frederico Morais.
4. Índios na Casa
“Brasilidades: Amazônia e a França – Portinari – A Festa do Bumba”, de 28 de maio a 23 de junho de 1991, organizado pela antropóloga Berta Ribeiro; “Programa de índio: Kuarup”, em 8, 10 e 11 de agosto de 1991; e “Grafismo Kadiwéu”, de 7 a 30 de maio de 1993.
5. Internacionais – um pequeno recorte
“Miró: Águas-fortes e litografias”, de 25 de abril a 11 de junho de 1996; “Niki de Saint Phalle”, de 8 a 26 de janeiro 1997, com curadoria de Jean-Gabriel Mitterand; “Cerâmicas de Picasso”, de 7 de dezembro de 1999 a 22 de janeiro de 2000, com curadoria de Picasso Bernard Ruiz Picasso.
6. “Situações: Arte Brasileira – anos 70”, de 16 de agosto a 24 de setembro de 2000, com curadoria de Glória Ferreira e Paula Terra.
7. “Arte e religiosidade no Brasil – Heranças Africanas”, de 19 de fevereiro a 26 de abril de 1998, com curadoria de Emanoel Araújo e Carlos Eugênio Marcondes de Moura.
8. Cenários espetaculares
“Isto é a França em Quadrinhos – I Bienal Internacional de Quadrinhos”, de31 de outubro a 5 de dezembro de 1991; “Viva a água”, de 1 de junho a 5 de julho de 1992; e “Egito Faraônico – Terra dos deuses”, de 27 de setembro de 2001 a 7 de abril de 2002, com curadoria de Elisabeth Delange, curador associado Antônio Brancaglion Jr e Marly Atsuko Shibata (assistente).
9. Por que uma Casa França-Brasil?
Inaugurada em 1990, a Casa França-Brasil surgiu da conjunção de vários projetos culturais: a tentativa de criar 16 Casas de Cultura por todo Estado do Rio de Janeiro; a criação de um corredor cultural no Centro do Rio, com início no Museu de Arte Moderna; e o desejo do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), à época em que foi vice-governador, de restaurar a construção projetada por Grandjean de Montigny (1776-1850) a pedido de D. João VI, para ser Praça do Comércio, concluída em 1820. Alfândega a partir de 1824, arquivo de bancos ítalo-germânicos durante a Segunda Grande Guerra, e II Tribunal do Júri, entre 1956 e 1978, o prédio estava desativado. Em 1985 foi feita a assinatura para o restauro, uma parceria entre a Secretaria estadual de Cultura, o SPHAN/Pró-Memória, a Fundação Roberto Marinho e a Rhodia S.A. O projeto museográfico ficou a cargo de Pierre Catel, financiado pelo Ministério da Cultura da França, e após cinco anos de obras a Casa França-Brasil foi inaugurada, em 29 de março de 1990. A cocuradora Natália Quinderé conta que “os eventos realizados pela Casa, entre 1990 a 2008, abrangiam desde exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, mostras sobre a cultura popular a salões de antiquário e de colecionadores de selos”. A partir de 2008, a Casa França-Brasil passou por uma nova reforma e transformação de sua missão institucional, com foco na arte contemporânea.
10. Anos 2009-2015
Em 24 de outubro de 2009, a Casa França-Brasil reabriu suas portas, sob a direção de Evangelina Seiler, depois de um ano de reformas físicas do prédio e de mudança em sua missão institucional. A obra inaugural foi uma enorme estrutura suspensa por cabos e com planos transparentes da artista Iole de Freitas, projetada especialmente para esse espaço. A partir de então passaram pela instituição artistas de linguagens e produção diversa, como Laura Lima, Hélio Oiticica, Daniel Senise, Waltercio Caldas, José Rufino, Laercio Redondo, Carmela Gross, Cristina Iglesias e Dias & Riedweg. Paralelamente, o cofre da antiga Praça do Comércio e da Alfândega passou a abrigar trabalhos de artistas de trajetórias variadas, convidados, normalmente, pelo artista que ocupava o vão central e as salas principais. Expuseram ali Amália Giacomini, Ana Miguel, Pedro Victor Brandão, Analu Cunha, Efrain Almeida, Daniel Steegmann, Marcelo Cidade, Jorge Soledar, entre outros.
FILMES
A segunda sala lateral será transformada em um cinema, com a exibição de filmes – cada um em um período – de três artistas que reexaminam momentos recentes da história cultural e política do Brasil:
15 a 27 de agosto – “Canoas” (2010, 13’30’’), 16mm transferido para digital, cor/som, de Tamar Guimarães, nascida em 1967 em Belo Horizonte, e residente em Copenhague. Em “Canoas”, é encenado um coquetel na emblemática casa modernista de Oscar Niemeyer, a Casa das Canoas, que ele projetou em década de 1950 para morar. Em meio à aparente frivolidade burguesa da festa, e enquanto são servidos por criados e garçons, os convidados discutem o passado do Brasil no que se refere às contradições entre a arquitetura moderna e o projeto social modernista, o trauma da ditadura política e do exílio, e as distinções de classe e de raça, mas também a presença de um desejo erótico pelo outro.
28 de agosto a 9 de setembro – "“Superfícies vibráteis” (2005, 38’), falado em francês e português, com legendas em português, 16mm transferido para digital, da artista Manon de Boer, nascida em 1966 em Kodaicanal, Índia, e radicada em Bruxelas. Em seu filme, ela dá voz às memórias pessoais da psicanalista brasileira Suely Rolnik, que, nos anos de 1960, partiu em exílio para Paris devido à ditadura brasileira e, na década seguinte, estudou com os filósofos franceses Félix Guattari (1930-1992) e Gilles Deleuze (1925-1995).
10 a 20 de setembro – "Bete & Deise” (2012, 41’), HD, em português e legendas em inglês, da artista Wendelien van Oldenborgh, nascida em 1962, em Roterdã, Holanda, onde vive. “Bete & Deise” apresenta um encontro entre duas mulheres em um canteiro de obras, no Rio de Janeiro. A atriz Bete Mendes e a cantora de funk Deise Tigrona conversam sobre o uso de suas vozes e posições na esfera pública, permitindo que as contradições que trazem internamente venham à tona. Utilizando uma montagem que combina de modo sugestivo as vozes das duas mulheres com suas imagens, Van Oldenborgh nos confronta com reflexões sobre a relação entre produção cultural e política e o poder que pode ser gerado quando questões públicas se entrelaçam com o pessoal.
JORNAL
A exposição será acompanhada de um jornal em formato tabloide, com tiragem de cinco mil exemplares e distribuição gratuita ao público visitante. A publicação terá textos de Pablo León de la Barra, Natália Quinderé, e do músico e do arquiteto Guilherme Wisnik.
CURADORES
Nascido em 1972, na Cidade do México, Pablo León de la Barra tem PhD em History and Theory, pela Architectural Association, Londres, em 2010. Curador independente, realizador de exposições, pesquisador em arte e arquitetura, é também curador-residente do programa Guggenheim UBS MAP para América Latina, em Nova York.
Natália Quinderé é doutoranda em História e Crítica de Arte no Programa de Artes Visuais da UFRJ (PPGAV/EBA), onde pesquisa sobre os museus de artista. É coeditora executiva da revista Arte & Ensaios (PPGAV/EBA/UFRJ), e trabalhou em alguns projetos curatoriais. Em janeiro de 2015, participou do programa EAVerão, da Escolas de Artes Visuais do Parque Lage.
agosto 11, 2015
Mariannita Luzzati na Marcelo Guarnieri, São Paulo
AGENDA SP Hoje 15/08 às 11h: Mariannita Luzzati @ Marcelo Guarnieri http://bit.ly/M-Guarnieri_M-Luzzati
Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 15 de agosto de 2015
Galeria Marcelo Guarnieri apresenta individual de Mariannita Luzzati com sua recente produção: pinturas e desenhos figurativos, paisagens naturais do Brasil, com destaque à apuração das cores, a preocupação com as formas e com os volumes.
Após a fase de exercício na pintura abstrata e do uso intenso das cores, a artista Mariannita Luzzati apresenta série inédita de telas e pequenos desenhos. Quatro anos fotografando e pesquisando as paisagens naturais do Brasil, fizeram com que a artista, nascida e criada em São Paulo, se reaproximasse dos cenários que compõem a imaginação e a memória do país, como os balneários litorâneos e as montanhas de lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Naquilo que Luzzati intitula de “alerta do olhar”, a visão externa e distanciada das coisas, - dividir seu tempo entre Londres e SP desde 1994 – fez com que o seu trabalho de pesquisa na pintura se aproximasse, cada vez mais, do exercício do figurativo, do interesse pelas formas e pelos volumes, em consonância com a apuração das cores. O processo desta nova fase pode ser conferido no próximo dia 15 de agosto (sábado), 11h, na unidade dos Jardins, em SP, da Galeria Marcelo Guarnieri.
Intitulando-se como pintora, a artista pertencente à geração dos anos 90, Mariannita Luzzati busca a aproximação com a dimensão das formas das geologias brasileiras – especialmente a volumetria das montanhas de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo – na tentativa de retirá-las do estado de deturpação, seja pelo olhar ou pelo Tempo, para restaurar estas paisagens na pintura e no desenho.
Em um processo que integra fotografia, pintura e desenho, com suas técnicas e linguagens próprias, o trabalho começou a quatro anos fotografando estes espaços; das lentes das câmeras, as paisagens ganham contornos figurativos, e reaparecem, num outro sentido, em telas horizontais, verticais e quadradas de dimensões que fogem dos padrões de tamanhos habituais. Neste momento, o interesse é a captação da dimensão espacial, o apuro do uso de cores, transitando numa cartela primária e sóbria com brancos, cinzas, esverdeados e pretos. Não convencionais para uma paisagem e espírito brasileiros, a justificativa na escolha destes tons, encontra-se na percepção da artista da intensidade da luz no Brasil, em oposição, por exemplo, à luz de Londres, que revela, no primeiro caso, uma sutileza de tonalidade das cores. Destaca-se, então, a necessidade pela pintura, que cria universos que adquirem personalidade e transformam a natureza num espaço monumental.
Como exercício da geografia e do espacial nas artes, a etapa seguinte é transformar o olhar das paisagens, depois da pintura feita, em desenhos de pequenos tamanhos. “Para mim, o desenho é uma depuração da pintura”, afirma a artista, que, após um hiato de muitos anos sem desenhar, volta a aproximar o traço do desenho feito com lápis duro como se fosse a ponta seca da gravura em metal, sem perder o brilho da maior preocupação do seu trabalho: o rigor e a beleza das formas.
A exposição individual de Mariannita Luzzati pode ser conferida, pelo público, na Galeria Marcelo Guarnieri, em São Paulo, a partir do dia 17 de agosto, 10h.
Julião Sarmento no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
AGENDA SP Hoje 15/08 às 11-14h: Julião Sarmento @ Galpão Fortes Vilaça http://bit.ly/GalpaoFortes_J-Sarmento
Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 15 de agosto de 2015
A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Easy, Fractals & Star Map, a nova exposição do artista português Julião Sarmento, sua primeira no Galpão Fortes Vilaça.
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A mostra é composta por pinturas e esculturas recentes e estabelece uma relação ficcional entre Edgar Degas e Marcel Duchamp – “gigantes da história da arte”, nas palavras do artista. Ao criar um diálogo entre os dois mestres, Julião reafirma temas frequentes de sua própria obra: o hiato entre ficção e realidade, mecanismos de representação e erotismo.
O arquétipo feminino – elemento central na prática de Julião Sarmento – reaparece em Fifth Easy Piece, tomando como inspiração a icônica obra de Degas, La Petite Danseuse de Quatorze Ans (c. 1881). Na reinterpretação do artista, a dançarina adolescente é transformada em uma mulher madura, moldada através de um moderno processo de impressão 3D. Em Alma, os moldes de gesso são arranjados em uma armação de ferro, expondo o avesso da escultura e aludindo dessa vez a Duchamp – algo ainda mais explícito na obra O Grande Vidro, feita especialmente para a mostra.
A referência aos dois mestres espalha-se ainda nas pinturas da exposição, seja por citações gráficas, seja por alusões obscuras. Nesse conjunto de obras, Sarmento emprega diferentes pigmentos, solventes e técnicas, criando formas triangulares que se multiplicam como fractais. A quase completa ausência de cor, outro traço marcante do artista, reafirma o forte diálogo que sua pintura mantém com o desenho. Os títulos referem-se a nomes de estrelas e, uma vez espalhadas na parede, parecem formar constelações. Em Piscis Austrinus, um díptico de cinco metros de largura, manchas orgânicas se contrapõe às formas geométricas e criam uma elegante composição. Os volumes prateados de Sirrah, por sua vez, evocam a superfície lunar.
Ao cruzar diferentes tempos históricos e planos físicos, Easy, Fractals & Star Map instaura uma narrativa fictícia, possível apenas no campo da arte. As associações livres propostas por Sarmento apontam para o desconhecido, como um convite para mapear os astros.
Julião Sarmento nasceu em Lisboa, em 1948, e atualmente vive e trabalha em Estoril, também em Portugal. Considerado um dos mais renomados artistas portugueses, ele esteve em duas edições da Documenta de Kassel (1987 e 1982) e em duas Bienais de Veneza (2001 e 1997), além de muitas outras mostras. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: Una forma extrema de privacidad, Museo de Arte Carrillo Gil (Cidade do México, 2013); Noites Brancas, Museu Serralves (Porto, 2012); Artist Room, Tate Modern (Londres, 2010); Grace under Pressure, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2009). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, entre as quais: Guggenheim (Nova York), Tate Modern (Londres), SFMOMA (San Francisco), Moderna Museet (Estocolmo), Centre Pompidou (Paris), CaixaForum (Barcelona).
Fortes Vilaça is pleased to present Easy, Fractals & Star Map, the new exhibition by Portuguese artist Julião Sarmento, his first at Galpão Fortes Vilaça. The show features recent paintings and sculptures and establishes a fictional relationship between Edgar Degas and Marcel Duchamp – “giants of art history”, in the artist’s words. By creating a dialogue between the two masters, Julião reaffirms frequent themes of his own work: the gap between fiction and reality, mechanisms of representation and eroticism.
The feminine archetype – a central element in Julião Sarmento’s practice – reappears in Fifth Easy Piece, inspired by the iconic work by Degas, La Petite Danseuse de Quatorze Ans (c. 1881). In the artist’s reinterpretation, the teenage dancer is transformed into a mature woman, molded through a modern process of 3-D printing. In Alma [Soul], the plaster molds are arranged in a steel framework, displaying the sculpture inside out and this time making an allusion to Duchamp – as he does even more explicitly in the work O Grande Vidro [The Large Glass] made especially for the show.
The reference to the two masters is also made in the paintings in the exhibition, whether through graphic citations or obscure allusions. In this set of works, Sarmento uses different pigments, solvents and techniques, creating triangular shapes that are multiplied like fractals. The nearly complete absence of color, another hallmark of the artist, reaffirms the strong dialogue that his painting maintains with drawing. The titles refer to names of stars and, when scattered on the wall, they seem to form constellations. In the five-meter-wide diptych Piscis Austrinus, organic splotches are contraposed to geometric shapes to create an elegant composition. In Sirrah, the silvery volumes recall the lunar surface.
By intercrossing different historical times and physical planes, Easy, Fractals & Star Map instates a fictitious narrative, possible only in the field of art. The free associations that Sarmento proposes point to the unknown, like an invitation to map the stars.
Julião Sarmento was born in Lisbon, in 1948, and currently lives in Estoril, also in Portugal. One of the most renowned Portuguese artists, he has participated in two editions of the Kassel Documenta (1987 and 1982) and in two Venice Biennales (2001 and 1997), in addition to many other exhibitions. His recent solo shows have most notably included Una forma extrema de privacidad, Museo de Arte Carrillo Gil (Mexico City, 2013); White Nights, Museu Serralves (Porto, 2012); Artist Room, Tate Modern (London, 2010); and Grace under Pressure, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2009). His work figures in various public collections which include those of Guggenheim (New York), Tate Modern (London), SFMOMA (San Francisco), Moderna Museet (Stockholm), Centre Pompidou (Paris), and CaixaForum (Barcelona).
Carlos Vergara na Multiarte, Fortaleza
AGENDA CE Hoje 13/08 às 19h30: Carlos Vergara @ Multiarte http://bit.ly/Multiarte_C-Vergara
Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 13 de agosto de 2015
A exposição Carlos Vergara na Multiarte apresenta obras selecionadas do artista que permeiam mais de cinco décadas de sua produção – dos anos 1960 aos dias atuais.
Vergara faz parte de uma geração de artistas cuja trajetória inicia nos anos 1960, quando decidem opor-se à ditadura imposta ao país. Estes artistas passam a incorporar, nos seus trabalhos, uma linguagem marcante de resistência.
A exposição Opinião 65, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio Janeiro, em agosto de 1965, idealizada por Ceres Franco e Jean Boghici, foi um marco na história da arte contemporânea brasileira, a ressaltar, a postura crítica diante da nova realidade que se impunha a nossa sociedade. É neste cenário que se forma um movimento denominado Nova Figuração Brasileira, integrado por Antonio Dias, Carlos Vergara, Roberto Magalhães e Rubens Gerchman. Sobre este momento, comentou Rubens Gerchman nas nossas inúmeras conversas em seu ateliê de São Paulo, na preparação de uma exposição no Rio de Janeiro, a qual, infelizmente, o artista não viu realizada: Não éramos pop nem hedonistas, e sim, um bloco de resistência.
A exposição será revivida este ano, numa grande mostra apresentada em setembro, no Rio de Janeiro, na Pinakotheke Cultural – Opinião 65 – 50 anos depois. A intenção, decorridos exatos cinquenta anos é rever a produção destes jovens artistas em mostras individuais, ao longo dos anos 2015 e 2016. Estamos iniciando com Carlos Vergara; Antonio Dias, em outubro, seguido de Roberto Magalhães e, finalmente, Rubens Gerchman – a segunda exposição deste artista na Multiarte. A exposição Carlos Vergara tem início com uma serigrafia produzida em 1967, obra de forte linguagem gráfica da série 5 Problemas / 5 estampas, o melhor exemplo da sua produção neste período.
A década de 1970, é representada por quatro séries, como seguem descritas:
SÉRIE ENVELOPES, 1970
A partir dos anos 1970 seu trabalho passa por grandes transformações, o artista incorpora a fotografia como elemento essencial na sua produção. A série Envelopes mostra a mutação do seu autorretrato representado por doze imagens. É o início das suas pesquisas dentro da fotografia.
O carnaval do Rio de Janeiro desperta enorme curiosidade e forte influência sobre intelectuais e artistas. O antropólogo Roberto DaMatta publica o clássico Carnavais, malandros e heróis, Editora Rocco , 1979 e Universo do Carnaval – Imagens e Reflexões, Edições Pinakotheke, 1981, ilustrado pelo fotógrafo João Poppe com imagens do carnaval de 1981.
SÉRIE CACIQUE DE RAMOS, DÉCADA DE 1970
Vergara se dedicou a fotografias e pinturas do bloco de carnaval carioca: Cacique de Ramos, um dos mais conhecidos e tradicionais blocos de carnaval do Rio de Janeiro, criado no bairro de Ramos, na Zona Norte. Estas imagens foram expostas em 1980, na 40a Bienal de Veneza, com o título Carnaval.
Sobre o seu interesse por estes registros o artista comenta: O carnaval de rua era uma coisa importante no sentido de que o establishment deixa o Centro da cidade, sai das ruas do Centro, que é tomada por manifestantes populares de toda ordem, até manifestações políticas. O morro desce, o subúrbio vai para o Centro, de caminhão, de ônibus, de trem e você tem, então, manifestações populares irônicas e críticas. Uma das fotos desta série, por exemplo, são os negros que tem a palavra Poder escrita no peito, na pele. Pra mim, pessoalmente acontece a descoberta do Cacique de Ramos. Sete mil pessoas que escolhem se tornar iguais, num evento que incentiva a exacerbação da individualidade. Eles escolhem se tornar um coletivo. Dos sete mil eu sou um. Todos são caciques. Mais do que uma festa, o carnaval é um ritual popular.
A aproximação com as escolas de samba, de Hélio Oiticica com a Mangueira e a de Carlos Vergara com o Cacique de Ramos resultou no comentário do Hélio: Vergara no Cacique: da experiência de sair com o bloco às fotos em que a câmera é olho-câmera e não olho-homem: Vergara não fotografa o que o olho vê, mas usa a câmera como quem usasse mão boba: o foco é feito pela distância da câmera ao objeto e não pelo olho do fotógrafo: ela samba e mexe com as passistas: ela olha por baixo, debaixo.
SÉRIE MÁSCARAS, DÉCADA DE 1970
Ainda na temática carnaval, a série Máscaras de 1972. Máscaras de papel recortado, pintura e purpurina.
SÉRIE ARROZ E FEIJÃO, DÉCADA DE 1970
Em 1972 também produz uma série de trabalhos feitos com arroz e feijão. E ainda, o curta-metragem FOME, uma crônica da brotação de feijões, da palavra fome escrita com as sementes, com a duração de 12 minutos. Segundo a ficha técnica do filme, foi o único Super-8 mm que recebeu montagem final e talvez, o único que tenha características de trabalho em cinema. Este filme foi exibido em mostra realizada no Centro Internazionale diBrera, em Milão, em 1980; na Bienal de São Paulo, em 1981 e posteriormente, no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Obras mais recentes, lenticulares de 2008 e pinturas – monotipias de 2015 completam a exposição.
LENTICULARES
Em 2008 produz uma série de imagens com o recurso 3D lenticular: É um cruzamento e um truncamento da imagem, que provocam no espectador um novo esforço de olhar. O lenticular tem essa coisa do 3D virtual, que eu acho kitsch por um lado, mas também legal pra caramba, porque tem aquela coisa divertida, esse falso relevo. Cada imagem tem quatro fotos cruzadas que provocam o olhar.
PINTURAS – MONOTIPIAS, 2015
Sobre a técnica da pintura com base na monotipia, o artista comenta: A grande coisa da monotipia é que ela não é fotografia como se pode pensar. Trata-se de um registro em escala 1:1 de um determinado lugar. É uma espécie de eu estive lá, é o tamanho de lá.
Como atividade complementar e didática, serão exibidos filmes e documentários sobre o artista.
A Multiarte sente-se privilegiada neste momento em que apresenta obras que atravessam todo o percurso de Carlos Vergara, artista impar no cenário da arte brasileira, e destaca as suas palavras aos 74 anos: O olhar é o menos poético dos nossos predicados. Desde pequenos, somos criados para usar o olho pragmaticamente, para não tropeçar, reconhecer as pessoas, perceber o perigo... A capacidade poética do olhar vem de um esforço intelectual. A arte creio eu ajuda a treinar o olhar a ser poético.
Max Perlingeiro, galerista
Olho – video art cinema no Espaço Itaú de Cinema, Rio de Janeiro e São Paulo
AGENDA RJ / SP 14 a 16/08 (RJ) e 18 a 20/08 (SP) @ Espaço Itaú de Cinema: Mostra Olho - video art cinema, curadoria de...
Posted by Canal Contemporâneo on Sexta, 14 de agosto de 2015
Mostra internacional inédita, “Olho – vídeo art cinema”, apresenta 31 títulos dos maiores artistas contemporâneos do mundo, com entrada gratuita no Espaço Itaú de Cinema no eixo Rio-São Paulo
A mostra inédita, Olho – video art cinema, acontece em agosto no Espaço Itaú de Cinema, no Rio de Janeiro (nos dias 14, 15 e 16 de agosto - 6af, sáb e dom) e, em São Paulo (nos dias 18, 19 e 20 de agosto - 3af, 4af e 5af) e, pela primeira vez, o Brasil recebe trabalhos de alguns dos principais artistas da vídeo arte mundial.
São eles (nome, país e número de títulos na Mostra): Adrian Paci (AL, quatro títulos), Enrique Ramirez (CH, dois títulos), Guido van der Werve (NL, três títulos), Jesper Just (FR, três títulos), Laurent Grasso (FR, quatro títulos), Mario Garcia Torres (ME, um título), Pietro Fortuna (IT, quatro títulos), Reynold Reynolds (DE / USA, cinco títulos), Tamar Guimarães (BR, dois títulos) e Salla Tykkä (FI, três títulos).
A mostra, que apresenta 31 títulos, abrange o período de produção dos autores entre os anos de 2000 e 2014, tem curadoria de Alessandra Bergamaschi (graduada em Comunicação pela Universitá di Bolonha, pós graduada em Escritura Criativa pela Accademia di Comunicazione, Milão) e Vanina Saracino (MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), curadora do canal de arte IkonoTV (Berlim, Alemanha), criadoras, em 2013, do coletivo cultural Olho, projeto que pretende tornar-se uma plataforma criativa e crítica para os profissionais da vídeo arte.
‘Olho - video art cinema’ busca apresentar ao público uma mostra internacional que explora as possibilidades oferecidas pelo cinema como espaço de recepção para a videoarte.
A proposta inclui duas palestras sobre o tema da convergência de cinema e vídeo arte: a primeira, no Rio de Janeiro, será ministrada por Daniella Géo e pelo Prof. Antonio Fatorelli no Auditório Pedro Calmon (campus da UFRJ – Urca), no dia 13 de Agosto ((5af), às 20h. A segunda, em São Paulo, será ministrada por Juliano Gomes na associação cultural Pivô, Edifício Copan, loja 54, no dia 17 de Agosto (2af), às 18h.
PREMISSAS CURATORIAIS
A contaminação entre arte e cinema é inevitável, e modifica reciprocamente os espaços arquitetônicos e culturais de ambos. Bazin dizia, já em 1954, que o cinema representa o evento mais importante da história da arte, pois realiza e liberta sua função principal – o desejo de embalsamar. Seu olhar, porém, é partidário. De fato, as duas críticas seguem até hoje caminhos distintos. O que representa um convite interessante para repensarmos a interpenetração desses dois espaços e dos tipos de subjetividades que engendram é o fato de que, no campo da produção artística, quase como resposta à premonição baziniana, filmes e efeitos fílmicos são tão difusos que começaram a reformatar os outros meios próprios da arte.
Enquanto a história do cinema se sedimenta, ao longo de cem anos, em um saber estruturado a partir de uma gramática inteligível funcional à absorção e identificação dos espectadores, a vídeo arte nasce nos anos 60, no seio da body art e do minimalismo, como uma linguagem artística híbrida que inicialmente nega a virtualidade construída pelo cinema e por toda a história da pintura. Nos anos 90 a difusão do VHS, que além de abrir um acesso fácil à re-edição de qualquer filme propicia o ver e rever uma cena, incentiva uma geração de artistas a desenvolver reflexões mais sistemáticas a partir do cinema, tanto no aspecto arquitetônico (instalações com telas de ampla escala, em espaços imersivos) quanto no aspecto discursivo (desconstrução das narrativas). São introduzidas técnicas de produção cada vez mais aprimoradas, que aumentam a qualidade da imagem e do som, e induzem o espectador a entrar na obra pela porta do cinema, ou seja, utilizando estratégias próprias de um dispositivo profundamente interiorizado. Essa legibilidade imediata permite agora um diálogo entre o cinema e outros regimes estéticos: os trabalhos se dão justamente na disjunção entre reconhecimento e deslocamento, neste jogo criativo de relações.
O objetivo de OLHO é explorar esse momento de transição mostrando uma seleção de vídeos no espaço imersivo do cinema, para gerar um diálogo entre diferentes formas de ver e de narrar. As sequências, ou playlist, são compostas por obras de autores que se destacaram internacionalmente nesse panorama, e são escolhidas por discutirem, de forma direta ou dialética, possíveis relações entre as duas linguagens. A edição das sequências é intuitiva, baseada em critérios associativos de continuidade visual ou de conteúdo. Não é possível descrever a priori o emergir das relações geradas por este corpus de obras. O que nos interessa será discuti-las a partir da própria experiência.
OLHO COLETIVO CURATORIAL
No panorama artístico contemporâneo há evidências do forte impacto do cinema – como dispositivo e como linguagem – sobre as outras práticas artísticas. Essa influência nos convida a repensar as linguagens visuais desenvolvidas a partir das imagens em movimento, e o tipo de subjetividades que elas engendram. OLHO é um coletivo curatorial que visa a explorar esta relação.
O objetivo é pesquisar, analisar e, finalmente, reunir em sequências cuidadosamente organizadas, obras de arte em vídeo que entrem em relação com o cinema, e exibi-las neste contexto específico.
As playlists reunirão obras que abrem um diálogo entre diferentes maneiras de ver e de narrar. Esta experiência visual imersiva será o ponto de partida para conferências, palestras e para a publicação de um livro-catálogo anual, compilado com artigos de profissionais de vários lugares do mundo.
O projeto pretende tornar-se uma plataforma criativa e crítica para os profissionais da vídeo arte. OLHO foi fundado em 2013 por Alessandra Bergamaschi e Vanina Saracino.
Alessandra Bergamaschi _ Brasil/Itália
Graduada em Comunicação pela Universitá di Bolonha, pós graduada em Escritura Criativa pela Accademia di Comunicazione, Milão, sua pesquisa com vídeo e outros tipos de imagens lida com a noção genérica de documento, fundamental para a discussão contemporânea de valores culturalmente ligados à arte e à inormação. Exposições individuais: Visitas, Centro Cultural Hélio Oiticica, (2014), Cossyra, Skanes Konstforening, (2013), Malmo, Suécia. Participa das exposições coletivas Artelaguna International Art Prize, Arsenale, Veneza, Peace/utopia or real space, Art Transponder Gallery, Berlim, e do Doc Lisboa International Film Festival, entre outros. Em 2011 ganha menção honrosa no Festival Internacional de Documentários E’ tudo verdade. Em 2015 seu trabalho vai ser incluído na Publicação MuVi 4, Synaesthesia: Science & Art.
Vanina Saracino _ Itália, vive e trabalha em Berlim
Atualmente trabalha como curadora do canal de arte IkonoTV e faz parte do conselho editorial da Input Revista de Arte (Madrid). MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), em 2011. Graduou-se com honra em Art Management (Faculdade de Economia), em 2009, e em Ciências da Comunicação, em 2006 (orientação: Semiótica), na Universidade de Bolonha. Foi visitante da Universidade de Vincennes Saint-Denis, Paris VIII (2004/2005, Paris, França) e da Universidad de Buenos Aires (2007/2008), com uma bolsa de estudo Overseas. Obteve Movin’UP - GAI Award em 2010 (Giovani Artisti Italiani) e o Prêmio Instituto Ramon Llull, que financiou a realização do projeto de arte coletiva Un Lugar Habitável es un Evento na Colômbia (Universidade de Antioquia, Medellín, 2012). Fez a curadoria de exposições de videoarte na Argentina, Colômbia, Espanha e Alemanha, e realizou uma oficina sobre curadoria de videoarte em plataformas digitais durante a 55a Bienal de Veneza, no Pavilhão Esloveno e no CyberFest (Berlin).
AUTORES, FILMES E SINOPSES
Adrian Paci
Nasceu em Shkoder, Albânia, em 1969. Vive e trabalha em Milão, Itália. Paci deixou sua terra natal em 1997, durante a guerra civil, e a sua prática explora regularmente a experiência do exílio e da imigração. Aborda temas como a mobilidade, o deslocamento, a globalização e a identidade cultural para explorar como as histórias pessoais são definidas por circunstâncias sociais e políticas.
Realizou inúmeras exposições individuais, incluindo mostras na Istambul Modern, 2010; Kunsthaus Zurich, 2010; Centro de Arte Contemporânea de Tel Aviv, 2008; Kunstverein Hannover, 2008; Milton Keyes Gallery, Reino Unido, 2007; P.S.1, Nova Iorque, 2005; Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea di Bergamo, Itália 2003. Em 1999, Paci foi o artista convidado para inaugurar o primeiro pavilhão nacional da Albânia, na 48o Bienal de Veneza. Participou a seguir das Bienais de Veneza de 2005 e 2011.
Título: The Column | 2013 | Vídeo digital HD | 25’40”
Sinopse: The Column é uma reflexão sobre a velocidade com que oferta e demanda têm de ser atendidas na economia de hoje. Um pretexto para uma viagem poética entre Oriente e Ocidente, o vídeo de Paci mostra a transformação sofrida por um pedaço de mármore, da sua extracção de uma pedreira até as longas semanas de transporte por mar, quando os escultores as transformam numa coluna românica.
Título: Electric Blue | 2010 | Vídeo digital HD | 15’
Sinopse: Electric Blue é o título de uma série erótica de TV apresentada em um canal estatal da Iugoslávia. Neste trabalho, Paci conta a história de um homem que tenta garantir a sobrevivência econômica de sua família no estado caótico e em colapso que foi Albânia na década de 1990. Paci consegue criar imagens marcantes sobre a ‘condição humana’, que se imprimem na memória do espectador.
Título: Per speculum| 2006 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 6’53’’
Sinopse: Per Speculum oferece uma alegoria para a natureza da percepção. O título da obra alude à famosa passagem na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (“Porque agora vemos como em espelho, obscuramente...”), que aborda a nossa visão imperfeita e limitada da realidade. Enquanto Paci invoca o engano dos sentidos e, por extensão, da representação mimética, e do próprio filme, portanto, a imagem de abertura da árvore iluminada parece manter a possibilidade de alguma forma de transcendência, mesmo que ilusória. Ted Mann, Guggenheim collection online.
Enrique Ramirez
Enrique Ramirez nasceu em 1979 em Santiago, Chile. Vive e trabalha em Paris. O trabalho de Enrique Ramirez poderia ser descrito como incursões poéticas para uma humanização das distopias contemporâneas. Seus filmes-instalações e fotografias lidam com a política do êxodo e do exílio, e com a descontinuidade da memória. Para Ramirez isso sempre significa uma busca árdua no imaginário subjetivo. As vastas paisagens que muitas vezes aparecem em suas obras são concebidas como espaços geo-poéticos para a imaginação, territórios abertos para a visão e a deambulação. O clima das imagens é contemplativo; a paisagem, a brisa, a água, a areia, todos parecem trabalhar juntos no esforço de colocar um ponto de vista subjetivo. Por Maria Berrios.
Realizou inúmeras exposições individuais, incluindo mostras no Palais de Tokyo, Paris (2014), Musée des Beaux-Arts, Dunkerque, France, (2013), Video Bar Clermont-Ferrand, France (2013), Galería Die Ecke, Santiago, Chile (2013), Museo de la memoria, Santiago, Chile (2010). Participou do 19 video Brasil (Pacifico), São Paulo, Brasil (2015), Biennale de la imagen en movimiento, Buenos Aires, Argentina (2014), L’instant de voir, Musée des Beaux Arts, Rennes, France (2014), entre outras. Ganha o Prix Découverte 2013 des Amis du Palais de Tokyo, Paris, France, e o Honorific prize por Brises, video brasil, São Paulo, Brasil (2013).
Título: Brisas | 2008 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 12’
Sinopse: Em Brisas (2008), Enrique Ramírez problematiza a memória do Chile, propondo uma revisitação a partir de diferentes perspectivas históricas. Nos convida a atravessar áreas icônicas e reconhecíveis da cidade de Santiago do Chile, em uma caminhada poética e política que conclui ao cruzar o Palácio de la Moneda, símbolo do governo e lugar de memórias de um período recente da história do país: o governo de Salvador Allende, o golpe militar de Augusto Pinochet e o retorno à democracia. Às vezes, como diz o próprio Ramirez, a “água limpa tudo, outras vezes o vento leva.”
Título: Un hombre que camina| 2014 | Vídeo digital HD | 21’35’’
Sinopse: Quando caminhamos podemos deixar nos envolver por um silêncio que cerca nossos pensamentos e que nos isola da cidade, do barulho e de tudo o que não queremos que nós toque. Em um lugar a 5.000 pés de altura, há um homem imaginário que começa uma caminhada que representa o desconhecido e incerto caminho entre a vida e a morte. Ele realiza um sonho surreal em uma paisagem desconhecida, onde o mar e a terra são uma coisa só.
Guido Van der Werve
Nasceu em Papendrecht, Países Baixos, em 1977 e atualmente vive e trabalha na Finlândia, Amsterdã e Berlim. Van der Werve estudou design industrial, arqueologia, composição musical, e Língua e Literatura russa em várias universidades na Holanda, antes de criar seu primeiro vídeo como registro de uma performance por volta de 2000. Desde então, ele produziu uma série de obras, incluindo filmes, vídeos, e livros de artista, em ordem cronológica de dois a quinze.
Apresentações recentes de seu trabalho incluem exposições individuais no Museu de Arte Moderna de Nova York; no High Line, New York; na Fondazione Giuliani, Roma; e no Hallen Haarlem nos Países Baixos. O filme mais recente de Van der Werve, Nummer veertien, ganhou, em 2013, o prêmio Golden Calf em Amsterdã para Melhor Curta-Metragem. A performance Requiem, escrita para este filme, foi realizada internacionalmente várias vezes, inclusive em Nova York, Moscou e Roma. Todo ano, Van der Werve participa do festival Performa com o seu Annual Running to Rachmaninoff Run performance.
Titulo: Nummer Twee, Só porque estou aqui não quer dizer que eu queira | Papendrecht (NL), 2003 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD | 10’
Sinopse: A monotonia de uma rua de casas geminadas holandesas serve de fundo para uma ação que acontece na interseção entre filme, vídeo e performance.
Titulo: Nummer Zes, Steinway Grand Piano, Me acorda para ir dormir e todas as cores do arco-íris | Amsterdam, 2006 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 17’09”
Sinopse: Número seis é sobre desejo e escala, sobre as coisas que desejamos por sentir que são grandes demais para nossas carteiras, casas, ou corações. O artista desejaria tocar o piano de cauda Steinway, mas ele nunca o experimentou, se limitando a dedilhar suas teclas. O filme sugere um mal-estar cultural contemporâneo mais amplo, em que as grandes emoções, aparentemente alcançadas tão facilmente pelos Românticos do século 19, parecem impossíveis de serem acessadas em nossa própria época por mais do que alguns momentos fugazes.
Titulo: Nummer Zeven, As nuvens são mais bonitas vistas de cima | Netherlands, 2007 | Vídeo digital HD | 8’48’’
Sinopse: A nostalgia de um passado desconhecido, bem como a curiosidade sobre dimensões além do nosso próprio, fazem parte do vídeo, assim como as fantasias cosmológicas do artista, que direcionam sua narração. O vídeo retrata Van der Werve, que medita no interior classicamente holandês de seu apartamento - móveis de madeira envelhecida sobre um piso xadrez - antes de começar uma caminhada em uma paisagem fotograficamente ideal, carregando um foguete caseiro cuja ponta contém um pedaço prateado de meteorito. (...) Este é o lugar onde van der Werve nos arremessa habitualmente: a meio caminho entre a majestade e a zombaria. Por Herbert Martin, Artforum International. Vol. 47, No. 9, Maio de 2009.
Os trabalhos são cortesia do artista e da Monitor Gallery Rome, Gallery Juliette Jongma Amsterdam, Marc Foxx Los Angeles, Luhring Augustine, New York.
Jesper Just
Nasceu em 1974 em Copenaghen. Vive e trabalha em Nova York. Just emprega mecanismos geralmente associados a grandes produções cinematográficas: seus notos quadros tipo trompe l’oeil, realizadas por meio de elaboradas combinações de claro-escuro, luz e penumbra; o rígido controle das mudanças de perspectiva e a disposição do elenco em majestosos tableaux vivants; a hipersensibilidade de miniaturista com que filma emoções humanas, seu manuseio preciso da câmara para captar as sutilezas da tristeza, da melancolia e do luto, bem como momentos prolongados de inexpressividade e impassibilidade. Hannah Barry.
Graduado em 2003 na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes de Copenhagen, representa a Dinamarca na 55a Bienal de Veneza, em 2013. Participa de inúmeras exposições individuais na Europa e Estados Unidos, incluindo Jesper Just - Appearing/Intercourses, ARoS Aarhus Kunstmuseum, Dinamarca. O Museu de Arte Contemporânea MAC/Val, Vitry-sur-Seine, hospeda a primeira exposição monográfica do artista na França em 2011. Seu trabalho é representado pelas Galerie Perrotin, (Paris), James Cohan Gallery (Nova York) e Galleri Nicolain Wallner (Copenhagen).
Título: Some Draughty Window | 2010 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD | 10’
Sinopse: Em Some Draughty Window (uma janela arejada), Just questiona alguns tabus profundos da nossa sociedade: a ênfase sobre o envelhecimento, o desejo de pessoas idosas, e a ambiguidade sexual. A lenta levitação da mulher idosa, que inicialmente encontramos de bruços à beira da morte sobre os azulejos do banheiro, atua como um movimento de regeneração. A dança aérea das personagens entre as árvores simboliza uma celebração do masculino-feminino, da vida e da morte, princípios de declínio e renascimento que são a força dialética do mundo material. Anne-Marie Ninacs.
Título: A Vicious Undertow | 2007 |Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD | 10’
Sinopse: Os vídeos de Just tentam dissecar a natureza da interação humana e do constrangimento de relacionamentos. Como em “A Vicious Undertow - um sedutor pas de trois entre uma mulher de meia-idade, uma mulher mais jovem e um homem – Just muitas vezes procura enfatizar a absurdidade dos papéis de gênero e das formas em que são gerados pela cultura. Apresenta relações tensas, que poderiam ser entendidas como perversas, e as coroa de beleza e dignidade. Press Release para Jesper Just: A Voyage in dwelling.
Título: Sirens of Chrome | 2009 | Vídeo HD convertido de formato RED | 12’38’’
Sinopse: Em Sirens of Chrome, filmado em Detroit, um carro preto com uma porta roxa percorre as ruas do centro e acaba no famoso Teatro Michigan, um elegante teatro que virou garagem. Ali, uma quinta mulher se joga sobre o veículo parado, como se fosse atingida por ele, sem que saibamos se por acidente, suicídio ou assassinato. Faye Hirsch, Arte na América.
Os trabalhos são cortesia do artista e da Gallerie Perrotin.
Laurent Grasso
Nasceu na França em 1972. Hoje vive e trabalha em Paris e Nova York. Grasso desenvolveu um fascínio pelas possibilidades visuais relacionadas com os estudos científicos sobre energia eletromagnética, as ondas de rádio e fenômenos misteriosos que ocorrem naturalmente. Grasso explora assim as ciências que se aplicam à atividade paranormal, um dos assuntos favoritos de cientistas e filósofos do século 18 e tema frequente nos ‘gabinetes de curiosidades’ da era vitoriana. Além disso, utiliza imagens obtidas a partir da história do cinema e da arte e, trabalhando em vídeo, escultura e, mais recentemente, pintura e desenho, ele recria fenômenos - tanto humanos como naturais - que configuram justaposições surreais e ambíguas de tempo e espaço. Grasso foi homenageado com o Prémio Marcel Duchamp em 2008 e é tema de uma monografia importante - Laurent Grasso: The Black-Body Radiation - publicado por les press du réel. Exposições individuais recentes incluem The Horn Perspective no Centro Pompidou e Gakona no Palais de Tokyo, ambos em Paris, França, em 2009. Grasso também participou da 9a Bienal de Sharjah e na Manifesta 8. As exposições recentes incluem Portrait of a Young Man no Bass Museum of Art, Miami Beach, Uraniborg na Galerie nationale du Jeu de Paume, em Paris, na França e no Montreal Museum of Contemporary Art, no Canadá e, mais recentemente, Disasters and Miracles na Kunsthaus Baselland, na Suíça, onde Grasso atuou como co-curador, em conjunto com os museus, alterando a arquitetura dos espaços de exposição e fundindo suas obras com peças de coleções permanentes das instituições, a fim de criar uma experiência de visualização única e dinâmica.
Título: Uraniborg | 2012 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD| 15’48’’
Sinopse: Uraniborg, ou “palácio do Urania”, que leva o nome da musa da astronomia, foi construído em 1576 na ilha de Ven, entre a Dinamarca e a Suécia. Financiado pelo rei Frederico II, o palácio abrigava o maior observatório da Europa, onde o astrônomo Tycho Brahe passou vinte anos gravando e analisando a configuração das estrelas e os movimentos dos planetas. O filme Uraniborg é como um documentário sobre algo invisível: o Castelo de Tycho Brahe, que não existe mais. Construído antes da invenção do telescópio astronômico, este castelo-observatório tinha numerosas aberturas que davam para o céu. A voz-off explora esta linha de falha no visível e tece conexões entre a arquitetura e a noção de dispositivos de exibição.
Título: Soleil double | 2014| Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD| 11’
Sinopse: Grasso filma Soleil Double no EUR, um distrito da cidade de Roma concebido na década de 1930 pra ser um importante complexo da Feira Mundial de 1942 e uma homenagem ao 20o aniversário do fascismo.
No entanto, a Feira Mundial nunca aconteceu devido à Segunda Guerra Mundial. Nas décadas que se seguiram, alguns dos edifícios foram concluídos no seu design original, enquanto outros foram adicionados em um estilo mais contemporâneo, criando um ambiente arquitetônico que parece existir em intervalos de tempo múltiplos, mas simultâneos. Os dois sóis que brilham sobre a praça no filme sugerem algum tipo de desastre ou de fenômeno natural inexplicável.
A experiência do mundo retratado em Soleil double é afetada pela lógica desses corpos celestes idênticos; a aparição de um segundo sol é o catalisador para cada imagem. Rimbaud chamou isso ‘dédoublement’; outros têm nomeado ‘itselfsame’, e outros ainda de ‘O outro’. Por Stephanie Cristello.
Título: Soleil noir | 2014 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD | 11’40’’
Sinopse: A câmera se move muito lentamente sobre o terreno variado de um vulcão filmado de cima. Aqui, o espectador torna-se um voyeur, observando o território duvidosamente dormente abaixo, preenchido de forma intermitente com passagens de fumaça e cordilheiras montanhosas que se assemelham a dunas no deserto.
Título: Polair | 2007 | Vídeo HD e animação | 8’30’’
Sinopse: Polair reproduz a propagação de uma nuvem de pólens em Berlim, atraída pelas fontes eléctricas e magnéticas da cidade, em especial o Fernsehturm.
Os trabalhos são cortesia do artista e da Gallerie Perrotin.
Mario Garcia Torres
Nasceu em 1975, em Monclova, México e hoje vive e trabalha em Los Angeles, Califórnia. O artista olha para a história recente, em suas duas articulações, a anedótica e a oficial, para tecer conexões entre o presente e artistas de gerações passadas que, em suas palavras, “foram fundamentais por tentarem legitimar diferentes concepções sobre a arte”(...) Os seus gestos funcionam como uma apropriação, que ressignifica e re-enfoca o trabalho de outro artista através de sua própria lente, para abrir um diálogo através do tempo e do espaço sobre o status dos objetos e das experiências artísticas, bem como sobre a função da memória ou, em sua ausência, da anedota como seu substituto.
Exposições individuais e coletivas incluem o Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Viena (2008), a Kadist Art Foundation, Paris (2007), o Stedelijk Museum em Amsterdam (2007), a Frankfurter Kunstverein, Frankfurt (2007), a Bienal de Veneza (2007), o Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (2004, 2005 e 2007), o MCA Chicago (2007), a Tate Modern, em Londres (2007) e a Moscow Biennale (2007). Ganhou o Prêmio Cartier na Frieze Art Fair (2007).
Título: The Schlieren Plot | 2013 | Vídeo digital HD | 29’
Sinopse: O trabalho é um ensaio lírico que reimagina o planejamento da obra que Robert Smithson estava desenvolvendono Texas entre 1967 e 1973, mas que não conseguiu concluir. Através da edição, do registro sonoro, da trilha e de uma voz-over, o filme afirma o clima, a história e as subjetividades texanas como agentes que possibilitam a atualização da existência da obra, e que testemunham que a previsão de seu futuro já teria sido imaginada por Smithson.
Pietro Fortuna
Nasceu em Padova em 1950 e vive em Roma e Osa, na Umbria. A obra de Pietro Fortuna é permeada de sugestões filosóficas expressas através de formas simbólicas e estruturas conceituais. “Quando criança, Fortuna temia que o mínimo estímulo visual pudesse causar a queda de seus olhos para o interior de sua cabeça. Quando adulto, não trai essa visão: revelações invertidas, vertigens causadas pela objetividade, voos que colapsam, são parte de uma investigação sobre o que resta da realidade quando libertada dos constrangimentos da interpretação. “ Guglielmo Gigliotti.
Pietro Fortuna participou de muitas exposições colecivas e individuais, incluindo a XVI Bienal de São Paulo, a XII Bienal de Paris, Villa Arson em Nice, the Kunstler House de Graz, o Frankfurter Kunstverein em Frankfurt, o Palais de Glace em Buenos Aires, o Museu de Arte Moderna de Bogotá. Ele realizou exposições individuais no Museu de Arte Moderna de Caracas, no Palazzo del Capitano del Popolo, Todi, em La Nuova Pesa, Roma, no Watertoren Centre for Contemporary Art, Vlissingen, na Tramway em Glasgow, na Fondazione Morra em Nápoles, no MACRO, na Quadrienal, e na Galeria Nacional de Arte Moderna em Roma, onde ele instalou um trabalho permanente. Em 1996, fundou Opera Paese, um lugar onde figuras proeminentes como Philip Glass, Jan Fabre, Michelangelo Pistoletto, Carlo Sini, Jannis Kounellis e Gija Kancheli refletiram sobre arte, música e filosofia através de debates públicos e exposições.
Título: Studio visit | 2013 | Vídeo digital HD | 4’
Sinopse: Studio visit é uma viagem íntima para o universo do artista. É concebido como um único longo take. Não existe um final real para este tour, assim como não há referências espaciais ou temporais: isso o orienta para um limite que transcende o que podemos ver. Helga Marsala, Artribune.
Título: Altar | 2013 | Vídeo Digital HD | 2’
Sinopse: Altar, Good Friday e RWY são parte de uma série de vídeos em que o artista tenta bloquear ou retardar, a nossa quase automática compulsão por atribuir um sentido. Suspendendo a busca por uma interpretação final é possível experimentar o que existe independentemente de qualquer intenção narrativa, isolando algo parecido com o fora de lugar e o fora do tempo, que Aristóteles define como a base para comicidade.
Em Altar uma canção popular judaica chamada tzena tzena anima alguns objetos em uma prateleira.
Título: Good friday | 2013 | Vídeo digital HD | 2’
Sinopse: Em Good friday (Sexta-feira Santa) um tradicional marcha fúnebre do sul da Itália, Pianto Eterno, faz contraponto a um ator constrangido que segura um maço de flores na frente da câmera.
Título: RWY | 2013 | Vídeo digital HD | 2’
Sinopse: Em RWY a verbalização do que vemos é apresentada muitas vezes. O que muda é o sujeito da sentença. A comutação sintática abre uma fresta sobre o poder da linguagem em moldar nossa visão.
Reynold Reynolds
Nasceu em 1966 no Alaska Central. Vive e trabalha em Berlim. A representação poética e ao mesmo tempo macabra de dramas e catástrofes está no coração da obra de Reynold Reynolds, em especial os trabalhos que ele desenvolveu em colaboração com o fotógrafo Patrick Jolley. Seus vídeos e instalações fotográficas atraem o espectador para cenários que jogam com nossos medos pessoais ou coletivos de acidentes domésticos e cataclismas.
Destinatário Contemplado pela John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship, seu trabalho está na coleção do MoMA, Nova York e da NBK, Berlim. Exposições individuais mais recentes: Palais de Tokyo, Paris, 2014; Reynold Reynolds: The Lost, PB, Cidade do México (2014); MUAC Cidade do México, (2014); Beyond Earth Art, Johnson Museum of Art, Cornell Ithaca, USA (2014); EXPO 1: NEW YORK, MoMA PS1, Nova Iorque (2013); 9 + 1 Ways of Being Political, MoMA New York, NY (2012).
Título: Burn | Reynold Reynolds / Patrick Jolley | USA, 2002 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD | 10’
Sinopse: Burn é uma evocação impressionante desses não-ditos, esses segredos, preocupações e mentiras, formando uma força que é sempre uma parte do tecido das interações cotidianas; num primeiro momento, roendo miudinho suas bordas, e então - provocada por uma palavra ou um gesto - queimando de repente tudo e todos em seu caminho. Belinda McKeon, The Irish Times.
Título: New York City simphony | USA, 1995 | Filme Super 8 convertido em vídeo digital HD | 10’
Sinopse: O vídeo invoca a sinfonia da Nova Yorque dos filmes da época do cinema mudo, só que aqui os sons da cidade fornecem a força motriz do filme.
Título: Seven Days Till Sunday | Reynold Reynolds / Patrick Jolley | USA, 1998 | Filme Super 8 convertido em vídeo digital | 10’
Sinopse: Seven Days Till Sunday é uma sinfonia composta a partir da queda de corpos. Uma sucessão de sequências de imagens mostra a figura humana caindo através da paisagem urbana em direção à aniquilação violenta por parte das forças do fogo e da água.
Título: Secret Machine | Germany, 2009 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD e foto stills | 7’
Sinopse: Secret Machine é o segundo vídeo da trilogia Secrets, seguido de Six Easy Pieces (2010). Em Secret Machine, uma mulher é submetida aos estudos de movimento de Muybridge. Como na fotografia original de Muybridge, o seu corpo é tratado a partir de uma grade cartesiana e segundo critérios da estética grega. Neste trabalho, diferentes técnicas de filmagem são comparados com o movimento do corpo. A câmera de filme torna-se uma ferramenta de medição. A intenção é criar uma obra de arte do ponto de vista da máquina - especificamente, de uma câmera.
Six Easy Pieces | Germany, 2010 | Filme 16 mm convertido em vídeo digital HD e foto stills | 7’
Sinopse: Six Easy Pieces é a última parte da Trilogia Secrets, um ciclo de três partes que explora as condições imperceptíveis que emolduram a vida. O trabalho é baseado no livro Six Easy Pieces: Essentials of Physics Explained by Its Most Brilliant Teacher de Richard P. Feynman. O seu conteúdo fala sobre a especificidade do meio - apresentando imagens de medição do tempo, da luz, da mecanização da forma humana, e até mesmo referências diretas a Duchamp e Muybridge e seus respectivos estudos sobre o movimento. O trabalho conecta a arte e ciência, seu foco é o espaço e o tempo. Romanticamente se refere a uma época em que artistas e cientistas tinham preocupações semelhantes e muitas vezes eram a mesma pessoa.
Salla Tykka
Nasceu em 1973, em Helsinky, na Finlândia, onde vive e trabalha. Usar referências a diferentes filmes e gêneros cinematográficos foi uma maneira de processar a imagem feminina no cinema e na cultura de massa como um todo. Queria criar uma experiência cinematográfica que jogasse com a contradição entre forma e conteúdo. Nesses filmes, não existe qualquer narrativa lógica, mas o estilo em que são narrados dà ao espectador a sensação contrária.
A artista trabalha com cinema e vídeo desde 1996. Se formou na Academia de Belas Artes de Helsinky. Em 2001, participou da Bienal de Veneza. Suas últimas exposições individuais incluem: Baltic Centre for Contemporary Art, Newcastle, 2013; Drimart Garibadi, Istambul, 2012; EX3, Florença, 2011; Hayward Gallery Project Space, Londres, 2010. Os filmes de Tykkä foram mostrados em festivais de cinema internacionais, como o 60o Festival Internacional de Curtas de Oberhausen, 2014; 8 Miami International Film Festival, Miami, 2009; 36 Festival Internacional de Cinema de Rotterdam, 2007; 21 Best European Short Film Festival, 2006; Tribeca Film Festival, Nova York, 2003. Seu mais recente curta-metragem, Giant, ganhou a Canon Tiger Awards de Curta-Metragem, no 43o Internacional Rotterdam Film Festival de 2014.
Título: Giant | 2013 | Vídeo digital HD| 12’20’’
Sinopse: Giant é sobre os principais ginastas da equipe júnior da Romênia. O filme é rodado em duas escolas de ginástica artística, em Onesti e Deva. A trilha sonora das entrevistas com os ginastas acompanha imagens de sua formação e dos ginásios vazios. Imagens de arquivo dos anos setenta e clipes de um longa de ficção nos mesmos locais revelam não só uma continuidade no imaginário sobre este esporte, mas também nos modos de representá-lo.
Título: Zoo | 2006 | Filme 35 mm convertido em video digital HD| 12’
Sinopse: Em Zoo, uma mulher está tirando fotos de gaiolas em um zoológico. Os animais a olham de volta e a seguem com os olhos. A mulher mergulha em águas profundas, onde está acontecendo um violento jogo de rúgbi subaquático. Ela emerge para respirar, mas os olhares dos animais e o olhar da câmera bloqueiam sua via de fuga. Em desespero, ela toma uma decisão extrema.
Título: Lasso | 2000 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 3’48’’
Sinopse: Lasso expõe um momento peculiar na vida de uma jovem mulher; um momento em que a incapacidade de enfrentar o outro - ou a si mesma - é comprimida em uma sensação poderosa em algum lugar no limite do irreal.
Tamar Guimarães
Nasceu em Belo Horizonte, Brasil, 1967. Vive e trabalha em Copenhague, na Dinamarca. A obra de Tamar se baseia em pesquisa histórica e frequentemente incorpora materiais encontrados, tais como fotos, textos, documentos e objetos para questionar as narrativas dominantes do modernismo. O reprocessamento desta matéria-prima produz narrativas de natureza híbrida entre o documentário, o ensaio e a ficção. A artista investiga a maneira como relações sociais de raça, classe e trabalho se manifestam em produtos culturais distintos, pertinentes à arquitetura, à literatura religiosa ou à dança, por exemplo.
Exposições recentes do artista incluem a 55o Bienal de Veneza e a 56o Bienal de Veneza, a 31o de Bienal de São Paulo, a 29 Bienal de São Paulo; The Insides Are on the Outside, na Casa de Vidro Lina Bo Bardi, São Paulo, Sin Motivo aparente no Centro de Arte Dos de Mayo, Madrid, Espanha, Better Homes, Sculpture Center, Long Island City, EUA, Ambiguacões, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, entre outros.
Título: A família do Capitão Gervásio | Tamar Guimarães/Kasper Akhøj | 2013 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 14’
Sinopse: A Família do Capitão Gervásio foi filmado em vários locais no Brasil - a milhares de quilômetros um do outro - mas gira em torno de uma comunidade espírita de Palmelo, uma pequena cidade empoeirada de 2000 habitantes, no interior de Goiás (Brasil). Metade dos habitantes da cidade são médiuns psíquicos que trabalham como professores e funcionários públicos e participam diariamente de rituais comunitários de cura psíquica. Segundo os membros dessa comunidade, espíritos podem intervir, ensinar e transformar o mundo material. Os Espíritas de Palmelo praticam o que é conhecido como “cadeia magnética”, um legado do médico alemão Franz Mesmer, do fundador do Espiritismo Allan Kardec, e do botânico francês François Deleuze. Em Palmelo, a cadeia magnética é utilizado para o tratamento de várias formas de doença, inclusive as psiquiátricas. O subtexto do filme é indicativo de como essas práticas entram em conflito com os movimentos oficiais de sanidade mental e os códigos de “loucura” infligidos pela modernização.
Título: Canoas | 2006 | Filme 35 mm convertido em vídeo digital HD | 12’
Sinopse: Canoas é um curta-metragem em 16 milímetros sobre os preparativos para um coquetel na Casa das Canoas - a casa que Oscar Niemeyer construiu para si no início dos anos 50. De acordo com Richard J. Williams, durante a presidência de Juscelino Kubitcheck, a Casa das Canoas foi uma parte crítica da infra-estrutura cultural do Rio, proporcionando um ambiente frequentado regularmente por dignitários e intelectuais. A carga erótica da casa era, sem dúvida, mais imaginária do que real, mas contribuiu - junto com as praias, a pavimentação de Copacabana e a genuinamente desinibida folia do Carnaval - para o mito do Brasil como um paraíso erótico. (...)Uma casa modernista neste cenário supera qualquer previsão dos Modernistas Europeus. Longe de ser uma “máquina de morar”, é veículo para uma profusão de prazer orgiástico.
PALESTRAS
Convergência do cinema e video arte
13 de agosto, quinta-feira, 20h
Palestrantes: Daniella Géo e Prof. Antonio Fatorelli
UFRJ - Auditório Pedro Calmon
Av. Pasteur 250, Urca, Rio de Janeiro
17 de agosto, segunda-feira, 18h
Palestrante: Juliano Gomes
Associação Cultural Pivô
Av. Ipiranga 200 Edifício Copan - A loja 54, São Paulo
Antonio Fatorelli é doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, professor da ECO/UFRJ e pesquisador do Núcleo N-Imagem e do Laboratório Fotografia, Imagem e Pensamento (ECO/UFRJ).
Daniella Géo é curadora independente, pesquisadora e escritora com sede em Antuérpia, Bélgica, e Rio de Janeiro. Géo é doutora em Estudos de Cinema e Audiovisual (com foco em Arte Contemporânea / Fotografia) da Université Sorbonne Nouvelle - Paris III, e mestre pela mesma instituição.
Juliano Gomes é crítico de cinema, diretor e professor. Formado em Cinema, Jornalismo e Publicidade pela PUC- Rio. Doutorando em Tecnologias da Comunicação e Estética pela ECO-UFRJ, onde pesquisou sobre os filmes-diario do artista Jonas Mekas. É redator da Revista Cinética e lecionou na UFRJ-ECO e na Pós graduação em Audiovisual da UNOCHAPECò.
agosto 10, 2015
Antonio Dias na Nara Roesler, Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 13/08 às 19h: Antonio Dias @ Nara Roesler http://bit.ly/Roesler-Rio_AntonioDias
Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 13 de agosto de 2015
Papéis de Antonio Dias reúnem ao mesmo tempo a ruptura com a linguagem e o caráter orgânico da arte
A partir de 13.08.2015 Antonio Dias ganha uma revisão de uma parcela singular de sua produção multifacetada: os papéis do Nepal, que serão exibidos pela primeira vez no Brasil. A mostra Papéis do Nepal 1977 - 1986 fica em cartaz até 26.09.2015 na Galeria Nara Roesler em Ipanema, que traz nessa iniciativa um aprofundamento no universo do artista consagrado, possibilitando uma nova visão do conjunto de sua obra a partir desse segmento.
Pela pluralidade temática e processual, Dias evidencia sua recusa em adotar um único ponto de vista da produção artística e, com isso, não deixa que o espectador se acomode na facilidade de um significado pronto da obra. Nas palavras do historiador da arte italiano Sandro Sprocatti, o trabalho de Dias projeta "uma situação antiperspectiva por excelência, uma vez que nega a exclusividade de um ponto de vista não só devido à instabilidade representacional (ambiguidade substancial do signo e do espaço) mas, acima de tudo, porque implica a pluralidade das condições de fruição, ou seja, as condições existenciais que o observador tem em relação ao próximo".
Os papéis que figuram na exposição foram produzidos durante uma viagem de Dias ao Nepal em 1977, com a finalidade de aprender a manufatura de papéis artesanais. A fase do Nepal é uma ruptura na trajetória pregressa do artista, calcada fortemente no conceitualismo, na utilização de mídias então incipientes, como o vídeo, e na criação de um léxico visual que englobava elementos pop, planos geométricos definidos por cor e palavras.
Esse repertório, repetido sistematicamente e embaralhado entre si, questionava o caráter da convenção social e da instituição artística como produtora de significados codificados e estanques, validados por um sistema de inserção e representatividade internacional, a que o regional deveria se submeter - o que se tornava evidente pelos títulos em inglês das obras, como a famosa série The Illustration of Art.
Muito mais do que funcionarem como suporte, os planos geométricos de papel artesanal são obras em si. Suas cores resultam da adição, durante a fabricação, de elementos naturais - como chá, terra, cinzas e curry -, incorporando o processo de produção como componente e mais um significante dos trabalhos. Realizados em conjunto com artesãos de uma fábrica de papel nepalesa, subvertem a questão da unidade autoral em sua gênese e mesmo em seus títulos, atribuídos por alguns dos trabalhadores, a exemplo de Niranjanirakhar.
Ou, como o próprio artista definiu em uma entrevista, "O que mais me interessa é a relação entre a produção desse trabalho e de seus produtores... Ao mesmo tempo que se empenhavam materialmente na produção, alguns deles também imprimiam uma leitura simbólica ao produto".
A palavra nepalesa Niranjanirakhar, que significa Nada, é uma boa síntese da ambivalência de sentidos contida nesse grupo de trabalhos. Se em sua premissa pós-conceitual e processual reiteram a necessidade de construção da significação pelo espectador, provocando a consciência e a postura ativa de quem vai além da superfície imagética dos trabalhos, trazem nesse silêncio um caráter quase místico, por sua própria materialidade imperfeita e orgânica. Além da contaminação de significação pela territorialidade, tema caro ao artista.
Vale citar novamente Sandro Sprocatti: "Em ambos os casos, figuras 'importadas' da atuação anterior do artista adquirem novos significados em contato com a esfera cultural que testemunhou seu nascimento. Como resultado, a peça (também entendida como trabalho) ganha uma profundidade simbólica ao mesmo tempo improvável e exata. Do mesmo modo, a sintaxe pós-conceitual das instalações encontra novas razões de pertinência no interior de uma dimensão mística que tem pouco a ver com o Ocidente e sua história."
Antonio Dias nasceu em 1944 em Campina Grande, Paraíba. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Milão. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções internacionais, tais como: MoMA, Nova York, EUA; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Daros Collection, Zurique, Suíça; Städtische Galerie im Lenbachhaus, Munique, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; e Centro Studi e Archivio della Comunicazione, Università de Parma, Itália, e renomadas coleções nacionais, tais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; e Museu de Arte Contemporânea de Niterói/Coleção Sattamini, Niterói.
agosto 6, 2015
Alex Cerveny na Triângulo, São Paulo
AGENDA SP Hoje 08/08 às 12-17h: Alex Cerveny @ Triângulo http://bit.ly/CasaTria_A-Cerveny
Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 8 de agosto de 2015
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Glossário dos Nomes Próprios, a nova exposição individual de Alex Cerveny na galeria.
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Os delicados (mas evidentemente potentes) desenhos (nanquim sobre papel de arroz, comprados na China) e as duas telas a óleo que compõem o Glossário de Nomes Próprios - espécie de jubileu de 50 anos de Alex Cerveny (nascido em 1963, em São Paulo, o artista pertence a Geração 80, que cada vez mais se compreende de forma multifacetada) - apesar de produzidos recentemente (entre 2013 e 2015), vêm de longa data. Embora afirme que todo seu trabalho (que é basicamente desenho, ou seja, predominantemente apuro e pensamento; e entende-se pensamento aqui como poesia) seja fruto da imaginação e da fantasia (especialmente talvez no sentido lacaniano do termo), sem a utilização de modelos, sem pertencer a um projeto, é a elaboração das vivências (material da memória) que parece intrinsicamente motivar a produção intensamente lírica deste artista-viajante contemporâneo.
Salutarmente singular no contexto da produção das artes visuais no Brasil de hoje, a obra de Alex Cerveny caracteriza-se pela sofisticação e multiplicidade de camadas de leituras e fruições que elas suscita. Marcante para a gênesis de Glossário de Nomes Próprios, por exemplo, está a viagem que o artista fez a China em outubro de 2013, de onde trouxe todo o material para a série de desenhos e onde, observando os monges-artistas presentes em todo templo, apreendeu a técnica da caligrafia. Pois, para Alex Cerveny, desenho é também escrita; ou uma forma de poesia. Mas antes mesmo desta viagem (uma entre muitas, que, com seus encontros, povoam e revisitam a memória do artista) houve outra (sempre há uma anterior), para Belém (cidade importante na história pessoal de Alex, uma vez que foi numa galeria desta cidade sua primeira exposição individual, e foi em Belém que se formou Valdir Sarubbi, professor que marcou sua obra), onde, num antiquário, comprou um porta-joias de madeira (no sonho de Dora, Freud compreende o porta-joias como uma metáfora do sexo feminino) sobre o qual havia sido acoplado a figura de um bebê entalhado em boxwood (buxus sepervirens), provavelmente mais antigo (século XVII) e proveniente da Europa Central (de onde originalmente vem um ramo da família do artista) - o bebê, que em tudo lembra um Buda satisfeito, está alegremente brincando com seu pênis. O processo civilizatório, como sabemos, tem seu preço.
Alex Cerveny, homem do vasto vasto mundo, reconhece-se e identifica-se na figura do náufrago, do homem solitário - encurralado em seus desejos e em suas fantasias, que se tornam sua única arma. O homem desejante e recorrente nos desenhos de Alex Cerveny é o protótipo do artista. A pintura é a repetição de padrões e idealizações, cristalizadas como imagens; imaginação e fantasia (e fantasmas). Narrativas, listas que registram encontros, lugares, desejos. O Glossário de Nomes Próprios surge também de viagens literárias, como Os Lusíadas (os nomes de todos os deuses; os nomes de todos os homens...) e reza a lenda que Camões, diante do naufrágio, preferiu salvar o manuscrito de seu precioso livro do que a vida da amada... Lista de cidades, de histórias que poderiam ter sido eu que não foram, de encontros que perderam a força, de promessas que constituem a vida de um homem. Nos magistrais desenhos e pinturas desta exposição, alegre e melancolicamente imaginação e memória se encontram, e pela potência poética dessas imagens nós nos identificamos com e nos unimos ao artista em sua solitária (desesperada) busca e deriva.
Casa Triângulo is pleased to announce Glossário dos Nomes Próprios [Glossary of Proper Names], Alex Cerveny`s new solo exhibition at the gallery.
The delicate (but evidently powerful) drawings (ink on rice paper, purchased in China) and the two oil paintings featured in the exhibition Glossário de Nomes Próprios [Glossary of Proper Names] - a sort of jubilee of the 50th birthday of Alex Cerveny (born in 1963, in São Paulo, the artist belongs to the Geração 80 [80`s Generation], which is being increasingly understood in a multifaceted way) - owe their origin to long-ago events and experiences, even though they were produced just recently (between 2013 and 2015). Although he states that all of his work (which is basically drawing, that is, predominantly refinement and thought, thought being understood here as poetry) springs from imagination and fantasy (especially perhaps in the Lacanian sense of the term), without the use of models and apart from any project, it is the elaboration of experiences (the matter of memory) which seems to intrinsically motivate the intensely lyrical production of this contemporary artist-traveler.
Wholesomely singular in the context of the production of visual arts in Brazil nowadays, Alex Cerveny`s work is characterized by the sophistication and multiplicity of the layers of readings and spinoffs that it gives rise to. One source of inspiration, for example, for Glossário de Nomes Próprios, was a trip that the artist took to China in October 2013, when he obtained the material for the series of drawings, observed the artist-monks present throughout the entire temple, and learned the technique of calligraphy. Because, for Alex Cerveny, drawing is also writing; or a form of poetry. But even before that trip (one among many which, with their encounters, populate and revisit the artist`s memory) there was another (there is always another), to Belém (an important city in Alex`s personal background, since it was in a gallery there that he held his first solo show, and that city is also where the professor who greatly marked his work, Valdir Sarubbi, received his education). It was furthermore in an antique shop in Belém that he bought a wooden jewel box (in Dora`s dream, Freud understands the jewel box as a metaphor for the female sexual organ) which bore an attached image of a baby carved in boxwood (Buxus sepervirens), which is probably older (17th century) and originally from Central Europe (from which a branch of the artist's family originated). The baby, who resembles a satisfied Buddha, is happily playing with his penis. The civilizatory process, as we know, has its price.
Alex Cerveny, a man of the vast world, identifies himself with the figure of the castaway, the solitary man - confined in his desires and his fantasies, which become his only weapon. The desiring man who is recurrent in Alex Cerveny`s drawings is the prototype of the artist. The painting is the repetition of patterns and idealizations, crystallized as images spun out of imagination and fantasy (or phantasms). Narratives, lists that register encounters, places and desires. Glossário de Nomes Próprios also arises from literary travels, such as Os Lusíadas (the names of all the gods; the names of all the men...) and alludes to the legend of how Camões, during a shipwreck, preferred to save the manuscript of his precious book over the life of his lover... A list of cities, of stories that might have been my own but were not, of encounters that were sapped of their energy, of promises which constitute a man’s life. In the masterful drawings and paintings in this exhibition, imagination and memory happily and melancholically are mixed, and through the poetic power of these images we identify ourselves with the artist, joining him in his solitary (desperate) search and process of becoming.
agosto 5, 2015
Muriel Machado em NaCasa, Florianópolis
Avantesma é um sinônimo da palavra fantasma. Esse é o título da exposição de Muriel Machado, que abrirá em NaCasa Coletivo Artístico, no dia 7 de agosto, às 19h. Quando os equipamentos ópticos do final do século XIX começaram a ser desenvolvidos, antes mesmo do surgimento do cinema, a “lanterna mágica” de Étienne-Gaspard Robert projetava shows de terror com o tema “Phantasmagoria” para assustar e impressionar o público. Para alguns pesquisadores, esses shows representam uma passagem importante de medos ancestrais, surreais, que antes eram temas interpretados pela religião, para um novo período que seria regido pelo desenvolvimento da tecnologia.
No seu sentido mais literal, os fantasmas são defuntos que reaparecem ao mundo dos vivos, em geral, sob forma indefinida e etérea, mas podem também fazer referência a conceitos mais amplos. Estão relacionados a sonhos, visões, imagens que trazem presságios e que levam luz.
As obras de “Avantesmas" estão relacionadas a este amplo espectro de significações.São resíduos de tormentos que a artista compartilha com outros, luzes que tateiam por possibilidades. Em exposição,duas animações, 101 desenhos em pastel seco branco sobre papel preto, 10 desenhos com diâmetro de 13cm, 1 com diâmetro 16 sobre mapa, feitos com nanquim e guache preto.
Muriel Machado, nascida em Florianópolis, estudou Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), onde se formou em 2013. Depois de sua graduação, Muriel continua a aprofundar seus estudos sobre videoarte e desenho enquanto participa de eventos no meio artístico como IVAHM 2015 -FestivalInternacional de Videoarte de Madrid e 14º Salão Nacional de Arte de Jataí.
Vera Chaves Barcellos na Bolsa de Arte, São Paulo
Obras realizadas desde a década de 1970 estarão presentes na exposição, que segue até 12 de setembro na galeria localizada na Vila Madalena
A artista gaúcha Vera Chaves Barcellos abre no dia 8 de agosto, a partir das 13h, na Galeria Bolsa de Arte, a exposição Fata Morgana ou A Imagem Transformada. Trata-se de uma mostra que apresenta diversas fases de sua carreira, com curadoria de Ana Albani de Carvalho. Nela serão apresentados cerca de 12 trabalhos que compreendem diversos momentos de sua produção, em sua maioria fotografias, e a série Fata Morgana (2014), nas quais fotografias digitais aparecem divididas em quadros menores, com alguns dos quadros sobrepostos a partir de detalhes de um todo maior, de modo a reconfigurar e questionar a imagem original.
Vera Chaves Barcellos nasceu em Porto Alegre em 1938, mas passou uma longa temporada na Europa nos anos 1960 e, nas últimas décadas, se dividiu entre o Brasil e Barcelona. Embora tenha iniciado seu trabalho em outros suportes – na década de 60 a artista se dedicou à pintura e a gravuras abstratas, Vera trabalha hoje majoritariamente com fotos, vídeos e instalações.
A artista diz que a fotografia foi decisiva dentro de seu percurso artístico. “Só encontrei mesmo meus caminhos depois que passei a fazer fotografia e educar o meu olhar através da fotografia”, disse em entrevista à curadora Glória Ferreira. Em 1975, a artista estudou no Croydon College of Art and Technology, graças a uma bolsa do British Council, e ali pode aperfeiçoar seus conhecimentos de fotografia e técnicas gráficas.
Na galeria Bolsa de Arte, Vera apresenta 11 séries fotográficas de distintos momentos de sua carreira. Entre elas estará presente o emblemático trabalho “Epidermic Scapes”, de 1977, série de fotografias em preto e branco que foram feitas a partir de impressões de fragmentos da pele do corpo humano sobre papel vegetal – na exposição da galeria haverá seis delas -, “On Ice”, registro da performance de Flavio Pons e Cláudio Goulart, realizada na superfície congelada de um lago em Amsterdã, em 1978.
O trabalho de Vera Chaves Barcellos sempre trouxe reflexões sobre a natureza da imagem e a crítica à ideia de representação na contemporaneidade. Como escreveu Moacir dos Anjos no catálogo da exposição “O Grão da Imagem”(ocorrida no Santander Cultural, em Porto Alegre, em 2007): “Em diversos momentos de sua trajetória, a artista parece afirmar que, em um ambiente dominado pela cultura da informação e pela excessiva circulação de imagens, não há mais como representar a realidade”. E completa: “Abstendo-se de celebrar ou contestar tal estado de coisas, Vera Chaves Barcellos opta por investigar criticamente suas consequências para a afirmação de identidades”.
Entre outras das séries que estarão na Galeria Bolsa de Arte a partir de 8 de agosto estão, da década de 90, “Sudários” e “A Filha de Godiva”, impressão de digital a partir de imagem fotográfica e radiologia e, da produção a partir de 2012, "Fata Morgana - Fragmentos" e "Mulheres do Mundo".
Embora a temática do trabalho de Vera traga questões complexas sobre as poéticas visuais do mundo contemporâneo, uma das características de seu trabalho é o humor, algo que pode ser percebido em trabalhos como “O Estranho Desaparecimento de Vera Chaves Barcellos” (1977/2014). Nele, Vera aparece em frente e, depois, atrás de um sino, a partir de edições que a artista fez com uma foto realizada em um museu no interior da Itália. Um procedimento que, de certa maneira, lembra os gifs contemporâneos disseminados pela internet.
Fundação Vera Chaves Barcellos
A artista sempre se destacou não somente pela sua atuação como criadora, mas como agitadora cultural. Colecionadora e galerista já foram alguns dos papéis que Vera ocupou e ainda ocupa dentro do cenário gaúcho e brasileiro – Vera foi fundadora do grupo Nervo Óptico (1976-1978), que deu origem a uma publicação, do Espaço N.O. (1979-1982) e também da galeria Obra Aberta (1999-2002), que abrigou mostras de artistas do quilate de Karin Lambrecht, Begoña Egurbide, Antoni Muntadas, Lia Menna Barreto e Lucia Koch, entre outros.
Há dez anos, sua atuação ganhou um novo foco: Vera é diretora da Fundação Vera Chaves Barcellos, em Porto Alegre, na cidade de Viamão, que fica a 45 km de Porto Alegre, juntamente com seu marido, o artista chileno Patrício Farias É lá que, em meio a pomares e uma importante área verde a artista admistra esta instituição cultural privada, sem fins lucrativos, que tem como objetivo a preservação, a pesquisa e difusão de sua obra e da criação artística, bem como do debate em torno da arte contemporânea. A fundação, que se iniciou a partir da produção e coleção pessoal de Vera, hoje possui um acervo constituído por duas coleções, uma delas totalmente dedicada às obras de artistas consagrados e da produção contemporânea emergente.
Entre os artistas que integram a coleção, Sean Scully, Bob Wilson, Iole de Freitas, Joan Fontcuberta,Leon Ferrari, Lygia Clark, Nelson Leirner, Rosângela Rennó, Sol LeWit, Vik Muniz e Waltercio Caldas são alguns dos nomes que fazem parte do acervo em expansão que já é um dos mais importantes acervos de arte contemporânea da região sul do país. A fundação realiza ainda um importante trabalho educativo com alunos e professores das escolas da cidade de Porto Alegre e entorno.
Vera, além de ter participado da Bienal de Veneza, já fez parte da Bienal de São Paulo em quatro edições diferentes. Em 2009, expôs no Masp a individual “Imagens em Migração”, um panorama com 96 obras. Há pouco mais de um mês encerrou a individual “Enigmas”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica e, com a obra On Ice, integra a coletiva A Mão Negativa, no Parque Lage, também no Rio de Janeiro.
Vera Chaves Barcellos nasceu em Porto Alegre, RS, Brasil, 1938. Com formação inicial em música, a artista decide cursar artes plásticas no Instituto de Belas-Artes, em Porto Alegre no final da década de 1950. Nos anos 1960 dedicou-se à gravura depois de estudos na Inglaterra e Holanda. Em 1975 aprofundou seu conhecimento em técnicas gráficas e fotografia, com bolsa do British Council, no Croydon College, em Londres. Em 1976 fez parte da representação do Brasil na Bienal de Veneza com o trabalho Testarte. Desde os anos 1970 tem atuado na animação cultural em Porto Alegre figurando entre os fundadores do Nervo Óptico (1976-1978), do Espaço N.O. (1979-1982) e também da galeria Obra Aberta (1999-2002). Em 2005, instituiu a Fundação dedicada à arte contemporânea que leva seu nome e a qual preside desde então.
Realizou inúmeras exposições individuais no Brasil e no exterior. Participou de quatro Bienais de SP e exposições coletivas na América Latina, Alemanha, Bélgica, Coréia, França, Holanda, Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Austrália. Desde a década de oitenta realiza instalações multimídia, empregando, além da fotografia, muitos outros meios. Como artista convidada participou da exposição Cegueses no Museu de Arte de Girona, Espanha, do Panorama de Arte Brasileira em São Paulo (1997), do Salão Nacional do RJ e da exposição Pasaje de Ida, na Galeria Antonio de Barnola, Barcelona, de Território Expandido no Sesc Pompéia, SP (2000) e Sem Fronteiras, mostra de abertura do Santander Cultural, em Porto Alegre (2001). Entre suas exposições individuais nos últimos anos estão: Enigmas, FVCB, Porto Alegre (2005), O Grão da Imagem, no Santander Cultural, Porto Alegre(2007), e Imagens em Migração(2009), no MASP, SP, que lhe rendeu um prêmio da Associação de Críticos de São Paulo. Realizou a instalação Per gli Ucelli, no Octógono da Pinacoteca do Estado, São Paulo (2010), e a mostra Per gli Ucelli: Derivas, na Bolsa de Arte em Porto Alegre (2011).
Participou da V Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2005) e da mostra MAM na Oca, Arte Brasileira do Acervo do MAM SP (2006). Em 2007, foi agraciada com o Prêmio Joaquim Felizardo, em Artes Plásticas, Porto Alegre, RS. Ainda em 2007 fez parte da mostra Anos 70 – Arte como Questão, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Em 2008 participou da representação oficial brasileira na ARCO, Madri, Espanha. No mesmo ano expôs na Galeria Vermelho, SP, onde mostrou o trabalho Casasubu. Esta série fotográfica também foi exposta no Goethe Institut, em Porto Alegre, logo a seguir. Em 2008, O Grão da Imagem – uma Viagem pela Poética de Vera Chaves Barcellos recebeu o Prêmio de Melhor Exposição Individual, na segunda edição do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, promovido pela SMC de Porto Alegre.
Teve editada a série fotográfica Per(so)nas, em 2012, por Ediciones Originales, Espanha. Em 2009 participou da mostra coletivaMultiples, junto com Peter Friedl e Carlos Pazos, com curadoria de Antonio Zuñiga, na galeria Palmadotze, Vilafranca Del Penedès, Barcelona, Espanha. Desde 1986 vive entre Barcelona e Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. Há alguns anos possui também nacionalidade espanhola.
Em 2010, realizou a curadoria da exposição Silêncios e Sussurros, que inaugurou o espaço expositivo da FVCB: a Sala dos Pomares, em Viamão. Dividiu a curadoria com Ana Albani de Carvalho e Neiva Bohns na exposição Um ponto de Ironia, com Neiva Bohns na exposição Des|Estruturas e com Alexandre Dias Ramos na exposiçãoJulio Plaza -Construções Poéticas, ambas realizadas na Sala dos Pomares. Em 2013 volta a dividir a curadoria com Neiva Bohns na exposição Limites do Imaginário.
Zip'Up: Clara Benfatti na Zipper, São Paulo
Em sua primeira exposição individual na Zipper Galeria, a artista Clara Benfatti elege a cidade de São Paulo como principal vetor poético. Paisagens acumulativas e transitórias, como prédios que parecem se misturar na linha do horizonte, sobrepondo-se uns aos outros, são algumas das imagens sugeridas pelas cerca de 25 obras que ocupam o piso superior da galeria.
Com curadoria de Mario Gioia, coordenador do projeto ZIP UP, a exposição Outras Cidades contempla trabalhos de séries inéditas desenvolvidas pela artista. Em A Silenciosa Fábula dos Objetos, ela cria espécies de caixas-maquetes feitas a partir de imagens de cômodos iguais. A mostra traz, ainda, um novo trabalho derivado da série Cidades Brancas, em que Clara mistura camadas de desenhos em papel vegetal de diversos tamanhos e formatos, criando uma perspectiva tridimensional.
Outro conjunto pensado para exposição são desenhos inspirados em cenas domésticas observadas em janelas de apartamentos do centro de São Paulo, vistas a partir do Minhocão. Nesta série, a artista reflete também sobre narrativas sugeridas pela a arquitetura e pelo habitat cotidiano. Ou, em suas palavras, “a casa como expressão plástica da personalidade, como um romance particular construído diariamente e onde cada elemento deixa um rastro que contém a possibilidade de uma história.”
A relação com a arquitetura já foi explorada pela artista em trabalhos anteriores, como a série Cidade Monumento (2010) – desenhos feitos em nanquim retratando construções histórias de diversas partes do mundo. Seus trabalhos são apresentados quase sempre em diferentes escalas e recortes minuciosos sobre papel vegetal, além de maquetes manualmente construídas. Remetem a uma análise cultural da paisagem urbana – ou, mais ainda às relações humanas que se estabelecem nesses ambientes. Quanto mais paramos para observar cada desenho, mais compreendemos esses processo.
Clara Benfatti nasceu em Paris (1984). Vive e trabalha em São Paulo, onde se formou em artes plásticas pela FAAP. Participou de exposições coletivas como [Des]equilíbrios e [In]perfeições na Galeria Coleção de arte, no Rio de Janeiro, em 2011; Dizer, Fazer, em São Paulo, em 2014; e Estruturas Imaginárias no Museu de arte contemporânea de Campo Grande, também em 2014. Em 2013 participou do 41º Salão de arte contemporânea Luiz Sacilotto, onde ganhou um dos prêmios aquisição. Trabalha principalmente com desenho e explora a relação com as cidades como temas de sua pesquisa.
João Castilho na Zipper, São Paulo
Um dos nomes de maior destaque da fotografia brasileira contemporânea, João Castilho é tema de uma nova individual na Zipper Galeria. Intitulada Porcelana e Vulcão, a mostra reúne uma série de obras inéditas que aprofundam sua pesquisa conceitual e formal no campo da fotografia e do vídeo. Além disso, ele apresenta ainda obras de inspiração escultórica, uma nova vertente de sua produção.
De acordo com o artista, os trabalhos reunidos relacionam-se com ideias e imagens associadas aos materiais apontados no título – entre a leveza e delicadeza da porcelana e o peso e fúria do vulcão. Há uma vontade de ruptura com a permanência das coisas e dos seres no mundo. Porém, segundo ele, a angústia da estagnação não é um estágio que possa ser vencido com facilidade; é um estado permanente.
Na foto-instalação "Corte" (2015), dezenas de fotografias de tamanhos variados exibem fendas, fissuras e cortes em esculturas de ferro. A escultura em resina "Cão" (2015), por sua vez, mostra um cachorro tentando morder a própria cauda. No vídeo "Alvo" (2015), vemos um suporte atingido por várias flechas simultaneamente.
Outra série iniciada pelo artista este ano são as colagens “Dinheiro Pintado” (2015), feita com um conjunto de notas de R$ 10 manchadas com uma tinta vermelha quando retiradas de caixas eletrônicos em tentativas de roubo. Já o grupo três esculturas em cerâmica “Irreversíveis” (2014) mostra jabutis posicionados de cabeça para baixo. A exposição traz ainda duas fotografias da premiada série “Zoo” (2014-2015).
Os trabalhos de João Castilho têm inspiração na literatura, na arte, na cultura popular, na atualidade e em sua própria história, oscilando entre a memória pessoal e coletiva. Explora temas existenciais e políticos da vida e da morte, do bem e do mal, da inocência e da culpa, da pulsão e do medo.
As obras presentes na exposição carregam um tipo de anulação, de força imutável, como se os seres – homens, animais - tivessem muita dificuldade de sair do estado em que se encontram. Como num pântano. As obras apresentam problemas insolúveis e questionam o mito do progresso.
João Castilho (Belo Horizonte - MG, 1978) é mestre em artes visuais pela UFMG. Entre suas exposições individuais recentes destacam-se: “Prélio”, Galeria Arlinda Corrêa, no Palácio das Artes, Belo Horizonte; “O Futuro Avança Para Trás”, na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte, em 2014; “Caos-Mundo”, no Galpão 5 - Funarte MG, Belo Horizonte e Zipper Galeria, São Paulo, em 2013; e “Disruption”, 1500 Gallery, Nova York, EUA, em 2012.
Participou de diversas exposições coletivas, entre as quais: “Singularidades/ Anotações”, no Itaú Cultural, São Paulo; “Punto de Quiebre”, na Beatriz Gil Galería, Caracas, Venezuela; “Cães Sem Plumas”, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; “Decifrações”, no Espaço Cultural Contemporâneo, Brasília; “ Duplo Olhar”, no Paço das Artes, São Paulo; e “O que temos para o almoço”, Funarte MG, Belo Horizonte, todas realizadas em 2014. Ainda, Bienal Internacional de Curitiba, Curitiba; 1a FotoBienalMasp, no Museu de Arte de São Paulo, São Paulo; “13 Brazilian Photographers”, no Centre for Contemporary Photography, Ljubljana, Slovenia; “Coleção Itaú de Fotografia Brasileira”, no Palácio das Artes, Belo Horizonte; “Coleção Itaú de Fotografia Brasileira”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; “Convite à Viagem”, Rumos Artes Visuais, no Paço Imperial, Rio de Janeiro; e “Imagem Mi(g)rante”,
na Zipper Galeria, São Paulo, todas em 2013.
João recebeu os prêmios: Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte (2015), Bolsa de Fotografia Zum/IMS (2014), Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2013), Prêmio Ibram de Arte Contemporânea (2012), Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2010), Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte (2008) e Prêmio Porto Seguro de Fotografia (2006).
agosto 3, 2015
Damián Ortega na Fortes Vilaça, São Paulo
AGENDA SP Hoje 04/08 às 19-22h: Damián Ortega @ Fortes Vilaça http://bit.ly/Fortes_D-Ortega
Posted by Canal Contemporâneo on Segunda, 3 de agosto de 2015
A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Paisagem, a nova exposição de Damián Ortega. O artista mexicano emprega o isopor em duas novas instalações, como desdobramento de seu recente trabalho junto de escultores do carnaval carioca. Na mostra, o caráter efêmero desse material relaciona-se com o projeto modernista através de elementos arquitetônicos. Sobras e desperdício desempenham papel central e revelam a ênfase dada ao processo.
Na obra Abertura, instalada no alto do saguão da Galeria, Ortega recria em isopor e gesso uma secção do teto do terraço do Edifício Bretagne. Esse prédio, construído em 1959 e projetado por João Artacho Jurado, é considerado um marco da arquitetura paulistana. Os característicos círculos vazados do seu teto, que no prédio modernista permitem a passagem de luz e chuva, ecoam o desejo do artista de criar canais que conectem interior e exterior, como se sua obra fosse um exercício de abrir janelas.
Essa relação é explorada também em Paisagem, a instalação que dá nome à mostra. Ortega furou um cubo de isopor de 2,5 m a partir de seu centro, deixando que todo o pó do material se espalhasse pelo térreo da Galeria. A “casca” do cubo permanece no espaço e age como a memória de sua forma, agora fragmentada em inúmeras partículas. Há aí uma certa ironia em fazer uma paisagem nevada para São Paulo, mas também o interessante jogo de trazer o interior do cubo para fora, que por sua vez está dentro de outro cubo, que é a Galeria. Ao fazer isso, Damián Ortega enfatiza a experiência e o processo, evocando o interminável ciclo de transformação da matéria.
Damián Ortega nasceu na Cidade do México em 1967, e atualmente vive e trabalha entre sua cidade natal e Berlim, Alemanha. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Casino, Hangar Bicocca (Milão, 2015); O Fim da Matéria, MAM (Rio de Janeiro, 2015); Cosmogonia Doméstica, Museo Jumex (Cidade do México, 2014); Apestraction, The Freud Museum (Londres, 2013); Do it yourself, Institute of Contemporary Art (Boston, 2009); Champ de Vision, Centre Pompidou (Paris, 2008); The Uncertainty Principle, Tate Modern (Londres, 2005); Cosmic Thing, Institute of Contemporary Art (Filadélfia, 2002). Destacam-se ainda suas participações nas Bienais de Sharjah (2015), de Veneza (2013 e 2003), de Havana (2012), de São Paulo (2006), de Berlim (2006), de Sydney (2006) e de Gwangju (2002). Sua obra está presente em diversas coleções públicas ao redor do mundo, como MOMA (Nova York, EUA), MOCA (Los Angeles, EUA), CIFO (Miami, EUA), Centre Pompidou (Paris, França), Fundación Jumex (México) e Inhotim (Brumadinho, Brasil), entre outras.