|
maio 30, 2015
Julia Amaral no Sítio, Florianópolis
AGENDA SC Hoje 03/06 às 19h: Julia Amaral @ O Sítio http://bit.ly/O-Sitio_J-Amaral
Posted by Canal Contemporâneo on Quarta, 3 de junho de 2015
O Sítio apresenta a exposição Apesar de da artista Julia Amaral, resultado de um processo cultivado ao longo de alguns anos. Tudo começou com a busca por uma pena de qualquer ave para a disciplina de fundição em metal, ainda durante sua graduação em artes visuais. Acabou encontrando um pássaro morto no próprio ninho, engasgado com um fio de náilon. Deste encontro com a morte passou a conceber insetos e bichos em esculturas de animais. A artista define este momento como crucial para o seu processo de criação com a técnica de fundição em cera perdida. "Aquele pássaro significou muito pra mim. Com ele usei uma técnica de fundição escultórica antiquíssima e clássica. Ele precisava ser de metal, ele precisava ser fundido, não poderia ter sido feito de cerâmica, de gesso, ou ser uma foto ou um desenho. Ele é único e sem reprodução. Não passa por uma mediação, por uma elaboração formal", esclarece Julia.
Assim, surgiu o primeiro elemento da série Apesar de, composta de esculturas e adesivos. "Os besouros foram os insetos que me fisgaram para dar continuidade às esculturas em fundição. Quase dois anos se passaram entre a realização do pássaro e o início da série Apesar de. Diferente da maneira usual de fundição em cera perdida, onde se costuma modelar a peça e depois tirar um molde em cera e usá-la como matriz, Julia elimina uma etapa da técnica tradicional, com o uso do próprio corpo do inseto, do bicho como matriz. A artista explica que usa "o elemento da natureza, a coisa em si, um besouro, uma lacraia, um pássaro e não uma modelagem. Desta forma trago para o trabalho a riqueza de possibilidades de um contato direto."
O processo de moldagem, da-se com "a ausência do inseto morto (que teve seu corpo queimado dentro do molde)", assegura. Depois disso, o vazio é preenchido pelo metal quente e líquido que toma a sua forma e em seguida esfria e endurece. Para retirar a peça do molde é necessário quebrá-lo, perdendo de vez o molde e também a possibilidade de reprodução: a peça é necessariamente única, assim como o indivíduo que lhe deu origem. Não há como multiplicá-los, ou, reproduzí-los.
Julia aborda questionamentos acerca do irreversível apodrecimento, mesmo que não queira eterniza-los, mas os insetos e outros pequenos bichos transformados em corpo de metal penetram num outro campo, outro tipo de processo de decomposição, de duração mais longa. No ínterim deste complexo procedimento técnico não há comedimento, a fundição tem um comportamento próprio, principalmente ao se tratar de uma ‘subversão’ da técnica." Como utiliza o corpo do próprio animal, abre margem para uma gama bem maior de erros e surpresas. "As coisas saem do controle e os resultados são diversos. Inúmeras vezes perdi insetos porque a fundição não deu certo.", diz. Suas formas também não ficam perfeitas sempre, o molde entope em alguma parte, o gesso infiltra, perde-se detalhes de asas, patas... As superfícies ficam irregulares e corroídas e os insetos continuam frágeis. Ela nunca dá acabamento às esculturas, não tenta imitar texturas e nem polir, eles ficam como saíram do molde. Os próprios animais não são mexidos e vão para a fundição do jeito que foram encontrados, patas retraídas, corpo curvado, rabo quebrado. A moldagem é um processo direto de impressão que, reforçado pela falta de acabamento, anula a mediação e a distancia. É feito às cegas. Mesmo tendo sido transformados em metal, os bichos continuam frágeis e precários.
Seu trabalho é de ourivesaria, tamanho o cuidado e a delicadeza das peças. Mesmo já tendo exposto a série Apesar de em outras cidades e locais, esta será a primeira vez que apresentará a série completa, agora também com grilos, mariposas, borboletas e libélulas, que ultrapassam o número de 100. Nos arredores do espaço expositivo, Julia apresentará os seus conhecidos urubus, feitos de adesivo vinil que irão pousar por ali, durante a sua individual.
Zip’Up: Janaina Mello Landini na Zipper, São Paulo
Apresentada à Zipper Galeria pelo colecionador Sérgio Carvalho, de Brasília, a participação da artista Janaina Mello Landini no projeto Zip’Up (edição 2015), representa a inauguração de uma nova proposta da galeria: convidar um colecionador a cada ano, para apresentar ao projeto um(a) artista de sua coleção que não tenha representação em São Paulo.
Com texto de Paulo Miyada, a individual de Janaina Mello Landini, Ciclotrama 20 (onda), é formada por uma única instalação site-specific que deve tomar o piso superior da galeria, marcando também o início da sua representação pela Zipper.
Uma ciclotrama, segundo a artista, é uma secção de um ciclo contínuo e binário, uma estrutura esquemática de caráter hierárquico, que pode ser usada para facilitar a percepção de conexões e análises de padrões de universos complexos - à disposição de questões referentes às dinâmicas, aos fluxos, às trajetórias e à passagem do tempo.
Ora soltas no espaço, ora utilizando-se de outros suportes, as Ciclotramas se oferecem ao espectador como um lugar de relações rítmicas. Pode ser que, metaforicamente, se assemelhem às estruturas da natureza, como as raízes de uma planta, ramos neurais, ou estruturas microscópicas, ou que ainda representem o mapeamento de caminhos e movimentos individuais, criando uma cartografia social, mas o resultado é sempre um feixe orgânico composto de partes interdependentes e interligadas.
Janaina Mello Landini é nascida em São Gotardo, MG (1974). Vive e trabalha em São Paulo. Coordenou as produções artísticas do Instituto INHOTIM de 2006 à 2010. Hoje, dedicada apenas as artes plásticas, Janaina agrega ao seu trabalho, todo o seu conhecimento sobre a arquitetura (formada pela UFMG), a física e sobre as estruturas organizacionais que impregnam a sua visão do mundo. Suas obras transitam por diversas escalas – do objeto ao espaço público. Participa do Ateliê Fidalga desde junho 2013. Tem mostrado seu trabalho em exposições e salões por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Belém, Paraty e na Itália, dentre outros lugares.
Como exposições individuais podemos citar: Paisagens | Desvio, Belo Horizonte, MG (2011) e Ciclotrama | Espaço 2010, Belo Horizonte MG (2010).
Entre as principais e mais recentes exposições coletivas citamos: Entrecopas | Museu nacional | Brasília DF, Art for Florence Design Week – International Design Festival 5.0 Edition | Firenze | Italia, Duplo Olhar | Paço das Artes | São Paulo SP e Jardim de Adelícia | SESC Palladium | Belo Horizonte MG, todas em 2014 e 32º Arte Pará | Belém PA e 4º Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea | Paraty em 2013.
Felipe Morozini na Zipper, São Paulo
No dia 2 de junho, terça, das 19h às 22h, a Zipper Galeria convida para a abertura da exposição Dois, do artista Felipe Morozini, composta por duas vídeo-instalações, doze fotografias em metacrilato e sete fotografias montadas em caixas backlight.
Com textos de apresentação de Thais Gouveia, que assina a curadoria, e Nazareno Rodrigues, a exposição reflete sobre a natureza humana em contraste com a urbe. Sobre o quanto nos deixamos atravessar e tocar pelos acontecimentos à nossa volta. Sobre em que medida conseguimos festejar a nossa própria realidade. Questões que o artista responde por meio de seu profundo afeto por São Paulo e seus fenômenos. Suas imagens rompem com a banalidade e a vulgarização do cotidiano e revelam a majestosidade inerente à cidade – essa fonte que alimenta, inspira e nos faz acontecer como indivíduos.
Em seu texto para a exposição, Thais Gouveia observa que ao lançar um farol sobre uma arquitetura aparentemente triste, o artista parece abraçá-la e embalá-la, como se pudesse dizer que sim, ela é importante. “Edifícios que julgamos maltratados, mal planejados, desqualificados e comuns, estão ali, servindo de templo para pessoas, e como outras construções da cidade, também desejam contar suas histórias. E sabemos que histórias só existem se contadas, basta que estejamos dispostos a ouvi-las”, aponta a curadora.
Felipe Morozini (1975), vive e trabalha em São Paulo. É bacharel em direito mas há anos trocou a toga pela máquina fotográfica, com a qual desenvolve, além de seu trabalho artístico, fotografias para revistas e catálogos de moda. A cenografia é também outro campo de atuação do artista. Como exposições individuais podemos citar: Primeira Individual Retrospectiva, na Zipper Galeria (2011), Jardim Suspenso da Babilônia (2009), Love Story, na Plastik (2009) e Aktuell na Galeria Parede (2008). Como exposições coletivas citamos: Brazilian Modern: Icons and Innovation na Ampersand House and Gallery, Bruxelas, Bélgica (2012), Mostra São Paulo de Fotografia (2012), São Paulo Fashion Week (2012), Silêncio, na Zipper Galeria (2010), Public Design Festival. Milão, Itália (2010) e Milan Design Week, Milão, Itália (2010).
Federico Herrero na Luisa Strina, São Paulo
AGENDA SP Hoje 02/06 às 19-22h @ Luisa Strina: Federico Herrero http://bit.ly/Strina_F-Herrero
Posted by Canal Contemporâneo on Terça, 2 de junho de 2015
Uma pintura de Federico Herrero é uma intervenção cromática no mundo, da tela à cidade. à primeira vista, esta pintura gentil aparenta propiciar atos de contemplação. O artista parece propor uma cena que, não podendo ser o sublime, pudesse ser uma festa sensorial do fulgor das cores. Os campos de cor se atraem, se desdobram em contínuo, se agregam ou ganham coesão harmônica. Azuis, tons de verde, rosas, cores quentes se defolham como camadas de energia que se ajustam no espaço como uma propagação epidêmica e quase música.
Paulo Herkenhoff
[Scroll down for English version]
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar a primeira exposição individual de Federico Herrero. Compõem a mostra uma série de pinturas inéditas de dimensões variadas, um volume de concreto e madeira e uma grande instalação site-specific, na qual o artista desafia a convenção tradicional do espaço expositivo transformando o chão da galeria em uma tela.
As pinturas abstratas de Herrero – monocromáticas ou multi-coloridas – fazem referência à tradição norte-americana da Colour-Field Painting, assim como a Tropicália, em particular a maneira de trazer vida à arte e ao ambiente, através da interação com as cores incorporando a paisagem e o cotidiano à arte.
O artista faz uso de distintos materiais, como pintura a óleo, acrílico, canetas marcadoras, plumas e spray em um mesmo trabalho.
Federico se apropria das pinturas deixadas por terceiros nas ruas e as incorpora em seu vocabulário visual sob o nome de “pinturas telepáticas”. Como forma de retribuir e democratizar seu trabalho, realiza intervenções no espaço público, assim devolvendo em parte o que foi encontrado ao acaso.
A pintura de Federico se insere na paisagem urbana – desde a pintura da fachada de um prédio no centro de São Paulo; pilares de uma ponte em Medellín; pinturas de ônibus em Tóquio; cabanas de pescadores na Basiléia; o fundo de uma piscina em Havana; até uma parede em ruínas em Veneza.
Federico Herrero (1977) é nascido San José, Costa Rica, onde vive e trabalha. Exposições individuais recentes incluem: Sies + Höke, Düsseldorf (2014); Proyectos Monclova, Cidade do México (2014); La casa encendida, Madri (2014); 21st Century Art Museum, Kanawaza, Japão (2012); Contemporary Art Gallery, Vancouver (2011); Casa de America, Madri (2011); Kunstverein Freiburg, Alemanha (2008) e CCA Wattis Institute for Contemporary Arts, São Francisco (2008).
Exposições coletivas recentes incluem: Pangea II: New Art From Africa and Latin America, Saatchi Gallery, Londres (até Setembro 2015); Under the Same Sun: Art from Latin America Today at the Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York (2014); P33 – 33º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013), Para/site, Hong Kong (2011) e Art Parcours, Basel (2011).
Seu trabalho é parte das coleções do Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo; 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa.
O artista, ainda em 2015, terá seu trabalho apresentado na Unlimited, parte da feira de arte de Basiléia dedicada a trabalhos em larga escala.
A Federico Herrero painting is a chromatic intervention in the world, from the canvas to the city. At first glance this gentle painting seems to give rise to acts of contemplation. The artist seems to propose a scene that, short of being the sublime, could be a sensorial feast of flashing colors. The color fields are mutually attracted, continuously playing off each other, conjoining or gaining harmonious cohesion. Blues, tones of green, pinks, warm colors exfoliate like layers of energy that shift in space like an epidemic, almost musical dissemination.
Paulo Herkenhoff
Galeria Luisa Strina is pleased to present Federico Herrero’s first solo exhibition. It is composed of a series of previously unseen paintings of various dimensions, a concrete and wooden volume and a large site-specific installation, in which the artist challenges the traditional notion of the exhibition space and transforms the gallery floor into a canvas.
Herrero’s abstract paintings – both the monochromatic and multicolored examples – draw on the North American tradition of Color-Field Painting, as well as Tropicália, particularly in the way they bring life to art and to the setting through interaction with the colors, incorporating the landscape and the quotidian into the art.
The artist makes use of different materials, such as oil paint, acrylic, marker pens, feathers and spray in a single work.
Federico borrows from paintings left by others in the streets and incorporates them into his visual vocabulary under the name of “telepathic paintings”. As a way of giving something back and democratizing his work, he performs interventions in public space, thus partly returning what was found by chance.
Federico’s painting is situated in the urban landscape: the mural on the facade of a building in downtown São Paulo, the columns of a Medellín bridge, painted Tokyo buses, fishing huts in Basel, the bottom of a swimming pool in Havana and the ruins of a wall in Venice.
Federico Herrero (1977) was born in San José, Costa Rica, where he lives and works. His recent solo exhibitions include: Sies + Höke, Düsseldorf (2014); Proyectos Monclova, Mexico City (2014); La casa encendida, Madrid (2014); 21st Century Art Museum, Kanawaza, Japan (2012); Contemporary Art Gallery, Vancouver (2011); Casa de America, Madrid (2011); Kunstverein Freiburg, Germany (2008) and CCA Wattis Institute for Contemporary Arts, San Francisco (2008).
Recent collective exhibitions include: Pangea II: New Art From Africa and Latin America, Saatchi Gallery, London (until September 2015); Under the Same Sun: Art from Latin America Today at the Solomon R. Guggenheim Museum, New York (2014); P33 – 33rd Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013), Para/site, Hong Kong (2011) and Art Parcours, Basel (2011).
His work features among the collections of Solomon R. Guggenheim Museum, New York, the Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo and the 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa.
In 2015 the artist will also exhibit at Unlimited, part of the Basel art fair dedicated to large scale works.
maio 26, 2015
O tempo e os tempos na Carbono, São Paulo
AGENDA SP Hoje 27/05 às 19h @ Carbono: O tempo e os tempos - curadoria de Daniela Bousso reúne 16 artistas com edições de fotografias, vídeos, foto-esculturas e foto-instalações http://bit.ly/1HufSNH
Posted by Canal Contemporâneo on Terça, 26 de maio de 2015
No dia 27 de maio, das 19h às 22h, a Carbono Galeria irá inaugurar a exposição O tempo e os tempos, com curadoria de Daniela Bousso. A mostra apresentará obras de 16 importantes artistas nacionais e internacionais como Albano Afonso, Bob Wolfenson, Cássio Vasconcellos, Claudia Jaguaribe, Isidro Blasco e Katia Maciel.
A produção presente na mostra reflete as mudanças ocorridas entre os anos 1970 e hoje, que Daniela aponta como a terceira revolução que marcou a vida do homem moderno, a revolução digital.
Em conversas com os artistas, a curadora os instigou a refletir a urbanidade, os territórios do estranhamento e dos conflitos, lançando a eles provocações que resultaram em diferentes temas expressos em fotografias, vídeos, foto-esculturas e foto-instalações, a maioria deles trabalhos exclusivos para a Carbono Galeria.
Como aponta a curadora: “O tempo e os tempos é uma exposição que buscou articular parte da produção artística que gera tensões e trabalha com a perspectiva de contágio e de intersecção entre diferentes linguagens. Estas obras confirmam que a fotografia não parou de se reinventar. Se no Séc. XIX a sua querela era com a pintura e posteriormente ela duelou com o cinema, agora ela negocia com o cinema e com o vídeo.
O legado da fotografia tem sido fundamental para a transformação radical das artes. Ela expandiu a arte a um grau de flexibilidade só concebível em nossos dias. Tudo isto incide sobre o caráter híbrido da arte contemporânea, aonde as fronteiras entre e os meios tem estado cada vez mais difusas, cobrindo a arte de complexidade.”
O recente trabalho da série Nós outros, de Bob Wolfenson, mostra diversas pessoas à espera para o cruzamento de um semáforo em uma grande cidade. Pessoas comuns, em uma situação cotidiana. No entanto, ao olharmos mais atentamente, percebemos suas diferentes posturas, olhares, vestimentas, características que levaram o artista a refletir sobre o que ele aponta “como um dos mais presentes paradoxos do ser humano: o de ser igual e diferente, querer pertencer a um grupo e ao mesmo tempo se distinguir dele.”
maio 21, 2015
Niobe Xandó na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Precursora de signos contemporâneos, Niobe Xandó tem centenário comemorado em livro e exposição retrospectiva
A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta, a partir de 23 de maio, retrospectiva da artista paulista Niobe Xandó. A surpresa das coisas sempre novas contempla, ainda, lançamento de um livro com a trajetória da artista e quase duzentas reproduções de obras.
No dia 20 de fevereiro de 2010, o Brasil perdia uma das maiores representantes brasileiras de sua pintura contemporânea: Niobe Xandó. Nascida em 1915, a múltipla artista atravessou um século de incertezas e intensas transformações, claramente prefiguradas em suas telas e desenhos por contornos que comunicam o choque de culturas e civilizações de nosso tempo: entre o arcaico e o moderno, o primitivo e o futurista.
Para comemorar o centenário da artista, a Galeria Marcelo Guanieri de São Pauloinaugura, no dia 23 de maio (sábado), às 10 horas, a exposição retrospectiva “A surpresa das coisas sempre novas”. Destaque para o lançamento, na ocasião, do livro de colecionador com organização assinada pelo curador Antonio Carlos Suster Abdalla e texto crítico inédito do jornalista Antonio Gonçalves Filho, além de cronologia ilustrada da artista, currículo selecionado e fortuna crítica com apreciações sobre sua obra por alguns dentre os principais críticos brasileiros no século XX, como Vilém Flüsser, Mário Schenberg, Theon Spanudis, Radhá Abramo, Ivo Zanini, Aracy Amaral e Laymert Garcia dos Santos.
Intitulada “A surpresa das coisas sempre novas”, a exposição traça um panorama da artista desde a sua fase figurativa nos anos 50, passando pelo amadurecimento nos anos 60, quando elabora composições em torno de mitos, antecipando os processos metamórficos de suas máscaras sugestivas de culturas ancestrais. Nos anos 60/70, com a arte sob influência do concretismo, Niobe mergulha na arte abstrata, sob uma profusão de signos híbridos. No final da vida, nos anos 90, no auge do mal de Alzheimer, retorna aos desenhos de autorretrato da década de 50, repintando-os. Desta vez, com traços de uma irônica desfiguração, típico sintoma do Alzheimer, no qual o doente não é capaz de reter as próprias feições.
Uma das características que mais individulizaram a artista foi a antecipação - por meio do chamado "letrismo" - de uma das expressões visuais que marcam as atuais metrópoles, as pichações extremas de muros e edifícios.
Caminhando em distintos universos como a cerâmica, totens de madeira, colagens, xerografias, pinturas, desenhos e guaches, a exposição contempla toda a trajetória da artista, desde o início impregnada pelo figurativo, com pinturas de cenas e brinquedos infantis e botequins populares.
Um passeio pela história “a contrapelo”
Numa viagem a contrapelo da História, a exposição “A surpresa das coisas sempre novas” inicia sua jornada com o retorno da artista ao figurativismo, nos anos 1990. Distante de um “retrocesso”, mas próxima de reconciliação com seu traço inicial, Xandó, no auge do mal de Alzheimer que a acometeu, busca numa série de enigmáticos autorretratos a cura instintiva pelo autoconhecimento. Se no início de sua trajetória as imagens apareciam com todas as características que fazem justiça a um rosto, a retomada marca uma irônica desfiguração, típico sintoma do Alzheimer, no qual o doente não é capaz de reter as próprias feições. Releituras de obras como “O Enigma” (1960) adquirem, nas versões do final dos anos 1990, aspectos fantasmagóricos e sobrenaturais.
Como destaca o crítico Alvaro Machado no ensaio “A fonte na rocha”, escrito para o catálogo da retrospectiva da artista na Pinacoteca do Estado de SP, em 1995: “O autorretrato mais recente (...) presentifica, sem dúvida, um terrível drama pessoal, três anos após o diagnóstico do mal neurológico da artista. (...) Ao mesmo tempo, outra interpretação, desarraigada de valores negativos, o compõe, (...) se considerarmos o comportamento de Niobe ao longo de mais de quarenta anos, seja em sociedade – onde desde os primórdios mostrou-se, via de regra, esquiva –, seja em suas relações com galerias e marchands, jamais sedimentadas”.
Essa liberdade compôs de maneira privilegiada a trajetória da artista e marcou suas obras com a peculiaridade de não filiar-se a nenhuma escola ou vanguarda. Porém, a um só tempo, suas telas e desenhos realizam-se plenamente, de forma autoral e ao largo das correntes vigentes, a perfazer legado dirigido à posteridade.
A virada em sua biografia acontece no início dos anos 1960. Niobe deixa de olhar para a realidade e passa a elaborar composições em torno de mitos. Notransculturalismo que resulta destaca-se um “passeio” pela arte surrealista,com asflores e jardins fantásticos que antecipam os processos metamórficos de suasmáscaras sugestivas de culturas ancestrais, mais adiante. “Articulação inconsciente entre a perplexidade do homem atual perante o mundo”, nas palavras do filósofoVilém Flüsser, na qual uma espécie de realismo fantástico afirma-se com formas autenticamente brasileiras.
Se nos anos 1960/70, o mundo da artes visuais encontrava-se sob influência da arte concreta e, logo em seguida, conceitual, com características predominantemente intelectuais, frias, Niobe mergulhou, com olhar projetivo e visionário, em uma profusão de signos humanos híbridos. “Em certa medida, ela já suspeitava que a modernidade estava diante de uma mutação antropológica”, afirma o crítico Antonio Gonçalves Filho.
Atenta aos movimentos de contestação daquelas décadas, encontramos nessa fase a busca de uma “outra escrita”, como, por exemplo, na colagem com um rosto que nos remete ao cartaz do musical “Hair”, de Rado e Ragni. Nesse mesmo período, quando viveu e pintou entre Londres e Paris, a artista recebe proposta do astro Mick Jaggerpara assinar capa de disco da banda Rolling Stones.
Nos anos 1980, Niobe se investe como uma espécie de “arqueóloga do inconsciente”, recuperando o construtivismo – até então não avaliado pela história da arte – presente na figuração de culturas ameríndias–, bem como sua possível relação com expressões contemporâneas, para pensar uma nova sintaxe visual. Em 1984/85, o diálogo entre o arcaico e o moderno revela-se numa radical mudança de rota, na qual as obras assumem caráter abstrato lírico e prenunciam novos alfabetos contemporâneos, a exemplo das pichações que hoje recobrem as metrópoles americanas.
SOBRE O LIVRO
Na ocasião da exposição será lançado o livro em homenagem ao centenário da artista, intitulado “A surpresa das coisas novas”, que abrange pesquisa minuciosa de Antonio Carlos Suster Abdalla e texto inédito do crítico do jornal “O Estado de São Paulo” Antonio Gonçalves Filho. São 264 páginas, com 194 reproduções de obras de todas as fases da artista, além de outras trinta ilustrações, e trechos dos principais textos críticos escritos a seu respeito. O livro, que será vendido na Galeria Marcelo Guarnieri e em livrarias, ao preço de R$ 50, integrando o projeto “Vale Cultura” do MinC, Governo Federal.
“Este livro foi idealizado para comemorar o centenário de nascimento de Niobe. É um desafio às novas gerações. Mostra o trabalho de uma grande artista, com obras instigantes, repletas da mais variada e rica simbologia – obra analisada por quase cento e cinquenta textos críticos, mas, ainda assim, um pouco distante de todo o merecido reconhecimento”, sintetiza Antonio Carlos Suster Abdalla. Contempla-se, ainda, na esteira das homenagens à artista, a exibição de filme sobre as obras de Niobe dirigido por André Azevedo.
“O diálogo entre o arcaico e o moderno, presente desde sempre na obra da artista, revela-se particularmente rico nessa década, na qual sua pintura sofre uma transformação radical, assumindo um caráter abstrato, lírico, em plena era dos novos selvagens alemães e da transvanguarda italiana (por volta de 1984/85)."Antonio Gonçalves Filho, no texto crítico do livro em homenagem à artista Niobe Xandó “A surpresa das coisas sempre novas”.
"Niobe não é caso único, evidentemente, mas seria temerário citar outros artistas mais recentes que puseram em prática tamanha autonomia de ação. Isoladamente, lembro-me de Picasso – para nomear alguém sem contestação –, que teve idêntica marca no surpreendente e fascinante desenvolvimento de sua vida artística. Talvez possamos nos lembrar de outros vinte ou trinta artistas, entre os mais conhecidos, com igual característica em seus trabalhos. De qualquer forma, neste livro, reforço a ideia de que Niobe produziu uma obra absolutamente vital.” Antonio Carlos Suster Abdalla, no livro em homenagem à artista, “A surpresa das coisas sempre novas”.
“O letrismo é um capítulo especial na obra da pintora. Niobe se aproxima dessa modalidade artística nos moldes desenvolvidos pelo romeno Isadore Isou e pelo francês Maurice Lemâitre, que a artista chegou a conhecer em Paris. Porém, de um alfabeto decifrável desenvolvido a partir de símbolos, ela passa a explorar por sua conta a própria figurabilidade da escrita, 'interrogando a idéia da imagem que a visualidade da escrita comporta' – nas palavras de Laymert Garcia dos Santos sobre Xandó. Nada mais pertinentemente contemporâneo que essa fase da artista, que vai ao encontro das mais ousadas expressões visuais coletivas das atuais metrópoles, como em certas pichações extremas de muros e edifícios”. (Alvaro Machado)
maio 20, 2015
Gustavo Speridião na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 23/05 às 15h: Gustavo Speridião @ Anita Schwartz http://bit.ly/A-Schwartz_GSperidiao
Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 23 de maio de 2015
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta no dia 23 de maio, para convidados, e a partir de 25 de maio para o público, a exposição Lona, com 18 pinturas inéditas, em grandes dimensões, feitas pelo artista Gustavo Speridião exclusivamente para esta sua individual que ocupará todo o espaço de arte do Baixo Gávea.
O artista carioca, nascido em 1978, é um nome destacado em sua geração, e tem integrado diversas exposições no Brasil e no exterior, como “Parasophia 2015”, com curadoria de Shinji Kohmoto, em Kyoto, Japão; “Here There (Huna Hunak)”, com curadoria de Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist, no Museum of Art Park, em Doha; “Imagine Brasil”, com curadoria de Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist, em Lyon, França, e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; e a individual "Geometrie. Montage. Equilibrage. Photos e Videos”, com curadoria de Jean Luc Monterosso, na Maison Européene de La Photographie, em Paris, em 2013. Ele tem trabalhos em importantes coleções, como Gilberto Chateaubriand/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), e Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR).
O título da exposição é extraído do suporte utilizado, lona de algodão, e as pinturas estarão expostas sem chassi, presas diretamente na parede, “em uma montagem simples”, conta o artista. No grande espaço térreo da galeria, serão quatorze pinturas, com dimensões de 2mx7m cada uma, e no terraço serão quatro lonas, com formato de 5,9m x 2m a 1,80 x 1metro.
Esta série de lonas é um desenvolvimento do trabalho de Gustavo Speridião, que tem como foco a pintura e a política, “explorar o plano pictórico e questões políticas, utilizando tinta, carvão e colagens (palavras, abstrações e cartazes)”.
Ele fez uma colagem nas lonas com material gráfico coletado entre 2007 e 2014 em vários países, como Brasil, Bolívia, Portugal, Espanha, México, França, Grécia, Rússia e Turquia. “São cartazes de rua, políticos, de movimentos sociais”. “Este material ilustra o início da crise econômica mundial de 2008, e seus desdobramentos políticos”, diz.
No contêiner do terraço será exibido em looping o vídeo “Movimento [Moviment]” (2007/2014), em cores, com duração de 48'58''. O filme tem imagens capturadas entre 2007 e 2014) nos mesmos países mencionados acima, sobre o movimento social internacional. “Apresentarei obras cujos temas refletem o processo revolucionário mundial e outras que, não se ligando à este processo pelo tema, estão profundamente tomadas e coloridas pela nova consciência que dele surgiu. Utilizo o mesmo plano para campos aparentemente distintos; abstrações panfletárias, pinturas escritas e panfletos abstratos”.
Esta é a segunda individual na Anita Schwartz Galeria de Arte. A primeira foi em 2011.
Rodolpho Parigi na Nara Roesler, São Paulo
AGENDA SP Hoje 22/05 às 19h @ Nara Roesler: Rodolpho Parigi + performance Fancy Violence http://bit.ly/Roesler-SP_R-Parigi
Posted by Canal Contemporâneo on Sexta, 22 de maio de 2015
Levitação, individual de Rodolpho Parigi com curadoria de Bernardo Souza, tem abertura em 22 de maio, com performance de Fancy Violence
Em sua terceira individual na Galeria Nara Roesler, Rodolpho Parigi apresenta um conjunto de cerca de 20 obras de diferentes momentos de sua produção, incluindo inéditas, sob curadoria de Bernardo Souza. Intitulada Levitação, a mostra tem abertura no dia 22 de maio (sexta-feira) trazendo trabalhos inéditos, entre os quais desenhos, pinturas, colagens e performance. A partir de 19 de junho, o artista integra a coletiva “A Mão Negativa”, no Parque Lage, onde também faz performance como Fancy Violence na abertura e no segundo semestre deste ano participa da exposição Panoramas do Sul Vídeo Brasil.
Rodolpho Parigi tem entre seus focos de pesquisa o corpo e suas possíveis representações, a sexualidade e a história da arte. Com o aprofundamento nesses temas, retomou antigas abordagens em relação com seus experimentos recentes, promovendo um diálogo entre o conjunto total de seus trabalhos.
A expografia foi pensada como um site specific para a galeria, ao caminhar por entre as obras e seus posicionamentos, propiciam ao espectador uma experiência do universo em questão. Alguns dos trabalhos inéditos de séries consagradas de Parigi como as colagens das série Atlas (feitas a partir de um atlas terramicina de anatomia humana, com o qual o artista desenvolve um novo léxico sobre o corpo) e Bestiário (imagens de nanquim sobre papel algodão, nas quais desenhos monocromáticos anamórficos representam entranhas, numa mescla de catalogação, estudo de anatomia e pornografia).
"Nessa "sala de asas de libélulas" – animal que traz consigo a carga semiótica da magia, da liberdade, da mudança e da transmutação – o que me interessa são as asas desse inseto, pois tem uma geometria orgânica, e isso sintetiza minha vontade com a linha e com a imagem", diz o artista.
Ao passar pelas asas chegamos à grande sala da galeria na qual encontramos as pinturas a óleo em diferentes formatos. Um grande rosto feminino, casulos de mariposas, uma mãozinha com quatro dedos, um pequeno retrato de seu alter ego Fancy, e grandes pinturas que tem o corpo e seus músculos como inspiração que o artista chama de “Volumen“. Esses trabalhos tem uma elevação, algo que sempre está em processo de transformação, nada é fixo ou definido, está em processo de levitação.
No mesmo espaço, é exibida “A Grande Tela” finalizada. O artista vem trabalhando nela desde meados de julho de 2013 – a obra foi iniciada durante residência que Parigi fez no Pivô (SP) e possui figuras como O Último Tamoio (1883), extraído da tela homônima de Rodolfo Amoedo, e Moema (1866), da obra de Victor Meirelles, ambos pintores acadêmicos brasileiros do século XIX. Com intervenções também em esferográfica, "A Grande Tela" transita entre o desenho e a pintura. “Pensei em fazer uma paisagem, mas acabou como uma teia”, diz Parigi.
Completando o universo de Rodolpho Parigi, vem um trabalho que tem se destacado na cena artística recente: a personagem-alter-ego Fancy Violence.
Fancy Violence é a performance/persona feminina de Parigi e abre a exposição com uma aparição em que levita. Criada inicialmente como tableau vivant (quadro vivo), a personagem ganhou mobilidade e autonomia, incorporando linguagens como o teatro e o show musical ao repertório do artista.
Segundo Bernardo de Souza, curador da exposição,“Fancy Violence é uma anti-heroína, assassina incansável em sua missão iconoclasta, destruidora de mitos, de farsantes colecionadores e suas obras-primas... Ela aniquila a pintura, a geometria e o corpus de trabalho artístico para garantir fôlego a esse novo ser que se alimenta de resíduos pictóricos, fragmentos de história e arroubos sexuais; ao explodir a tela, deu tridimensionalidade aos monstros anteriormente plasmados no óleo”.
Para que se transforme em Fancy Violence, Parigi conta com a ajuda de quatro pessoas, entre maquiadores e cabeleireiros. O responsável pelos figurinos predominantemente vinho e pretos da diva dark é o estilista Gustavo Silvestre, famoso pelas tramas artesanais fabricadas a partir do crochê que chamaram a atenção de Parigi por sua semelhança com as asas da libélula.
Rodolpho Parigi nasceu em 1977, em São Paulo, onde vive e produz. Suas obras fazem partes de coleções públicas, como a da Pinacoteca do Estado, Itaú Cultural e MAM Bahia entre outras.
Exposições coletivas recentes incluem: Medos Modernos (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2014); Artistas em residência (Red Bull Station, São Paulo, Brasil, 2014); Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (Casa Modernista, São Paulo, Brasil, 2013); O exercício da arte – FAAP, seus professores e alunos no acervo (Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, Brasil, 2013);1911-2011: arte brasileira e depois – Coleção Itaú (Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil, 2012); Works on paper (Rabitthole Space, Nova Iorque, EUA, 2011); Spinnerei walkabout (Leipzig, Alemanha, 2011); Os primeiros dez anos (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2011); e Novas aquisições (Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil, 2010). Sua principais mostras solo recentes são: Febre (Pivô, São Paulo, Brasil, 2013); Projeto de Ocupação A Pipa (Praça Victor Civita, São Paulo, Brasil, 2013); Atraque (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2011); Concrete blonde (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2009); e Programa de Exposições Individuais Simultâneas (Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil, 2006). Suas obras fazem parte de coleções como: Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil; e Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil, entre outras.
Camila Soato na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 22/05 às 18h @ Artur Fidalgo: Camila Soato + Guga Ferraz http://bit.ly/Fidalgo_C-Soato http://bit.ly/Fidalgo_G-Ferraz
Posted by Canal Contemporâneo on Sexta, 22 de maio de 2015
A fuleragem colorida na panela de pressão
Dia 22 de maio, a artista brasiliense Camila Soato abre a exposição Uma Diva, Uma Louca, Uma Macumbeira/ Meu deus, ela é Demais, na Artur Fidalgo galeria. Apresenta 50 pinturas inéditas em tamanhos variados, nas quais cenas esdrúxulas tiram o véu do nonsense político e social em que vivemos.
Com uma narrativa maliciosa e inusitada, Camila penetra na complexidade do que parece banal. Escracha para desmascarar contradições morais através de cenas corriqueiras. Seu autorretrato surge em situações bizarras, ora com máscaras de bichos, ao lado de galões de água, devorando uma coxinha gigante, tirando um selfie com celular durante uma transa, próxima a panelas de pressão, em temas do universo feminista, da macumba e da fantasia. "O uso das máscaras de bichos surgiu como um passaporte para extravasar o impulso animal, desejos que muitas vezes são reprimidos mas existem", conta.
Em um comentário à história da arte, Camila se apropria de alguns retratos clássicos de Louis XV e e da nobreza os introduzindo como travestis. "Para mim, eles já eram travestis". Na maior tela da exposição, ela faz referência ao polêmico e sugestivo "Almoço na Relva" (1863), de Édouard Manet, que foi mal-aceito por mostrar uma mulher nua almoçando com dois homens no bosque. Camila também fala de prostituição e insere elementos da crise política, social e ambiental atual.
Sua crítica debochada constrói um embate de valores entre aquilo que consideramos nobre e vulgar. A imponência da pintura a óleo figurativa contrasta com a fuleragem de sua polifonia imagética, o suporte e aura das telas colidem com a violência e humor das situações retratadas, a potência de suas pinceladas divide espaço com borrões e manchas. "Me aproprio também de um desleixo ou um erro como uma heresia pictórica".
As cenas, quase sempre em movimento, são ao mesmo tempo prosaicas e inesperadas, sem tentar esconder qualquer sujeira ou imperfeição. Estouram sobre o fundo neutro decorativo como flagras instantâneos das nossas idiossincrasias morais. São delírios de uma diva, uma louca, uma macumbeira em uma sociedade em crise.
maio 18, 2015
Do objeto para o mundo - Coleção Inhotim no Itaú Cultural, São Paulo
Do objeto para o mundo é a primeira exposição itinerante da Coleção Inhotim e reúne obras de 29 artistas de diversas gerações e partes do mundo. A mostra ocupa o prédio do Itaú Cultural depois de passar pela Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, e as obras apresentadas propõem uma entre muitas possíveis antologias do acervo.
[Scroll down for English version]
No primeiro piso, a exposição se subdivide em salas que examinam quatro momentos de formação da arte contemporânea: o neoconcretismo brasileiro, a produção dos anos 1960, o grupo de vanguarda japonesa Gutai e as práticas de acionismo e de performance dos anos 1970. As obras e os documentos históricos são apresentados ao lado de trabalhos mais recentes, apontando para sua contundência no presente e para uma ideia de história em construção.
Nos pisos – 1 e -2, obras em várias mídias e suportes de Anri Sala, Daniel Steegmann Mangrané, David Lamelas, Jorge Macchi, Marcius Galan, Marcellvs L., Michael Smith e Raquel Garbelotti dão sequência ao percurso expositivo, agrupando dois recortes que examinam as relações entre som e imagem e ilusão e percepção.
O título DO OBJETO PARA O MUNDO faz menção ao movimento de aproximação do objeto de arte à experiência cotidiana e de mundo do espectador, desmaterializando-se ou tomando novas feições mais próximas à vida. É ainda uma referência à manifestação “Do corpo à terra”, realizada em Belo Horizonte, em 1970, e ao mote de Hélio Oiticica: “museu é o mundo”.
Ao fazer circular seu acervo e propor novas leituras e interpretações sobre ele, o Inhotim contribui para a partilha da cultura na sociedade, aprofundando afinidades estéticas e conceituais com seu trabalho dos últimos dez anos. A duradoura parceria com o Itaú Cultural garante que este trabalho tenha maior alcance e perenidade.
Instituto Inhotim
Neste ano, o Banco Itaú e o Itaú Cultural celebram cinco anos de parceria com o Instituto Inhotim. Localizado em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, o maior complexo museológico do país oferece a seus visitantes uma experiência única, na medida em que propõe uma relação espacial entre a arte e a natureza.
Com um dos mais significativos acervos de arte contemporânea do mundo, o instituto mineiro realiza pela primeira vez uma exposição de parte de seu acervo fora de sua sede. O fato inédito, comemoração dos anos de parceria, trará ao Itaú Cultural, em São Paulo, DO OBJETO PARA O MUNDO, em cartaz até 31 de maio.
A mostra exibirá obras de artistas produzidas entre 1950 e as primeiras décadas dos anos 2000. DO OBJETO PARA O MUNDO investiga quatro momentos de formação da arte contemporânea e traz para perto o objeto artístico do cotidiano do espectador. Desse modo, a exposição está em total sintonia com as ações do Itaú Cultural, que valoriza experiências culturais e a aproximação do público com a arte e a cultura brasileiras. Além de exposições como esta, o Itaú Cultural utiliza o ambiente virtual como grande mecanismo de difusão de conhecimento, sendo a primeira instituição a disponibilizar uma enciclopédia de arte brasileira na internet, totalmente gratuita, com mais de 8 mil verbetes e mais 1 milhão de usuários por mês.
Itaú Cultural
Do objeto para o mundo [From the Object to the World] is Inhotim Collection’s first traveling exhibition, featuring works by 29 artists from different generations and parts of the world. The show is being held at the headquarters of Itaú Cultural, in São Paulo, after having been presented at Fundação Clóvis Salgado, in Belo Horizonte. This publication features short texts about each of the artists in the show, as well as exhibition plans showing how the artworks are arranged in the space. It serves as a guide for the viewer while also allowing for the study of the exhibition after the visit.
The works represent one among many possible anthologies of the collection. On the first floor, the show is subdivided in rooms that examine four moments of the development of contemporary art: Brazilian neoconcretism, the production of the 1960s, the Japanese avant-garde group Gutai, and the practices of action art and performance art in the 1970s. The historical documents and artworks are presented alongside more recent works, indicating their impact on current art while also alluding to the idea of a history under construction.
In the floors -1 and -2, artworks in various media and on different supports by Anri Sala, Daniel Steegmann Mangrané, David Lamelas, Jorge Macchi, Marcius Galan, Marcellvs L., Michael Smith and Raquel Garbelotti are grouped into two sections that examine the relationships between sound and image, and illusion and perception.
The title DO OBJETO PARA O MUNDO refers to the movement of the art object’s approximation with everyday experience and to the world of the spectator, becoming dematerialized or taking on new aspects closer to life. It is also a reference to the art event “Do corpo à terra” [From the Body to the Earth], held in Belo Horizonte, in 1970, and to Hélio Oiticica’s motto: “museu é o mundo” [the museum is the world]. By making its collection circulate and by proposing new readings and interpretations for it, Inhotim is contributing to the sharing of culture in society, thereby deepening aesthetic and conceptual affinities with its work over the last ten years. The lasting partnership with Itaú Cultural ensures that this work has greater reach and perenniality.
Instituto Inhotim
This year Banco Itaú and Itaú Cultural celebrate five years of collaborative work with the Instituto Inhotim. Located in Brumadinho, in the metropolitan area of Belo Horizonte, the largest museum complex in the country offers its visitors a unique experience in that it proposes a spatial relationship between art and nature.
With one of the most significant collections of contemporary artworks in the world, this is the first time that the institute showcases part of its collection outside its main premises. The unprecedented event, a celebration of the many years of partnership, will bring DO OBJETO PARA O MUNDO [From the Object to the World] to Itaú Cultural, in São Paulo, and is to run until May 31.
The show will feature works of artists made between 1950 and the 2000s. DO OBJETO PARA O MUNDO investigates four milestones in the history of contemporary art and brings the artistic object closer to the spectator’s everyday life. In this way the exhibition is perfectly consistent with the actions taken by Itaú Cultural, which values cultural experiences and the approach of the audience to the Brazilian art and culture.
Besides exhibitions like this, Itaú Cultural uses the virtual environment as an important mechanism to disseminate knowledge. It is the first institution to provide an encyclopedia of Brazilian art on the Internet completely free of charge, including more than eight thousand entries and viewed by over a million users per month.
Itaú Cultural
Lia do Rio lança 'Sobre a Natureza do Tempo' na Livraria da Vila, São Paulo
Livro reúne 30 anos de trajetória da artista na arte contemporânea brasileira
Lia do Rio, conceituada artista contemporânea brasileira, em atividade desde a década de 80, terá pela primeira vez sua obra publicada em livro. “Sobre a Natureza do Tempo” faz um resgate da trajetória da artista paulista, cuja produção faz uso de linguagens diversas, inclusive vídeos e fotografias, e acontece, em sua maioria, na natureza. O trabalho de Lia se destaca pelo uso de materiais não convencionais (como folhas secas, janelas, tijolos, troncos etc.), numa linguagem limite entre a instalação, a apropriação e a intervenção. Em obras tridimensionais e perecíveis, a artista questiona nossa relação com o tempo.
O registro das obras de Lia do Rio em livro permite que seu trabalho permaneça visualmente, já que a artista trabalha com elementos efêmeros e em constante mutação. Suas obras questionam a maneira pela qual construímos, no presente, as memórias de passado e de futuro. “Não uso as folhas para representar a natureza, trabalho com as questões que ela contém. Lidando com folhas passei a sentir o tempo como um aqui-agora atemporal, que engloba todo o universo: a cada novo aqui-agora o anterior se apaga”, explica a artista.
Fotos e croquis ao lado de textos informativos permitem ao leitor a apreensão do conteúdo de cada obra, com a visualização do seu desdobramento. Por terem essa característica mutante, alguns trabalhos são apresentados ao longo de várias páginas, de forma que possam ser gradativamente percebidos. A apresentação do livro é assinada por Sônia Salcedo e os textos são, em sua maioria, reflexões espontâneas sobre a obra de Lia, aliadas a seu próprio pensamento sobre a arte e o artista.
O lançamento em São Paulo será na Livraria da Vila – Jardim Paulista, no dia 19 de maio, às 18h30. Impresso com capa dura e 216 páginas, o livro tem o selo da editora F10, editora carioca especializada em livros de arte, comandada por Nelson Martins.
FICHA TÉCNICA
Título: Sobre a Natureza do Temp - Lia do Rio
Editora: F10
Concepção: Lia do Rio
Design: Mônica Grandchamp
Revisão: Laura Serta
Produção gráfica: Mônica Grandchamp
Páginas: 216
Ano de edição: 2014
Preço de capa: R$ 80
SOBRE A ARTISTA
Lia do Rio Cardoso Costa nasceu em São Paulo e mora no Rio de Janeiro. Em 1958, inscreveu-se na cadeira de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes, da UFRJ, onde se formou em 1963. Em 1982, ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde permaneceu até 1985. Suas pinturas adquirem tridimensionalidade e passam a se assemelhar com janelas, que logo são assumidas como material principal de suas obras. Ao recolher janelas jogadas na rua, sente-se atraída por outros materiais descartados, passando a trabalhar no próprio espaço em que eram encontrados, organizando-os em formas ditadas pelo local, fazendo a escala aumentar consideravelmente.
Em 1988, retorna à EAV do Parque Lage, agora no núcleo de escultura. Passa a intervir diretamente na paisagem, usando folhas secas. Lia do Rio utiliza-se de uma linguagem limite entre a instalação, a intervenção e a apropriação, em uma indagação sobre a natureza do tempo, questão essa que percebeu estar contida em toda a sua trajetória. A diversidade de materiais e linguagens utilizados está relacionada a esses questionamentos.
Paralelamente a exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior, atua como professora de escultura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e do Centro de Arte Calouste Gulbenkian. De 1999 a 2000, ajuda a criar a galeria de arte contemporânea da UNIRIO. Promove os Encontros Com o Artista, no Salão da Reitoria. Em 1995, concebe, juntamente com Monica Mansur, o projeto Dialeto, que resulta no livro de artistas Dialeto (1995/96) e no livro Dialeto volume II (1996/2001). Em 2002, passa a lecionar na Universidade Estácio de Sá. Nesse ano co-participa da criação dos projetos itinerantes Em Matéria de Natureza (Rio/Paris/Berlim) e Acessoremoto (Rio/Linz: Áustria).
Em 2003 transfere-se, com sua turma da EAV, para o Atelier Rio Comprido, onde passa a participar, junto com os artistas Valéria Rodrigues, Mônica Mansur e Pedro Paulo Domingues, do grupo APARTE/Interações. Em 2004, ministra oficina no Instituto de Arte, na UERJ, e na Galeria Lana Botelho. Em 2005, concluiu a pós-graduação em Arte e Filosofia e a pós-graduação em Filosofia Antiga, ambas pela PUC-Rio. Ministra a oficina O Processo Artístico, no projeto Arte no Ventilador, no Museu Imperial de Petrópolis, RJ. Desde 2006 é curadora do Projeto Borgeanas, da Rede Sirius de Bibliotecas, na UERJ.
Carlos Bevilacqua na Fortes Vilaça, São Paulo
AGENDA SP Hoje 21/05 às 19-22h: Carlos Bevilacqua @ Fortes Vilaça http://bit.ly/Fortes_C-Bevilacqua
Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 21 de maio de 2015
Em sua nova exposição na Galeria Fortes Vilaça, Carlos Bevilacqua apresenta três novos trabalhos que refletem sobre o exercício do fazer artístico, do conhecimento e da memória. As esculturas em madeira e aço possuem uma escala maior, inédita em sua trajetória, e revelam um imbricado sistema de relações simbólicas.
[Scroll down for English version]
Bevilacqua articula aspectos elementares da escultura através de sínteses onde tensão, equilíbrio e espacialidade tornam-se questões latentes. Sua pesquisa, porém, não é puramente formalista; trata-se de uma plataforma para discutir temas fora do espectro racional, indo em direção ao existencialismo e à metafísica. Nesse sentido, o título da mostra, Let it Go, torna-se uma declaração de leveza, ao passo que indica o caminho da percepção poética.
O trabalho central, O Inexorável Caminho do Saber, é composto por três peças de madeira sobre rodas, cada qual com um arco de aço carbono sobre si, que o artista denomina de "veículos de transcendência". Eles são alinhados sobre um rastro de papéis em branco, dispostos aleatoriamente no chão. O artista esboça aí relações entre a escrita e a memória, partindo das considerações que Freud descreveu no artigo "Uma nota sobre o bloco mágico" (1924).
Na parede ao fundo da galeria, a obra Geometria Muda lida com formas geométricas rudimentares – ponto, linha, circunferência e triângulo. Bevilacqua ordena esses elementos no espaço vazio fazendo com que, apesar de estática, a obra possa sugerir movimento. Trata-se de um estado permanente de porvir, uma tensão enigmática sobre a matéria inerte da escultura.
Em Ponte do Isolamento, uma complexa estrutura de madeira e aço configura uma ponte sem fim que, por não ligar um lugar a outro, conecta apenas a si mesma. Duas vigas são suspensas entre duas colunas, tensionadas no meio por uma peça de madeira e aço; essa armação é repetida transversalmente em duas outras pontes de menor escala que, por sua vez, se ligam por uma outra em redução. Ao mesmo tempo que sugere um eterno recomeço, o trabalho atua como metáfora da solidão.
Carlos Bevilacqua nasceu no Rio de Janeiro em 1965, onde vive e trabalha. Dentre suas exposições individuais, destacam-se as mostras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2000) e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1992). Suas mostras coletivas incluem participações em: Desejo da forma, Akademie der Künste (Berlim, Alemanha, 2010); Um Mundo Sem Molduras, MAC-USP (São Paulo, 2009). Sua obra está presente em importantes coleções, como: Instituto Inhotim (Brumadinho), MAM Rio de Janeiro, MAC-USP (São Paulo), entre outras. Um catálogo da exposição será lançado neste ano com texto da curadora holandesa Carolyn Drake.
In his new exhibition at Galeria Fortes Vilaça, Carlos Bevilacqua presents three new works that reflect on the exercise of artistic practice, knowledge and memory. The sculptures in wood and steel possess a larger scale like never before in his career, revealing an interlinked system of symbolic relations.
Bevilacqua articulates elementary aspects of sculpture through syntheses where tension, balance and spatiality become latent questions. His research, however, is not purely formalist; it frames a platform for discussing themes that lie outside the realm of the rational, heading toward existentialism and metaphysics. In this sense, the title of the show, Let it Go, becomes a declaration of lightness, insofar as it points to the path of poetic perception.
The central work, O Inexorável Caminho do Saber [The Inexorable Path of Knowledge], consists of three pieces of wood on wheels, each with a carbon-steel arc rising into the space above it, constituting what the artist calls “transcendence vehicles.” They are aligned on a trail of blank pieces of paper, arranged randomly on the surface beneath them. Here the artist sketches out relations between writing and memory, based on Freud’s considerations in the article “A Note on the Mystic Writing Pad” (1925).
On the wall at the back of the gallery, the work Geometria Muda [Mute Geometry] deals with rudimentary geometric shapes – point, line, circumference and triangle. Although motionless, these elements are ordered in the empty space in a way that suggests movement. It involves a continuous state of becoming, wherein the inert matter of the sculpture is subjected to an enigmatic tensioning.
In Ponte do Isolamento [Isolation Bridge], a complex structure of wood and steel configures an endless bridge which does not connect one place to another; it only connects to itself. Two beams are suspended between two columns, tensioned in the middle by a piece of wood and steel. This framework is transversely repeated in two other smaller bridges which, in turn, are connected by another smaller bridge. At the same time that it alludes to an eternal re-beginning, the work operates as a metaphor for loneliness.
Carlos Bevilacqua was born in 1965, in Rio de Janeiro, where he lives and works. His solo shows have most notably included exhibitions at the Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2000) and at the Museu de Arte Moderna de São Paulo (1992). His group shows have included participations in Desejo da forma, Akademie der Künste (Berlin, Germany, 2010) and Um Mundo Sem Molduras, MAC-USP (São Paulo, 2009). His work figures in important collections such as those of Instituto Inhotim (Brumadinho), MAM Rio de Janeiro, MAC-USP (São Paulo), and others. A catalog of the exhibition will be released this year with a text by Dutch curator Carolyn Drake.