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agosto 31, 2014

Lançamento do livro de Celeida Tostes na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro

Será lançado, no próximo dia 2 de setembro, às 19h, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o livro Celeida Tostes. Obra de referência, organizada pelo curador e crítico de arte Marcus de Lontra Costa e pela jornalista Raquel Silva com a consultoria do artista Luiz Aquila. É a primeira publicação sobre a artista, uma das mais produtivas dos anos 80, professora da EAV Parque Lage e da Escola de Belas Artes da UFRJ, marcou profundamente seus alunos e colegas e inspirou a geração de artistas que veio a público em meados da década de 1980, chamada Geração 80.

Projeto contemplado com Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais 2010 da Funarte, o livro Celeida Tostes apresenta um apanhado completo da trajetória da artista e sua produção. Luiz Áquila convidou os artistas Jorge Emmanuel e Ricardo Ventura, artistas contemporâneos que foram alunos de Celeida, para uma conversa informal e a registrou em seu relato Celeida Tostes: dama e operária à espreita da mutação; em dois textos distintos: Da lama ao caos, do caos à lama e Celeida Tostes, a essencia alquímica, os críticos Daniela Name e Marcus Lontra discorrem e analisam o trabalho da artista e sua fundamental importância para a história e reflexão da arte contemporânea. A artista e pesquisadora Katia Gorini, aluna e sucessora de Celeida na UFRJ (Katia atua desde a década de 1990 como professora substituta de cerâmica na EBA e em 2012, através de concurso, assumiu o cargo de titular da cadeira) narra em seu texto Celedianas: metodologias para os devaneios da condição manipulante, a experiência em sala de aula e os projetos sensorias desenvolvidos pela artista. Raquel Silva em Breve neste local: Fabrica de Chapéus Mangueira refaz todo o percurso de Celeida ao implantar uma escola de arte no alto da favela no Leme e seus desdobramentos até hoje na comunidade. A jornalista também assina junto com a antropóloga Izabel Ferreira uma biografia ilustrada com uma cuidadosa pesquisa iconografica dos 40 anos de trajetória artística de Celeida. A edição contém ainda o registro fotográfico de todas as obras e projetos da artista, destacando-se o registro completo da obra Passagem, textos críticos da época selecionados e um DVD com os vídeos “O relicário de Celeida Tostes” de Raquel Silva e “A grande batata” de Lia do Rio.

Passagem, a surpreendente performance realizada no final dos anos 70, registrada pelo fotógrafo e antropólogo Henri Stahl, permanece contemporânea, como se realizada nos dias de hoje. As instalações Aldeia Funarius Rufus (1981), O Muro (1982) e Gesto Arcaico (1991), são apresentados com o frescor do século XXI, com questionamentos e atuação social de vanguarda para a época. Gesto Arcaico, instalação apresentada na 21ª Bienal Internacional de São Paulo, foi feita em mutirões, no qual Celeida reuniu gentes de todas as classes e lugares, “centenas de mãos se identificaram no gesto, só um aperto, um toque um amassado... a ação reflexa da mão quando recebe em seu bojo o barro macio”. Participaram da instalação: presidiários, meninos de rua, doutores da Coppe, socialites, empregadas domésticas, transeuntes, artistas, estudantes, em uma proposta conceitual inovadora.

Suas obras monumentais inovam na técnica e nos materiais – barro, adobe e solo-cimento – o que, segundo Marcus de Lontra Costa, um dos organizadores da publicação e diretor da EAV Parque Lage entre 1983/1987 “a opção pela matéria não surge pela sua plasticidade e sim por sua característica essencial e tecnologia primeva. A matéria que nomeia o lugar onde vivemos recebe os impulsos do homem que recria a natureza: ele molha, amassa, molda, sopra, respira, queima. E assim cria e recria um outro corpo, quem sabe o mesmo corpo transformado, que se repete, que cai, que quebra, que se derrete, que se constrói.”

A edição de 360 páginas, três mil exemplares, papel couché matt e capa dura, é bilingue e terá distribuição gratuita para centros culturais, escolas de arte e bibliotecas do Brasil e exterior. A obra tem o selo da editora Aeroplano, de Heloisa Buarque de Hollanda e foi executada pela produtora Memória Visual.

Posted by Patricia Canetti at 11:58 PM

Rivane Neuenschwander no MAM, São Paulo

MAM apresenta mal-entendidos, exposição panorâmica de Rivane Neuenschwander

Mostra com curadoria de Adriano Pedrosa reúne obras dos últimos quinze anos da carreira da artista mineira, sendo oito novas e sete inéditas no Brasil

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 1º de setembro a 14 de dezembro a exposição panorâmica mal-entendidos, da artista mineira Rivane Neuenschwander. Com curadoria de Adriano Pedrosa, a mostra reúne cerca de 20 obras de diferentes períodos dos últimos quinze anos da carreira da artista, entre instalações, vídeos, esculturas e pinturas, para exibição na Grande Sala. Exclusivamente para a mostra, estão em fase de produção oito novas obras e ainda serão exibidas cerca de sete inéditas no Brasil. Cada um dos trabalhos da artista parte de conceitos distintos para uma formalização específica, o que implica em um exercício contínuo de liberdade, tanto pelo trato de temas variados quanto pelo uso de materiais e mídias diversas, numa tentativa evidente de escapar à uma categorização mais imediatista e superficial.

Rivane é reconhecida pela imprensa internacional como expoente da arte brasileira e por lidar com temas complexos da sociedade contemporânea a partir de objetos e situações simples do cotidiano, como por exemplo listas de supermercado escritas à mão, produtos alimentícios e atividades lúdicas e domésticas. Assuntos como ecologia, afeto, memória, infância e conscientização do indivíduo são traduzidos em obras que se apropriam de gestos ou materiais do dia-a-dia que passam despercebidos a nossa percepção, geralmente apressada. Conhecida por utilizar materiais como talco, sabão de coco, caixas de papelão, baldes, fitas adesivas, relógios, mapas e bolhas de sabão, a artista busca um equilíbrio entre política, ética, afetividade, poesia e elisão ao usar também insetos e animais como formigas, besouros e lesmas ao mesmo tempo que utiliza água, temperos e frutas.

Um ponto de destaque do trabalho é a forte interação do público, fazendo com que as obras sofram constante mudança, tornando a questão autoral ambígua. No MAM são priorizados a questão da subjetividade e os estados psíquicos engendrados a partir da relação com o poder, seja pelos questionamentos sobre a autoria e participação do visitante, a colaboração de profissionais de outras áreas ou ainda pelo comprometimento por parte do museu para a manutenção de algumas obras. Os trabalhos são apresentados de maneira não cronológica ou linear e a arquitetura foi cuidadosamente pensada a fim de adensar e complexificar a leitura e a percepção da mostra como um todo. Os percursos são montados de maneira propositalmente labiríntica, estreita ou desconfortável, a fim de conscientizar o visitante em relação à sua presença, ao seu estado psíquico e seu deslocamento no espaço.
Para a mostra no MAM, estão em fase de produção, por exemplo, a obra A aturdida (2014), com pinturas baseadas em labirintos feitos para crianças em revistas de passatempos, porém sem entrada e nem saída, complementadas por baba de lesmas, que percorrem a pintura, deixando seu rastro. Dois baldes suspensos da obra Sistemáticos (2014) estão cheios de água que pinga incessantemente, ora em um outro balde ora diretamente no chão, criando um ciclo artificial de gotejamento. Trata-se da sistematização do gesto, como metáfora para situações limítrofes e repetitivas - a cada quatro horas um funcionário deve encher novamente os baldes para promover tanto o reaproveitamento quanto o desperdício da água. Tal procedimento remete, sutilmente, a questão ecológica que aparece também no trabalho Colheita (2013/14), que exibe 365 listas de compras escritas à mão e coletadas em supermercados de Londres, formando um calendário onde pode ser observado que a relação de produtos alimentícios deveria estar ligada às estações do ano e não ao consumismo.

A inédita (a) casos eróticos (2013-14) reúne um conjunto de bordados para abordar a questão da sexualidade, do erotismo e da delicadeza, motes relacionados também no trabalho Primeiro Amor (2005), performance em que um artista forense, especializado em retratos falados, atua no museu produzindo desenhos do primeiro amor dos visitantes através de recursos técnicos e psicológicos que tentam acessar a memória de cada indivíduo. Esses desenhos serão mostrados juntamente com uma outra centena de retratos já produzidos em mostras anteriores.

A linguagem perpassa a maioria das obras, começando por Alfabeto Comestível (2001), em que 26 painéis pendurados na parede representam as letras do alfabeto latino por meio de pinturas abstratas feitas com fita mágica e variados temperos e pós alimentícios começando com Açafrão e Black pepper, passando por Gergelim e Pimenta até chegar em Zattar. Apresentada no chão do mesmo ambiente, Palavras cruzadas/Jornal (2001-14) conta com letras esculpidas em laranjas desidratadas que ficam a disposição dentro de caixas de madeira forradas com jornal para que o público interaja, formando palavras e disseminando a comunicação.

O lúdico é abordado tanto no jogo quanto em brincadeiras infantis como atesta o vídeo A queda (2009), feito em parceria com o irmão Sérgio Neuenschwander, que trata da corrida do ovo na colher. Além da obra que dá nome à mostra mal-entendido (2000) em que uma casca de ovo com areia dentro flutua em um copo de vidro cheio de água e, devido ao efeito de refração, a parte submersa parece muito maior, distorcendo a percepção de um mesmo objeto.

A arquitetura do museu é contemplada com o trabalho Quem vem lá sou eu / Alarm-Floor (2005), em que o corredor com visão para a parte externa ganha uma construção inspirada nos pisos de madeira que funcionavam como sistema de alarme em antigos templos e palácios japoneses. Quando o visitantes pisa sobre as tábuas, um som é gerado pelo atrito entre latas, copos de plásticos e varas de metal armazenados sob o piso, construídos pelo duo de músicos O Grivo.

Exemplos claros da operação múltipla de Rivane se encontram ainda na obra Monstra marina (2012), onde monstros marinhos - retirados de cartografias antigas - são impressos em moedas de sal de cozinha prensado e que podem ser levadas pelo visitante, que se encarrega da preservação (ou não) do objeto, susceptível à umidade e ao tempo. E na instalação A Conversação (2010), onde aparelhos de escuta gravam o esquadrinhamento e destruição do próprio espaço para posteriormente serem reproduzidos em caixas de som no ambiente e que trata do estado psíquico relacionado à paranoia e sua direta associação aos sistemas de vigilância.

Posted by Patricia Canetti at 9:06 PM

Paulo Bruscky no MAM, São Paulo

MAM apresenta mostra panorâmica do artista Multimídia Paulo Bruscky

Com curadoria de Felipe Chaimovich, exposição trazperformances inéditas, instalações, esculturas, fotografias, arte postal, vídeos e documentos

De 1º de setembro a 14 de dezembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo realiza exposição panorâmica de um brasileiro de grande destaque no circuito artístico internacional, o artista multimídia e poeta pernambucano Paulo Bruscky. Apresentada na sala Paulo Figueiredo, a mostra tem curadoria de Felipe Chaimovich, curador do MAM, e conta com 50 trabalhos, entre performances, instalações, esculturas, fotografias, arte postal, filmes e documentos, que vão desde a década de 1960 até os dias atuais, com obras ainda em fase de produção.

O homenageado é reconhecido pelas obras que se caracterizam pela constante experimentação de meios ao utilizar suportes efêmeros como xerox, fax, papéis de carta,carimbos, envelopes, jornais, documentos e heliografias. Precursor da arte postal e xerográfica no Brasil, Bruscky enviou ao MAM várias fotocópias e cartões postais ao longo dos anos que foram arquivados na documentação da biblioteca. Todo o acervo do museu do artista, incluindo esses documentos, são exibidos na mostra.

Para criar um amplo discurso visual, Paulo Brusckyutiliza diversas linguagens como fotografia, vídeo, colagem, desenho e assemblage.O artista ainda promove a interação com máquinas eletrônicas e da cultura industrial - como máquinas de xerox, fax, telefones, filmadoras, câmeras fotográficas, aparelhos de encefalograma e eletrocardiograma - e, assim, cultiva praticas novas na criação de imagens.

Nascido em 1949, em Recife, onde reside e produz, Bruscky é reconhecido por ser um artista conceitual, mas que não fica apenas no pensamento, pois preocupa-se com a materialização das ideias. “Por mais conceitual que ele seja, a realização da obra não é secundária, pois sempre tem a intenção de concretizar as ideias”, explica Chaimovich. Para isso, Bruscky conta com vários Cadernos de Ideias, onde anota os trabalhos que deseja realizar. O MAM apresenta quatro destes cadernos, além de materializar algumas das obras idealizadas. “Bruscky pode demorar anos até que uma instrução manuscrita seja realizada, e o museu terá a oportunidade de fazer algumas delas, inclusive durante a abertura da mostra”, afirma o curador.

A exposição reúne projetos e ações do artista, sendo algumas contínuas e outras instantâneas,mas que permanecerão como registro em vídeo durante a mostra.Na noite da abertura, haverá três performances, sendo duas inéditas, e a instalação Fogueira de Gelo(1974-2014), composta por gelo natural e colorido com sabor, posicionada na porta de entrada do público, do lado de fora do museu, para quem quiser provar. A primeira performance A Plateia(Paulo Hitchcock) (2014) será realizada no Auditório Lina Bo Bardi, nas dependências do museu. Com a presença do público da abertura, Paulo Bruscky participa e dirige o filme ao mesmo tempo, por meio de uma câmera fixa que filma a plateia e, simultaneamente, projetaas imagens numa tela, promovendo uma homenagem ao cineasta inglês Alfred Hitchcock.

Outra performance inédita é Meu cérebro desenha assim (1979-2014) em que equipamentos de eletroencefalograma, operados ao vivo por um neurologista e um técnico, farão o exame no artista, mostrando como funciona a mente de Brusky. O registro em vídeo do exame passará em uma TV na mostra, e os resultados serão expostos nas paredes. Penas de Galinha (dec.60), a última da noite, é uma performance coletiva, com duração de 15 a 20 minutos, composta por penas de galinha coloridas e ventiladores. Cada pessoa que entrar na sala receberá um saquinho com as penas e deverá jogá-las na área coberta pelos ventiladores.

Diferentes ações serão executadas no decorrer da mostra. Na performance Vendedor de comida do Ibirapuera (1974-2014), um ambulante do parque exercerá as funções dentro da exposição, vendendo salgadinhos durante o período expositivo. Carregadores de espelho (déc. 70), queacontece no dia 6 de setembro (sábado), com a presença do artista, consiste em oito pessoas vestidas com macacão de trabalhador, portando espelhos (de 1mx0,40m) e caminhando em fila nos arredores do museu, da marquise e do prédio da Bienal, interagindo e refletindo o público do parque. Os projetos detalhados de todas as performances e esboços originais de muitos projetos serão expostos na vitrine Banco de Ideias, junto com os Cadernos de Ideias.

“O museu recebeu instruções bem específicas do artista para a montagem das obras, entre elas uma especial para a instalação Expediente(1978-2005), em queum funcionário do MAM deve cumprir expediente regular, ao vivo, na sala expositiva como se fosse uma obra de arte”, afirma o curador.Arte Classificada (2014) é um anúncio veiculado no dia da abertura num jornal popular, distribuído gratuitamente pela cidade, dando uma pista, mas sem noticiar a exposição. “Além dos trabalhos que contam com a participação de pessoas e chamam a atenção do público, temos o Quadro de Aviso/Work in Progress, que consiste num mural de cortiça que receberá obras pelo correio, pela internet, por pessoas e afixadas pessoalmente pelo artista, que mandará o material das mais variadas formas até o final da exposição,” declara Chaimovich.

Posted by Patricia Canetti at 9:02 PM

Song Dong na Baró, São Paulo

A Baró Galeria tem o prazer de apresentar Regenerate, primeira exposição individual no Brasil do aclamado artista chinês Song Dong. Sob curadoria de Sarina Tang – diretora do Currents Art and Music de NY – o título remete às instalações que o artista desenvolve a partir de materiais descartados.. Em chinês, a palavra possui sentido de dupla vida e renascimento.

Suas instalações, compostas por móveis, portas e janelas de demolição, carregam simbolicamente a biografia do artista cujo passado é marcado pelas privações econômicas e tensões psicológicas que ele experienciou com sua família durante a Revolução Cultural de Mao Tse Tung entre 1966 e 1976. O trabalho de Song Dong possui um discurso contemporâneo significativo no que diz respeito à renovação urbana e sustentabilidade ao “regenerar” materiais desprezados em uma nova estética.

Em sua primeira exposição na cidade, o artista busca traçar um paralelo entre Brasil e China. Serão apresentadas fotografias do anos 1990, vídeos realizados ao longo de duas décadas, uma grande e inédita instalação - composta de materiais de demolição adquiridos em diferentes estados do Brasil e que dialogam com os comumente encontrados em Pequim – e também desenhos criados em São Paulo. No contexto artístico, os dois países carregam uma semelhança: assim como outros apontados como “em desenvolvimento”, só tiveram seu reconhecimento artístico pelo eixo Europa-Estados Unidos nas últimas duas décadas.

Nascido em Pequim, China, 1966 onde vive e trabalha, Song Dong se formou como pintor mas ganhou grande destaque dentro da comunidade de arte performática de vanguarda e acabou se tornando uma figura importante da arte contemporânea na progressão da arte conceitual chinesa. Song se graduou no departamento de artes plásticas da Capital Normal University de Pequim, em 1989. Ele tem participado das principais mostras de arte do mundo como a 5th Moscow Biennale of Contemporary Art, em 2013; Documenta 13, em 2012 e a 54th Venice Biennale, em 2011. Sua obra varia de performance e vídeo à fotografia e escultura. Song explora noções de impermanência e da transitoriedade da atividade humana.

Posted by Patricia Canetti at 7:00 PM

agosto 30, 2014

Yuri Firmeza na Triângulo, São Paulo

Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Projeto Ruinas, nova exposição de Yuri Firmeza na galeria.

[scroll down for English version]

Projeto Ruínas cria um diálogo direto com a obra que Yuri Firmeza irá mostrar na 31ª Bienal de São Paulo: Como falar de coisas que não existem.

Em Turvações Estratigráficas, Firmeza iniciou uma linha de investigação arqueológica, tendo como ponto de partida as obras na área portuária do Rio de Janeiro, o que o levou a interpretar criticamente as recentes mudanças nas políticas fundiárias e a gentrificação, e as consequências desses processos nas políticas de habitação das grandes cidades. Em sua instalação, Firmeza apropriou-se de restos arqueológicos, descobertos durante a reforma da zona portuária do Rio de Janeiro, bem como de entulhos da favela Morro da Providência. Utilizou-os em conjunto com fotografias antigas, vídeos otimistas sobre o Brasil e um vídeo sobre a história de sua avó – que sofre do Mal de Alzheimer –, para chamar atenção sobre o papel que a cultura desempenha nesse contexto.

Assim, a exposição no MAR - Museu de Arte do Rio, em 2013, revelou a necessidade da participação social direta na definição daquilo que vem a ser o patrimônio arqueológico, como recuperá-lo e renová-lo em dinâmicas e atividades públicas. Como Rafael Borges Deminicis colocou, em Turvações Estratigráficas: “Firmeza criou um campo da arqueologia novo e socialmente relevante: a Arqueologia da Favela”.

No Projeto Ruínas, Yuri Firmeza aborda o crescimento das metrópoles, usando o caso da cidade de Alcântara, no Nordeste do Brasil, como ponto de partida. Com a notícia de que o Imperador do Brasil Dom Pedro II desembarcaria em Alcântara, uma forte rivalidade estabeleceu-se entre os aristocratas, que começaram a construir mansões palacianas para hospedar o imperador. A disputa foi em vão, pois Dom Pedro II jamais pisou naquelas terras. A suspensão das construções e a passagem do tempo transformaram a cidade em um cenário de ruínas centenárias. A Festa do Divino Espírito Santo é realizada ainda hoje na região, como uma celebração do momento rico que Alcântara viveu e, por quinze dias, a população ainda se veste como a nobreza do Brasil monárquico.

Paradoxalmente, é também em Alcântara que se encontra o Centro de Lançamento de Alcântara (base de lançamento de foguetes), o que torna a cidade um importante centro de estudos científicos sobre o futuro da humanidade. Em Alcântara, um passado ancestral convive com as aspirações mais avançadas de um futuro, e o Projeto Ruínas explora essa justaposição.

Juntamente com o arquiteto Artur Cordeiro, Yuri Firmeza desenvolveu três modelos de ruínas, em escala arquitetônica. Assim, ele inverte, metaforicamente, o progresso dos grandes centros urbanos: cria maquetes em pequeno formato de ruínas matematicamente calculadas. Para o artista, quando se trata de ruínas, o material equivale à memória. Presente, passado e futuro participam de outro fluxo temporal, que escapa à linearidade da evolução histórica.

Além das maquetes, Firmeza apresenta vários desenhos arquitetônicos dos modelos, fotografias sobrepostas das ruínas, stills de um filme esmaecido 16 mm de sua avó e um vídeo que anuncia as qualidades do Brasil como anfitrião da Copa do Mundo 2014, compondo uma rede flutuante de temporalidades históricas, políticas e sociais que se entrecruzam e nos atravessam, com o objetivo de produzir um encontro entre vários estratos temporais. Apontando para essas camadas, Yuri Firmeza deixa duas perguntas no ar: o que estamos produzindo em termos de ruínas – em nome do progresso e de cidades idílicas e utópicas – para a posteridade? Tornou-se o presente desarticulado em prol do futuro?

[ENGLISH]

Casa Triângulo is pleased to announce Ruin Project, new exhibition of Yuri Firmeza at the gallery.

Ruins Project creates a direct dialogue with the work that Yuri Firmeza will show at the 31th Bienal de São Paulo: How to talk about things that don’t exist.

On Turvações Estratigráficas, Firmeza began this archaeological line of research by taking the urban developments in the Rio de Janeiro port area as a starting point. These events led the artist to interpret critically not only the recent shifts in land policies and gentrification, but also the consequences of these processes in the housing policies of big cities. In his installation, Firmeza appropriated the archaeological remains discovered during the renovation of Rio’s port area as well as the debris of the Favela Morro da Providência, and used them together with old photographs and videos to shed light on the role that culture plays in this context.

Thus, his exhibition at MAR - Museu de Arte do Rio, in 2013, revealed the need of direct social participation in the definition of what archaeological heritage is, how to recover it, and how to rework it into public dynamics and activities. As Rafael Borges Deminicis put it, in Turvações Estratigráficas, “Firmeza created a new and socially relevant field of archaeology: the Archaeology of the Favela.”

On Ruins Project, Yuri Firmeza addresses the rise of the metropolis, taking the case of the city of Alcântara, in Northeastern Brazil, as starting point. With the news that the Emperor of Brazil Dom Pedro II would come ashore in Alcântara, a strong rivalry set in among the aristocrats, who began to construct palatial mansions to host the emperor. The dispute was in vain because Dom Pedro II never arrived in those lands. The suspension of the constructions and the passage of time transformed the city into a scene of centenary ruins. The festival of Divino Espírito Santo is held yet today in the region as a celebration of the wealthy moment that Alcântara experienced and, for fifteen days, the population still dresses up like the nobility of the monarchical Brazil.

Paradoxically, it is also in Alcântara that one finds an important Satellite and Rocket Launch Center, which deems the city an important center of scientific studies concerning the future of humanity. In Alcântara, an ancestral past gets along with the most advanced aspirations of a future, and Ruins Project explores this juxtaposition.

Together with architect Artur Cordeiro, Yuri Firmeza developed three architectural scale models of ruins. Thus, he metaphorically inverts the progress of the great urban centers: he creates small-scale mock-ups of mathematically calculated ruins. For the artist, when it comes to dealing with ruins, material equals memory. Present, past, and future participate in another temporal flow that escapes the linearity of historic developments.

Firmeza also presents several architectural drawings of the mock-up models, superimposed photographs of the ruins, stills from a fading 16 mm film of his grandmother, who suffers from Alzheimer’s disease, and a video that boasts the qualities of Brazil as the host of the 2014 FIFA World Cup. All these materials compose a fluctuating network of historical, political, and social temporalities that cross each other and cross us, aiming to produce an encounter between various temporal strata. With the staging of the layers, Yuri Firmeza leaves two questions in the air: What are we producing in terms of ruins - in the name of progress and of idyllic, utopian cities - in the time to come? Has the present become disjointed for the sake of a future?

Posted by Patricia Canetti at 2:08 PM

Manuela Ribadeneira na Triângulo, São Paulo

Casa Triângulo tem o prazer de anunciar um novo projeto de Manuela Ribadeneira, intitulado Varillas de la Esperanza.

[scroll down for English version]

Em Varillas de la Esperanza, Ribadeneira joga com um elemento típico da paisagem urbana da América Latina: as inacabadas ou abandonadas colunas de construção. No Equador, o país de origem da artista, estas colunas de cimento e aço que sobressaem dos telhados, têm o espirituoso e poético nome de Varillas de la Esperanza (Varinhas da Esperança). Geralmente, as pessoas constroem o primeiro andar das suas casas e adicionam as colunas de construção para um desejado segundo andar, com a esperança de que algum dia terão suficiente dinheiro para construí-lo. O dinheiro raras vezes chega, e as Varinhas da Esperança permanecem em pé, truncadas e esperançadas, saindo dos telhados e convertendo-se em postes para varais ou redes de voleibol. Convertem-se lentamente em ruínas porque parecem ter perdido a sua função e não ter significado no presente “mas retêm um potencial semântico sugestivo e instável” (Julia Hall in Ruins of Modernity).

A artista começou a trabalhar em torno desta idéia como parte da sua duradoura investigação sobre os rituais de apropriação do espaço. Plantar varinhas e colunas nos telhados é uma maneira de declarar propriedade desse pedaço de céu, é literalmente conquistar espaço. A intenção do gesto permanece, mesmo que as colunas tenham se transformado em ruínas.

Estas colunas de construção abandonadas não aparecem só nos espaços privados, mas também é comum achar edifícios públicos construídos até a metade. No caso dos edifícios públicos, a artista nota que talvez sejam as varinhas do desamparo político. Quando Claude Lévi-Strauss visitou São Paulo nos anos 30 disse: “aqui tudo parece em construção mas já está em ruínas”. Las Varillas de la Esperanza são construções em ruínas e ruínas em construção.

Ribadeneira fez uma série de 10 estêncis de níquel prateado (50 x 30 cm cada), com formas gráficas simplificadas das Varinhas da Esperança. Como estêncis, sugerem uma ação, a possibilidade de sair com essas imagens e marcar as coisas como Construção? Ruina? Sonho? Sonho truncado? Passado? Futuro? A segunda peça está composta por três modelos de colunas de cimento e aço (22cm altura cada) intituladas como as ordens da Grécia Antiga: jônico, dórico e coríntio. Ribadeneira reproduziu (impresso 3D) um grande número de tipos de colunas, cada uma com uma pequena variação, e criou um modelo arquitetônico do que ela chama Lugar de espera para os segundos andares. Finalmente, ela vai mostrar Borra y va de Nuevo (Apaga e recomeça Novamente), e Neither Here nor There (Nem Aqui nem lá), faixas de espelho que refletem seus títulos na parede.


Casa Triângulo is pleased to announce Varillas de la Esperanza, new exhibition of Manuela Ribadeneira at the gallery.

In Varillas de la Esperanza, Manuela Ribadeneira uses a typical element of Latin American urban landscape: the unfinished or abandoned construction columns. In Ecuador, her country of origin, these cement and steel columns that protrude from many rooftops have the witty and poetic name of Varillas de la Esperanza (The Rods of Hope). Often people build the first floor of their houses and add the construction columns for that desired second floor in the hope that one day they will have enough money to built it. The money rarely arrives, and The Rods of Hope remain standing, truncated and hopeful sticking out from the roof slowly becoming posts for a washing line or a volleyball net. They become ruins because they seem to have lost their function and have no meaning in the present “but retain a suggestive and unstable semantic potential”(Julia Hall in Ruins of Modernity).

The artist started to work around this idea as part of her long-standing investigation on the rituals of appropriation of space. To plant rods and columns on the roof is a way of declaring ownership of that piece of sky, it is literally conquering space. The intention of this gesture remains, even when the columns have become ruins.

These abandoned construction columns happen not only in private houses but it is common to find in public buildings stopped mid way. Perhaps in the case of public buildings, the artist points out that they are the rods of political hopelessness. When Claude Lévi-Strauss visited São Paulo in the 30’s he said: “here everything looks like it is under construction but it is already in ruins.” Las Varillas de la Esperanza are constructions in ruins and ruins in construction.

Ribadeneira has made a series of 10 silver nickel stencils (50 x 30 cm), of simplified graphic shapes of the Rods of Hope. As stencils, they suggest an action, the possibility of going out and with these images and marking things as Construction? Ruin? Dream? Truncated Dream? Past? Future?

The second piece is composed by three models of cement and steel construction columns, (22cm high) titled with the ancient Greek orders of architecture: Ionic, Doric and Corinthian. Ribadeneira has reproduced (3D printed) a large number of these types of columns each with a slight variation and has created an architectural model for what she calls a Resting Place for Second Floors.

Lastly she will show Borra y va de Nuevo, (Erase and Restart), and Neither here nor there; strips of mirror that reflect their title on the wall.

Posted by Patricia Canetti at 1:39 PM

Armando Andrade Tudela na Fortes Vilaça, São Paulo

Temos o prazer de apresentar Três metades, a segunda exposição do artista peruano Armando Andrade Tudela na Galeria Fortes Vilaça. A mostra é composta por três séries de trabalhos que exploram noções em torno da arquitetura e nomadismo.

Em Rama, galhos encontrados nas ruas são fundidos em bronze e têm uma sacola plástica pendurada em sua extremidade. O conteúdo das sacolas revela objetos de uso diário - livros, aparelhos de celular e camisetas - misturados aos materiais de estúdio do artista como o gesso e placas de cobre. As esculturas sugerem pequenos instantâneos da subjetividade contemporânea, personificam-se como as figuras alongadas de Giacometti, ao mesmo tempo em que denotam resquícios de algo passageiro ou de alguém em movimento.

A pesquisa de Tudela volta-se com frequência para o modo como aspectos culturais de origens e tempos distintos se colidem em objetos de natureza híbrida. Em Metades XXL, grandes pedaços de tecido (tela, cetim e zíper) impresso são recortados e costurados em formas descontruídas de quimono, poncho, Parangolé e também bandeira ou estandarte. Os padrões impressos partem de imagens distorcidas de tipologia digital mas também de desenhos em que o artista arrasta pedaços de gesso sobre o papel num processo de transferência. As imagens se revezam em interior e exterior e entre os dois lados do tecido pendurado no espaço. A obra ganha contornos de uma arquitetura precária, um abrigo.

we transfer (SP) é um grupo de trabalhos de gesso batizado com o nome do serviço online de transferência de arquivos digitais. São esculturas abstratas de gesso que se apresentam também como artefatos de uma arqueologia contemporânea que inclui folhetos de viagem, cartões de crédito e afins.

Armando Andrade Tudela nasceu em 1975 em Lima, Peru, e atualmente vive em Lyon, França. O artista já participou de diversas exposições importantes, dentre as quais destacam-se: Bienal de Cuenca, Equador (2014); Under the Same Sun: Art from Latin America Today, Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA (2014); Panorama da Arte Brasileira, MAM, São Paulo (2009); Bienal de Lyon, França (2007); Bienal de São Paulo (2006); Bienal de Xangai, China (2006); Trienal de Torino, Itália (2005). Dentre suas exposições individuais, destacam-se Liquidación no Museo de Arte de Lima, no Peru (2012); e Ahir, demà, no Museu d’ Art Contemporani de Barcelona, Espanha (2010). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: MoMA, EUA; Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha; Museum fur Moderne Kunst, Alemanha; Solomon R. Guggenheim Museum, EUA; Tate, Reino Unido.

Posted by Patricia Canetti at 11:46 AM

Paulo Bruscky na Nara Roesler, São Paulo

Paulo Bruscky - Artist books and films, 1970-2013, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 01/09/2014 a 11/10/2014

Das suas primeiras intervenções urbanas, que contestavam o papel da arte durante o governo militar autoritário, às obras altamente experimentais que empregam tecnologias da medicina, comunicação e reprodução, Paulo Bruscky ocupa um lugar formidável na história da arte brasileira. Conhecido por seu envolvimento ativo no movimento da arte postal e pelas relações dinâmicas que construiu com artistas internacionais, incluindo membros dos grupos Fluxus e Gutai que trabalham em Nova York, Europa e Japão, Bruscky foi um artista-provocador que usou a arte como meio para contestar ferozmente o status quo.

A exposição apresenta os livros de artista e filmes em Super 8 de Bruscky, que constituem a espinha dorsal de sua carreira rica e prolífica que permeia mais de quatro décadas. De seus primeiros livros, da década de 1970, que documentavam performances nas ruas de Recife, incluindo obras importantes como Arte Cemiterial (1971) e O que é arte? Para que serve? (1978), às suas experiências mais poéticas com as possibilidades do formato livro, a exposição oferece uma rara oportunidade de ler a prática de Bruscky e seu interesse pela intersecção entre arte, vida e comunicação. Mais do que meros registros de ações passadas, seus livros e filmes atuam como veículos de ativação de ideias e evidências de sua paixão individual e desejo de conectar-se crítica, poética e artisticamente com as realidades da paisagem urbana e do momento contemporâneo.

Pernambuco – o estado nordestino conhecido por sua indústria da cana-de-açúcar no período colonial –, onde o artista nasceu e permaneceu durante sua carreira, é um importante pano de fundo para o trabalho de Bruscky, um rico terreno que permitiu ao artista desenvolver uma voz verdadeiramente independente, livre dos acontecimentos do mainstream de São Paulo e Rio. Esta exposição terá cerca de 100 livros de artista e mais de 20 filmes, apresentados juntos e em profundidade pela primeira vez. Reunidos, os livros e filmes da exposição, complementados por trabalhos relacionados, proporcionarão uma visão inédita da obra singular de Bruscky.

Sobre Clara Kim

Clara Kim é curadora independente em Los Angeles. Já atuou como curadora sênior do Walker Art Center, onde organizou a primeira retrospectiva de Abraham Cruzvillegas, apresentada em diversos países; Album: Cinematheque Tangier, um projeto de Yto Barrada; e Minouk Lim: Heat of Shadows. Clara também agregou à coleção permanente do Walker importantes obras de Allan Sekula, Jimmie Durham, Steve McQueen e Charles Gaines. Antes de trabalhar no Walker, Clara foi diretora de galeria e curadora da REDCAT, onde comissionou obras e realizou exposições de artistas e arquitetos do mundo todo, entre eles Atelier Bow-Wow, Edgar Arceneaux, Decolonizing Architecture, Jesse Jones, Kim Beom, Renata Lucas, Walid Raad e Haegue Yang. Kim também foi co-curadora da Media City Seoul de 2010. Ela faz parte do conselho consultivo do Rockbund Art Museum e do West of Rome e foi jurada do Hugo Boss Asia Art Award, do Festival de Cinema de Sundance, da Creative Capital Foundation e da United States Artists. Atualmente, Clara é pesquisadora/consultora do Asia Cultural Complex, em Gwangju, Coréia; e consultora de programas da Kadist Foundation, em São Francisco. Clara possui um bacharelado em artes pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, e um mestrado em artes pela Universidade de Chicago.

Posted by Patricia Canetti at 10:40 AM

Carlito Carvalhosa na Nara Roesler, São Paulo

Carlito Carvalhosa faz sua primeira individual - Precaução de contato - na Galeria Nara Roesler a partir de 30 de agosto, trazendo uma megainstalação concebida especialmente para o espaço da galeria.

A obra consiste na suspensão de antigos postes de luz de madeira atravessando o espaço expositivo, mesclados a peças de vidro espalhadas pelo chão. Em alguns pontos, os troncos cruzam as paredes, que ajudam a sustentá-los no ar; em outros, são as intersecções entre dois ou mais deles que os mantêm no alto.

Na sala principal figuram os grandes artefatos de madeira, acompanhados de copos e lâmpadas fluorescentes, aqui acoplados ao fundo da sala. É como se o chão tivesse sido suspenso para a parede. Esse espaço expositivo inclui ainda cerca de 16 desenhos de pequenas dimensões criados como um “entalhe” na tinta azul. Na parte dianteira da galeria, a vitrine é tomada pelos copos e lâmpadas, dessa vez no chão e “atravessando” o vidro rumo à rua.

o conceito por trás da obra

Atravessando o cubo branco, os postes - peças inutilizadas de mobiliário urbano - são ressignificadas e ressignificam o local em que se inserem. Trazem para dentro da galeria o universo cotidiano constituído por elementos que são ao mesmo tempo natureza (toras de madeira) e ação humana (postes de luz). Em seu estado de suspensão no ambiente, que conserva e evidencia atos de propósito estético, esses troncos parecem eternizar o movimento pelo qual a cultura evolui do princípio selvagem para a complexidade do conglomerado criado pelo ser humano.

Tudo na instalação leva à percepção da atividade humana. Inclusive sua montagem, que não só mantém nos troncos os antigos anéis de metal da extremidade como também deixa visíveis as grandes porcas e parafusos que prendem as braçadeiras das junções. A matéria parece não sofrer ação da gravidade. A galeria passa então a ser a guardiã da suspensão no tempo e no espaço da natureza convertida em cultura. E nisso se configura seu caráter de arte: na articulação dos dois pólos que constituem o ser humano e na impressão de eternização do transitório.

Os copos e as lâmpadas espalhados pelo chão emprestam uma sensação de fragilidade à aparência da queda iminente, mas encenada de forma estática, como se pudessem se quebrar a qualquer momento. A ação da matéria natural (o tronco de madeira) se sobrepõe à cultura (o vidro trabalhado pelo homem), mostrando a suscetibilidade desta.

Como define o historiador da arte Lorenzo Mammi, “certamente, o paradoxo da imobilidade do transitório não é próprio apenas do trabalho de Carvalhosa, mas de toda a arte, se não de toda forma. Toda formalização é um ato de soberba, natural é desfazer-se. Mas nas obras de Carvalhosa a questão parece adquirir uma inquietude mais intensa, que a torna central. Não há muitos trabalhos de outros artistas em que fique tão evidente que formalizar é estancar uma matéria que escoa, estabelecer um corte horizontal numa descida lenta, mas impossível de se deter para sempre. O trabalho de Carlito Carvalhosa fala da convivência desconfortável de tempo e eternidade.”

Posted by Patricia Canetti at 10:07 AM

agosto 24, 2014

Waldemar Cordeiro na Luciana Brito, São Paulo

Waldemar Cordeiro - jardins de vanguarda ltda., Galeria Luciana Brito, São Paulo, SP - 26/08/2014 a 18/10/2014

Após premiada retrospectiva realizada em 2013, Waldemar Cordeiro (1925-1973) ganha um novo olhar sobre suas investigações, que envolveram pintura, desenho, fotografia, experiências pioneiras com meios digitais, objetos, e uma profunda relação com o paisagismo e o urbanismo – aspecto enfatizado pela curadoria de Givaldo Medeiros e Analívia Cordeiro, que inclui documentos, maquetes e projetos.

Durante o ápice concretista, Waldemar Cordeiro afirmou que, no Brasil, “as relações entre arte e arquitetura são francamente péssimas” e considerava que “somente o conteúdo cultural e artístico pode caracterizar a arquitetura como uma atividade distinta da engenharia e necessária por ela mesma”.

Autor de pesquisa acadêmica sobre o paisagismo de Waldemar Cordeiro, conduzida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Givaldo Medeiros defende que ele verdadeiramente fundiu as duas vertentes de investigação – a artística e a urbanístico-paisagística, que seriam como dois lados de um mesmo projeto, baseado tanto em premissas estéticas quanto ideológicas.

Não por acaso, a produção paisagística de Cordeiro permeia toda sua carreira. “A exposição contém maquetes, plantas e documentos que abrangem desde os anos 50 até os últimos anos de vida do artista – são projetos paisagísticos que refletem fortemente tanto os diversos momentos de sua produção quanto do panorama amplo da arte da época”, explica Analívia Cordeiro, filha do artista e gestora de seu legado.

Analívia esclarece também que “a ideia de um quadro ser tema ou base para um paisagismo é falsa. São pesquisas artísticas paralelas, cada uma com sua linguagem. Os princípios são, sim, comuns. Como exemplo, os princípios de semelhança e proximidade da Gestalt Visual usados no concretismo podem ser observados tanto nos quadros quanto nos jardins”.

Embora os jardins geometrizados de Waldemar Cordeiro pareçam obedecer a um pensamento grandemente formal, a ação humana concreta na disposição da natureza (elemento-chave do paisagismo) alia questões práticas e conceituais. “Existe uma intencionalidade no diálogo entre os elementos paisagísticos – espécies vegetais, água, elementos construtivos, além da própria arquitetura da edificação principal”, observa a curadora.

Essa rigorosa equação é um dos reflexos de uma personalidade artística intrincada e cuja coerência é tão profunda quanto sutil. Por exemplo, pode parecer obscura a maneira pela qual artistas como Waldemar Cordeiro e Geraldo de Barros conciliavam um profundo engajamento ideológico e político com a expressão abstrata. Mas, como o próprio Waldemar Cordeiro deixou claro, acima de qualquer engajamento artístico muito literal, interessava-lhe “elevar o sentimento visual do povo brasileiro à linguagem universal”.

Posted by Patricia Canetti at 7:14 PM

Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013 no Itaú Cultural, São Paulo

Itaú Cultural apresenta Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013 com um recorte dos trabalhos selecionados no período

Artes Visuais, Arte Cibernética, Transmídia e Novas Mídias estão presentes nesta mostra que apresenta trabalhos de 35 artistas de todas as regiões do país entre os contemplados nos editais de Artes Visuais e Arte e Tecnologia do programa do Itaú Cultural; em 2015, a mostra seguirá para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza e, ainda, será realizada uma série de workshops em variadas cidades do país

Passados 17 anos do lançamento do primeiro edital do Rumos Itaú Cultural, programa de fomento, difusão e mapeamento da arte e culturas brasileiras, o instituto apresenta Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013. Com equipe curatorial formada por Aracy Amaral, Regina Silveira e Paulo Miyada, a mostra traz um recorte sobre o legado construído pelos selecionados nesta área de expressão durante o período. São pinturas, gravuras, fotografias, instalações, vídeos, performance e obras interativas, e ocupam os três andares do espaço expositivo. No total, somam mais de 60 trabalhos de 35 artistas, entre os contemplados desde 1998 nos editais de Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Transmídia e Novas Mídias até 2013. A expografia é do escritório Álvaro Razuk Arquitetura. Abre para convidados no dia 27 de agosto e permanece aberta ao público de 28 de agosto a 26 de outubro.

No conjunto, os trabalhos têm origem em todas as regiões do Brasil – embora esta não tenha sido uma diretriz da linha curatorial –, e apontam as possibilidades e obstáculos de falar sobre uma pretendida brasilidade da arte, com todas as suas coerências e incongruências. No entender dos curadores, este debate se impôs no Rumos ao longo das viagens e mapeamentos realizados em escala nacional por todos estes anos, mas nunca pensando o Brasil como um bloco, mas, sim, como um emaranhado cultural de cada subcircuito da arte.

Algumas das obras de Singularidades/Anotações são inéditas, como 50% Off (kichute // öus // vert // bamba // rainha // topper // pony // converse // all star // vans // tiger // adidas // puma // kustom // superga // new balance // nike), de Laerte Ramos. Ele é um dos selecionados na edição Rumos Artes Visuais 2008/2009, e cuja plataforma de trabalho é o vídeo, a instalação e a performance urbana, a cerâmica e a gravura.

Outra artista que apresenta um de seus trabalhos pela primeira vez é a fotógrafa Sofia Borges Theater, or Cave e Theater, or Eye. Fascinada por lugares onde o conhecimento da história natural é organizado, como os museus, ela sai pelo mundo fotografando detalhes destes acervos aproximando tanto a sua lente do detalhe que a imagem se perde do original e ganha novo significado. É um trabalho, na análise de Miyada que busca como se dá a organização da matriz metropolitana. Tanto o trabalho de Ramos quanto o de Sofia foram selecionados na edição Rumos Artes Visuais 2008/2009.

Obras como a da paraense Berna Reale – MMXIII, com o registro fotográfico de uma de suas performances–, registram um desenvolvimento a partir dos trabalhos selecionados originalmente. Outras são apresentadas com o mesmo projeto selecionado no seu respectivo edital. Entre elas, Autoridade, de Caio Reisewitz, cujas fotos mesclam realidade com subjetividade; Sino, de Marcius Galan, cujas instalações, esculturas, fotografias, vídeos exploram os limites da capacidade de percepção do espaço e dos objetos, e Desertesejo, do artista multimídia Gilbertto Prado, coordenador do Grupo Poéticas Digitais e professor da ECA/USP.

Itinerância
Em 2015, Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013 será exibida no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza, em instituições a serem definidas. Em paralelo, 10 outros artistas contemplados nas diferentes edições do programa nesta área de expressão realizarão workshops em diferentes cidades brasileiras. São eles: Divino Sobral, Gabriel Menotti, Graziela Kunsch, Guilherme Teixeira, José Roberto Shwafaty, Jorge Menna Barreto, Maria Helena Bernardes & André Severo, Michel Groisman, Oriana Duarte, Raquel Garbelotti.

Rumos Legado
Principal programa de apoio à produção cultural brasileira do Itaú Cultural e uma das plataformas mais longevas de incentivo do país, ao chegar à sua 16ª edição, em 2013, o Rumos Itaú Cultural passou por mudanças estruturais e de conceito, eliminando, entre outras modificações, a divisão de carteiras por áreas de expressão.

A iniciativa estimulou o instituto a buscar o que os contemplados até aquela edição produziram, com a proposta, segundo Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, de lançar um olhar sobre estes 16 anos de trajetória do programa. Assim, ao longo de 2014, o instituto vem apresentando um recorte da produção realizada pelos artistas selecionados, em um total de 1.130 projetos em Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Cinema e Vídeo, Dança, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música, Pesquisa Acadêmica e Teatro.

OBRAS

Alexandre Vogler
Tridente de Nova Iguaçú, 2006
Conjunto de periódicos e fotos

GIRA, 2007/2013
Arruda e motor

André Komatsu
Substrato econômico 2, 2013
Técnica mista

Barbara Wagner
Brasília Teimosa, 2007
Jogo de Classe, 2014
Jato de tinta sobre papel de algodão

Berna Reale
MMXIII, 2013
Performance
Registro Fotográfico: Victor Reale

Cadu
Equivalências, 2014
Motor, inversor de frequência, ferro, aço inox, sensor de presença
e caixa de controle
Voltagem: 110V

Nuvem de Chumbo, Buda de Jade 4, 2012
Óleo sobre papel Canson 300g

Nuvem de Chumbo, Buda de Jade 5, 2012
Óleo sobre papel Canson 300g

Caio Reisewitz
Autoridade, 1998/2014
Instalação Fotográfica

Carla Zaccagnini
Elements of Beauty, 2012
Livro
Produzido com o apoio do Centro Cultural Montehermoso Kulturunea, Vitoria-Gasteiz, Espanha

My hieroglyphic on the Velasquez Venus will express much to the generations of the future, 2012
Cortes sobre papel

Evidências de uma Farsa: Time e The Economist, 2011
Revista Time de 13/02/1956 e revista The
Economist de 14/11/2009

Evidências de uma farsa: Welcome to Brasil and Rio, 2011
Vídeo, díptico - 2'40"
Primeiros minutos de Saludos Amigos! (Disney Studios, 1942) e Rio (20th Century Fox / Blue Sky Studios, 2011)

Cinthia Marcelle
Leitmotiv, 2011
Vídeo - 4'16" (loop)

Ducha
O SONHO DO OPRIMIDO É SER OPRESSOR OU POLÍTICA ARTE E LIBERDADE I, 2014
Nanquim e grafite sobre papel

I'M TOO SAD MAS EU VOU TE CONTAR ASSIM MESMO OU POLÍTICA ARTE E LIBERDADE II, 2014
Nanquim e grafite sobre papel

SIONISMO COMO ABERRAÇÃO OU ANTES DO AMANHECER DO DIA SEGUINTE, 2014
Nanquim e grafite sobre papel

Fabricio Lopez
Traumas, metáforas e suspensão I, 2012
Xilogravura em cores sobre papel Kozo

Traumas, metáforas e suspensão II, 2012
Xilogravura em cores sobre papel Kozo

Traumas, metáforas e suspensão IV, 2012
Xilogravura em cores sobre papel Kozo

Gilbertto Prado
Encontros, 2012
Grupo Poéticas Digitais
(Gilbertto Prado, Agnus Valente, Andrei Thomaz, Clarissa Ribeiro, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, Dario Vargas, Luciana Ohira, Lucila Meirelles, Mauricio Taveira, Nardo Germano, Renata La Rocca, Sérgio Bonilha, Tatiana Travisani e Val Sampaio)
Instalação interativa

Desertesejo, 2000/2014
Instalação interativa
Realização: Programa Rumos Itaú Cultural Novas Mídias
Modelagem 3D e VRML: Nelson Multari
Versão 2014: Jonathan Biz Medina
Webdesign: Jader Rosa

Grupo EmpreZa
Registro, 2014
Performance / Folhas A4, molduras e pregos
Tempos e dimensões variáveis

João Castilho
Emboscada, 2013
Vídeo-instalação, 4 canais - 6'28'' (loop)

Katia Maciel
Arvorar, 2012
Vídeo-instalação interativa

Laerte Ramos
50 % Off (kichute // öus // vert // bamba // rainha // topper // pony // converse // all star // vans // tiger // adidas // puma // kustom // superga // new balance // nike), 2012/2014
Cerâmica

Leandro Lima & Gisela Motta
Espera, 2013
Vídeo-instalação, projeção sobre bancos, sem áudio 12” (loop)

Lucas Bambozzi
Mobile Crash V2: Obsolescence Trimmer, 2012
Imagens de celulares sendo destruídos a partir do campo eletromagnético gerado no ambiente. A velocidade de reprodução varia de acordo com a leitura de um detector de uso de telefone celular

Luiz Roque
O Novo Monumento, 2013
Filme 16mm transferido para vídeo - 5'35''

Marcellvs L
Toga, 2011
Vídeo em alta definição transferido para disco rígido, instalação composta por um canal de vídeo e dois de áudio - 15'

Marcelo Moscheta
Universalis Cosmographia, 2013
Ferro, alumínio, duratrans, leds, acrílico, fios e componentes elétricos

Marcius Galan
Sino, 1998
Vidro, aço e cabo de aço

Bandeirinha, 2013
Ferro pintado, barbante e prego

Bandeirinhas, 2013
Ferro pintado, barbante e prego

Marcone Moreira
Equador e Tordesilhas, 2012
Madeira de carroceria e parafuso

Expansão, 2013
Madeira de embarcação

Nicolas Robbio
Uma forma todas as formas, 2014
MDF recortado

Paulo Vivacqua
Mecânica dos Fluidos #2, 2014
Vidro, espelho, luz, alto-falantes, fios

Raquel Kogan
O.lhar, 2012
Instalação interativa

Raquel Stolf
Assonâncias de silêncios [caixas de escuta, notasdesenhos], 2008/2014
Instalação

Rejane Cantoni & Leonardo Crescenti
Parede/Wall, 2012
Placas de alumínio e mecanismo interativo

Rodrigo Braga
Ilha-mar I, 2013
Fotografia

Biomimesis, 2010
Fotografia

Refugo de maré baixa 1, 2010
Fotografia

Mortalha mútua 1, 2013
Fotografia

Biólito 1, 2010
Fotografia

Rodrigo Paglieri
Panorâmica Brasília, 2011/2014
Vídeo-instalação / Intervenção urbana e de rede (aparato mecânico de captura de imagem e transmissão de vídeo em tempo real)
Ao vivo desde o Congresso Nacional - Brasília

Rommulo Vieira Conceição
Entre, 2011
Madeira tinta automotiva, vidros

Sara Ramo
Calendário, 2011
12 colagens

Bem Vindo, 2008
Vídeo digital HD em cor - 4' (loop)

Antes, depois, agora, 2012
Impressão digital

Sofia Borges
Theater, or Cave, 2014
Pigmento mineral sobre papel algodão

Theater, or Eye, 2014
Pigmento mineral sobre papel algodão

Tatiana Blass
Entrevista 1.1, 2013
Bronze

Entrevista 2.1, 2013
Ferro

Observadores, 2012
Óleo sobre tela

Observadores #2, 2013
Óleo sobre linho

Observadores #3, 2013
Óleo sobre linho

Rublev, 2013
Óleo sobre tela

Thiago Martins de Melo
A Durga de 7 braços de Ogum pare a rébis mestiça sob a ameaça do moedor de carne ultramarino do liberal Mahisha, 2014
Óleo sobre tela

Árvore de Sangue - Fogo que consome porcos, 2013
Óleo sobre tela

Vitor Cesar
Esta é a sua voz, a nossa voz, a voz do Brasil, 2012/2014
Vídeo projeção, som, mobiliário e impressos

Posted by Patricia Canetti at 10:50 AM

agosto 23, 2014

6ª Feira de Arte Impressa Tijuana na Casa do Povo, São Paulo

A Casa do Povo apresenta pelo segundo ano consecutivo a 6ª edição da Feira de Arte Impressa do Tijuana, que acontece no bairro paulistano do Bom Retiro. Esta será a maior edição do evento, com número recorde de expositores e artistas convidados.

23 e 24 de agosto de 2014, das 12h às 20h

Casa do Povo
Rua Três Rios 252, Bom Retiro, São Paulo

APRESENTAÇÃO

A Tijuana tem por objetivo tornar possível que artistas que trabalhem com o processo gráfico, como editores, produtores e o público interessado nesse setor artístico,firmem contatos e troquem conhecimento. A primeira edição da Feira aconteceu em agosto de 2009 na Galeria Vermelho, a partir de uma parceria com o Centre National de L’Édition et de L’Art Imprimé (CNEAI, França). Nesta primeira edição, 30 editoras, nacionais e estrangeiras, voltadas para a produção artística, apresentaram suas publicações. Devido ao sucesso das últimas edições, a Feira do Tijuana passou a acontecer na Casa do Povo a partir de 2013.

Com foco na produção de livros de artista na América Latina, a feira contará em 2014 com cerca de 120 editoras vindas de diversos estados do Brasil e também de países como Colômbia, México, Argentina e Uruguai. Haverá também a presença especial da editora francesa Cneai (Centre National de l'Estampe et de l'Art Imprimé), que teve importante participação na 1ª edição da feira, em 2009.

Este ano, além de diversos lançamentos, a feira contará com uma plataforma de conversas, exposição e oficinas que acontecerão no espaço Oficina Oswald de Andrade. O evento é realizado pela Casa do Povo, Galeria Vermelho, Anamauê e Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Livros mais bonitos da Alemanha
Em parceria com o Goethe-Institut, a exposição apresentará, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, os “Livros mais bonitos da Alemanha”, segundo competição organizada em 2013 pela Stiftung Buchkunst (Fundação de Livros de Arte). As publicações são divididas por categorias como literatura, ciência, infantil, arte, entre outros, e poderão ser manuseadas pelos visitantes. Para essa seleção, o júri leva em consideração design, técnicas manuais utilizadas e conceitos inovadores. Os arquitetos Enk te Winkel e Gustavo Delonero foram convidados para desenvolver o mobiliário da exposição.

DESTAQUES

- CNEAI (Chatou, França)
Cneai é um centro francês de arte contemporânea dedicada a publicações e impressos de artista. Criado em 1997, seus programas de pesquisa e exposições, têm renome internacional. É também responsável por atrair e centralizar uma cena de artistas, escritores, editores independentes e compositores. Participou da 1ª Edição da Feira de Arte Impressa Tijuana e agora volta apresentando novos títulos e projetos.

- Edições Tijuana (São Paulo)
Inaugurado em 2007, a Tijuana nasceu como uma iniciativa da Galeria Vermelho para criar um espaço expositivo apto a mostrar obras de formato incompatível com o espaço expositivo tradicional, especialmente os livros de artista. Tem em seu catálogo livros de artistas como: Rosângela Rennó, Maurício Ianês, Jonathas Andrade, Daniel Senise, Edith Derdyk, entre outros.

- Nomuque Edições (São Paulo)
A Nomuque Edições foi fundada em Pirajuí, no ano de 1974, por Omar Khouri e Paulo Miranda transferindo-se, em 1976, para a cidade de São Paulo. Apresenta publicações raras dedicadas à poesia experimental.

- Meli-Melo Press (São Paulo)
A Meli-Melo Press foi criada pelos designers Beto Galvão & Anne-Sophie para ser uma plataforma criativa onde designers gráficos, ilustradores, artistas e autores possam produzir impressos de boa qualidade.

- Ocupeacidade (São Paulo)
O coletivo surgiu em São Paulo, em meados do ano de 2006, como uma proposta de unir pessoas interessadas em produzir coletivamente ações artísticas nos diversos espaços da cidade, de maneira a criar novas relações com o território vivido cotidianamente pelos habitantes da nossa metrópole – sejam eles artistas ou não. A partir de colaborações, já foram realizadas intervenções urbanas, murais, ações em parceria com outros coletivos, exposições e oficinas – além da produção de trabalhos como cadernos, pôsteres, vídeos, gravuras e painéis. Durante a 6ª Feira de Arte Impressa Tijuana, o ateliê do Ocupeacidade, que fica na Casa do Povo, estará aberto ao público oferecendo oficinas de produção editorial independente.

- Guia San Pablo (São Paulo)
Este é um guia de restaurantes que propõe um passeio pela cidade, norteado pela simplicidade e a autenticidade dos lugares. Traz questões relacionadas à especulação imobiliária, à hiperinflação do mercado alimentício de São Paulo e aos movimentos migratórios. A proposta é que o leitor se aventure a descobrir sua cidade, como um viajante, propiciando um encontro com personagens autênticos do cotidiano. Todos os lugares apresentados no guia são dirigidos por seus donos e familiares.

- Martha Hellion (Cidade do México)
Artista e curadora independente desde os anos 1960, Hellion desenvolve uma pesquisa a partir da obra gráfica, se dedicando à criação de livros de artista. Já produziu dezenas de livros, utilizando diferentes tipos de materiais e formatos, porém sempre respeitando a ideia essencial do livro: presença de texto e a possibilidade de folheá-lo.

- Kitschic Ediciones (Barcelona)
A Kitschic Ediciones publica desde 2009 livros nos quais a imagem é o foco. A intenção é mostrar as coisas tais como são, sem elaborações ou metáforas.A existência física das publicações deve ser tão fácil de explicar como a de una cadeira ou uma pizza. Busca-se vinculá-las com os espaços onde estão presentes através de atividades que os coloquem em contexto, como una maneira de gerar novos conteúdos.

- Editora-Aplicação (Recife)
De Silvan Kälin & Priscila Gonzaga, a Editora-Aplicação tem afinidades com muitos usos, de trabalhos de atelier até de oficina. No Edifício Pernambuco, bairro de Santo Antônio, região central de Recife, a proximidade de outros profissionais e serviços relacionados com a tradição da cidade atuam nos projetos da Editora. O trabalho centra-se em editar e estruturar projetos. A forma de trabalhar é nascida dentro de casa, partindo das pessoas e interesses compartilhados.

- Big Sur Books (Buenos Aires)
Big Sur é uma Galeria de Arte Contemporânea Latino-americana criada por artistas. É também uma revista online que contém um arquivo de arte contemporânea, que serve de referencia, consulta e exibição de obras. E por fim, é uma editoria de arte que produz diversos materiais impressos (livros, revistas, fanzines) e a revista Big Sur, baseada nos trabalhos dos artistas escolhidos a partir de uma convocatória no site.

Workshops na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Evento paralelo à Tijuana, a Oficina Cultural Oswald de Andrade oferece também uma programação repleta de oficinas e workshops voltados para a produção artística impressa. As oficinas programadas para 2014 apresentarão ao público da feira ferramentas e técnicas para o desenvolvimento de livros e arte impressa. Todas as oficinas acontecerão na Oficina Cultural Oswald de Andrade, localizada logo em frente da Casa do Povo. Para mais informações, acesse www.oficinasculturais.org.br, ou ligue (11) 3221-5558.

Posted by Patricia Canetti at 10:44 AM

Um Salto no Espaço na FVCB, Viamão

Dando prosseguimento às comemorações dos seus 10 anos, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura no dia 23 de Agosto a exposição Um Salto no Espaço. Com organização da artista plástica Vera Chaves Barcellos, que também preside a instituição, a mostra configura-se como uma múltipla abordagem do espaço tanto de sua forma mais literal, sua ocupação física, como de uma forma conceitual ou metafórica.

Partindo do Salto no Vazio, de Yves Klein, metáfora do fazer artístico por excelência, deste jogar-se de corpo inteiro numa ação de risco, e tendo como axis a representação museológica de um meteorito de Michel Zózimo, esta mostra, através de diferentes mídias, oferece um mergulho em tudo aquilo que pode gerar um trabalho artístico que se ofereça ao espectador como espaço de reflexão.

A exposição reúne um grupo expressivo de artistas brasileiros e alguns artistas europeus de diversas gerações, com trabalhos que apresentam desde a ocupação do espaço real à sua representação virtual, do espaço íntimo ao espaço urbano, do universo psicológico ao território social, da reconstrução ficcional ao documento do real, do cheio ao vazio, do sólido ao etéreo, da presença material ao jogo da imaginação.

Participam de Um Salto no Espaço: Angelo Venosa, Anna Bella Geiger, Claudio Goulart, Clovis Dariano, Daniel Acosta, Daniel Santiago, Elaine Tedesco, Eliane Prolik, Flávio Damm, Goto, Lucia Koch, Luciano Zanette, Marlies Ritter, Mario Röhnelt, Nelson Wiegert, Michel Zózimo, Pedro Escosteguy, Regina Silveira, Regina Vater, Rochelle Costi, Romy Pocztaruk e Vera Chaves Barcellos, além da participação especial de Grégoire Dupond e Yves Klein.

Consolidando-se como uma instituição que difunde a produção artística contemporânea e estimula o debate em torno dela, a Fundação Vera Chaves Barcellos segue na promoção de encontros com artistas, palestras com teóricos e visitas mediadas, apostando, através do seu Programa Educativo, no potencial socialmente transformador da arte.

Posted by Patricia Canetti at 9:35 AM

agosto 19, 2014

Cildo Meireles na Luisa Strina, São Paulo

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A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar Pling Pling, exposição individual de Cildo Meireles, um artista cuja relação de longa data com a galeria remonta a várias décadas. Em paralelo à Bienal de São Paulo, Pling Pling vai explorar a relação entre o sensorial e a mente, a política e ética – temas que envolveram Meireles em sua prática ao longo dos últimos cinquenta anos. A exposição vai apresentar obras nunca antes exibidas em São Paulo, baseada na retrospectiva de Meireles em 2013, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, que viajou ao Museu Serralves n’O Porto e ao HangarBicocca, em Milão, no começo deste ano.

A exposição incluirá uma seleção de instalações e uma pintura, cobrindo toda a carreira do artista, desde sua elogiada série Espaços Virtuais, datada da década de 1960, até trabalhos mais recentes. O foco central da exposição será a instalação de grandes dimensões Pling Pling (2009), anteriormente exibida como parte da coletiva “Making Worlds”, com curadoria de Daniel Birnbaum para a 53a Bienal de Veneza (2009). A obra toma a forma de um espaço construído dentro da galeria, composto por seis salas, cada uma pintada com uma cor primária ou secundária diferente e equipada com uma tela de vídeo que exibe um tom complementar. No estilo típico de Meireles, a escala e a cor saturada são usadas para criar uma experiência multissensorial para o visitante enquanto caminha pela instalação.

Nascido no Rio de Janeiro, onde ainda vive e trabalha, Meireles é considerado um dos principais representantes da arte conceitual, com a criação de algumas das obras mais instigantes de sua era, no sentido estético e filosófico. O trabalho de Meireles trata ideias complexas com expressão frugal única, que se inspira nas formas neoconcretas dos mestres da vanguarda histórica brasileira. A tumultuada história política e social do Brasil também está embrenhada de modo fundamental em sua obra: Meireles combina a poetização de seus antecessores com a coragem e o realismo de sua experiência social.

A obra de Meireles foi exposta no mundo todo, incluindo as 37a, 50a, 51a e 53a Bienais de Veneza; as 16a, 20a e 24a Bienais de São Paulo; as 6a e 8a Bienais de Istambul; as 1a e 6a Bienais do Mercosul; o Festival Internacional de Arte de Lofoten, Noruega; a Bienal de Liverpool de 2004; a Paralela Gift, São Paulo; e a Documenta, em 1992 e 2002.

Entre suas exposições individuais recentes estão as realizadas em Kunsthal 44 Møen, na Dinamarca; HangarBicocca, em Milão; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri; Museu Serralves n’O Porto; Centro Itaú Cultural, em São Paulo; Museo Universitario de Arte Contemporáneo (MUAC), na Cidade do México; MACBA, em Barcelona, Tate Modern, em Londres; Estação Pinacoteca, em São Paulo; Museu Vale do Rio Doce, no Espírito Santo; Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro; Portikus im Leinwandhaus, em Frankfurt; Kunstreverein in Hamburg, em Hamburgo; Galerie Lelong, em Nova York; Musée d’Art Moderne et Contemporain de Strasbourg, em Estrasburgo; New Museum, em Nova York; Galeria Luisa Strina, em São Paulo; e Miami Art Museum, em Miami – entre outras. As coletivas recentes incluem Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo; Museum of Contemporary Art Chicago (MCA), em Chicago; Bonniers Konsthall, na Suíça; Museum of Contemporary Art Tokyo, em Tóquio; e MoMA, em Nova York.


Galeria Luisa Strina is pleased to present Pling Pling, a solo exhibition by Cildo Meireles, whose long- standing relationship with the gallery goes back several decades. Coinciding with the São Paulo Bienal, Pling Pling will explore the relationship between the sensory and the mind, politics and ethics; themes which have engaged Meireles in his practice for the last half-century. The show will present works that have never before been presented in São Paulo and will draw on Meireles’s 2013 retrospective at Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia in Madrid, which travelled to Museo Serralves in Porto, and HangarBicocca in Milan earlier this year.

The exhibition will include a selection of installations and a painting, spanning the artist’s entire career, from his celebrated Espaços Virtuais (Virtual Spaces) series dating from the 1960s to more recent works. The focus of the show will be the large installation work Pling Pling (2009), which was previously displayed as part of the group show “Making Worlds”, curated by Daniel Birnbaum for the 53rd Venice Biennale (2009). The work takes the form of a constructed space within the gallery consisting of six rooms each painted with a different primary or secondary colour and equipped with a video screen that displays a complementary hue. In typical Meireles style, scale and saturated colour are utilised to create a multi-sensorial experience for the viewer as they walk through the installation.

Born in Rio de Janeiro, where he still lives and works, Meireles is considered to be one of the leading figures in conceptual art, having created some of the most aesthetically and philosophically captivating works of his era. Meireles’s work takes on complex ideas with a signature frugality of expression drawing from the Neo-concrete forms of the masters of the historical Brazilian avant- garde. The tumultuous political and social history of Brazil is also fundamentally tied up in his practice, with Meireles combining the poeticism of his forbears with the grit and realism of his social experience.

Meireles’s work has been exhibited internationally, including the 37th, 50th, 51st and 53rd Venice Biennales, 16th, 20th, 24th Bienal de São Paulo, 6th and 8th Istanbul Biennials, 1st, and 6th Mercosul Biennial, Lofoten International Art Festival, Norway, 2004 Liverpool Biennial, and Documenta in 1992, and 2002.

Selected recent solo exhibition include Kunsthal 44 Møen in Denmark, HangarBicocca in Milan, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia in Madrid, Museo Serralves in Porto, Itaú Cultural Center in São Paulo, Museo Universitario de Arte Contemporáneo (MUAC) in Mexico City, MACBA in Barcelona, Tate Modern in London, Estação Pinacoteca in São Paulo, Museu Vale do Rio Doce in Espírito Santo, Centro Cultural Banco do Brasil in Rio de Janeiro, Portikus im Leinwandhaus in Frankfurt, Kunstreverein in Hamburg in Hamburg, Galerie Lelong in New York, Musée d’Art Moderne et Contemporain de Strasbourg in Strasbourg, New Museum in New York, Galeria Luisa Strina in São Paulo, and Miami Art Museum in Miami. Group shows include Museu de Arte Moderna (MAM) in São Paulo, Museum of Contemporary Art Chicago (MCA) in Chicago, Museum of Contemporary Art Tokyo in Tokyo, and MoMA in New York.

Posted by Patricia Canetti at 3:15 PM

agosto 17, 2014

Festa ocupa espaço expositivo do MAM em prol do Panorama da Arte Brasileira 2015

A segunda edição da Festa Panorama se prepara para receber mais de 600 convidados, entre colecionadores, artistas, curadores e amigos das artes. A venda dos convites financia a tradicional exposição bienal do museu; Organizado pelos sócios do Núcleo Contemporâneo do MAM, que atuam como promoters e patronos da iniciativa, evento é realizado na esteira do sucesso da primeira versão de 2012

Em 19 de agosto, os 900 m2 da Grande Sala do Museu de Arte Moderna de São Paulo vão se transformar, por uma noite, em ambiente de boate. Livre das obras de arte e drywalls, o espaço será tomado por bancadas para bartenders, pista de dança e lounge para a segunda edição da Festa Panorama, evento idealizado para arrecadar fundos para o patrocínio integral do 34º Panorama da Arte Brasileira do ano que vem, emblemática mostra bienal do calendário do museu. A iniciativa é pioneira no patrocínio de exposições no Brasil, e é inspirada em eventos internacionais de crowdfunding (financiamento coletivo).

A principal fonte de arrecadação da festa são os 600 convites individuais a R$ 1.200,00, que podem ser adquiridos no museu através do e-mail nucleo@mam.org.br ou pelo telefone 11.5085-1311, de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. A produtora Cacá Ribeiro Eventos e o coletivo multimídia Chelpa Ferro, formado pelos artistas Barrão, Luiz Zerbini e pelo editor de vídeo Sérgio Mekler, são parceiros do MAM nessa empreitada. São eles que assinam o clima da festa. O Chelpa Ferro realiza a performance sonora da noite e prepara um múltiplo/ vinil inédito do coletivo com edição limitada que poderá ser retirado pelos convidados/financiadores na CarbonoGaleria, após a festa, em data a ser definida.

A organização da Festa Panorama está a cargo de Paula Azevedo, convidada por Milú Villela em dezembro a assumir as funções de coordenadora do Núcleo Contemporâneo do MAM, cargo voluntário na instituição. O Núcleo integra o setor de Sócios do museu, e foi criado há 14 anos com a finalidade de promover a ampliação do conhecimento de arte para seus 200 sócios, por meio de uma agenda cultural voltada a visitas regulares a coleções particulares e previews de exposições acompanhadas por curadores e viagens culturais, com o aval da curadoria do museu. O pagamento da anuidade gera recursos para a instituição.

Os sócios do Núcleo assumem a posição de promoters do evento, incentivando amigos a participarem da iniciativa. Muitos deles também se envolvem em tarefas variadas, como na captação de recursos financeiros adicionais e apoio para a realização da festa. Além da arrecadação com a venda de convites, o Núcleo tem o apoio dos patronos Andréa e José Olympio da Veiga Pereira, Cleusa Garfinkel, Paulo e Paula Proushan e Vera DinizSabina Lowenthal, Renata Beyruti e Titiza Nogueira.

Trajetória

A ideia de financiamento da mostra Panorama através de uma festa partiu de sócios do Núcleo, no início de 2012, ano em que ocorreu a primeira edição do evento para o patrocínio da mostra P33: formas únicas da continuidade do espaço, com curadoria de LisetteLagnado e Ana Maria Maia, realizada em setembro do ano passado.

O Núcleo Contemporâneo do MAM realizou, em outros anos, iniciativa semelhante de crowdfunding, o Baile de Máscaras, realizado por três anos consecutivos: em 2000, 2001 e 2002. A finalidade, então, era a captação de recursos para a aquisição de obras para o acervo do museu. Máscaras desenvolvidas por artistas e vendidas em forma de convites individuais.

Festa Panorama
19 de agosto, terça-feira, 21h
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Av. Pedro Álvares Cabral s/nº - Portão 3, Parque do Ibirapuera, São Paulo
Estacionamento no local, Acesso para deficientes
Convites a R$ 1.200,00
Vendas: pelo e-mail nucleo@mam.org.br ou tel.11.5085-1311, de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.

Posted by Patricia Canetti at 3:26 PM

agosto 16, 2014

Fundação Iberê Camargo traz ao Brasil exposição inédita sobre Arte Povera

Limites Sem Limites. Desenhos e Traços da Arte Povera” é a primeira grande mostra realizada no País dedicada a um dos mais emblemáticos movimentos artísticos italianos da segunda metade do século XX. Com curadoria de Gianfranco Maraniello, a Arte Povera foi explorada pelo viés do desenho e terá 25 obras de 12 artistas, incluindo um trabalho inédito desenvolvido especialmente para a Fundação. A visitação acontece de 22 de agosto a 2 de novembro de 2014.

Porto Alegre é a primeira cidade brasileira a receber uma grande exposição dedicada à Arte Povera (Arte Pobre, em tradução livre), um dos mais emblemáticos movimentos artísticos italianos da segunda metade do século XX. Limites Sem Limites. Desenhos e Traços da Arte Povera, a quinta mostra do calendário de 2014 da Fundação Iberê Camargo, apresentará, pela primeira vez na história, um recorte que revela como os artistas do movimento entenderam a prática do desenho.

O norte conceitual da exibição foi escolhido pelo curador Gianfranco Maraniello, diretor do MAMbo – Museu de Arte Moderna de Bolonha. De 22 de agosto e 2 de novembro, o terceiro e o quarto andares da Fundação, além do vão do átrio, serão ocupados com 25 obras de 12 artistas do grupo original da corrente artística que, no final da década de 1960, quando a Itália havia acabado de se recuperar dos efeitos devastadores da Segunda Guerra Mundial e passava por grandes transformações sociais, tentaram quebrar a dicotomia entre a arte e a vida, principalmente através da criação de instalações feitas a partir de materiais do cotidiano.

Para Maraniello, filósofo e ex-professor da Academia de Belas Artes de Brera (Milão), a Arte Povera, assim como os happenings, a arte performática e a Land Art, foi marcada pela desconstrução dos mitos de uma modernidade que alienou o homem da sua produção. “O movimento consistiu em uma redução linguística, um ‘empobrecimento’ dos signos no sentido do retorno ao essencial, uma tentativa de libertação do acúmulo conceitual da tradição”, diz o curador. Em um período dominado pela pintura abstrata, pela Pop Art e pelo Minimalismo, que apesar das propostas radicais, se mantiveram apresentando formas esculpidas e visuais, os artistas da Arte Povera ultrapassaram os limites da pintura e da escultura por meio do uso de materiais que mudam ao longo do tempo, enferrujam e apodrecem. “A adoção de vegetais, minerais brutos, fogo e eletricidade como matéria-prima determinou a estética do grupo, que tinha como foco o caráter provisório da obra, e a sua disponibilidade de ser reconhecida para além de seus limites físicos”, observa Maraniello.

“A exposição em Porto Alegre é a primeira pesquisa sobre o que acontece quando os protagonistas da Arte Povera têm a intenção do desenho”, afirma o curador, que confessa ter se surpreendido com o que descobriu ao longo do processo de concepção da mostra. Não se trata de uma retrospectiva, mas sim de um ensaio sobre como esta prática do desenho, que normalmente inscreve um espaço, foi repensada pelo grupo de forma a ultrapassar os limites da própria obra. Cada um dos artistas do núcleo explorou o gesto de desenhar de uma forma particular, envolvendo o público como elemento ativo e participante. “Em frente ao trabalho, tornamo-nos parte da obra. É com este espírito que o espectador deve se aproximar de todas as instalações e desenhos da exposição, porque cada um deles, é capaz de romper os limites de si mesmo e estimular a nossa imaginação”, completa Maraniello.

Para Fábio Coutinho, superintendente cultural da Fundação Iberê Camargo, a Fundação cumpre mais uma vez com o seu papel de trazer ao Brasil mostras, obras e recortes inéditos das artes visuais. Assim como fizemos com vários artistas nacionais e internacionais, como William Kentridge: Fortuna, e com curadorias inéditas de Iberê Camargo, estamos proporcionando ao público uma exposição de grande importância histórica e conceitual”, diz Coutinho.

As obras

Ao iniciar a visita pelo quarto andar da Fundação, o público encontrará instalações de Luciano Fabro (1936-2007). Em uma delas, “Groma Monoteista” (1984-2005), o artista reconstitui uma groma, instrumento arcaico utilizado pelos romanos para medir campos. Nas hastes do grande objeto, que mede mais de dois metros de altura, são dependurados símbolos das religiões monoteístas, num trabalho que lida com a relação entre a marcação de fronteiras, os desenhos de territórios, e os determinantes culturais. Ao lado desta obra, estarão uma tela de Pino Pascali (1935-1968), “Torso di Negra” (1964-65) – uma superfície monocromática que se delineia graças às protuberâncias provocadas por câmaras de ar, exibindo figuras aleatórias que se revelam a partir dos desenhos que evocamos na nossa mente –, e desenhos de Emílio Prini (1943-), compostos de caracteres escritos à máquina e impressos no Brasil de acordo com instruções do artista.

Um dos mais aclamados artistas do movimento, o grego Jannis Kounellis (1936) – o único não italiano do núcleo –, estará representado por dois trabalhos na segunda sala deste piso. Em uma das obras, de 1988, uma barra de ferro e uma placa de metal são “sustentadas” por um desenho, colocadas sobre ele, de forma a redefinir as relações entre o suporte e o conteúdo do quadro. Na mesma sala estará uma instalação de outro grande expoente da Arte Povera, Michelangelo Pistoletto (1933). “Il disegno dello Specchio” (1979) consiste em uma série de espelhos cortados em diferentes formatos, que refletem partes do mundo em movimento em suas silhuetas. “Não se trata, portanto, de uma representação, mas sim de um dispositivo sempre aberto, capaz de acomodar em sua superfície o mundo em mudança, uma realidade que está sempre ativa, e que se torna visível e sempre renovada aos olhos de todos nós”, destaca o curador. Ao lado desta obra estará um conjunto de telas de Alighiero Boetti (1940-1994), feitas de coordenadas numéricas sobre papel quadriculado que acabam se tornando emaranhados geométricos.

No mesmo andar, serão apresentadas obras do casal Mario Merz (1925-2003) e Marisa Merz (1926). Ela, a única mulher integrante do movimento, mostrará uma composição de delicados desenhos e uma instalação de malhas de cobre permeáveis à luz, capazes de projetar sombras e envolver a arquitetura do espaço expositivo na obra. As intervenções dele também interagem com o ambiente. Em uma delas, de 1997, sete animais criados em papel e com materiais luminosos, como sombras de representações pré-históricas que se libertam no espaço, serão colocadas na rampa que leva os visitantes do quarto andar ao terceiro andar da Fundação. Como comenta o curador, “Merz não circunscreve a obra no interior do perímetro de uma folha, mas produz uma contínua ruptura da gramática expositiva, extrapolando das formas convencionais de produção artística e da codificação dos lugares considerados pertinentes para a arte".

Seguindo a visita, no terceiro andar, o público visualizará quatro obras de Giulio Paolini (1940). Uma parte de “Aula di disegno” (Happy Days, 2006-2014) será desenhada diretamente na parede do prédio pelo assistente do artista. Trata-se da representação de uma sala. Como diz Maraniello, “com essa estratégia, as dimensões ambientais da obra constituem uma geometria imersiva para o visitante, entregue à própria posição de espectador e, simultaneamente, de possível personagem na cena aparentemente figurada”.

Outra obra que contará com a participação de um montador italiano intervindo nos espaços da Fundação Iberê Camargo é “Oltremare” (1978-2014), uma das duas produções de Giovanni Anselmo (1934) que serão apresentadas em Porto Alegre. É deste artista também a obra “Il panorama com mano che lo indica” (1980), composta por uma pedra sobre o chão e, acima dela, pelo desenho de uma mão que aponta para o espectador, devolvendo a ele o ato de olhar. “É como se a obra nos re-olhasse”, comenta o curador.

A experimentação com materiais alternativos, eletricidade e processos químicos é marca do trabalho de Gilberto Zorio (1944), que terá três obras expostas no terceiro andar, seguindo a ordem da visitação. Elas são compostas por pares de desenhos dependurados que se completam na interação com o espaço, pelas variações de luz. “Disegno Torre Stelle” (2012), por exemplo, que é um desenho feito sobre papel impregnado de fósforo e outras substâncias fluorescentes, necessita receber dez minutos de luminosidade para, por um minuto, revelar as formas de uma estrela. Em relação ao trabalho de Zorio, Maraniello destaca que “a arte não permanece ancorada na própria certeza diurna e na estabilidade da obra. Ela pertence ao mundo, animada pelos mesmos componentes orgânicos e químicos que tudo transformam, e que o homem tenta conter na arbitrária imaginação de processos figurativos da mente”.

É deste artista também a instalação inédita apresentada na exposição, que ficará suspensa no vão do átrio: Um cabo de aço que, em suas curvas, tem desenhada a palavra “ódio” (Odio, 2014). Nos sulcos do chumbo de que a palavra é feita, é possível enxergar o entrelaçado de fios de cobre, um dos materiais privilegiados pelo artista por sua capacidade de condução. Construída sobre o conflito entre a leveza do objeto e o perturbador substantivo, a obra foi pensada especialmente para esta exposição.

O trabalho de grandes dimensões de Giuseppe Penone (1947), “Trappola di Luce” (1988), que ocupará toda a parede da última sala da mostra medindo quase dez metros de largura, encerra a visita. O artista lida com as possibilidades do carvão em suas diferentes formas, inclusive cristalizadas, para criar barras como se fossem ramos de uma figueira e de sabugueiro.

Mais sobre o movimento artístico

O termo “Arte Povera”, derivado do “Teatro Pobre” teorizado por Jerzy Grotowski, foi usado pelo crítico de arte Germano Celant em 1967 para descrever o grupo de artistas italianos que, a partir do final dos anos 1960, tentaram quebrar a dicotomia entre a arte e a vida, principalmente através da criação de instalações feitas a partir de materiais do cotidiano. A primeira exposição de Arte Povera foi realizada na Galleria La Bertesca, em Gênova, em 1967. Posteriormente, o grupo realizou mostras em cidades como Bolonha e Amalfi. Em geral, o trabalho dos artistas é caracterizado por composições de objetos aparentemente desconexos. É o caso de “Vênus dos Trapos” (1967), de Michelangelo Pistoletto, que coloca uma estátua de jardim da deusa romana diante de uma pilha de trapos que podem ser interpretados como os detritos da sociedade moderna. A Arte Povera também se relaciona com o momento político de sua época, que culminou com os protestos estudantis de 1968. Isto é evidente em obras como a irônica “Itália Dourada” (1971), de Luciano Fabro, que consiste em um mapa da Itália feito em bronze dourado pendurado de cabeça para baixo. Além de expressar interesse em questões sociais, o grupo estava preocupado com a criação de diversas formas de interação física entre a obra de arte e o seu espectador. Em 1971, Germano Celant decretou o fim do movimento em favor da experiência de cada um dos artistas, que vieram a desenvolver percursos específicos com distintas sensibilidades quanto às práticas e ao uso de materiais.

Mais sobre o curador Gianfranco Maraniello

Gianfranco Maraniello (1971) é o diretor do MAMbo – Museu de Arte Moderna de Bolonha. Ele foi curador do Museu de Arte Contemporânea de Roma e da Bienal de Shangai em 2006. Curou inúmeras exposições na Itália e em prestigiados museus internacionais. Interessado nos pontos de virada linguística da arte contemporânea, lidou frequentemente com a nova vanguarda que emergiu na Europa na segunda metade dos anos 1960, criando mostras como Arte Povera 1968 (com Germano Celant) e relevantes monografias dos protagonistas do movimento como Giovanni Anselmo, Giuseppe Penone e Gilberto Zorio. Editou a coleção “Giuseppe Penone. Writings 1968 – 2008”.

Posted by Patricia Canetti at 11:38 AM

agosto 13, 2014

Lançamento de livro de Ana Amélia Genioli na Livraria da Vila, São Paulo

Identidade[s] A produção da diferença em arte contemporânea

O livro trata do sentido de identidade em trabalhos de arte contemporânea nacional e internacional que envolvem questões que se colocam à margem das habituais categorizações. Juntamente às imagens das obras são feitas análises de textos de autores de várias áreas, como comunicação, estudos culturais, ciência e literatura, além da área de artes. O resultado final se assemelha a uma curadoria, por meio da conexão de diversas fontes, estruturada com citações, comentários e imagens. O objetivo é constituir um quadro de reflexão sobre a aptidão da arte para provocar deslocamentos conceituais e desterritorializar molduras epistemológicas.

14 de agosto, quinta-feira, 19h

Livraria da Vila
Rua Fradique Coutinho 915, Vila Madalena, São Paulo

FICHA TÉCNICA

- Autor: Ana Amélia C. Genioli
- Editor: Joaquim Antonio Pereira
- Editora: : http://www.intermeioscultural.com.br/
- Edição: 500 exemplares
- Dimensões do livro: Capa: Book cover: 56 X 23.5cm 4 cores em Papel Supremo 300g. Miolo: 19,5 X 23,5cm, 4 cores em Papel Couché 150g, 112 páginas.
- Projeto Gráfico: Vera Mariotti
- Prefácio: Christine Greiner

SOBRE A AUTORA

Ana Amélia C. Genioli é artista plástica e arquiteta. É também mestre e doutora pelo Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Como artista tem participado de diversas exposições individuais e coletivas em instituições tais como Paço das Artes, SESC, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, entre outras. Também tem trabalhado como arte-educadora em locais, tais como, Centro Cultural São Paulo, Collegio das Artes e Museu Brasileiro da Escultura. Curriculum lattes.

Posted by Patricia Canetti at 12:37 PM

agosto 12, 2014

Vik Muniz conversa com Tal Danino na Nara Roesler, São Paulo

Vik Muniz traz ao público a pesquisa inovadora por trás de suas novas séries Colonies e Sandcastles, fruto de sua residência no MIT, em conversa com o bioengenheiro Tal Danino na Galeria Nara Roesler

A obra de Vik Muniz vai muito além do que o olho humano pode ver. Quem se depara com suas fotografias em grandes dimensões pode perceber que suas superfícies são apenas as mais evidentes de várias outras camadas, o que faz do artista um dos nomes mais conhecidos da arte ao redor do mundo. Partindo de uma residência no Massachussets Institute of Technology (MIT), ele radicalizou sua pesquisa de materiais com o uso de alta tecnologia para desenvolver suas duas novas séries, Sandcastles e Colonies. Ambas são a fusão da engenhosidade artística e do trabalho científico de ponta de nomes especializados, como o bioengenheiro Tal Danino. O cientista é o convidado de Vik Muniz na conversa que a Galeria Nara Roesler promove no dia 16.08, às 11h30, quando o artista traz ao público os bastidores dessa empreitada inovadora.

Danino e Vik Muniz trabalharam juntos na criação de sua série Colonies. Passando pelo processo de trazer o microscópico à visão comum, essa série é fruto de uma pesquisa que envolve bioengenharia de ponta. Tal Danino tem vasta pesquisa sobre as dinâmicas espaço-temporais de sistemas biológicos artificiais para aplicação precursora em energia, meio-ambiente e saúde. Uma de suas frentes é a identificação de bactérias que podem ajudar no diagnóstico de câncer. As imagens de padrões criados por determinados tipos de células com câncer, como as do fígado, fascinou Vik Muniz, que as reproduziu em grande escala. O resultado lembra estampas de arabescos e adamascados decorativos.

Já em Sandcastles, a bioengenharia cede lugar ao desenvolvimento eletrônico em nanoescala. Isso porque os trabalhos consistem em fotografias de microscópicos grãos de areia, nos quais são gravados castelos europeus. Esses castelos foram desenhados pelo próprio Vik com ajuda da camera lucida, um equipamento que projeta sobre o papel o objeto a ser reproduzido por meio de um jogo de espelhos. Com ele, o observador só precisa passar o risco sobre a imagem que já está refletida no papel.

Mas como gravar em grãos de areia desenhos complexos de grandes castelos? Foi nessa etapa do processo que outro profissional do MIT, Marcelo Coelho, foi de inestimável colaboração. O artista e designer desenvolveu em uma máquina do MIT a técnica de gravação dos desenhos nas minúsculas bases, com o uso de um feixe de ion focalizado e um microscópio escaneador de elétrons. Vik eternizou as gravuras em fotografias em negativo ampliadas em tamanhos colossais.

Com essas premissas, a conversa com Vik Muniz e Tal Danino promete ser uma instigante viagem aos limites da visão humana e às formas de subvertê-los, tornando evidentes nuances e padronagens impossíveis de serem alcançadas a olho nu.

Assim, o artista amplia sua pesquisa artística sobre a representação, provando mais uma vez que nem tudo que vemos é exatamente o que parece ser.

Tal Danino nasceu em Los Angeles, Tal formou-se Bacharel em Ciência em Física, Química e Matemática, pela Universidade da Califórnia em Los Angeles e possui PhD em Bioengenharia pelo Laboratório de Biodinâmica de Sistemas da Universidade da Califórnia em San Diego. Em sua tese de doutorado sobre ‘Biologia Sintética’, ele programou bactérias geneticamente para produzirem flashes de luz sincronizados. Atualmente, ele é bolsista de pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology, onde pesquisa a utilização de bactérias na terapia e diagnóstico do câncer. Para obter mais informações, visite tal.mit.edu.

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo, Brasil. Ele mora e trabalha em Nova York e Rio de Janeiro. Individuais recentes incluem: Vik Muniz: Mas Acá de La Imagen (Museum of Contemporary Art, Lima, Peru, 2014; Centro de Arte Contemporaneo de Quito, Quito, Equador, 2014;); Vik Muniz: Pictures of Anything (Tel Aviv Museum, Tel Aviv, Israel, 2014); Vik Muniz: Poetics of Perception (Museum of Contemporary Art, Virginia Beach, EUA, 2014); Espelhos de papel (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2013); Vik Muniz (Museo Banco de la Republica, Bogotá, Colombia, 2013). Em dezembro de 2008, Vik foi o artista convidado da série de exposições Artist’s Choice: Vik Muniz-Rebus, do MoMA de Nova York. Além disto, Vik foi artista convidado da 49ª Bienal de Veneza, da 2000 Biennial Exhibition no Whitney Museum of American Art, da XXIV Bienal Internacional de São Paulo e da 46ª Exposição Bienal Media/Metaphor, na Corcoran Gallery of Art em Washington, EUA. Sua obra está representada nas coleções de grandes museus internacionais que incluem: The Art Institute of Chicago, Chigao, EUA; Museum of Contemporary Art of Los Angeles, Los Angeles, EUA; J. Paul Getty Museum, Nova York, EUA; Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA; MoMA, Nova York, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; e Victoria and Albert Museum, Londres, Inglaterra; entre outros. Além de fazer arte, Vik está envolvido em projetos sociais que usam a criação artística como força transformadora. Um desses projetos é apresentado em Waste Land, documentário realizado em 2010 sobre o trabalho de Vik com catadores de lixo brasileiros. O filme foi indicado ao Oscar e ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Sundance, entre outros prêmios. Em 2011, Muniz foi nomeado Good Will Ambassador pela UNESCO.

Posted by Patricia Canetti at 1:51 PM

agosto 6, 2014

Rubens Gerchman na Casa Daros, Rio de Janeiro

A Casa Daros apresenta, de 9 de agosto de 2014 a 8 de fevereiro de 2015, a exposição “Rubens Gerchman – com a demissão no bolso”, que homenageia a trajetória do artista Rubens Gerchman (1942-2008) e sua atuação como educador e formador de novos artistas, no período em que criou e dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, entre 1975 e 1979. Artista múltiplo, identificado com as vanguardas, usou ícones de futebol, televisão e política em suas obras, Gerchman fundou uma escola de arte para além do formalismo, abrindo oficinas como prática de ensino, e aliando conceitos como lazer e prazer nas ações feitas no local. A exposição tem curadoria de Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros, e de Clara Gerchman, filha do artista e curadora do Instituto Rubens Gerchman, entidade sem fins lucrativos criada em 2010 para manter vivo o legado de Rubens Gerchman.

A ideia da exposição surgiu do encontro entre Isabella Rosado Nunes, então diretora-geral da Casa Daros, Eugenio Valdés Figueroa e Clara Gerchman para desenvolver uma temática comum entre os dois espaços, a de arte e educação. A exposição não só resgata um momento importante da história da arte do Brasil como também homenageia a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, estabelecimento de arte e educação pioneiro no Rio de Janeiro.

A exposição se constitui de uma linha temporal, que vai de 1966 a 1979, e as datas marcantes serão ilustradas com cerca de vinte obras de Gerchman em papel, como desenhos, gravuras, cadernos de artista, e um de seus famosos pocket stuff (coisas de bolso). Também estarão reproduções de fotografias, cartazes, poemas visuais, entrevistas, e vários documentos, entre fac-símiles e originais, como a capa do disco “Tropicália” (1968), os três raros números da revista “Malasartes”, todos pertencentes ao acervo do IRG. Músicas do período, como “Domingo no parque”, de Gilberto Gil; “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso; “Parque industrial”, de Tom Zé, e “Lindoneia”, de Caetano Veloso, poderão ser ouvidas em fones de ouvido. Haverá ainda uma vitrine na sala, com objetos do artista.

“Não é possível separar as inquietudes artísticas de Gerchman das propostas pedagógicas que ele introduziu na Escola de Artes Visuais do Parque Lage”, afirma Eugenio Valdés Figueroa. “A interseção de ambas as atividades foi nossa bússola no modo de ordenar e relacionar a documentação disponível e de orientar as entrevistas que alguns de seus colegas generosamente ofereceram”, diz. “Esta é uma grande oportunidade de mostrar ao público parte de um rico acervo histórico e inédito”, observa Clara Gerchman. “O projeto é bastante especial, pois trata de um período da vida de meu pai que ele guardava com muito carinho. A Escola de Artes Visuais foi uma grande obra de arte de Gerchman, foi a ‘Caixa de Morar’”, afirma ela.

LINA BO BARDI

O título da exposição vem da conversa entre Gerchman e a arquiteta e amiga Lina Bo Bardi (1914-1992), em 1975, quando o amigo teve dúvidas se aceitava o convite para dirigir o então Instituto de Belas-Artes do Rio de Janeiro, feito pelo dramaturgo Paulo Afonso Grisolli (1934-2004), diretor de cultura da Secretaria de Educação do Estado. Lina Bo Bardi disse: “Aceite! E, se achar que deve sair, então peça demissão”. “Gerchman e ela escreveram juntos sua carta de renúncia e, pronto para apresentá-la a qualquer momento, levou-a já assinada durante vários anos em seu bolso, como um pocket stuff. Não era um gesto de descompromisso, mas sim de autonomia, de liberdade de escolha”, explica Eugenio Valdés Figueroa.

POCKET STUFF (COISAS DE BOLSO)

Enquanto estava em Nova York, entre 1968 e 1972, Rubens Gerchman “inventou um modo de levar no bolso uma porção de mundo”, conta Eugenio. “Eram os pocket stuff (coisas de bolso), nome dado por Hélio Oiticica (1937-1980) aos poemas-objetos que cabiam na palma da mão. Hélio afirmava que, desde as Marmitas, as Caixas de morar e as Cartilhas em superlativo, a obra de Gerchman havia evoluído para a ideia de um engenhoso ‘construa o próprio jogo’ portátil”. Ele ressalta que no poema “Pela rachadura”, de 1971, Gerchman “enunciou algumas das estratégias com as quais retornaria equipado ao Brasil: “… corte primeiro na superfície (...), preparado para mergulhar (…) procurar no cosmos o macro no micro, sementes procurando caminho entre pedras, ser líquido bastante para brotar, numa racha do asfalto…”.

“Uma das grandes contribuições de Gerchman foi ter reunido um quadro de talentosos professores e colaboradores, afins com o propósito de “des-academizar” a escola e transformá-la em laboratório”, destaca Eugenio Figueroa.

DOCUMENTÁRIO INÉDITO

Em seus últimos três meses de vida, o artista Rubens Gerchman pediu às filhas Clara e Verônica que gravassem em vídeo depoimentos dele sobre seu período à frente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Esses registros, inéditos, foram o ponto de partida para o documentário feito especialmente para a exposição “Rubens Gerchman – Com a demissão no bolso”. Bernardo Pinheiro Motta e Pedro Rossi, diretores do filme de quarenta minutos, com produção da Zohar, inseriram trechos de filmes da época, e colheram depoimentos de amigos e parceiros do artista, como Helio Eichbauer, Heloisa Buarque de Hollanda, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Sergio Santeiro, Xico Chaves, Rosa Magalhães, Frederico Moraes, Luiz Ernesto, Jards Macalé, Bernardo Vilhena e Walter Carvalho.

Através do filme, exibido em um monitor, resgata-se o pensamento do artista, sua formação, seu período em Nova York, sua participação no movimento Nova Figuração, a arte conceitual e reflexiva, e a prática da Escola de Artes Visuais do Parque Lage como um exercício de liberdade, de cruzamento de meios e disciplinas, a ideia radical de “nunca fechar”, e um local em ebulição, onde chegou a funcionar quarenta oficinas simultaneamente.

O documentário reúne trechos de vários filmes, cedidos por seus realizadores, como os curtas-metragens “Triunfo hermético” (1972, Super 8), de Rubens Gerchman; “Ver e Ouvir” (1967), de Antonio Carlos Fontoura, sobre Gerchman, Roberto Magalhães (1940) e Antonio Dias (1944); “Arte Pública” (1967), de Jorge Sirito e Paulo Martins; “Noite acesa”, de Luiz Alphonsus (1976, Super 8), sobre o lançamento da antologia "26 Poetas Hoje", no Parque Lage; “Morto no exílio” (1979), drama sobre o martírio de Frei Tito (1945-1974), com Nelson Xavier, feito pelos alunos do cineasta Sergio Santeiro em sua oficina na EAV (roteiro e direção: Daniel Caetano e Micheline Bondi, e fotografia: Fernando Duarte); e “Uirapuru” (1976, Super 8), Neide Dias de Sá, registro do happening de Helio Eichbauer no Parque Lage a partir do poema sinfônico de Villa-Lobos.

Na sala anexa, o público saberá mais sobre o artista e sua atuação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e poderá assistir a íntegra dos depoimentos colhidos para o documentário. Os depoimentos foram divididos em três eixos temáticos: “Pela rachadura: política e contracultura”, sobre o pensamento de Gerchman, e o contexto da época, em que a cultura se opunha à ditadura; “Pluridimensional/Transdisciplinar”, sobre as oficinas no Parque Lage; “Casa/Corpo/Cosmos”, sobre as ações pedagógicas e de lazer na Escola de Artes Visuais, e a convivência com os amigos.

Clara Gerchman destaca que em 2015, “a EAV completará 40 anos desde a sua criação em 1975, portanto, esse registro e homenagem precisam ser feitos, pois nos anos 1970 foi a grande escola de vanguarda brasileira”. “Na verdade, era mais do que uma escola de arte naquela época, era uma vivência. Ela funcionava de forma experimental e transdisciplinar. Foi uma espécie de residência artística durante um período político tão difícil, como a ditadura militar. Ela está para o Brasil, assim como a Bauhaus está para a Europa, e a Black Mountain esta para os Estados Unidos”, diz.

SOBRE O INSTITUTO RUBENS GERCHMAN

O Instituto Rubens Gerchman (IRG), entidade sem fins lucrativos, foi criado em 2010, pouco após o falecimento do artista, o com o intuito de perpetuar e salvaguardar tanto sua memória do artista quanto seu vasto acervo. A coleção do IRG contempla um legado bastante diversificado, que abrange obras do artista e ainda seus materiais de trabalho, sua biblioteca pessoal, periódicos históricos, correspondências, fotografias, cromos e negativos.

Profissionais de vários campos – arquivistas, museólogos, restauradores, historiadores, curadores, produtores e gestores – vêm realizando um importante trabalho de pesquisa, restauro, conservação, preservação e difusão do legado de Rubens Gerchman.

Disseminar a produção artística de Gerchman, a partir de exposições, catálogos e vídeos, e do site www.rubensgerchman.org.br, tem ainda o objetivo de criar novos públicos, democratizando o acesso a sua obra e permitindo a leitura da própria história da arte brasileira – tem valor inestimável para os herdeiros do artista, para a equipe do Instituto e para a cultura do país.

Posted by Patricia Canetti at 5:25 PM

agosto 5, 2014

Marcos Chaves na Nara Roesler, Rio de Janeiro

Marcos Chaves - Academia, Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro, RJ - 08/08/2014 a 07/09/2014

Para marcar a abertura do novo espaço no Rio, o carioca Marcos Chaves concebeu duas instalações que homenageiam a sua cidade natal. A primeira - inspirada nas academias de ginástica construídas ao ar livre, criadas de forma espontânea e gerenciadas em modelo de cooperativa - traz esculturas construídas com cimento, tubos de ferros, madeira e tirantes.

Batizada de Academia – terminologia utilizada em todo o mundo para definir as instituições dedicadas à cultura e ao pensamento, mas que no Brasil é mais comumente usada para designar ginásios de educação física –, a obra reverencia os habitantes que, com criatividade e senso de coletividade, usufruem da paisagem e da vida ao livre da cidade, dividindo de maneira saudável o bem estar físico. Na abertura da mostra, sediada no térreo da casa, o artista apresentará uma performance¸ em que personagens cariocas farão séries de treino físico com os objetos da instalação.

“As duas instituições mais respeitadas no Rio de Janeiro são as escolas e as academias... de samba e de ginástica, respectivamente”, brinca o artista.

O artista também apresenta a série inédita de fotografias Sugar Loafer, uma espécie de crônica concebida a partir de cenas cotidianas da cidade que dividem sempre um ‘personagem’ em comum: o Pão de Açúcar. Como um flâneur contemporâneo, aparelhado com uma câmera e uma bicicleta, o artista capturou em seus percursos imagens bem humoradas, ora surreais, ora com rigor geométrico, de situações tipicamente cariocas.

Posted by Patricia Canetti at 1:13 PM

agosto 4, 2014

Zip'Up: Camilo Meneghetti na Zipper, São Paulo

Paisagem Imaginada apresenta ao público paulistano desenhos viscerais criados por Camilo Meneghetti ao longo dos últimos três anos. Nessas imagens as formas – simulacros do mundo material – foram rasuradas e apagadas até se transformarem em massas, moldes disformes para serem a seguir novamente esculpidos. Assim, o artista apresenta obra e processo a um só tempo em cada um de seus desenhos.

Desenho? Quando se fala do trabalho de Camilo utiliza-se um vocabulário próprio da escultura, comentando moldes, lapidações, exclusões, oclusões e inserções. O pensamento sobre a obra torna-a híbrida, sem um suporte definitivo, porém, com seu trabalho, Camilo Meneghetti está buscando a raiz do desenho e da linha, ao tornar caótica a imagem que se espera limpa sobre o papel. Estas massas de grafite e carvão, seus desenhos, atuam como a mente humana: construindo representação e narrativa a partir de materiais e formas que anteriormente simplesmente existiam, sem sentido e sem a capacidade de narrar.

Camilo Meneghetti nasceu em 1978 em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Atualmente vive e trabalha na cidade natal e em São Paulo. Formou-se em Publicidade e Propaganda pela UNISINOS - RS (2003). Trabalhou como diretor de arte de 1999 a 2011. Durante este período também atuou como ilustrador. Em 2003, estudou desenho e pintura da figura humana. Em 2007, acompanhou estudos em pintura realista e frequentou o curso de desenho do Atelier Livre de Porto Alegre. Entre 2012 e 2014, frequentou o grupo de Acompanhamento de Projetos do Hermes Artes Visuais, orientado pelos artistas Nino Cais e Marcelo Amorim. Em 2013, foi colaborador no Ateliê397 e artista residente na Tofiq House - São Paulo.

Exposições recentes: 2014, Ateliê Alê / Pinta Special Project, Pinta London - Londres, Inglaterra (Curadoria: Paulo Gallina); 2014, O Saber da Linha, Ateliê Alê - São Paulo (Curadoria: Paulo Gallina); 2013, Open Studio, Tofiq House - São Paulo; 2013, Surpraise, Ateliê397 - São Paulo; 2013, Mapoteca, Hermes Artes Visuais - São Paulo (Curadoria: Nino Cais e Carla Chaim).

Posted by Patricia Canetti at 5:39 PM

Nati Canto na Zipper, São Paulo

Nati Canto - A falta que nos constitui, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 06/08/2014 a 30/08/2014

A Zipper Galeria apresenta, a partir de 5 de agosto de 2014, a primeira individual da artista Nati Canto na galeria. A mostra, com curadoria de Denise Gadelha, é resultado de sua residência artística em Xangai.

Com a intenção de trazer para sua produção a leitura de um país cheio de incongruências, onde o papel da coletividade talha a população, ser não é verbo e ter é égide, abrigo e sustentação, a artista apresenta instalações, uma vídeo-performance e fotografias.

“A exposição é um convite ao sensível, ao que merece ser olhado”, diz a artista. A falta que nos constitui cria uma atmosfera intimista, aproximando a China do Brasil, ambos países emergentes construídos sobre bases contraditórias, onde o lindo e o horrível co-habitam quase voluptuosamente.

A alternância conteúdo-forma e matéria-forma norteiam sua pesquisa de forma que movimentos de escolhas conscientes e inconscientes resultam em objetos-arte. Nesta exposição, processos precários e sofisticados são intercalados com o intuito de refletir incongruências e contradições que perpassam em muitas camadas, tanto a cultura brasileira, quanto a chinesa.

Nati Canto fez sua primeira exposição solo no Museu da Imagem e Som em fevereiro de 2013, ano em que passou a dar oficinas de Fotografia na Arte Contemporânea dentro do programa Pontos MIS. Recebeu prêmio aquisitivo do II Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea (2012) e participou da Residência Artística Beijing International Artist Platform – BIAP, Platform China Contemporary Art Institute, Pequim, China (2012).

Participou das exposições: Imagem Mi(g)rante e Fecho Éclair na Zipper Galeria em 2012. Possui obras em acervos públicos e privados, tais como: Brazil Golden Art BGA, São Paulo, MIS – Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Itamaraty - Ministério das Relações Exteriores, Brasília (DF) e Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto.

Posted by Patricia Canetti at 4:29 PM

agosto 3, 2014

Marcia Thompson na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

A Mercedes Viegas Arte Contemporânea inaugura em 5 de Agosto a exposição Chromes, com obras da artista Marcia Thompson. Na mostra, cujo título remete aos “Achromes” de Piero Manzoni, pinturas, desenhos e filmes feitos nos últimos anos apresentam um retorno às cores após anos de experimentos com o branco.

No início da carreira, na década de 90 no Parque Lage, um trabalho feito com volumes de tinta azuis colocados diretamente sobre a tela crua despertou seu interesse pela fiscalidade e sensualidade da tinta, levando a artista a concentrar sua pesquisa no branco e suas infinitas possibilidades durante mais de dez anos.

“Recentemente comecei a pensar no branco como uma cor como outra qualquer outra e voltei a usar vermelhos, amarelos. A experiência da cor no espaço. Mais um elemento da gramática básica da pintura” conta Marcia.

Nos desenhos, linhas feitas à mão são inseridas entre as linhas de cadernos, e pedaços de papel acumulados transformam o material bidimensional em volume. É justamente o volume que une conceitualmente as obras em papel às telas. “Me interesso pela lateral do papel e das pinturas. A corporalidade da tinta no espaço, a matéria-prima”.

Marcia Thompson nasceu no Rio de Janeiro em1968, mas desde 1995 vive e trabalha em Londres. Formada em história na PUC-Rio e em arte na EAV Parque Lage. Já participou de exposições individuais na galeria Aahus Kunstbygning (Dinamarca) Lund Art Gallery (Suécia) Galeria Casa Triângulo (São Paulo) e Fundação Cultural de Curitiba, entre outras. Entre as coletivas, ‘Construções para lugar nenhum' (Galeria Mercedes Viegas, RJ), 'Arquivo Geral' (CCJE, RJ),'draw-drawining-2', London Biennale (Londres), 'Brazil Art Lounge" (Temporary Art Centre, Holanda),'Tell Tale', EWHA University Gallery, Seoul-Coréia do Sul,'Suspended Instants' (Art in General and Sculpture Centre, NY), 'Arco 97' (Espanha) e 'Dois Anos de Escultura no Paço' (Paço Imperial, RJ)

Posted by Patricia Canetti at 12:25 PM

agosto 2, 2014

Julio Villani na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto

Julio Villani - Almost readymades, Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, SP - 04/08/2014 a 09/09/2014

“Se eu usar a geladeira afim de refrigeração, ela é uma mediação prática; não é um objeto, mas um frigorífico. Nesse caso, eu não o possuo. A posse nunca se refere à um utensílio, já que ele é vinculado ao mundo real, mas sempre ao objeto abstraído de sua função, transformado em algo subjetivo ao sujeito”. Jean Baudrillard, O sistema dos objetos [1]

É por uma breve nota no projeto Passagen-Werk [2] que Walter Benjamin confronta a noção de vestígio à de aura, ambas remetendo às emoções podendo ser despertadas por objetos naquele que os observa. De acordo com o aforismo que o filósofo propõe, “o vestígio é o advento de algo próximo, por mais distante que possa ser o que o deixou; a aura é a manifestação de uma distância, por mais próximo que possa ser o que a evoca.”

Os objetos de Julio Villani, são ao mesmo tempo familiares e fantásticos, tributários das duas noções.

A função original dos utensílios desponta sob suas formas, tornando-os – apesar de sua idade – em vestígios de uma memória comum.

O blecaute do destino prático dos antigos apetrechos permite sua apropriação enquanto objetos. As formas domésticas tornam-se então recipientes das projeções imaginárias do artista; elementos que contrariam as exigências da funcionalidade para atender uma experiência de um tipo diferente: viram sonhos, seres com sopro de vida, evasão.

Proporcionando-lhes uma história que os distancia da sua fabricação – transformando os objetos pertencendo à um momento histórico específico em figuras atemporais – Villani os reveste de aura.
Esses objetos são, de certa forma, os seus Traumhäuser (casas de sonho). O termo, cunhado por Walter Benjamin, descreve edifícios de formas historicistas – que tem uma "aparência" familiar – reinvestidos de novos usos relacionados com um sonho.

Os Traumhäuser surgem à partir de uma prática contraria à da oniromancia surrealista. Ao invés de extrair dos sonhos elementos à serem aplicados à realidade, seu ponto de partida é material: objetos arqueológicos, bibelôs, fragmentos, imagens desbotadas ou utensílios obsoletos, os vestígios se unem para formar um mundo povoado de objetos e seres, criando uma paisagem de sonho, levando a uma experiência fantástica.

O olhar que deita Villani sobre os objetos resgatados nos mercados de pulga parisienses é desse tipo: premendo os olhos, ele vê na concha uma garça, a bigorna é tatu.

Os bichos se impõem à visão do artista sem terem sido suscitados por um exercício de memória consciente. Se ele adiciona aqui um rabo, umas asas acolá, é simplesmente para nos dar a ver a sua visão, que se inscreve em seguida no espectador como a revelação de uma realidade nunca percebida – e no entanto presente – no objeto de origem.

Nesse sentido, os almost readymades de Villani materializam o estado de espírito descrito por Proust quando do memorável episódio da madalena: de repente, o que fora perdido é reencontrado.

Julio Villani, 1956 - Marília - São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em Paris, França.
Cursou Artes Plásticas na FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado, na Watford School of Arts de Londres e na École Nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Museo del Barrio, Nova York, EUA; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; MAM - Museu de Arte de São Paulo; MAM - Museu de Arte do Rio de Janeiro; Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, França.

1 Jean Baudrillard, Le système des objets, Paris, Editions Gallimard, 1968
2 Texto (inacabado) redigido por Walter Benjamin entre 1927 e 1940 sobre as passagens cobertas de Paris. Em francês, os diversos textos do projeto foram reunidos e editados sob o titulo Paris capitale du XIXème siècle, Paris, Les Editions du Cerf, 1989. Ilaria Brocchini, Traces et disparition : à partir de l’oeuvre de Walter Benjamin, Paris, L’Harmattan, 2006.
3 Ele desenvolvera posteriormente mais além essa noção, sobretudo no ensaio A obra de arte na época da sua reprodutibilidade técnica.
4 Walter Benjamin, Paris capitale du XIXème siècle, op cit.
5 Georges Teyssot, Walter Benjamin, Les maisons oniriques, Paris, Collection Hermann Philosophie, 2013
6 Jean-Paul Dollé, Walter Benjamin, Passeur de temps, prefacio de Walter Benjamin et l’architecture, direção Libero Andreotti, Paris, Editions de la Villette, 2011

Posted by Patricia Canetti at 11:07 AM