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março 30, 2014
Rolling Tracks, instalação de Regina Silveira na SP-Arte, São Paulo
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A Rolls-Royce Motor Cars anunciou hoje que uma nova e ambiciosa instalação da renomada artista Regina Silveira será inaugurada na pré-abertura da SP-Arte dia 2 de abril de 2014. Chamada “Rolling Tracks”, a obra expande o uso das “Derrapagens”, exploradas pela artista há dez anos - imagens gráficas que representam múltiplas trilhas de pneus. Apresentada na SP-Arte, a principal feira de arte da América Latina, a instalação é um instigante desdobramento da prática da artista, que interfere não apenas na arquitetura do icônico edifício da Bienal, de Oscar Niemeyer, que abriga a feira, como também nas linhas dinâmicas de um Rolls-Royce Ghost.
As “Derrapagens”, de Regina Silveira, foram originalmente concebidas para ocupar o corredor de entrada do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Projeto Paredes, MAM-SP, 2004). Na obra, múltiplas trilhas de pneus se enroscam e superpõem, com padrões diversos, para sugerir marcas deixadas por carros em deslocamento rápido e caótico.
Esticados radicalmente ou em curvas fechadas, os rastros reforçam poeticamente as dimensões imaginárias do espaço que ocupam enquanto aludem à velocidade e ao ruído associado ao movimento de carros velozes. Desde sua criação, as “Derrapagens” se tornaram um elemento importante na prática de Regina Silveira, sendo utilizadas em instalações em instituições internacionais, como o CCE (Centro Cultural de España), em Montevidéu, Uruguai (2004) e a Trienal Polígrafa, San Juan, Porto Rico (2004).
O novo trabalho de Regina Silveira, “Rolling Tracks”, foi criado pela artista como uma intervenção na qual as curvas e entrelaçamentos de “Derrapagens” se entranham na arquitetura próxima à entrada do icônico Pavilhão da Bienal e envolvem um Rolls-Royce Ghost, símbolo de excelência em trabalho artesanal de luxo. A instalação será o foco central da entrada da SP-Arte, principal feira da América Latina, que trará 136 das melhores galerias de 18 países de todo o mundo.
Hugo Bustamante, Gerente Geral da Rolls-Royce Motor Cars na América Latina diz: “É uma honra apresentar este novo trabalho arrebatador de Regina Silveira, que engloba tudo em seu caminho e envolve as linhas contemporâneas e poderosas de um Rolls-Royce, apresentando o carro em uma situação moderna e inesperada. Nossa presença na SP-Arte permite que entremos em contato com amigos da Rolls-Royce em um cenário excepcional e inspirador.”
A artista Regina Silveira diz: “ ’Rolling Tracks’ (2014) é uma intervenção concebida como uma espécie de armadilha, em que rastros de pneumáticos, curvados e emaranhados como numa garatuja, enroscam e enredam não apenas o espaço arquitetônico próximo as rampas do histórico edifício da Bienal, de Oscar Niemeyer, mas também um elegante Roll-Royce, capturado em plena derrapagem...”
Fernanda Feitosa, Diretora Executiva da SP-Arte diz: “É um prazer para SP-Arte contar esse ano, pela primeira vez, com a Rolls-Royce Motor Cars como patrocinadora cultural da feira e celebrar nosso 10º aniversário apresentando uma nova instalação de Regina Silveira. Todo ano a SP-Arte reúne as melhores galerias brasileiras e internacionais de todo mundo e estamos muito contentes em mostrar uma instalação de uma das principais artistas da América Latina na feira esse ano.
Sobre a Iniciativa de Arte da Rolls-Royce
A Rolls-Royce Motor Cars é parceira cultural da SP-Arte e, além de apresentar a instalação “Rolling Tracks”, terá um estande próprio na feira. A Rolls-Royce na SP-Arte é parte de uma Iniciativa de Arte que inclui um programa internacional com eventos por todo o ano de 2014, oferecendo palestras, visitas exclusivas a coleções privadas, visitas guiadas a galerias e a colaboração com uma seleção dos mais importantes artistas contemporâneos de todo o mundo.
Sobre a SP-Arte
A SP-Arte, Feira Internacional de Arte de São Paulo, foi fundada em 2005 e hoje é a feira mais importante da América Latina, apresentando as melhores galerias brasileiras e internacionais. Durante cinco dias a SP-Arte também apresenta um intenso programa de eventos sociais, culturais e educacionais, incluindo o Laboratório Cultural e o Núcleo Editorial. www.sp-arte.com
Sobre a artista Regina Silveira
Regina Silveira (1939) nasceu em Porto Alegre e hoje mora em São Paulo. Nos anos 1950, iniciou sua formação artística sob a tutela de Iberê Camargo, estudando litografia, xilogravura e pintura. Reconhecido por suas explorações paródicas do espaço por meio de composições geométricas, o trabalho de Regina Silveira é celebrado tanto por seu rigor conceitual quanto por seu impacto formal. Em 2013 a artista recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e o Prêmio MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand pelo conjunto de sua obra, acompanhado de uma exposição no museu. A ABCA - Associação Brasileira de Críticos de Arte - premiou a artista por sua trajetória em 2012.
Rolls-Royce Motor Cars presents “Rolling Tracks”, an installation by renowned Brazilian artist Regina Silveira
Rolls-Royce Motor Cars today announced that an ambitious new installation by leading Brazilian artist Regina Silveira will be unveiled by the artist at the preview of SP-Arte on 2 April 2014, entitled ‘Rolling Tracks’. The piece will expand on Silveira’s use of 'Derrapagens', a graphic image which has been developed by the artist over the last 10 years and represents multiple tyre tracks. Presented at SP-Arte, Latin America’s leading art fair, this installation will be an exciting new development in the artist’s practice, responding not only to the architecture of Oscar Niemeyer’s famous Biennial building which houses the fair, but also the dynamic lines of a Rolls-Royce Ghost.
Regina Silveira’s ‘Derrapagens’, (the Portuguese word for tyre tracks) is a motif that was originally conceived to occupy the entrance hall of the Museu de Arte Moderna de São Paulo (Projeto Paredes, 2004). Multiple tyre tracks with different tread patterns are intertwined and overlaid, suggesting marks left by cars in fast, sweeping movements. Radically stretched or curled in tight curves, the tracks poetically reinforce the imaginary dimensions of the architectural space they occupy, while alluding to the velocity and speed implied by cars leaving tracks as they move. The ‘Derrapagens’ have since become an important element of Silveira’s practice with similar installations at institutions outside of Brazil such as CCE (Centro Cultural de España), Montevido, Uruguay (2004) and the Trienal Poligrafica, San Juan, Puerto Rico (2004).
Silveira’s new work, ‘Rolling Tracks', has been created by the artist as an intervention in which the twisting and intertwined 'Derrapagens' wrap and entangle the architecture adjacent to the main entrance of the iconic Bienal Pavilion, and envelope a Rolls-Royce Ghost, an iconic symbol of excellence in luxury craftsmanship. The installation will be the focal point of the entrance to SP-Arte, Latin America’s leading art fair that will bring together 136 leading galleries from 18 countries around the world.
Hugo Bustamante, General Manager Rolls-Royce Motor Cars Latin America, said, “We are honoured to present Regina Silveira’s striking new work 'Rolling Tracks', which encompasses everything in its path and embraces Rolls-Royce’s contemporary and powerful lines, presenting the car in a modern and unexpected situation. Our presence at SP Arte allows us to engage with friends of Rolls-Royce in an exceptional and inspiring setting.”
Artist Regina Silveira, said, “Rolling Tracks (2014) is an intervention conceived like a sort of trap, in which twisting and intertwined tyre tracks, like a scribble, wrap and entangle not only the architectural space next to the ramps of the historical Bienal building by Oscar Niemeyer, but also an actual, elegant Rolls-Royce car, captured in the movement of skidding.”
Fernanda Feitosa, Executive Director of SP-Arte, said, “SP-Arte is delighted to introduce Rolls-Royce as a cultural partner of the fair for the first time this year and to celebrate our 10th anniversary with the presentation of a new installation by Regina Silveira. SP-Arte brings together the best Brazilian and international galleries from around the world each year and we are pleased to be showing an installation by one of Latin America’s leading artists at the fair.”
março 28, 2014
Roesler Hotel 26#: Spectres na Nara Roesler, São Paulo
Fugacidade da luz ganha tradução em em obras de nomes como James Turrell e Julio Le Parc na mostra Spectres, que inaugura em 1º de abril
Nova edição do Roesler Hotel,projeto de exposições com curadores convidados da galeria Nara Roesler, traz recorte do historiador da arte Matthieu Poirier, co-curador da mostra Dynamo, do Grand Palais
Roesler Hotel #26: Spectres, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 a 06/05/2014
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A fugacidade da luz é o fio condutor do 26# Roesler Hotel, projeto de exposições da Galeria Nara Roesler que convida curadores emblemáticos do Brasil e do exterior. Com recorte do historiador da arte Matthieu Poirier, a exposição Spectres (Espectros) tem abertura no dia 1º de abril, trazendo cerca de 20 trabalhos de nomes como James Turrell e Julio Le Parc.
A mostra reúne esculturas, instalações, pinturas e fotografias abstratas, que utilizam o recurso da luz, reforçando sua fugacidade pela oscilação entre o aparecimento e o desaparecimento. Essa alternância do claro e do escuro, e a consequente projeção de sombras, é o que confere às obras, de vários períodos e correntes artísticas, uma aura espectral, fantasmagórica.
Além de Turrell e Le Parc, Dan Flavin, Ann Veronica Janssens, Larry Bell e Hiroshi Sugimoto estão entre os artistas de peso selecionados pelo curador, cuja pesquisa sobre a utilização da luz na arte e sua influência sobre os sentidos lhe rendeu participações em exposições de larga escala, como Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013 (Grand Palais, 2013), em que atuou como co-curador, sob o comando de Serge Lemoine; e a individual de Julio Le Parc, Soleil froid (Palais de Tokyo, 2013), como conselheiro científico. Ambas foram realizadas no ano passado em Paris.
Com a mostra, Poirier interroga a própria natureza da abstração, em sua acepção como a morte da figura, pelo viés da luz, que tem o poder de criar materialidade e presença visuais, como também de dissimulá-las. Em suas palavras, "a luz não é mais considerada uma ferramenta para compreender ou 'fazer sentido'. Em vez disso, ela dissolve a realidade, expandindo os limites da visão".
O caráter espectral dos objetos não está na desaparição total, mas na tensão da "cintilação entre visível e invisível, uma flutuação constante entre a vida e a morte das aparências". Dessa forma, Poirier conceitua a arte que se produz pela percepção visual como perceptual, surgida dos sentidos, em contraponto à arte conceitual, que se origina antes da razão e do pensamento.
ALGUNS DESTAQUES
Do artista japonês Hiroshi Sugimoto, a galeria apresenta as fotografias em P&B Lightning fields 167 e 168 (2009), Fox, Michigan (1980) e Avalon Theatre, Catalina Island (1993). As duas primeiras fazem parte de uma série de imagens produzidas por descargas elétricas sobre a película fotográfica, num resultado que se assemelha a um relâmpago - como o próprio nome sugere. Resultado de mais de uma hora de exposição à luz, as duas últimas retratam cinemas de arquitetura rebuscada. A versão menor de Avalon Theatre, Catalina Island (1993) faz parte do acervo do Metropolitan Museum of Art.
Em suas obras, o precursor minimalista Dan Flavin (EUA) segue a proposta de trazer para o espaço a criação de "situações", com a redefinição arquitetônica por meio de luz e cor.
Outro pioneiro norte-americano, James Turrell, tem representada na mostra sua investigação sobre os limites sensoriais no uso da luz com obras cujos volumes se produzem por nuances luminosas monocromáticas.
A relatividade das cores com relação à posição do espectador é explorada pela britânica radicada em Bruxelas Ann Veronica Janssens na obra Blue, red and yellow (2001). Em grandes dimensões, essa instalação assume cada uma das cores do título conforme é vista de diferentes ângulos. Completam a lista de artistas Bettina Samson, William Klein, Pierre Huyghe, Garry Fabian Miller, Isabelle Cornaro, Blair Thurman e os irmãos Florian & Michael Quistrebert
MATTHIEU POIRIER
Francês, é Doutor em História da Arte pela Sorbonne (Paris IV), e pesquisador convidado do Centro Alemão de História da Arte em Paris, o pesquisador e curador tem pesquisa voltada para arte e luz. A isso se deve sua atuação como co-curador da mostra Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013, no Grand Palais, sob o comando de Serge Lemoine. Foi também conselheiro científico da retrospectiva de Julio Le Parc, Soleil froid, no Palais de Tokyo (2013). Leciona na Universidade Paris-Sorbonne, na École régionale des Beaux Arts de Rouen e na École européenne supérieure de l’image à Angoulêmee, além de escrever como colaborador para revistas como Der Spiegel e Le Quotidien de L’Art.
SOBRE ROESLER HOTEL
Idealizado em 2004, o projeto começou como uma rede de intercâmbio: uma oportunidade de convidar artistas e curadores para desenvolverem projetos e exporem suas obras. Até hoje, foram vinte e cinco edições, entre elas, coletivas como Dispositivos para um mundo (im)possível (2014), com curadoria de Luisa Duarte, Cães sem Plumas (2013), curada por Moacir dos Anjos, Dark paradise (2013), por Tim Goossens, Hamish Fulton (2013), com curadoria de Alexia Tala, Buzz (2012), curada por Vik Muniz, Lo bueno y lo malo (2012), por Patrick Charpenel, Otras Floras (2008), curada por José Roca, além de individuais de Sutapa Biswas (2008), Rosário Lopez Parra (2008), José León Cerrillo (2007), Paul Ramirez Jonas (2011) e muitas outras.
Em 2012, com a ampliação da Galeria Nara Roesler, o projeto Roesler Hotel começou uma nova fase, tornando-se um programa paralelo ao da Galeria, no qual curadores e artistas são convidados a colaborar. Este programa foi idealizado para provocar novos modos de pensar e produzir, articulando a rede de artistas, galerias e curadores.
Roesler Hotel #26: Spectres, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 til 06/05/2014
The Fugacity of light translated into artworks by artists such as James Turrel and Julio Le Parc in the show Spectres, which opens at Galeria Nara Roesler on April 1st
The new edition of galeria Nara Roesler’s exhibitions projects by guest curators presents the selection of art historian Matthieu Poirier, co-curator of the show Dynamo, at the Grand Palais
The fugacity of light is the conducting wire of the twentieth-sixth edition of Roesler Hotel, Galeria Nara Roesler’s exhibitions project that invites prominent Brazilian and foreign curators. Curated by art historian Matthieu Poirier, the show Spectres will open on April 1st and will present nearly 20 works by artists such as James Turrell and Julio Le Parc.
The show features sculptures, installations, paintings and abstract photographs that use the resource of light and reinforce its fugacity by means of the oscillation between appearance and disappearance. This alternation between light and dark, and the resulting projection of shadows, is what gives these works, which are from various periods and artistic movements, a spectral and ghostly aura.
Besides Turrell and Le Parc, Dan Flavin, Ann Veronica Janssens, Larry Bell and Hiroshi Sugimoto are among the renowned artists selected by the curator, whose research on the use of light in art and its influence on the senses enabled him to participate in major exhibitions, such as Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013 (Grand Palais, 2013), in which he worked as co-curator and had Serge Lemoine as chief-curator; and Julio Le Parc’s solo show, Soleil froid (Palais de Tokyo, 2013), to which he was scientific advisor. Both were held last year in Paris.
In this show, Poirier questions the nature of abstraction – when understood as the death of the figure – through light, which has the power to create visual materiality and presence, as well as to conceal them. In his words, "light is no longer seen as a tool to understand or 'to make sense.' Instead, light dissolves reality, expanding the limits of sight."
The spectral character of the objects is not in the full disappearance, but in the tension that exists in the "twinkling between visible and not visible, the constant fluctuation between the life and the death of appearances." Thus, Poirier defines perceptual art – which emerges from the senses – as the art produced as a result of visual perception, as opposed to conceptual art, which is firstly originated in the realm of reason and thought.
SOME OF THE HIGHLIGHTS
By Japanese artist Hiroshi Sugimoto, the gallery presents the B&W photographs Lightning fields 167 and 168 (2009), Fox, Michigan (1980) and Avalon Theatre, Catalina Island (1993). The two first ones are part of a series of images produced through electrical discharges on photographic film and whose result is similar to a lightning – as suggested in the title itself. As for the two last ones, they result from over one hour of exposure to light and portray movie theaters whose architecture is extravagant. The smaller version of Avalon Theatre, Catalina Island (1993) is part of the Metropolitan Museum of Art collection.
In his works, minimalist forerunner Dan Flavin follows the proposal of bringing to the exhibition space the creation of situations with architectural re-definition by means of light and color.
James Turrell, another American pioneer, is represented in the show by his research on the sensorial limits in the use of light with works whose volumes are produced through monochromatic luminous nuances.
The relativity of colors in relation to where the spectator stands is explored by the British artist who lives in Brussels artist Ann Veronica Janssens in her work Blue, red and yellow (2001). This large-scale installation takes on each one of the colors in the title according to the angle from which it is seen. The other artists are Bettina Samson, William Klein, Pierre Huyghe, Garry Fabian Miller, Isabelle Cornaro, Blair Thurman and the brothers Florian & Michael Quistrebert.
ABOUT ROESLER HOTEL
Conceived in 2004, the project started off as an exchange network: an opportunity to invite artists and curators to develop projects and showcase their works. Until today, there has been twenty-five editions, which include group shows such as Dispositivos para um mundo (im)possível (2014), curated by Luisa Duarte; Cães sem Plumas (2013), curated by Moacir dos Anjos; Dark paradise (2013), curated by Tim Goossens; Hamish Fulton (2013), curated by Alexia Tala; Buzz (2012), curated by Vik Muniz; Lo bueno y lo malo (2012), curated by Patrick Charpenel; Otras Floras (2008), curated by José Roca; as well the solo shows of Sutapa Biswas (2008), Rosário Lopez Parra (2008), José León Cerrillo (2007), Paul Ramirez Jonas (2011) and many others.
In 2012, with the expansion of Galeria Nara Roesler, the Roesler Hotel project started a new phase. It became a permanent program, simultaneous to that of the gallery, in which curators and artists are invited to collaborate. This program was conceived to foster the emergence of new ways of thinking and producing, articulating a network of artists, galleries and curators.
MATTHIEU POIRIER
French researcher and curator with a PhD in Art History from the University of Sorbonne (Paris IV), he is a guest researcher at the German Center for Art History in Paris and develops studies on art and light. He was co-curator at the Grand Palais show Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013, whose chief-curator was Serge Lemoine. He was also scientific advisor to Julio Le Parc’s retrospective show, Soleil froid, at the Palais de Tokyo (2013). He is a professor at the Paris-Sorbonne University, at the École régionale des Beaux Arts, in Rouen, and at the École européenne supérieure de l’image, in Angoulême, and also writes to different magazines, such as Der Spiegel and Le Quotidien de L’Art.
Casa Triângulo no Pivô, São Paulo
Exposição comemorativa de 25 anos da Casa Triângulo
Temos o prazer de anunciar a exposição comemorativa de 25 anos de atividades da galeria Casa Triângulo, intitulada Casa Triângulo no Pivô, no Espaço Cultural Pivô, localizado no Edifício Copan, ícone da arquitetura de Oscar Niemeyer, simbolizando um retorno ao centro de São Paulo, onde toda a história da galeria teve início.
Um dos principais eventos paralelos à SP-Arte, a exposição será composta por instalações, site-specifics e obras recentes e/ou inéditas, criadas por 25 artistas de gerações distintas, que exploram diferentes técnicas, suportes e linguagens, numa área de aproximadamente 2.000 metros quadrados.
O Pivô, local escolhido para acolher a mostra comemorativa de 25 anos da Casa Triângulo, é uma associação cultural que atua como plataforma de intercâmbio e experimentação artística, com o intuito de propor questionamentos críticos no campo da arte, arquitetura, urbanismo e outras manifestações contemporâneas, propostas que coincidem com as premissas da galeria, desde a sua inauguração, em 1988.
Artistas brasileiros participantes: Albano Afonso [São Paulo], Alex Cerveny [São Paulo], assume vivid astro focus [Rio de Janeiro/Paris], Camila Sposati [São Paulo], Daniel Acosta [Rio Grande do Sul], Eduardo Berliner [Rio de Janeiro], Flávio Cerqueira [São Paulo], Marcia Xavier [Minas Gerais], Mariana Palma [São Paulo], Nazareth Pacheco [São Paulo], Reginaldo Pereira [São Paulo], Rommulo Vieira Conceição [Bahia], Sandra Cinto [São Paulo], Tony Camargo [Paraná], Valdirlei Dias Nunes [Paraná], Vânia Mignone [São Paulo] e Yuri Firmeza [São Paulo].
Artistas estrangeiros participantes: Guillermo Mora [Espanha], Jack Strange [Inglaterra], Joana Vasconcelos [Portugal], Juliana Cerqueira Leite [Estados Unidos], Manuela Ribadeneira [Equador], Max Gómez Canle [Argentina], Pier Stockholm [Peru] e Stephen Dean [França].
A arquitetura da exposição, desenhada pelo escritório METRO, que assinou a expografia da última Bienal de São Paulo, em 2012, foi pensada de forma que cada um dos artistas tenham espaços individuais generosos, em integração total com o conjunto de obras apresentadas.
Destaques/obras na exposição:
Albano Afonso interfere na arquitetura do espaço com um painel fotográfico, da série Cristalização da Paisagem, criando uma enorme “paisagem” na retrucada arquitetura.
assume vivid astro focus [AVAF] faz uma homenagem a São Paulo, com grande instalação/site-specific no piso térreo do Pivô, que remonta duas das exposições realizadas na galeria, em 2008 e 2013.
Alex Cerveny participa com uma série de bordados feitos à mão, apresentados na Trienal Poli/Gráfica de San Juan, em Porto Rico, inéditos no Brasil.
Eduardo Berliner apresenta os desenhos originais que ilustraram o livro Esopo Fábulas Completas, lançado no final de 2013 pela Cosac & Naify, dentro do projeto de publicar clássicos da literatura mundial.
Guillermo Mora, artista jovem espanhol, mostra a escultura/instalação No consigo: expansão da obra mostrada em 2011 na galeria. Uma obra da mesma série, ganhou o prêmio Audemar Piget e foi adquirida pelo Perez Museum de Miami, durante a ARCOMadrid 2014.
Amazônia, a mais recente obra de Joana Vasconcelos, da icônica série “Valquírias”, criada especialmente para a exposição de 25 anos da Casa Triângulo, invade a escadaria do espaço Pivô como uma cachoeira de formas, texturas e cores variadas, assumindo-se como singular hino dedicado à energia criativa feminina.
Sandra Cinto vai apresentar um mural de 14 metros: um imenso mar com fundo preto e linhas brancas, que posteriormente será apresentado na exposição individual da artista no CAAM- Centro Atlántico de Arte Moderno, nas Ilhas Canárias, em junho de 2014.
Manuela Ribadeneira exibe a instalação Sobre la Direccón que Sopra el Viento, inédita no Brasil, que foi mostrada recentemente na exposição Nouvelle Vagues, evento em grande escala, organizado por 21 curadores internacionais, no Palais de Tokyo, Paris.
Serão remontadas as célebres instalações de Daniel Acosta [Arquitetura, 2010], Jack Strange [Good Haircut/Bad Haircut, 2011], Reginaldo Pereira [Abre-Alas, 2012], Rommulo Vieira Conceição [Estrutura Dissipativa/Gangorra, 2013] e os vídeos de Camila Sposati [Darvaza, 2012], Tony Camargo [3 vídeos da série VP, 2012], Stephen Dean [Pulse, 2001, que faz parte da coleção do Whitney Museum of American Art, Nova York] e Yuri Firmeza [Ação 4, 2004].
Além de trabalhos inéditos e/ou recentes de Juliana Cerqueira Leite, Mariana Palma, Max Gómez Canle, Nazareth Pacheco, Pier Stockholm, Valdirlei Dias Nunes e Vânia Mignone.
Poder provisório no MAM, São Paulo
Mostra fotográfica poder provisório mescla registros históricos e obras conceituais do acervo do MAM
Poder Provisório, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP - 01/04/2014 a 15/06/2014
Com curadoria de Eder Chiodetto, exposição reúne 86 obras que se relacionam pela questão do poder e da hierarquização da sociedade; obras conceituais dialogam com fotos documentais do artista Mauro Restiffe, do coletivo Mídia Ninja e dos fotojornalistas Orlando Brito e Alcir da Silva,entre outros
De 31 de março a 15 de junho, o MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a mostra de fotografia poder provisório, com86 obras do acervo do museu, na sala Paulo Figueiredo. Poder provisório visa a discutir a instância do poder em diferentes esferas da vida social, através de imagens documentais e obras conceituais, em sua maioria de cunho político, que utilizam a fotografia como suporte. A curadoria é de Eder Chiodetto, que também é o curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do museu.
A mostra é composta por obras realizadas nos últimos 50 anos, e busca provocar uma reflexão acerca das esferas de poder em contraponto aos problemas sociais históricos do Brasil.O recorte inclui registros como a queda das Torres Gêmeas- vistos como uma metáfora da intolerância entre culturas diversas e um ápice da crise do capitalismo -, do fotojornalista brasileiro Alcir da Silva, radicado nos EUA;uma extensa série de fotografias realizadas da década de 1970 a 1990, de Orlando Brito, que vão de imagens que revelam a ascensão de Lula, então metalúrgico,a imagens do presidente João Figueiredo no poder, guerrilha do Araguaia e a votação das diretas-já.
Também há fotos de Mauro Restiffe durante a posse de Lula, no primeiro mandato, em 2003; e até mesmo as manifestações do ano passado, registradas pelo coletivo Mídia Ninja.Permeando esses registros, há xerografias de Bené Fonteles (O dedo do metalúrgico e Corte), offset de Paulo Bruscky (Limpos e desinfetados), fotografias de Claudia Andujar (yanomamis, da série A casa), objetos de Iran do Espírito Santo (Ato único I e Ato único III), apenas para citar algumas.
Com projeto expográfico de Marta Bogéa, poder provisório é esteticamente inspirada no poema construtivo Cidade/City/Cité, de Augusto de Campos. Assim como no poema de Campos, as obras estarão dispostas numa linha contínua (não cronológica), sem espaços entre uma e outra, e com grande alternância de temas, séries e autores, colocando todas as obras e artistas em pé de igualdade. “É como uma ladainha. Uma aparente sucessão que na verdade é uma repetição enfadonha e um tanto sombria”, conta Chiodetto.
Para ver a mostra, o visitante deverá passar por um portal que dá espaço a um zigue-zague, diferente da concepção da sala original, dando lugar a uma outra arquitetura que convida a seguir a linha de fotos apresentadas, "reforçando a ideia de convulsão e entropia que salta das obras e se manifesta no espaço expositivo", diz o curador. A partir do portal, o ciclo abre e fecha com duas imagens de Alcir da Silva sobre a queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
Uma das novidades do acervo do museu, apresentadas na mostra, são três fotos das manifestações realizadas em São Paulo, em 2013, registradas pelo coletivo Mídia Ninja, cuja atuação é uma alternativa à imprensa tradicional. As transmissões do grupo são realizadas em tempo real pela internet, por meio das redes sociais, apresentando uma cobertura que leva à reflexão sobre a idoneidade da mídia tradicional. “Um museu tem que estar atento a receber novos meios e reflexões sobre a circulação da imagem”, diz Chiodetto.
No texto de curadoria, que estará disposto abaixo das imagens, acompanhando a linha contínua das fotografias, Chiodetto parte das questões de poder levantadas para interpelar várias outras instâncias de poder: "Quem diz o que pode e o que não pode entrar no acervo do Museu? Quem tem o poder de legitimar o que é ou não é arte? Quanto o mercado de arte pode lucrar com uma exposição que pontua doenças crônicas do capital?O quão legítima pode ser a crítica de um curador ao poder, se a própria curadoria é também um exercício de poder? Os bastidores da política podem ser fotografados até que ponto? Se o poder da representação se escora em pontos de vistas subjetivos quem narra a história oficial?".
Vontade Construtiva na Coleção Fadel no MAM, São Paulo
Exposição na Grande Sala reúne obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, entre outras, selecionadas pelo curador Paulo Herkenhoff na Coleção Hecilda e Sergio Fadel. Entre as novidades adquiridas exclusivamente para esta exibição estão serigrafias de Mary Vieira e pinturas dos expoentes do concretismo e neoconcretismo Judith Lauand, Alberto Teixeira, Raul Porto, Leopoldo Raimo e Maurício Nogueira Lima
Obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Amilcar de Castro, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, entre outros grandes nomes da arte nacional, todas pertencentes ao acervo de cerca de três mil obras da Coleção Hecilda e Sergio Fadel estão reunidas na mostra Vontade Construtiva na Coleção Fadel, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo abre dia 31 de março, numa nova leitura do curador Paulo Herkenhoff, e fica em cartaz até 15 de junho, com patrocínio da EDF Norte Fluminense.
Depois de inaugurar em 2013 o Museu de Arte do Rio (MAR), Vontade Construtiva na Coleção Fadel chega a São Paulo em nova versão, com 216 obras, algumas compradas exclusivamente para esta edição, como o conjunto de sete peças de serigrafia de Mary Vieira; uma tela de Judith Lauand; tela do português naturalizado brasileiro Alberto Teixeira; uma peça do vanguardista Raul Porto; um óleo sobre tela de Leopoldo Raimo e duas obras do concretista Maurício Nogueira Lima.
A exposição revela como a coligação entre os movimentos modernos e pós-modernos resultaram na edificação cultural do país, além de apresentar ao público a concepção, em sintonia com a famosa frase de Hélio Oiticica, de que existe na arte brasileira "uma vontade construtiva geral". A frase inspirou o curador a montar a exposição de uma forma ampliada do conceito construtivo, incluindo outros nomes famosos como Iberê Camargo, Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Waltercio Caldas e Abraham Palatnik.
A vontade construtivapode ser exemplificada por obras como Maternidade em círculos (1908), de Belmiro de Almeida - anterior à Semana de Arte Moderna de 1922. Também pode ser notado o construtivismo da geração modernista nos retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, feitos por Anita Malfatti; e na obras A Boneca (1928) de Tarsila do Amaral, e Roda de Samba (1929) de Di Cavalcanti.
Ao expor o movimento construtivo no Brasil, seja por experiências individuais ou movimentos coletivos, a mostra proporciona a experiência do público tanto com as primeiras aproximações das vanguardas artísticas europeias do início do século XX - quando a geometria era utilizada como indício da razão humana e modo de ordenação da realidade -, como com os desdobramentos entre os anos 1960 e 1980, quando o experimentalismo congregou questões sociopolíticas, além do conceitualismo e a revisão do modernismo.
Os movimentos concretista e neoconcretista conhecidos, respectivamente, pelo racionalismo artístico e reação à objetividade excessiva ganham vida por meio de indivíduos e coletivos, com destaque a dois núcleos distintos, criados nos anos 1950. Do paulistaRuptura, formado por artistas ligados ao concretismo, há obras de Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux e Anatol Wladislaw. Já o carioca grupo Frente, usuário da abstração geométrica, ostenta trabalhos de Ivan Serpa e Lygia Pape e obras-primas como a série Bicho (1960), de Lygia Clark; Relevo espacial, de Hélio Oiticica; e Preto Branco, de Aluísio Carvão, ambos de 1959.
Até a Segunda Guerra Mundial, o modernismo brasileiro seguia as vanguardas europeias, que giravam em torno da geometria, que ainda se mantinha como modo de ordenação da realidade e de representação do mundo. A transformação aconteceu após o fim da guerra, com a adesão de artistas, críticos e instituições à ideia da arte abstrata na vertente geométrica. A criação dos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, do MASP e da Bienal de São Paulo acelerou o diálogo internacional dos artistas brasileiros.
O início da década de 1950 passou por um processo de extensos embates estéticos. A resistência de modernistas como Mário de Andrade e Di Cavalcanti, por exemplo, à arte abstrata ganhou a aliança do Partido Comunista. No campo da arte abstrata, Waldemar Cordeiro e outros geométricos opunham-se aos informais pela falta de rigor e pelo excesso de individualismo. Os artistas abstrato-geométricos também disputavam entre si, reivindicando princípios diferentes para a organização. Esses conflitos transformaram essa década na mais complexa disputa intelectual da arte brasileira no século XX.
Do período de 1960 a 1980, que engloba a segunda geração construtiva, a mostra conta com obras influenciadas pelo contexto social, econômico e político pelo qual passavam o Brasil e a América Latina neste período, o que abrange a cultura de massa, a ditadura militar e a emancipação da mulher. Com produções inovadoras e diversificadas, artistas comoMira Schendel, Sergio Camargo, Ascânio MMM e Waltercio Caldas evidenciam a consagração do movimento construtivo na cultura brasileira.
Antonio Dias na Nara Roesler, São Paulo
Ícone da arte brasileira questiona limites da pintura em mostra na Galeria Nara Roesler
Antonio Dias, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 a 06/05/2014
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A Galeria Nara Roesler inaugura no dia 1º de abril uma mostra da produção recente de um dos ícones da arte brasileira, Antonio Dias.
As telas incluídas na seleção atestam o vigor e a atualidade do trabalho do artista, que mantém sua inquietude na pesquisa por uma pintura orgânica, viva e em consonância com o tempo presente.
Paralelamente à mostra na galeria, Antonio Dias está em cartaz na Fundação Iberê Camargo ,a partir de 13 de março, com a exposição Potência da Pintura, curada por Paulo Sergio Duarte.
Sobre as telas de Dias, a crítica Sonia Salzstein escreveu: “o conjunto de pinturas recentes de Antonio Dias mantém-se no rumo tomado pelo artista desde meados da década de 1980. São trabalhos que confirmam procedimentos característicos do que ele iniciava naquele momento". O que se vê são assemblages de telas justapostas, sobrepostas, unidas caoticamente, desconstruindo a noção bidimensional da pintura por meio de seus volumes e da irregularidade do contorno.
Mas não apenas essa alternância de enquadramento e superfície subverte o caráter pictórico tradicional: na aparente monotonia dos padrões impressos em cada um dos módulos pela pigmentação irregular, quase abandonada à própria sorte graças à deposição de materiais voláteis – pigmentos, elementos minerais, aglutinantes – Dias cria unidades cromáticas que integram o conjunto como peças de um mosaico, formando nuances visuais capciosas, a enganar o olho pelo rompimento abrupto das temperaturas de cor e das padronagens orgânicas.
Por essa pluralidade de ações convergentes, o artista complexifica o próprio procedimento pictórico, abrindo espaço ao acaso mesmo de forma consciente. Dias frustra a expectativa do olhar, num movimento que desperta o espectador acostumado à harmonia e à perfeição próprias do mundo tecnológico e industrial.
Ou ainda, novamente por Sonia Salzstein, “disso tudo geralmente resultou, como também agora, uma pintura que antagoniza o estatuto óptico e a condição vertical do quadro, embora essa pintura sempre devesse se firmar em ambos, de modo obrigatório. O antagonismo se radicaliza e chega a um impasse na produção atual, e nisto reside a relevância dessas telas no debate contemporâneo da pintura - justo no disparate notável entre a ausência de expressividade declarada em cada uma de suas superfícies e a dramaticidade sobressalente, fora de lugar, que elas terão expulsado do quadro e que, se não pode doravante pertencer a ele ou à imagem acidental que dele inevitavelmente se desprende, fica implicada, e de modo tenso, no manejo distanciado e, digamos, ‘pára-pictórico’ dos materiais pictóricos. Essa dramaticidade fora de lugar, de que se tem notícia através da espécie de ritual ensaiado de procedimentos, é, conforme se disse, o que confere enorme interesse e atualidade a esses trabalhos."
Dessa forma, seguem ativos a pesquisa e o pioneirismo que marcaram a obra do paraibano desde o início de seu envolvimento com o universo artístico, ao se radicar no Rio, no fim da década de 1950, quando teve aulas de gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961). O ano de 1966 traz a criação com maior vigor de trabalhos de cunho conceitual, como a série The Illustration of Art. Posteriormente, realiza peças que se apresentam como autorretratos, como The Art of Transference (1972) e A Fly in My Movie (1974-76). A participação do público em sua obra é, por vezes, intensamente requerida, como na instalação Faça Você Mesmo: Território Liberdade, de 1968 (integrante da 29ª Bienal de São Paulo, 2010).
Transitando pela pintura, instalação, fotografia, livro de artista, vídeo e outras técnicas, Antonio Dias é descrito pelo crítico e curador Paulo Herkenhoff como “o nexo principal entre os neoconcretos e os artistas dos anos 1970: entre Hélio Oiticica e Cildo Meireles, Lygia Clark e Tunga, os não objetos e Waltercio Caldas, não se distanciando de Ivens Machado e Iole de Freitas, ou mesmo dos que atuavam nos anos 1960 ao lado de Cildo, como Barrio, Raimundo Colares e Antonio Manuel. Dias tempera a presença da palavra entre a arte conceitual e a tradição da poesia concreta”.
Antonio Dias nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 1944, e vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Milão. Participou da Bienal de São Paulo, Brasil, nas edições de 1981, 1994, 1998 e 2010. Entre as exposições coletivas recentes estão Mitologias por procuração (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); Biografia incompleta (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brasil, 2013); América do Sul, a pop arte das contradições (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); Arte & política: enfrentamentos, combates e resistências (Memorial Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); O agora, o antes: uma síntese do acervo do MAC (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); O colecionador: vontade construtiva (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); O abrigo e o terreno (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil, 2013), Pop, realismi e politica (Galleria d'Arte Moderna e Contemporanea, Bergamo, Itália, 2013); Circuitos cruzados (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); Order, chaos, and the space between (Phoenix Art Museum, Phoenix, EUA) e Open work (Hunter College, Nova Iorque, EUA, 2013). Suas recentes mostras individuais incluem: In conversation: Hans-Michael Herzog and Antonio Dias (Museum of Fine Arts, Houston, EUA, 2012); Anywhere is my land (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2010). Possui obras em coleções públicas internacionais como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Daros Collection, Zurique, Suiça; Stadtische Galerie im Lenbachhaus, Munique, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Fondazione Marconi, MIlão, Itália; e Centro Studi e Archivio della Communicazione, Università de Parma, Itália. Sua obra está representada em coleções nacionais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói / Coleção Sattamini, Niterói; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo. Está em cartaz na Fundação Iberê Camargo com a mostra Antonio Dias – potência da pintura até 18 de maio.
Antonio Dias, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 til 06/05/2014
Brazilian art icon questions the limits of painting in a solo show at Galeria Nara Roesler
Galeria Nara Roesler will host from April 1st to May 6th a show featuring the recent production of Brazilian art icon, Antonio Dias.
The selected pieces are part of the artist’s recent production and demonstrate the strength and freshness of the work of Dias,who continues to restlessly research on anorganic painting that is alive and in consonance with the present.
The artist is also on show at Fundação Iberê Camargo with the exhibition Potência da Pintura, curated by Paulo Sergio Duarte.
About Dias’ paintings, art critic Sonia Salzstein wrote: “Antonio Dias’ recent set of paintings follow the pathchosen by the artist as of the mid-1980s. These works confirm procedures that were characteristics of what he began to do at that time."What we see are assemblages of chaotically put together juxtaposed and superimposed paintings that deconstruct the two-dimensional notion of painting by means of its volumes and its irregular contours.
Nevertheless,the alternation of framing and surface is not the only aspect that subverts the traditional pictorial quality: in the seemingly monotonous patterns printed in each module by the irregular pigmentation and almost left to their own devices as a result of the deposition of volatile material– pigments, mineral elements, agglutinants – Dias creates chromatic units that constitute a set that is similar to the pieces of a mosaic, forming deceitful visual nuances that fool the eye by abruptly rupturing color temperatures and organic patterns.
By means of this multitude of converging actions, the artist makes the pictorial procedure itself more complex, which even consciously opens space for chance to act.Dias frustrates the expectation of the gaze in a movement that awakens the spectator who is used to the harmony and the perfection typical of the industrial and technological world.
Oreven, again according to Sonia Salzstein, “all of this has resulted and still results in a painting that antagonizes the optical statute and the vertical condition of the painting, even though this painting must alwaysbe supported in both. The antagonism becomes radical and reaches an impasse in the current production, and this is why these paintings are relevant in the contemporary debate on painting –preciselythe notable paradoxbetween the absence of declared expressivity in each one of their surfaces and the excessive and misplaceddramatic feature,which they have expelled from the painting and that, since it can no longer belong to the painting or to the accidental image that inevitably is detached from it, becomes tensely involved in the distanced and, let’s say, ‘parapictorial’ useof pictorial material. This misplaced dramatic feature that is perceived by means of a sort of rehearsed ritual of procedures is, as said before, what makes these works extremely interesting and updated."
Thus, Dias’work’s research and the pioneer spirit remain active; and these features have always marked the work of this Paraíba-born artist since he became involved in the art world, when he moved to Rio, in the late 1950s, and took engraving classes with Oswaldo Goeldi (1895-1961). In 1966, his production was strongly marked by conceptual works, such as the series The Illustration of Art. Later, he created pieces that are presented as self-portraits, such as The Art of Transference (1972) andA Fly in My Movie (1974-76). The participation of the public in his work is, often, intensely required, as in the 1968 installationFaça Você Mesmo: Território Liberdade(shown at the 29th São Paulo Biennial, in 2010).
An artist who works with painting, installation, photography, artist’s book, video and other techniques, Antonio Dias is described by critic and curator Paulo Herkenhoff as “the main nexusbetween neoconcrete artists and the 1970’s artists: between Hélio Oiticica and Cildo Meireles, Lygia Clark and Tunga, the non-objects and Waltercio Caldas, while remaining close to Ivens Machado and Iole de Freitas, or even to those who worked in the 1960s together with Cildo, such as Barrio, Raimundo Colares and Antonio Manuel. Dias seasonsthepresence of the word between conceptual art and the tradition of concrete poetry.”
Antonio Dias was born in Campina Grande, Paraíba, in 1944, and lives and works in-between Rio de Janeiro and Milan. He participated in the1981, 1994, 1998 and 2010 editions of the São Paulo Biennial, Brazil. Some of his recent group shows include Mitologias por procuração (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); Biografia incompleta (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brazil, 2013); América do Sul, a pop arte das contradições (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); Arte & política: enfrentamentos, combates e resistências (Memorial Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); O agora, o antes: uma síntese do acervo do MAC (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); O colecionador: vontade construtiva (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); O abrigo e o terreno (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brazil, 2013), Pop, realismi e politica (Galleria d'Arte Moderna e Contemporanea, Bergamo, Italy, 2013); Circuitos cruzados (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); Order, chaos, and the space between (Phoenix Art Museum, Phoenix, USA) and Open work (Hunter College, New York, USA, 2013). Some of his recent solo shows include: In conversation: Hans-Michael Herzog and Antonio Dias (Museum of Fine Arts, Houston, USA, 2012); Anywhere is my land (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2010). His works are part of international public collections, such as: Museum of Modern Art, New York, USA; Ludwig Museum, Cologne, Germany; Daros Collection, Zurich, Switzerland; Stadtische Galerie im Lenbachhaus, Munich, Germany; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Fondazione Marconi, Milan, Italy; and Centro Studi e Archivio della Communicazione, Università de Parma, Italy. His work is represented in the collections of Brazilian museums, such as: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói / Coleção Sattamini, Niterói; and Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo.The exhibition Antonio Dias – potência da pintura is being held at the Fundação Iberê Camargo until May 18th.
março 26, 2014
Joana Vasconcelos na Triângulo, São Paulo
Programação especial em comemoração aos 25 anos da Casa Triângulo
Joana Vasconcelos - Casarão, Casa Triângulo, São Paulo, SP - 01/04/2014 a 10/05/2014
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A exposição Casarão marca o regresso de Joana Vasconcelos à Casa Triângulo, uma década após a sua última exposição na galeria e do êxito recente de sua participação na Bienal de Veneza. A mais jovem artista e a primeira mulher a expor em Versailles volta ao Brasil, seis anos depois de Contaminação, a monumental intervenção que apresentou na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Casarão propõe a invasão do espaço da galeria por um conjunto de animais em faiança, desenhados por um dos mais destacados artistas portugueses do séc. XIX, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905). Joana Vasconcelos apropriou-se de alguns animais do vasto bestiário Bordaliano e apresenta-os ambiguamente protegidos, ou aprisionados/domesticados, por uma sensual malha em crochê.
Equipamentos de casa de banho servem as obras Medusa e Água Viva. A primeira apresenta-se sob a forma de um pequeno lavatório onde passam e atravessam extensões de invulgares volumes em crochê. Água Viva exibe dois chuveiros instalados na parede, ligados entre si por festivas mangas têxteis, suspensas como se escapassem por onde antes veríamos cair água. São talvez as entranhas da arquitetura ou as vísceras da nossa intimidade doméstica, metamorfoseadas em têxteis desafiadores da ordem racional do espaço arquitetônico.
Três caixas – Catuaba, Delícia, e Cravo e Canela – revestidas em azulejo, encontram-se dispostas na parede, à altura do nosso olhar, tal como pinturas que outrora se exigiam serem janelas abertas ao mundo. Do seu interior, irrompem volumes têxteis abstratos; formas não reconhecíveis, mas cujos materiais, texturas e técnicas identificamos.
Sarabande desafia os limites entre pintura e escultura, corpo e paisagem, o figurativo e o abstrato. Através de uma exuberante moldura, de inspiração barroca, escapam coloridas formas em crochê que insinuam uma topografia acidentada, ou os corpos volumosos de um inusitado universo burlesco de sentido doméstico.
O popular jogo eletrônico Tetris dá nome à série onde se inscreve a obra Aquarela. Os volumes paralelepípedos, revestidos em azulejo, são atravessados e serpenteados por tubos e protuberâncias em crochê e tecidos variados. A rigidez da cerâmica é invadida por maleáveis formas orgânicas têxteis, num feliz encontro de opostos, unidos pela cor.
Casarão oferece-nos o doméstico como espaço de encontro e confronto entre o privado e o público, masculino e feminino, artesanal e industrial, cultura popular e cultura erudita. Joana Vasconcelos é a anfitriã que nos recebe neste seu lugar tão familiar, mas ironicamente desafiador de todas as rotinas programadas do cotidiano.
Joana Vasconcelos - Casarão, Casa Triângulo, São Paulo, SP - 01/04/2014 til 10/05/2014
The exhibition Casarão marks Joana Vasconcelos' return to Casa Triângulo, a decade after her last show at this gallery, and after the recent success of the exhibitions she held at Château de Versailles and at the Venice Biennale. The youngest artist and first woman to exhibit in Versailles returns to Brazil, six years after Contaminação, the monumental intervention presented at the Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Casarão proposes the invasion of the gallery's space by a group of faience animals, designed by one of the most renowned Portuguese artists of the 19th century, Rafael Bordalo Pinheiro (1846–1905). Joana Vasconcelos appropriates some of the animals belonging to Bordalo's vast bestiary, presenting them ambiguously protected, or imprisoned/domesticated, by a sensual crochet mesh.
Bathroom equipment is used in the works Medusa and Água Viva. The first presents itself in the form of a small washbasin through which extensions of unusual volumes in crochet pass and go through. Água Viva features two shower heads installed on the wall, linked together by festive textile sleeves in suspension, as if escaping from where once we would see water fall. They are perhaps the bowels of architecture or the viscera of our domestic intimacy, metamorphosed into textiles that challenge the rational order of the architectonic space.
Three boxes—Catuaba, Delícia, and Cravo e Canela—covered in azulejos (Portuguese tiles) are placed on the wall at our eyes' level, like paintings that once assumed themselves as windows, open to the world. Abstract, textile volumes burst from their interior; unrecognizable forms whose materials, textures, and techniques we, nevertheless, identify.
Sarabande blurs the borders between painting and sculpture, body and landscape, the figurative and the abstract. Through an exuberant frame, of baroque inspiration, colored crochet forms escape, insinuating an uneven terrain or voluminous bodies of an uncommon burlesque universe, of domestic sense.
The popular electronic game Tetris lends its name to the series to which the work Aquarela belongs. The parallelepipedal volumes, covered in azulejos, are crossed and serpentined by tubes and protuberances in crochet or varied types of textile. The rigidity of the ceramics is invaded by malleable organic, textile forms, in a happy encounter between opposites united by color.
Joana Vasconcelos summons and crosses apparent singularities from different popular cultures, conferring a universal range on them. Casarão—title taken from the second Brazilian soap opera broadcast in Portugal, in the 1970s, in which two Portuguese actors shone—offers us the domestic as an area of both meeting and confrontation between the private and the public, masculine and feminine, artisanal and industrial, popular and erudite culture; and Joana Vasconcelos is the hostess who welcomes us in this familiar—albeit ironically defying-place where all the programmed routines of everyday life take place.
Iberê Camargo por Lorenzo Mammì na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre
Com curadoria de Lorenzo Mammì, a mostra reúne 22 pinturas e 26 desenhos produzidos na década de 1980, a exibição do filme “Iberê Camargo: Pintura pintura” (1981), de Mario Carneiro, e a reprodução do conto assinado pelo artista “O relógio”.
No ano do centenário de um dos maiores nomes da história da arte brasileira, a Fundação Iberê Camargo abre na próxima semana a mostra que reúne uma série de pinturas produzidas pelo artista nos anos de 1980. Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo], que tem curadoria do crítico de arte Lorenzo Mammì, traz 22 telas e 26 desenhos de Iberê Camargo, a exibição do filme “Iberê Camargo: Pintura pintura” (1981), de Mario Carneiro, e a reprodução do conto assinado pelo artista “O relógio”. A exposição será aberta ao público a partir de 29 de março, às 11h, na sede da Fundação (rua Padre Cacique, 2000) e apresenta o núcleo central dessa produção, que influenciou pintores como Nuno Ramos, Ana Horta e Paulo Pasta.
A exposição, segundo Mammì, se concentra no momento da “virada” mais importante na arte e na fortuna crítica de Iberê Camargo. “Não apenas as características internas de sua obra mudaram sensivelmente, como mudou também sua recepção pública. O artista já gozava de muito prestígio. Sua carreira, no entanto, correra até então à margem dos debates estéticos mais candentes. Nos anos de 1980, ao contrário, Iberê se tornou uma figura central, tanto na atenção dos críticos como na apreciação dos jovens artistas que protagonizaram a assim chamada ‘volta à pintura’ e que reconheceram nele uma referência obrigatória”, diz o curador.
Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo] organiza de forma sistêmica uma parte significativa dessa influência, começando pela tela chamada sugestivamente de “Pintura” (1979), que marca, na visão do curador, uma passagem crucial: o aparecimento, ainda que preliminarmente de forma esquemática da figura humana, tema a que Iberê dedicara apenas algumas telas do início de sua carreira, nos anos de 1940. Mammì destaca que essa presença iria marcar sensivelmente toda a produção de Iberê até sua morte, em 1994. “A presença de fragmentos de figura humana altera fundamentalmente a relação matéria/gesto que caracterizara a pintura de Iberê das décadas anteriores. Antigamente, ela se dava inteiramente no ato de pintar. Agora, encontra seu duplo na relação, dentro do quadro, entre personagens e objetos. A autenticidade do gesto permanece a mesma, e a espessura da matéria, constantemente escavada e recoberta, está aí para testemunhá-la: não se trata de uma mise-en-scène. Mais se assemelha àqueles estados alterados de consciência em que o indivíduo vê a si mesmo à distância, como se se tratasse de um estranho”, explica Mammì.
Outros exemplos dessa relação entre personagens e objetos são destacados na mostra, principalmente na série Hora (1983/1984) – da qual sete das dez telas que compõem a sequência fazem parte da exposição. Também estarão expostas pinturas e desenhos basilares da trajetória de Iberê, como Carretéis com Figura (1984), O Relógio (1988) e Fantasmagoria (1983).
Homenagens e comemoração do centenário
Em maio, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) inaugura uma exposição em homenagem ao centenário de Iberê Camargo produzida em conjunto com a Fundação Iberê Camargo. A mostra ocupará todos os andares do espaço cultural, localizado em São Paulo.
No mesmo mês, uma mostra itinerante com coordenação de Eduardo Haesbaert vai percorrer cidades gaúchas com parte da produção de Iberê, iniciando por Bagé. As comemorações também irão contemplar o lançamento de livro biográfico e ainda a produção de um documentário com roteiro e de Marta Biavaschi, diretora de cinema que já realizou trabalhos como o documentário Actio, o filme de ficção Bola de Fogo e diversas séries para a TV.
O grande momento que marca os 100 anos de nascimento do artista acontece em 18 de novembro. A Fundação Iberê Camargo será sede de uma mostra organizada por seu Comitê Curatorial, composto por Icleia Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo Farias. “A mostra comemorativa aos 100 anos de nascimento de Iberê Camargo será organizada por problemáticas marcantes das suas obras em diferentes momentos. Pinturas, desenhos e gravuras ocuparão integralmente o espaço da Fundação, inclusive as áreas de circulação. As rampas de acesso, por exemplo, serão animadas por imagens, sons e movimentos, associados às obras presentes em cada andar”, descreve Icleia. Este inédito trabalho será produzido pelo premiado cineasta e documentarista Joel Pizzini, que já realizou filmes como Dormente, 500 Almas e Glauber Rocha, e conquistou importantes reconhecimentos como o Prêmio Internacional de Cinema da Bahia e o Prêmio de Melhor Filme do Festival de Cinema de Brasília.
“Trabalhos nunca expostos ampliarão o conhecimento sobre o pintor. Longe de uma mostra comemorativa tradicional e ordenada cronologicamente, esta exposição colocará em diálogo as obras de Iberê com os de artistas brasileiros contemporâneos, ensejando novos enfoques e questionamentos sobre o seu legado artístico e sua importância atual”, explica Icleia.
Mais sobre o artista
Iberê Camargo é um dos maiores pintores de sua geração. “Desenvolvendo sua obra dos anos 1940 a 1994, quando faleceu, ele marcou a modernidade da segunda metade do século XX no Brasil. Seus trabalhos, absolutamente pessoais, desenvolveram uma figuração muito próxima das formas abstratas. Destacam-se os temas dos Carretéis, dos Núcleos, das Expansões, dos Dados. Suas pinturas, desenhos e gravuras o distinguiram no panorama nacional como um artista múltiplo e de excelência em tudo o que fazia. Na pintura destaca-se a qualidade matérica, criando massas de tinta, com um domínio absoluto da cor e da forma. Ao retornar, nos anos 1980, a uma figuração mais reconhecível em telas monumentais, Iberê despertou a atenção dos novos pintores que despontavam no Brasil, agrupados sob a denominação de Geração 80. Sua obra passou a um novo momento de valorização, que se concretizou anos mais tarde com a criação da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Esta se ocupa prioritariamente, da guarda, conservação e exposição do seu acervo, além de realizar paralelamente outras atividades artísticas e de formação”, destaca Icleia Cattani.
O artista também se dedicou à literatura. Em 1988, publicou contos novos e antigos no volume “No Andar do Tempo”. Após a sua morte, ainda haveria a publicação de prosas autobiográficas reunidas em “Gaveta dos Guardados” (1998). Icleia recorda ainda da importante influência que o artista teve na formação de novos artistas. “Iberê também desenvolveu, é importante lembrar, um grande papel como formador de jovens artistas. A estes, não impunha seu estilo nem sua forma de pensar a arte. Discutia, argumentava, mostrava, mas, ao mesmo tempo, encorajava-os sempre a seguir seu próprio caminho. Por isso não existem hoje “discípulos” de Iberê, mas artistas de primeira grandeza que passaram por seu ensino, fugaz ou longamente. Entre estes, estão Carlos Vergara, Carlos Zílio, Regina Silveira e vários outros. Muitos afirmam que o mais importante para eles, do Iberê professor, foi sua atitude radical como artista face ao mundo”, finaliza a curadora.
março 25, 2014
Fabian Marcaccio na Casa Daros, Rio de Janeiro
Exposição abre início de temporada dedicada à pintura. Aobra de cerca de 100 metros de extensão por quatro de altura do artista argentino radicado em Nova York vai percorrer os espaços expositivos da instituição de Botafogo.
Fabian Marcaccio - Paintant Stories, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 29/03/2014 a 10/08/2014
A Casa Daros apresenta a partir de 28 de março de 2014para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Fabian Marcaccio – Paintant Stories”, com curadoria de Hans-Michael Herzog, que traz a obra homônima do artista nascido em 1963 em Rosario, Argentina, e radicado desde os 22 anos em Nova York. “Paintant Stories” (“Histórias Pintantes”), pertencente à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, Suíça, tem cerca de 100 metros contínuos de extensão e quatro metros de altura, nunca foi exibida nas Américas, e será montada de modo a percorrer sinuosamente os espaços expositivos do primeiro andar da Casa Daros. Em um dado momento, a obra “atravessará” a parede externa, e cruzará, suspensa, o pátio interno da instituição, tendo, neste trecho, dupla face, podendo ser vista tanto de dentro como de fora.
O artista chegará ao Rio duas semanas antes da abertura para fazer, na própria Casa Daros, esta parte da obra – cerca de 14 metros de comprimento por quatro de altura – que ficará visível para o espectador que estiver no pátio. “Para mim, acho que este será meu momento preferido, esta parte em que a peça salta para o pátio, porque você poderá vê-la através das janelas, e ao mesmo tempo ver as pessoas no pátio olhando para a obra. Gosto de pensar que esta será uma área comunal, como um anfiteatro, e estou muito animado por conta disso“, diz o artista.
A exposição “Fabian Marcaccio – Paintant Stories” inaugura uma temporada dedicada à pintura, com exposições que vão reunir artistas de diferentes gerações e países. Durante o período de exibição de “Paintant Stories”, a Casa Daros vai abrigar as mostras “Luiz Zerbini – Pinturas”, de 25 de abril a 25 de maio, “Guillermo Kuitca + Eduardo Berliner – Pinturas”, de 30 de maio a 29 de junho, e “Vânia Mignone + René Francisco – Pinturas”, de 4 de julho a 10 de agosto de 2014.
“Paintant Stories“, criada em 2000,se destaca na pesquisa que o artista chama de “environmental painting”, que ocupa uma presença no espaço, como uma instalação pictórica. Este trabalho envolve um complexo processo criativo, que une pintura digital – criada pelo artista no computador, a partir de uma impressionante coleta de imagens tanto na internet quanto com a digitalização de fotografias e objetos – com pintura feita com vários materiais, como polímeros, resinas e silicones, e diversos tipos de tinta. “Poderia dizer que é como se tricotasse um suéter, ponto por ponto, tricotando a imagem, os materiais, no computador”, compara ele como se criasse pixels, um a um, com as imagens que serão impressas diretamente na tela, no que ele chama de mapa digital. Depois, diretamente na tela já impressa e estruturada em madeira no local onde é esticada como uma pintura normal, algumas partes da obra serão trabalhadas pelo artista com pintura em silicone, a óleo, e polímeros. “Com os polímeros eu tenho um processo escultórico, pois faço um molde com diferentes cópias. Então o resultado está entre a pintura e a escultura”, diz. “Para mim, pintura é interessante porque pode combinar muitas coisas”, diz Marcaccio.
PINTURA EXPANDIDA
O processo de Marcaccio parte de uma pequena ideia, “que vai se desenvolvendo até ser uma ideia completa, uma história, mas sempre uma ideia em aberto”. “É como uma metáfora de um crescimento biológico, em que a partir de um ponto vai se se desenvolvendo, crescendo, dez metros, mais dez metros”, diz. Ele esclarece que sempre trabalha na proporção 1:1, em relação à peça que quer fazer. “Não é um blow-up, como os imensos anúncios na rua”. “Quero criar uma pintura tão rica e tão cheia de conteúdo como a internet mesma”, acentua. Ele diz ainda buscar “expandir as possibilidades próprias da pintura”.
Ele diz que uma das coisas de que mais gosta é “esta complexidade da pintura, a pintura na modernidade”. “As pessoas falam de formalismo, pintura conceitual, mas eu estou mais interessado no que gosto de chamar de complexidade da pintura. Nós estamos acostumados ao minimalismo, agora temos o macromalismo. A pintura tem que, neste século 21, realmente engajar o espectador, mais do que a pintura feita no passado.
HISTÓRIAS PINTANTES
Hans-Michael Herzog observa que em “Paintant Stories” um fato fascinante é que nenhum espectador será capaz de ver, de conceber, de entender a obra a partir de um único olhar. “Quando a vi na primeira vez, comecei a apreendê-la a uma distância, digamos, de três metros. Depois, eu a segui inteira, mas não pude ver tudo ao mesmo tempo e, terminado o percurso, encontrei-me de novo no ponto inicial. Eu me aproximo e leio outras partes. E pela terceira vez a olho de uma distância de dez metros e vejo uma obra totalmente diferente”, comenta. Por seu tamanho, sua densidade e riqueza de elementos, o curador brinca que quase se “poderia anunciá-la nos Recordes Mundiais do Guinness, como a maior da história da pintura”...
“As pessoas podem construir sua própria narrativa”, afirma Marcaccio. Ele ressalta, entretanto, que “não se trata de um mural histórico ou religioso em uma capela, onde se tenha uma clara linha narrativa, linear”. “É uma gama de possibilidades, onde se transita entre o micro e o macro, onde você constrói sua própria história. Neste sentido, ‘Paintant Stories’ é mais liberal, mais democrática do que um filme, que segue em movimento contínuo. Em minha pintura, você pode voltar um pouco, voltar até o começo, olhar um pequeno detalhe”. Para Marcaccio, este movimento do espectador passa a ser outro “leitmotiv”, o fio condutor do trabalho.
Hans-Michael Herzog vê também uma estrutura sinfônica no trabalho, e Marcaccio concorda, dizendo que há a “ideia do ritornello, de que um tema retorna, a ideia de eco, vibração, reverberação, amplificação”.
PAINTING LAB
Em uma sala, o público poderá ver o processo criativo do artista, em suas várias etapas, em mesas que conterão as partes de sua “pintura total”.
PROGRAMA DIÁLOGOS: FABIAN MARCACCIO
No dia 29 de março de 2014, o artista Fabian Marcaccio irá falar sobre seu trabalho em uma conversa aberta ao público, com entrada gratuita, às 17h, no auditório da Casa Daros, com retirada de senhas na recepção uma hora antes.
TRAJETÓRIA – DOCUMENTA DE KASSEL
Fabian Marcaccio tem uma extensa trajetória no circuito da arte, e já expôs em diversos lugares nos Estados Unidos, na Europa e na América do Sul. Em 2004, o Kunstmuseum Liechtenstein organizou uma retrospectiva de sua obra, no mesmo ano em que uma exposição individual foi montada no Miami Art Museum. Participou de diversas exposições coletivas, como a 44ª Bienal de Pintura Americana Contemporânea, Corcoran Gallery of Art, Washington, DC em 1995, Summer Projects no PS1 Contemporary Art Center, Nova York, em 2002, e Documenta 11, Kassel, Alemanha, em 2002. Ele expõe regularmente em galerias de Nova York, Los Angeles, Berlim, Paris, Colônia, e Barcelona.
No Brasil, fez apenas uma individual, em 1996, na então galeria Camargo Vilaça, em São Paulo, e participou de três exposições coletivas, “Camargo Vilaça BIS”, no Studio Segall, em São Paulo, também em 1996, “Grito”, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, em 1997, e “Rotativa”, na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, em 2001.
“Paintant Stories” foi exibida pela primeira vez em 2000, em Stuttgart, na Alemanha, onde teve uma montagem que circundava completamente o espectador. No mesmo ano, foi mostrada na cidade alemã de Colônia, em que a pintura saía e voltava para dentro do museu. Em 2005, no espaço expositivo que a Coleção Daros Latinamerica mantinha em Zurique, a obra ganhou, com curadoria de Hans-Michael Herzog, uma montagem que para Marcaccio foi “totalmente diferente, dinâmica, onde se podia fazer um circuito sinuoso, em todo o espaço”.
março 21, 2014
Marcelo Solá na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Luciana Caravello Arte Contemporânea apresenta a partir de 27 de março de 2014 para convidados e para o dia seguinte para o público, a exposição “Marcelo Solá – amor e agressividade“, com 11 pinturas inéditas do artista, com tamanhos em média de 150 x 150 cm, que vão ocupar o térreo da galeria.
O artista nascido em 1971, em Goiânia, é sobretu¬do um desenhista que utiliza vários materiais em seu trabalho: grafite, óleo, esmalte sintético e spray. Outra característica de sua produção, que o destaca no panorama do desenho contemporâneo brasileiro, é o uso de palavras e números.
O crítico de artes Agnaldo Farias destaca em seu texto “Marcelo Solá – amor e agressividade” que “lançamos nossas ideias nos papéis, desenhamos sobre a areia, cravamos nossos nomes em árvores e pedras movidos pelo atávico desejo de estar e permanecer além dos nossos próprios corpos. É esse impulso ancestral que Marcelo Solá toma para si e atualiza. E o realiza fazendo uso da equivalência dos gestos, de um entendimento agressivo de que palavras e frases escritas, silhuetas esboçadas através de linhas de contorno, rendilhados ornamentais, estruturas que enunciam volumes no espaço tridimensional, tudo isso pertence ao âmbito do desenho, tudo isso tem a ver com o gesto gráfico, com a prática de um exercício cuja invenção significou nossa própria invenção.”
Farias observa a respeito desta nova série de pinturas de Solá que “há formas arquitetônicas, algumas nítidas outras embaralhadas, que se despacham para o fundo, abrindo perspectivas no plano escuro; há silhuetas e rabiscos, contornos retráteis que se encolhem ou se exaltam em reverberações semelhantes às que encontramos à tona dos lagos; há palavras, letras e números, sentenças variáveis, datas e lugares, que nos levam a espaços mentais e temporais, fazendo-nos deslizar em outros sentidos, como é típico da linguagem escrita; há, por fim, o plano chapado das cores, a expansividade do vermelho e do amarelo, a iridescência do dourado, o retraimento do azul e do violeta, invadindo o espaço que separa nosso olhar da folha de papel ou puxando-nos para o seu interior. Tudo sempre muito agressivo, sempre sórdido, mas também sempre amoroso.”
Marcelo Solá nasceu em 1971 em Goiânia, onde reside e trabalha. Desenha desde criança. Em 1990, com 19 anos de idade, conquistou o Prêmio de Viagem a Paris na II Bienal de Artes de Goiás. Em 1995 recebeu o Prêmio Aquisição no XV Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro, e, no ano seguinte participou do projeto “Antártica Artes com a Folha”, mostra paralela à XXIII Bienal de São Paulo. Solá já realizou 20 individuais, e participou de importantes coletivas como a realizada no The Drawing Center, em Nova York, em 2001, a XXV Bienal Internacional de São Paulo, em 2002, “Novas Aquisições Coleção Gilberto Chateaubriand”, no Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro, em 2004, e “Heteronímia Brasil”, em Madri, em 2008, entre outras diversas, também em Buenos Aires e Bruxelas.
Hudinilson Jr. na Jaqueline Martins, São Paulo
Exposição panorâmica sobre 40 anos de produção de Hudinilson Jr. ocupa a Galeria Jaqueline Martins
Exposição explora a discussão crítica da moral e da política na produção de Hudinilson Jr.
Hudinilson Jr. - Posição amorosa, Galeria Jaqueline Martins, São Paulo, SP - 26/03/2014 a 10/05/2014
A Galeria Jaqueline Martins abre em 25/03/14, às 19h, uma exposição panorâmica sobre a produção do artista Hudinilson Jr., falecido em agosto de 2013, quando sua obra se voltava aos olhos de importantes instituições nacionais e internacionais. Com curadoria de Marcio Harum, a mostra intitulada “Posição Amorosa” (em caixa alta a pedido do curador), é composta por uma série de trabalhos que percorrem a trajetória artística deste importante artista paulistano. São obras criadas desde os anos 1970, que abordam uma diversidade temas, materiais e suportes. Nesta exposição, o curador reúne uma série de desenhos, pinturas, mail-art (arte postal), graffiti e xerografia (arte xerox), muitos deles inéditos. Pela primeira vez, também,será exibida uma série de peças escultóricas têxteis, espécie de esculturas, em que o artista engomava e pintava as próprias vestes.
Hudinilson Jr. é nome de referência para o grafite brasileiro e um dos poucos artistas francamente identificados à marginalidade, ao underground e a arte homoerótica no Brasil, através dos meios de comunicações, da poética do corpo e da intervenção urbana, suas obras discutem e criticam a moral e a política.
Sobre o artista
Hudinilson Jr. é nome de referência para o grafite brasileiro e um dos poucos artistas francamente identificados à arte homoerótica no Brasil.A produção de Hudinilson Jr. é considerada marginal e underground, através dos meios de comunicações, da poética do corpo e da intervenção urbana, suas obras discutem e criticam a moral e a política.
Experimentou múltiplas expressões artísticas como desenho, pintura, mail-art (arte postal), graffiti, xerografia (arte xerox), performance e intervenções urbanas, nas quais o corpo humano masculino, o erotismo e o prazer são temas recorrentes. Seus trabalhos geralmente contêm nus masculinos frontais ou se apropriam de fotos e desenhos do universo gay e pornô.
Por muitos anos sua obra foi ignorada por museus e galerias, por ter proferido formas de democratização da arte surgida nos anos 1960, como a “mail art”, a “mídia xerox”, a apropriação de imagens em colagens e o próprio grafite mural. Desde 2011, a Galeria Jaqueline Martins passou a representar o artista e sua obra voltou a ser exposta em museus, galerias, inclusive no destacado Museu Reina Sofia, de Madri. A valorização sobre sua produção era uma questão de tempo.
Ainda estudante do curso de artes plásticas da FAAP, protestava contra a ditadura no Brasil com os amigos Mário Ramiro (1957) e Rafael França (1957 - 1991). Em 1979, funda o grupo 3nós3, com França e Ramiro que até 1982 modificavam o ambiente urbano e arquitetural, realizando intervenções artísticas na paisagem urbana de São Paulo. O grupo encapuzou estátuas públicas, lacraram portas de galerias de arte e atormentaram os militares e os donos de galerias de artes plásticas de São Paulo. Hudinilson foi um dos mais exímios artistas da colagem e misturava referências dos universos pop e homoerótico à sua história pessoal.
A partir de 1982, inicia a série Exercícios de Me Ver, que consiste na reprodução xerográfica de partes do próprio corpo, com exposições na Galeria Chaves, Porto Alegre, e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP em 1983. Seus trabalhos em graffiti, utilizando estêncil, são elaborados desde meados da década de 1980, no mesmo período, conhece Alex Vallauri (1949 - 1987), de quem recebe orientações e o acompanha em alguns trabalhos. Em 1984 participa da 1ª Bienal de Havana e da exposição Arte Xerox Brasil, na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp, da qual é o curador. Expõe na 18ª Bienal Internacional de São Paulo em 1985 e na 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em 2002. Esquecido e odiado pelo mercado de arte local, foi resgatado pela galerista Jaqueline Martins, que já realizou duas exposições com ele em São Paulo. Suas obras foram o destaque da galeria na feira ARCO, em Madri, despertando a atenção de instituições internacionais.
Crítica
Enquanto o mundo está preocupado com o neo-pós-tudo, Hudinilson Jr. se copia. Com olhos de Narciso ele se debruça sobre a máquina de xerox e registra as partes de seu corpo. Num ato sensual, separa tronco, pernas, braços, sexo, para depois, num ato único, juntá-los ou trabalhar cada parte sobre um suporte que pode ser colagem, objeto, grafite ou mesmo xerox. Ex-integrante do grupo Três Nós Três, lacrou portas de galerias, ensacou monumentos e fez várias intervenções urbanas. Agora, envolvido com o universo de Narciso, Hudinilson iniciou a busca de si mesmo, na projeção do outro (...) Como uma criança que descobre o prazer de brincar com o espelho que lhe devolve a própria imagem, Hudinilson Jr. joga com as imagens tendo Narciso como pulsação central. (...) A busca de Hudinilson na projeção do outro nunca se refletiu no mercado de arte. Dark, muito antes de ser deflagrado o movimento no Brasil, ele sempre se manteve paralelo ao circuito. Uma imposição sustentada em nome não se sabe de quê. Talvez, ainda continue pertencendo à matilha de um Robert Malaval, o irreverente artista francês, que só depois da morte trágica em 80, teve aberta a porta do MAM de Paris. Ou de um Klaus Schwarz, um transexual berlinense, autor das melhores performances alemãs atuais, mas que só consegue exibi-las em bares underground.
março 19, 2014
Renata Lucas na Luisa Strina, São Paulo
Renata Lucas - [ ], Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 24/03/2014 a 26/04/2014
Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar a exposição individual de Renata Lucas. O trabalho da artista muitas vezes toma a forma de intervenções arquitetônicas dentro do ambiente de galeria e seus arredores. Estes deslocamentos reorientam a mente do espectador, subvertendo o esperado. Como resultado, o público é engajado coletivamente, criando uma nova experiência social.
A exposição de Renata Lucas na Galeria Luisa Strina será dividida em duas partes. A primeira delas, que inaugura no próximo sábado 22 de março, usa o espaço da galeria como uma maquete, dividindo-o em seus elementos arquitetônicos básicos, que geram um novo movimento dinâmico pelo espaço. A segunda será o lançamento do Galpão Luisa Strina [ ], que faz parte do " Museu do homem diagonal ", um programa de projetos que se desenrolarão ao longo de todo este ano, em parceria com o Absolut Art Award.
Renata Lucas nasceu em Ribeirão Preto, São Paulo, em 1971. Ela é mestre pela UNICAMP (Universidade de Campinas ), e doutora pela Universidade de São Paulo (2008). Em 2013, Renata Lucas recebeu o Prêmio Absolut Art Award. Anteriormente, participou de exposições coletivas em Inhotim (2012); dOCUMENTA (13), Kassel / Kabul (2012); Bienal de Istambul (2012); la Biennale di Venezia (2009 ) e Tate Modern (2007). Suas exposições individuais incluem Peep-Hole, Milan ( 2011), o Instituto de Arte Contemporânea KW, Berlim (2010) e Gasworks, Londres (2007) . Desde 2007, Lucas vive no Rio de Janeiro, e divide seu tempo entre Rio, São Paulo e uma série de residências no exterior, incluindo Londres, Estocolmo, Berlim e São Francisco.
março 18, 2014
Marine Hugonnier na Fortes Vilaça, São Paulo
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Temos o prazer de apresentar a exposição A Abelha, o Papagaio e a Onça da artista francesa Marine Hugonnier, que retorna à São Paulo para sua segunda individual na Galeria Fortes Vilaça. A mostra apresenta um filme, fotografias e esculturas que partem de pesquisa da artista sobre maneiras de abordar, compreender, e conviver com a natureza e os sistemas de representação que nossa sociedade criou para esta.
No filme Apicula Enigma, Marine desconstrói a linguagem corrente do “documentário de vida selvagem” ao usar recursos técnicos do cinema para se aproximar da verdade fatual da uma colmeia. Partindo de pesquisa sobre mitologias ocidentais associadas as abelhas, incluindo os livros A Vida das Abelhas (1910) de Maurice Maeterlink, Dos Animais e dos Homens de J.V Uexkull e também de filmes que vão de Eadweard Muybridge e Etienne-Jules Marey às histórias infantis de Walt Disney, a artista procurou filmar o espaço entre as abelhas e a equipe de filmagem, o estar na presença das abelhas, ao invés de humanizar a sociedade apícula usando-a como uma parábola para nossa sociedade. O filme é uma maneira de procurar a exata distância em que o mundo animal ainda mantêm o seu mistério.
Nesta mostra, Hugonnier considera a figura do papagaio como a de um animal aculturado, já que tem a habilidade de falar. A ideia de poder incluir um animal no contexto público por sua capacidade de comunicação é a base para a performance que acontecerá na abertura da exposição, onde um papagaio vai interagir com os visitantes. É também base para seu próximo filme, The Parrot Case (O caso do Papagaio), adaptação da história real sobre um papagaio que presenciou um assassinato e depois foi usado como testemunha chave no julgamento. Três objetos são ressignificados por um carimbo com as palavras "Union Pour La Cinegenie"(União pela Cinegenia). Esta união é um grupo informal criado por Hugonnier e Manon De Boer, com o propósito de definir a palavra inventada “cinegenia”. As obras que levam o carimbo são uma gravura do século XVIII, An Assembly of Animals (Uma Assembleia de Animais), um livro-colagem e um anúncio antigo do carro Jaguar que assim formam um tipo de coleção de exemplos que podem definir esta qualidade especial ou que simplesmente devem ser consideradas por suas qualidades cinemáticas.
A terceira parte da exposição é baseada na pesquisa e conceitos delineados por Eduardo Viveiros de Castro: a perspectiva ameríndia em que existe somente uma humanidade da qual os animais também fazem parte. A noção ameríndia expande assim a ideia de subjetividade para uma não diferenciação entre humanos e animais. Dentro desta diferente concepção ontológica, a realidade e o ponto de vista de um animal, como a onça, pode ser apreendida e compartilhada. Ter uma outra perspectiva da mesma realidade é um dos intuitos dos rituais xamânicos praticados pelos povos habitantes da região amazônica. Neste contexto, a artista apresenta a série de esculturas abstratas Anima, que são objetos móveis. O título faz referência as palavras: alma ou espírito ou psyche (tradução grega). Estas obras estão posicionadas em bases espelhadas nas quais o reflexo agrupa o espectador, seu entorno e a escultura em si, criando um único corpo.
Em Anima(L), a escultura abstrata é acompanhada pela a fotografia de um animal criando assim uma nova relação. Ao lado desta, a artista intervêm com folhas de ouro em uma escultura “ready made” que representa um xamã virando uma onça. Dois grandes luminogramas compõem a exposição, os trabalhos que são feito de papel fotossensível exposto à um lugar e período determinado, resultando em imagens quase monocromáticas, sendo a simples emanação do calor e elementos presentes no ambiente.
Esta exposição considera diferentes tipos de concepções ontológicas sobre humanos e animais e assim questiona dicotomias tradicionais modernas; a divisão entre Natureza e Cultura, Sujeito e Objeto e os modos de produção e troca que estes sistemas de pensamento implicam.
Marine Hugonnier nasceu em Paris, França em 1969 e vive e trabalha em Londres. Entre suas recentes exposições individuais podemos destacar: Chateau D’Angers, França (2014); Sainsbury Centre for Visual Arts, Norwich, UK (2013); FRAC Champagne-Ardenne, Reims, França (2009); Malmö Konsthall, Suécia (2009); Kunstverein Braunschweig, Alemanha (2009); Musée D’Art Moderne et Contemporain MAMCO, Geneva, Suiça (2008); S.M.A.K. Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gent, Bélgica (2007); Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, EUA (2007). Sua obra está presente em importantes coleções como: Thyssen-Bornemisza Contemporary Art Foundation, Viena; National Gallery of Art, Washington DC; Musée d’art Moderne de la Ville de Paris; MOMA, New York; MACBA, Barcelona; Jumex Collection, Cidade do México; Reina Sofia, Madrid; Instituto Inhotim, Brumadinho; entre outros.
We are pleased to present the exhibition The Bee, the Parrot and the Jaguar by French artist Marine Hugonnier, who is returning to São Paulo for her second solo show at Galeria Fortes Vilaça. The show features a film along with photographs and sculptures which are a continuation of a research about ways to approachtheanimal world and nature and the systems of representation that we have created of them.
In the film Apicula Enigma [The Bee Enigma], Marine deconstructs the chain of the “wildlife documentary” by using technical resources from cinema to approach the factual truth of a beehive. Based on research into Western mythologies associated with bees, including the books The Life of Bees (1910) by Maurice Maeterlink and A Foray into the World of Animals and Men by J.V Uexkull, as well as works spanning from Eadweard Muybridge and Etienne-Jules Marey to children’s stories by Walt Disney, the artist sought to film the space between the bees and the film crew, the experience of being in the presence of the bees, instead of humanizing the bee society and using it as an allegory for our society. The film is a means of seeking the distance at which the animal world keeps its enigma.
Hugonnier considers the figure of the parrot as a cultured animal, since it has the ability of speech. The idea to include an animal in a public context for its capacity to communicate is the basis for the performance that will take place during the opening of the exhibition, wherea parrot will interact with the audience. This performance, which is in reference to Marcel Broodthaers, announces her next feature film project, The Parrot Case,which is an adaptation of the true story of a parrot that saw a murder and was thentaken to court as a key witness.
In the show, the artist intervened on three objects by stamping the words "Union Pour La Cinegenie"(Union for Cinegenie). This union is an informal group created by Hugonnier and Manon De Boer with the purpose to define the made up word "cinegenie". This three objects; an 18th century etching, a collage book and a vintage jaguar car advertisement are examples that help define that very special quality, “La Cinegenie”,or are to be considered for their cinematic qualities.
The third part of the show is based on Eduardo Viveiros de Castro's field of research and concept: the Amerindian perspective wherein there exists just one humanity of which the animals also take part. This Amerindian notion extends the idea of subjectivity to a non-differentiation between humans and animals. In this different ontological conception, the reality and viewpoint of an animal, like a jaguar, can be grasped and shared. Having another perspective of the same reality is one of the aims of the shamanic rituals practiced by the indigenous people of the Amazonia region. In this context, the artist presents a series of abstract sculptures entitled Anima, which are moveable objects. The title refers to the words: soul or spirit or psyche. These works are installed on mirrored pedestals which reflection brings together the viewer, his surrounding and the sculpture to form one new body.
In Anima(L), theAnima abstract sculpture is accompanied by an image of a animal creating a new relation. These works are about the desire to subjectify objects and are a reinterpretation of the idea of animism in our contemporary world.Next to these is a ready made sculpture of a Were Jaguar which is a representation of a shaman becoming a jaguar - a common subject in high lands of South America, which the artist has enhanced with gold leaf. Two large luminograms made with photosensitive paper are emanations of the heat and the elements present in a chosen environment, resulting in almost monochromes images.
This show considers different kind of ontological conceptions of humans and animals and to do so questions the traditional dichotomies of modernity; the division between Nature and Culture, Subject and Object and the modes of productions and exchanges that these systems of thoughts imply.
Marine Hugonnier was born in Paris, France, in 1969 and lives and works in London. Among her recent solo shows, we can highlight the ones held at Sainsbury Centre for Visual Arts, Norwich, UK (2013); FRAC Champagne-Ardenne, Reims, France (2009); Malmö Konsthall, Sweden (2009); KunstvereinBraunschweig, Germany (2009); MuséeD’ArtModerne et Contemporain MAMCO, Geneva, Switzerland (2008); S.M.A.K. Stedelijk Museum voorActueleKunst, Gent, Belgium (2007); and Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, USA (2007). Her work figures in important collections such as those of Thyssen-Bornemisza Contemporary Art Foundation, Vienna; National Gallery of Art, Washington DC; Musée d’art Moderne de la Ville de Paris; MoMA, New York; MACBA, Barcelona; Jumex Collection, Mexico City; Reina Sofia, Madrid; InstitutoInhotim, Brumadinho; and others.
Carlos Cruz-Diez na Casa Daros, Rio de Janeiro
A Casa Daros faz uma programação especial em torno do artista Carlos Cruz-Diez, um dos pioneiros da arte cinética, com uma exposição sobre sua pesquisa com a cor, e a intervenção urbana “Pasos Peatonales”.
A Casa Daros apresenta a exposição “Didática e a Dialética da Cor”, que vai detalhar para o público a pesquisa sobre a cor feita pelo artista Carlos Cruz-Diez, um dos pioneiros da arte cinética, nascido em 1923 em Caracas, e radicado desde 1960 em Paris. A pesquisa sobre a cor é um dos elementos centrais da obra do artista, que afirma que“a cor, ao atuar com o observador, se converte em um acontecimento autônomo, capaz de invadir o espaço sem ajuda da forma, sem narrativas, desprovido de símbolos”.
A pesquisa sobre a cor deu origem a emblemáticas séries de Carlos Cruz-Diez, como as estruturas espaciais “Chromostructure”, ou o que chama de “acontecimentos espaciais”, presente nos trabalhos “Physichromie”, “Transchromie”, “InductionChromatique”, “CouleurAdditive”, e “Chromosaturation”.
A exposição vai abranger cerca de 50 painéis com imagens e ilustrações, o documentário “Carlos Cruz-Diez– avida em cores”, de Oscar Lucien, e um aplicativo interativo desenvolvido pelo artista para tablets e celulares, que será visto pelo público em um tablet. A mostra traz ainda cinco desenhos do artista, em acrílica sobrepapel, com 40cm x 40cm, do álbum “Color aditivo – didactica y dialecticadel color”, de 1959, pertencentes ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Cruz-Diez descreve a si mesmo como um artista que pratica a disciplina do investigador. “Em minhas obras, nada foi feito ao acaso; tudo está previsto, programado e codificado. A liberdade e o afeto só contam na hora de eleger e combinar as cores, tarefa à qual imponho uma única restrição: ser eficaz no que quero dizer. É uma integração do racional e o afetivo. Eu não me inspiro, eu reflito”.
Ao longo da exposição, em data ainda a ser definida, será realizada a intervenção efêmera “Pasos Peatonales” (“Faixas de pedestres”), em frente à Casa Daros, e no cruzamento das ruas General Severiano e da Passagem. Cruz-Diez afirma que “as ruas são suportes ideais para trabalhos efêmeros não-institucionais”. “O artista pode criar para o transeunte o impacto de situações de carinhos, surpresa, divertimento e ruptura pela excitação de sua imaginação”, diz. Ele iniciou essas intervenções em faixas de pedestres em 1975, e até o momento já realizou diferentes instalações nas cidades de Caracas, Cáli e Barranquilha, na Colômbia, Marselha, na França, Houston e Miami, nos EUA, Colchester, Inglaterra, e na Cidade do México. No Brasil, versões deste trabalho foram realizadas em Fortaleza, em 1986, por ocasião da Primeira Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, e na 20ª Bienal de São Paulo, em 1989.
março 14, 2014
Cristina Salgado e Renata de Bonis na Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
A próxima exposição da artista Renata De Bonis (São Paulo, 1984) diz respeito a uma experiência recente que teve de residência por alguns meses na Islândia. Esse país, por vezes utilizado na cultura contemporânea como um ícone daquilo que poderia ser um espaço muito diferente do Brasil - gélido, pequenino e com paisagens espetaculares que ecoam os tons da pintura romântica do século XIX – foi recodificado pela experiência da artista. Ao observarmos sua trajetória, é possível associar sua produção à articulação entre pintura, paisagem e deslocamento. Ao observarmos sua nova série de trabalhos aqui reunidos na exposição de nome “Uma pedra por dia”, talvez possamos perceber uma nova nuance de sua prática, ou seja, de imagens que davam conta da amplitude de um espaço (natural ou doméstico), sua atenção agora se volta para detritos, pedras coletadas “no meio do caminho”. Esse pode ser considerado, então, um momento para que o público e a crítica apreciem as novas pinceladas inquietas dessa paleta que se repete, mas de nenhuma forma entedia o nosso olhar.
Sobre a artista
Renata De Bonis nasceu em 1984, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se no curso e Artes Plásticas da FAAP-SP em 2006. Embora resida em São Paulo, é na busca de espaços e temas distantes do meio urbano que a artista encontra suas principais referências pictóricas. Em suas telas, paisagens silenciososas e cores neutras nos remetem a situações de solidão e vazio existencial. Em busca de paisagens ermas para desenvolver seu trabalho, Renata viajou pelo mundo. Em 2009, passou uma temporada no deserto da Califórnia, frequentando parques nacionais como o de Joshua Tree. Em 2013 morou na Islândia buscando paisagens inóspitas para desenvolver suas pinturas. O uso opaco da tinta a óleo com cera e a paleta de cinzas lúridos estabelecem a melancolia e a ressonância lúgubre de suas imagens, equilibradas pela tensão sutil na passagem de tons, entre os planos da pintura.
A exposição “A mãe contempla o mar“, de Cristina Salgado que será apresentada no espaço anexo da galeria laura marsiaj a partir do dia 18 de março de 2014, se compõe de objetos realizados entre 1999 e 2002 e desenhos inéditos produzidos entre 2001 e 2012.
Mesmo sendo de séries com nomes e datas diferentes, são trabalhos surgidos a partir de uma mesma técnica, a modelagem em papel maché, e um mesmo inventário simbólico, com suas superfícies rosadas, que imitam a pele clara com algum realismo. Mas é importante mencionar que, ainda que estejam presentes alguns elementos realistas – além da "pele", sapatos e dedos com longas unhas vermelhas – essas obras se referem ao corpo psíquico, ou ao corpo traumático, o que talvez se possa dizer de todos os trabalhos da artista que se relacionam ao corpo humano.
A presença de uma dimensão feminina na obra da artista é uma questão importante, ainda que não seja a única, nem excludente de outras possibilidades de produção de sentidos. Todas as obras, com exceção do Homem bebê (série Instantâneos), estariam relacionadas ao gênero feminino de modo um tanto enfático pela presença dos scarpins ou pelas unhas vermelhas.
Há dois desenhos mais recentes, de 2012, que retomam essas formas, agora com mais representação de volume, mas volumes moles, pesando sobre cadeiras. Em cada um deles está presente uma pequena paisagem marinha. Em um desenho de 2003, o único com uma figura humana mais convencional, também sentada em uma cadeira, está a mesma paisagem marinha. Nessas imagens, é como se a contemplação de uma representação do mar envolvesse uma introspecção – um olhar para um horizonte interno. Esses desenhos têm o título de La mer.
Esse entrelaçamento de formas orgânicas, maternais e paisagens marinhas são, de certa forma, junto com a homofonia das palavras mãe e mar em francês, o motivo do título em português: A mãe contempla o mar. La mère regarde la mer funciona como uma circularidade – trabalhos antigos e recentes que volteiam por um mesmo território de vocabulário simbólico e formal.
março 12, 2014
Patrícia Araujo na Zipper, São Paulo
Jovem artista reúne série de fotografias que buscam reflexão sobre o entendimento humano
A Zipper Galeria apresenta no projeto Zip’Up, sala dedicada a projetos experimentais, a primeira individual da jovem cearense Patrícia Araujo. Intitulada “O Corpo é Eu: Diários sobre a Distância”, a artista utiliza o corpo e a fotografia como dispositivos de transformação. A mostra tem curadoria de Galciani Neves.
Patrícia Araujo trata a imagem como dispositivo de transformação da memória em seus mais distintos processamentos: vasculhando lembranças e as reconstituindo à existência, construindo arquivos, tomando o relato como narrativa e o diário como dinâmica para observação. A artista lida com essas questões e constrói a partir do corpo (ou tendo o corpo como suporte) imagens e narrativas, que traduzem e renomeiam o tempo, a distância e o deslocamento.
Nesse sentido, o trabalho da artista nos questiona sobre como convivemos com nossas lembranças, como nosso corpo guarda as marcas da vida, como elaboramos narrativas distintas sempre que revisitamos os acontecimentos e como revivemos e ampliamos nossas percepções sobre a vida. Se o presente nos exige sempre estarmos atentos, o passado e a memória nos chamam à reflexão sobre o que somos e como encaramos aquilo que está, por vezes, demasiadamente perto para entendermos.
Patrícia Araujo tem 26 anos, nasceu em Fortaleza e desde 2009 vive em São Paulo. Concluiu, em 2013, o mestrado de Poéticas Visuais na ECA-USP no qual desenvolveu uma pesquisa que aborda o processo de criação a partir da situação da viagem/deslocamento/ruptura.
Integrou o 61º Salão de Abril com o Projeto Saia, desenvolvido com a bailarina Clarice Lima. Foi contemplada pelo prêmio FUNARTE Artes Cênicas de Rua 2010 para realizar o mesmo projeto em 3 estados do Brasil. Em 2011, participou das exposições coletivas “A 4 graus do Equador”, no ateliê 397 (SP) e “Pernambuco Convida”, na Galeria Arte Plural (PE).
Em 2012 realizou a exposição “Saia”, na Galeria Ímpar (SP); participou das coletivas "A desgraçada Lebre homenageia Pina Bausch", no Alpendre, em Fortaleza; "O horizonte", no Edifício Sheridan, em Fortaleza; e "Arte Agora", na Galeria Lourdina Lourdina Jean Rabieh (SP).
Ainda em 2012 participou de um workshop na escola de arte Gerrit Rietveld Academie, em Amsterdã, em que trabalhou e desenvolveu o projeto “How not to be a stranger anymore” em parceria com alunos da escola.
Em 2013 participou da feira de publicações TIJUANA, que aconteceu na Casa do Povo (SP), com o livro “Pouso” e com a publicação coletiva “Estilhaço”. Também contribuiu com um trabalho para a publicação “Técnicas de Si” lançada pela Editora CONTRA.
Participou do projeto de mediação Colaboratório (de agosto a novembro de 2013), promovido pelo Centro Cultural São Paulo, que tinha como iniciativa a discussão e desenvolvimento de projetos para pensar a cidade. Ao final do processo realizou a ação “Para olhar o outro lado” e desenvolveu o documentário “Luiz Telles e Thales Oliveira - um diálogo sobre o espaço” que foram apresentados em dezembro de 2013.
Em 2014, participou da coletiva Dizer, Fazer, no Estúdio Roberta Goldfarb.
Participa desde 2012 de um grupo de estudos ministrado pela curadora Galciani Neves que visa a discussão e o acompanhamento da produção dos artistas envolvidos.
Sobre a curadora
Galciani Neves
É curadora e possui mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC -SP. É professora na PUC – SP e na FAAP.
É membro do Grupo de Pesquisas em Processos de Criação (PUC-SP), coordenado por Cecilia Almeida Salles, e do Conselho Curatorial da Intermeios - casa de arte e livros.
Em 2007-2008, foi assistente de curadoria de Eduardo Brandão no Espaço Tijuana – Galeria Vermelho, assistente de curadoria de Cecilia Almeida Salles na exposição Transitivos na Mostra SESC de Artes e na exposição Redes da Criação no Itaú Cultural.
Em 2010, foi assistente de curadoria, editora do site da 29ª Bienal e fez relatos críticos da mostra.
Em 2011, concebeu o material educativo da exposição Em nome dos artistas, na Bienal de São Paulo, e ministrou as aulas de história da arte no Curso de Formação de Educadores. Também foi crítica residente na Casa tomada.
Em 2012, produziu conteúdo para o site e catálogo da 30a Bienal de São Paulo, concebeu o material educativo da mostra e ministrou as aulas de história da arte no Curso de Formação de Educadores.
Atualmente é uma das críticas do Paço das Artes, realiza atividades de acompanhamento processual de artistas, escreve para a revista acadêmica da Puc – Tessituras & Criação. E está realizando entrevistas com críticos brasileiros para pesquisa de doutorado.
Adriana Duque na Zipper, São Paulo
Deslocando-se do registro documental da vida cotidiana e dialogando com a literatura, Adriana Duque explora as possibilidades da fantasia.
Adriana Duque, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 19/03/2014 a 12/04/2014
A Zipper Galeria apresenta, a partir de 18 de março de 2014, às 19h, a primeira individual da artista Adriana Duque no Brasil. Com texto de apresentação por Eder Chiodetto, a mostra traz uma série fotográfica que alude à história colombiana, especialmente ao legado da colonização espanhola presente na sociedade contemporânea.
A partir de um maneirismo fotográfico, que explora uma revisão contínua e obsessiva de retratos da Renascença e de cenas reais da pintura holandesa do século XVII, de artistas como Diego Velázquez, Rembrandt e Jan Van Eyck, Adriana reconstrói espaços onde se contrapõem realidade e utopia. O resultado é uma mistura surpreendente de personagens de contos de fadas da cultura ocidental em situações cotidianas, realçadas pela encenação elaborada, pela iluminação dramática e pela sugestão de narrativas.
É na imitação, na metamorfose da essência estética e nos significados simbólicos das coisas que é fundamentada, em grande parte, o desenvolvimento desta exposição. Cada espaço composto pela artista representa um diálogo permanente entre identidades, tempos, espaços e objetos.
Exibidas em grande formato, a simplicidade e a complexidade das pequenas Marias, impávidas princesas barrocas contemporâneas, são ambientadas em espaços de natureza doméstica, a antiga cozinha camponesa, um cenário imemorial e comum, que desde sempre definiu o papel da mulher: que espera, que gere, que cozinha, que alimenta, mas também que rende-se à promessa de um mundo ilusório, um mundo que vislumbra o outro lado do espelho.
A impactante produção da artista ganhou notoriedade internacional por harmonizar a tradição da pintura com a era digital, por criar tensões que questionam o presente, e por trazer uma dimensão alternativa à realidade, fazendo cruzamentos temporais e culturais, em obras carregadas de críticas e referências. Adriana Duque explora em suas fotografias conceituais, imagens de crianças em cenários com atmosfera barroca: figurinos adornados e pomposos, joias incrustadas e o anacronismo do uso de fones de ouvido, que dão um toque peculiar à sua criação.
Adriana Duque
Natural de Manizales, Colômbia (1968), vive e trabalha em Bogotá. Adriana iniciou seus estudos em fotografia e artes plásticas na Universidad de Caldas, Manizales. Adriana Duque exacerba a manipulação da crença perante a imagem. Suas crianças vestem-se como pequenos monarcas, reinam em um cenário de veludo, e adornam-se com coroas que se parecem com um fone de ouvido, o que as traz para a contemporaneidade apesar da atmosfera barroca.
Exposições individuais
Infantes, Galeria Horrach Moyá, Palma de Maiorca (2010), Baroque Children, Museo Iglesia Santa Clara, Bogotá (2009), De Cuento en Cuento, Museo de Arte Moderno de Medellín (2005), Paisajes, Alianza Francesa, Bogotá (2001)
Exposições coletivas recentes
Photoquai, Biennale de Photographie – Musée du Quai Branly – Paris (2013), Desnudando a Eva - Instituto Cervantes, Madrid (2012), Fotografia Iberoamericana Contemporânea, Galeria El Museo, Bogotá (2011), Sobre el Territorio: Arte Contemporáneo en Colômbia, Cer Modern, Ancara, Turquia (2011)
Sobre o curador
Eder Chiodetto
[São Paulo, SP, 1965]
É mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Atuou como repórter-fotográfico (1991-1995), editor (1995-2004) e crítico de fotografia (1996-2010) no jornal Folha de São Paulo. Hoje, reúne as funções de jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia. Como docente ministrou, entre 2005 e 2010, aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Faculdade de Fotografia do Senac-SP. Como curador independente realizou, desde 2004, mais de 60 exposições no Brasil e no exterior. Chiodetto é também o curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006.
É autor do livro O Lugar do Escritor (Cosac Naify) e editor da coleção Fotoportátil (Cosac Naify), entre outros. Em 2013 está lançando três novos livros: Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições SESC); Curadoria em fotografia: da pesquisa à exposição” (E-book, Prêmio Marc Ferrez/Funarte) e German Lorca (Cosac Naify).
Em 2010 fundou o Ateliê Fotô, onde coordena os Grupos de Estudos e Criação em Fotografia, realiza leituras de portfólios por agendamento, organiza exposições e edições de livros de fotografia. Chiodetto é constantemente convidado a dar palestras e fazer leituras de portfólio em eventos internacionais, tendo participado dessa forma do Paris Photo (França), Photoespaña, World Photography Organization (Londres) e Fotográfica Bogotá (Colômbia). É responsável por indicar fotógrafos para importantes prêmios internacionais tais como Prix Pictet, Paul Huf Award, Master Class World Press Photo e Photoville/Fence.
março 11, 2014
Gabriela Machado na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto
A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a exposição "Um olhar viajante" da artista Gabriela Machado. Em sua primeira individual na galeria, Gabriela exibe uma seleção recente de desenhos, pinturas e esculturas.
Os desenhos e pinturas se apresentam quase sempre em grandes formatos, ocupando o espaço com cores cítricas. A tinta aguada cria uma fluidez aos trabalhos, que tem origem através de uma poética que se cria pelo pensar e fazer concomitantes, fazendo dela não um reflexo da natureza, mas sim uma reflexão do que nela está embutido. Já as esculturas aparecem como um desdobramento deste pensamento poético, elas saem das pinturas e retornam a elas, com o desafio de fazer uma construção através de um material que não é fluido, que necessita de força bruta, que não surge do imediatismo, onde é necessária a percepção da necessidade do tempo, passando pela percepção de como estar no mundo, de como se inserir no espaço.
Gabriela Machado nasceu em 1960 em Santa Catarina, atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre as diversas exposições em que participou, destacam-se as recentes: "Cadência", Paço Imperial, Rio de Janeiro - Brasil (2012); "Os jardins de Lisboa em Gabriela Machado", Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa - Portugal (2011); "Doida disciplina", Caixa Cultural Rio de Janeiro e São Paulo - Brasil (2009).
Gabriela Machado
Nasceu em Santa Catarina, em 1960
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
FORMAÇÃO
Gabriela Machado é formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, 1984. Antes de se dedicar exclusivamente às artes plásticas a partir de meados dos anos 80, participou de trabalhos de restauração na Fundação Roberto Marinho. "Morava numa casa do século XVIII com afrescos pintados por José Maria Villaronga. Meu pai gostava muito do cuidado com a recuperação dos afrescos e da arquitetura da casa. Pude assistir de perto a riqueza desse trabalho detalhado, ao longo da minha infância."
Gabriela estudou gravura, pintura, desenho e teoria da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, 1987-1992). Frequentou cursos em História da Arte, ministrados pelos críticos Paulo Venâncio Filho (Da Antigüidade à Idade Média), Paulo Sérgio Duarte (Arte e Ciência, do século XV ao XIX), (1993-1995) e cursos de Estética e História da Arte, ministrados por Ronaldo Brito, na PUC e UNI/RIO (Rio de Janeiro, 1992-1997).
BIO
No ano de 2013, Gabriela Machado realizou na Galeria 3+1, em Lisboa, a exposição Rever, onde mostrou ao público pela primeira vez seus trabalhos em escultura. Anteriormente, em 2012, uma mostra com o mesmo título aconteceu no Paço Imperial, onde a artista ocupou três majestosas salas da instituição com pinturas e desenhos realizados entre os anos de 2011 e 2012 e um vídeo homônimo, onde imagens do cotidiano vivido trazem à tona a origem da poética da artista.
Ganhadora do Prêmio Mostras de artista no exterior, do Programa Brasil Arte Contemporânea, da Fundação Bienal de São Paulo (2010) em 2011 realizou a exposição Os Jardins de Lisboa em Gabriela Machado na instituição Carpe Diem em Lisboa, onde expôs cinco desenhos de grande formato resultantes deste site-specific. Em agosto do mesmo ano, inaugurou a exposição Cadência, na Galeria Moura Marsiaj (São Paulo) e participou da coletiva II Mostra do Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Em 2010 inaugurou a exposição Alindina, Alecrim e Doralina que foi montada primeiramente na Galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro) e que, posteriormente, seguiu para a Galeria Celma Albuquerque (Belo Horizonte). A exposição mostrou quadros em escala pública, sendo acrescida na Galeria Celma Albuquerque, a participação de desenhos e de um vídeo-registro realizado por Nani Escobar, onde é mostrada a relação corporal e emocional da artista com o seu trabalho. Gabriela também participou da coletiva Coisário Cassino Museu, onde exibiu as duas obras doadas ao Museu da Pampulha por mérito do prêmio Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas, laureado em 2009.
Em 2009, foi realizada a exposição Doida Disciplina, nas instituições da Caixa Cultural do Rio de Janeiro e de São Paulo. A exposição teve curadoria do crítico Ronaldo Brito e foi acompanha do lançamento do livro que leva o mesmo título das exposições, lançado pela Editora Aeroplano, onde foi organizada toda sua produção mais recente. Em 2008, Gabriela realizou uma exposição individual na Galeria 3+1 (Lisboa) e foi contemplada com o prêmio Marcatonio Vilaça em aquisição coletiva da Fundação Ecco (Brasília). No mesmo ano, lançou um livro (Gabriela Machado. Editora Dardo. Santiago de Compostela, Espanha), que contém um apanhado de textos críticos e imagens de diferentes fases de sua carreira.
Entre as suas exposições individuais ocorridas em anos anteriores destacam-se: Desenhos no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, com texto de Paulo Venâncio (2002); Centro Universitário Maria Antônia, texto de Afonso Luz (São Paulo, 2002); Neuhoff Gallery de Nova York, com texto de Robert Morgan (2003). Podemos citar ainda: Largo das Artes, juntamente com o escultor José Spaniol (Rio de Janeiro, 2007), Pinturas, na Galeria Virgílio, com texto de Alberto Tassinari (São Paulo, 2006); Pinturas, H.A.P. Galeria, texto Ronaldo Brito (Rio de Janeiro, 2005); H.A.P. Galeria, texto Paulo Sergio Duarte (Rio de Janeiro, 2002); Projeto Macunaíma, na Funarte (Rio de Janeiro,1992).
Teve seus trabalhos representados em importantes feiras internacionais, com destaque para Valencia Art (2009), Arte Lisboa (2009, 2008 e 2006) e Pinta Art Fair em Nova York (2008 e 2009). Também em 2008 expôs com grande repercussão e reconhecimento na ARCO'08 - Feira de Arte Contemporânea em Madrid (2008), onde ocupou por inteiro o stand da H.A.P. Galeria.
Outras participações em feiras e exposições coletivas incluem outros anos na ARCO Madrid (2001/1998); SP Arte (São Paulo, 2103/2012/2011/2010/2009/2008/2007/2006/2005); Arquivo Geral (Rio de Janeiro, 2012/2011/2010/ 2008/2006/2004); Art Chicago (Chicago, 2004); Art Rio (2012/2011), Art Dubai (2013), Art Cologne (Alemanha, 2003); San Francisco International Art Exposition (NY, 2002); Desenho Contemporâneo, Centro Cultural São Paulo e Caelum Gallery (NY, 2002); Novas Aquisições Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM (Rio de Janeiro, 1998); Paço Imperial (Rio de Janeiro, 1998); Mostra América (1995); 1ª Bienal Nacional da Gravura (São Paulo, 1994); Centro Cultural São Paulo (1993); X Bienal do Desenho de Curitiba (1991); Projeto Macunaíma, na Funarte (Rio de Janeiro, 1992/1990).
Está presente em importantes coleções brasileiras, como as de Gilberto Chateaubriand, José Mindlin, George Kornis, João Carlos Figueredo Ferraz, Charles Cosac, Fundação Castro Maya, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, Centro Cultural Cândido Mendes e Fundação Catarinense de Cultura (MASC), e mais recentemente, a Fundação ECCO e o Museu de Arte da Pampulha e Centro Cultural São Paulo (CCSP). Faz parte também da coleção da Squire, Sanders & Dempsey (Arizona, EUA), Arizona State University Art Museum (Arizona, EUA) e Ted G. Decker (Arizona, EUA).
A obra de Gabriela Machado alcança gradualmente novos espaços fora do país. Além das exposiçãos lisboetas em 2008 e 2013, em 2002 a Neuhoff Gallery de Nova York inseriu o trabalho da artista em duas coletivas – uma delas, The Gesture, junto com conceituados pintores americanos como Frank Stella e Franz Kline. Já apresentou seus trabalhos em Bergen, na Noruega, a convite da curadora Mallin Barth.
Apresentação audiovisual de Fernando Arias na Daros, Rio de Janeiro
O artista colombiano fará uma apresentação audiovisual do material recolhido durante sua viagem de dois meses e meio de Chocó, na Colômbia, ao Rio de Janeiro. A viagem foi realizada dentro do programa de residência de pesquisa artística da Casa Daros.
Fernando Arias – Cantos de Viagem, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 20/03/2014
A Casa Daros apresenta “Cantos de Viagem”, relato audiovisual do artista colombiano Fernando Arias, que empreendeu no final de dezembro uma viagem por ar, água e terra iniciada em Chocó, na selva noroeste colombiana, ao Rio, passando por toda a região amazônica. A viagem foi realizada dentro do programa de residência de pesquisa artística da Casa Daros, e o artista, ao longo de seu percurso, coletou respostas para a pergunta: “Como você imagina um mundoperfeito?”.Fernando Arias conta que este é um projeto pensado há muitos anos, e só possível de realizar agora, graças à Casa Daros.
Fernando Arias lembra que em 2016 se celebrarão os quinhentos anos da publicação de “Utopia”, de Thomas More (1478 - 1535). Em seu trabalho, ele discute a noção de uma “novutopia” (newtopia), a partir de “um lugar vantajosamente marginal, em um país considerado ‘em vias de desenvolvimento’”. “Os assuntos tratados adquirem um poderoso significado, ao considerarmos uma selva em perigo de extinção, como a chocoana”, observa. Ele explica que esta região equatorial representa um dos polos sociais e ambientais que se distanciaram “notavelmente com a expansão das cidades e a consolidação do capitalismo ocidental”. “Cremos na possibilidade de unir esses dois polos, o urbano e o rural, para obter a integração, a cooperação e a aprendizagem recíprocas”.
A viagem feita por Arias dá continuidade às ações feitas na Fundação Más arte másacción (Mais arte mais ação), criada por ele junto com o inglês Jonathan Colin, e baseada na selva de Chocó, e que desde 2011 trabalha com a pesquisa sobre Utopia e Distopia. “Esses conceitos estiveram presentes na criação da Base Chocó (www.masartemasaccion.org)”, diz. A Fundação convida artistas e pensadores de diferentes disciplinas a pesquisarem temas de interesse global, em um processo de intercâmbio, a partir da plataforma real e virtual dos projetos a serem realizados com parceiros da América Latina, África eÁsia, entre 2012 e 2016, criada pelo artista holandês Joep Van Lieshout (1963). “Os participantes têm a oportunidade de trabalharem em um lugar extraordinário, com o objetivo de considerar temas primordiais, e compartilhar seus conhecimentos com as comunidades da região e do mundo”, ressalta Arias.
ACASO
No plano de viagem de Fernando Arias não há nada premeditado. “Estou dando continuidade a meus projetos anteriores, em que o roteiro implica uma viagem pessoal, que explora a identidade”. Neste percurso ele explora a ideia de “utopia / distopia” das pessoas que “vamos encontrando casualmente, ou ainda simplesmente a experiência de contato com a natureza”. “Não há nada premeditado, não há uma rota fixa, a viagem são muitas viagens, e a rota se vai construindo à medida que avançamos”, diz. “A atenção se centrará nos sonhos, mensagens e na informação que emanem das pessoas que vivem em uma das regiões mais ameaçadas do mundo: a bacia do Amazonas, que une e separa ao mesmo tempo Brasil de Colômbia”.
Fernando Arias pontua que este percurso surge em um momento em que as nações da América Latina “estão construindo laços econômicos e políticos mais estreitos, enquanto o resto do mundo observa ávido com interesses próprios esta região rica de recursos naturais”. “Começando com as comunidades vizinhas à Base Chocó, o objetivo é recolher histórias, mensagens, vozes, cantos, sons e imagens ao longo da rota, a partir das variações de uma simples pergunta: Como se imagina o mundo perfeito?”.
VITRINES CANTOS DE VIAGEM
No próximo dia 12 de março, antecipando a apresentação de Fernando Arias, a Casa Daros inaugura “Vitrines – Cantos de Viagem”,com objetos relativos à pesquisa feita pelo artista dispostos nas cinco vitrines colocadas na lateral da Casa Daros voltada para a Avenida Lauro Sodré. O projeto “Vitrines” foi iniciado em setembro do ano passado, inspirado no espaço cultural experimental “Lugar a Dudas” (Lugar das Dúvidas) localizado em Cáli, Colômbia, dirigido pelo artista Oscar Muñoz e coordenado pela gestora cultural Sally Mizrachi. A ideia é proporcionar aos pedestres um espaço de exibição em frente à rua, ao modo de uma vitrine de uma loja.
Nascido em 1963, em Armênia, Colômbia, Fernando Arias passou boa parte de sua trajetória dividido entre Londres, e seu país de origem.
março 10, 2014
Daniel Senise + Dora Longo Bahia + Nicolás Robbio na Vermelho, São Paulo
Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 14/03/2014 a 05/04/2014:
Daniel Senise, Dora Longo Bahia e Nicolás Robbio
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A Vermelho apresenta, de 13 de março a 05 de abril de 2014, as individuais “Neste Lugar” de Daniel Senise [salas 1 e 2], “Repetição da ordem” de Nicolás Robbio [sala 3] e a instalação “Escalpo Islâmico” de Dora Longo Bahia [Terraço]. Na data da abertura, será lançado pelas Edições Tijuana, o livro de artista “La Pintura Española” de Daniel Senise.
A arquitetura dos espaços do cotidiano alimenta a concepção e a produção das obras de Daniel Senise, constituindo a poética que permeia sua obra como um todo. O conjunto das obras que integram a individual “Neste Lugar” mantém em sua gênese essa característica e retoma um elemento conceitual importante já utilizado por Senise no início dos anos 2000. Nelas, o artista volta a revelar o interior de grandes espaços expositivos, como nas colagens National Gallery, Gemäldegalerie e Musée D’Orsay.
O resultado do interesse de Senise pela arquitetura, história e dinâmicas empregadas nestes grandes acervos públicos está presente na instalação “Eva”, mostrada no Centro Cultural São Paulo, em 2009. Na obra, composta por blocos similares a tijolos feitos em papier maché, a partir da reciclagem de catálogos, livros de arte e convites de exposições, Senise aponta para o apagamento pelo qual passam vários dos acervos públicos. Em 2009, Senise literalmente escondeu a escultura “Eva”, de Brecheret, atrás de quatro paredes feitas com os restos de papel destas instituições.
O mesmo suporte foi utilizado por Senise na instalação apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010. Nesse caso, os blocos de papel reciclado contendo milhares de informações acerca de pintura foram usados não apenas na construção do espaço expositivo mas se transformaram na obra em si, conduzindo o observador, como menciona Marco Silveira Mello, “para atentar às superfícies e ver, nos pequenos vestígios das placas,... acontecimentos pictóricos ou evocativos à compleição da pintura”.
Na instalação “Parede com 5 buracos”, criada por Senise para o projeto “Travessias 2 – Arte Contemporânea na Maré”, na favela da Maré [RJ], em 2013, a referência a essas grandes instituições é literal. A obra foi apresentada sobre uma parede localizada na entrada do espaço expositivo, com cinco buracos por onde podia-se ver as maquetes idênticas às salas de museus, como o Musée D’Orsay [Paris], o MoMA [Nova York], o National Gallery [Londres], e o MAM RJ [Rio de Janeiro]. No ultimo buraco, o observador podia visualizar o espaço onde ele se encontrava. Segundo o artista, a obra revela algo comum nos dias de hoje que é a substituição da presença real decorrente da democratização da informação.
“Neste Lugar” contará com duas maquetes. Uma delas será montada na fachada da Vermelho, e reproduzirá o hall de entrada da galeria, sugerindo um jogo metalinguístico entre experiência física e representação pictórica.
Já nas obras “Musée du Louvre”, “Museo del Prado”, “Galleria degli Uffizi” e “National Gallery” da série “Museu”, todas de 2013, Senise fragmenta as reproduções publicadas por esses museus sobre suas coleções e acondiciona todo esse conteúdo em caixas de acrílico transparente, criando uma ideia análoga a de coleção, gênese de todo museu.
Comentar a história da arte e, mais especificamente, a história da pintura integra o léxico de Senise. Na exposição “Neste Lugar”, entretanto, essa estratégia aparece ampliada, evidenciando o caráter impalpável e imprevisível que intermedia a relação entre observador e obra de arte. “La Pintura Española”, livro de artista que Senise lança na data de abertura da individual, materializa por meio de um jogo de luzes e espelhos, esse procedimento.
Nicolás Robbio - Repetição da ordem
A individual “Repetição da ordem” de Nicolás Robbio foi construída a partir de três símbolos que representam o Poder: a bandeira, a grade e a moeda.
Símbolo de estados soberanos, clãs ou de sociedades de pessoas regidas por lei ou pela tradição, a bandeira aparece na vídeo instalação “Sem Título” [2014], representada apenas pela sombra que reproduz. Sua matriz, nesse caso ausente, nos daria pistas de sua procedência. Porém, o interesse de Robbio está na simbologia da “Bandeira”.
“Los de arriba, los de abajo. Los buenos, los malos”, vídeo criado por Robbio em 2011, emprega imagens de grades de ferro utilizadas em casas e edifícios, para tecer um comentário sobre a impossibilidade de permanência e de conciliação entre opostos.
O acúmulo de poder aquisitivo acontece por meio da moeda. No “Todos os caminhos levam a Roma” [2014], duas moedas de países diferentes, como Inglaterra e Colômbia, se relacionam de forma equilibrada num sistema de engrenagem, como se o valor que representam pudesse ser equivalente.
Em “Repetição da ordem” Robbio cria uma representação acerca da sociedade atual, por meio dos símbolos do poder que a fazem funcionar.
Dora Longo Bahia - Escalpo Islâmico
Obra criada e apresentada originariamente no 2º andar do Pavilhão Ciccillo Matarazzo [parque Ibirapuera], durante a 28ª Bienal de São Paulo, em 2008, “Escalpo Islâmico”, de Dora Longo Bahia, emprega motivos islâmicos sobre um fundo de tinta acrílica vermelha, para tecer um comentário acerca da violência.
Daniel Senise
Rio de Janeiro, Brasil, 1955.
Exposições Individuais [seleção]: Daniel Senise 2892 – Casa França Brasil – Rio de Janeiro – Brasil [2011]; Daniel Senise – Estação Pinacoteca – São Paulo – Brasil [2009]; Daniel Senise - Trabalhos Recentes - Museu Victor Meirelles - Florianópolis – Brasil [2008]; Daniel Senise – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil [2007]; Paintings from the North Ramis Barquet Gallery - Nova York – EUA [2001]. Exposições Coletivas [seleção]: O Gesto e o Signo – White Cube – São Paulo – Brasil. 2013; Gravura em campo expandido – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil. 2012; Jogos de Guerra – Caixa Cultural Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil. 2011; 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar - Fundação Bienal de São Paulo- São Paulo – Brasil. 2010; After Utopia - Museo Centro Pecci - Prato – Itália. 2009.
Nicolás Robbio
Mar del Prata, Argentina, 1975.
Exposições Individuais [seleção]: Bandeira em branco não é bandeira branca - Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil (2011); O Amanhã de Ontem não é Hoje – Programa Emissores Runidos – Episódio 1 – Fundação Serralves – Porto – Portugal (2009); Indirections - Pharos Centre for Contemporary Art – Nicosia – Chipre (2008). Exposições Coletivas [seleção]: Sextanisqatsi: desordem habitável - Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey [MARCO] – México (2012); 32º Panorama da arte Brasileira – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – São Paulo – Brasil (2011); Para ser Construidos- MUSAC – Léon – Espanha (2010); 2° Trienal Poli/Gráfica De San Juan – Porto Rico (2009); - 28ª Bienal de São Paulo – Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brasil (2008).
Dora Longo Bahia
São Paulo, Brasil, 1961.
Exposições Individuais [seleção] Desastres da Guerra, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil [2013]; Trash Metal, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil [2010]; Escalpo carioca e outras canções, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães [MAMAM], Recife e Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB], Rio de Janeiro, Brasil [2006]; Marcelo do Campo 1969 –1975, Centro Mariantônia, São Paulo, Brasil [2003]. Exposições Coletivas [seleção] Imaginarios Contemporâneos, Museo Tecnológico de Monterrey, Monterrey, México [2013]; The Spiral and the Square, SKMU Sorlandets Kunstmuseum, Kristiansand, e Trondheim Art Museum, Trondheim, Noruega [2012]; Destricted.br, Galpão Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil [2011]; IX Bienal Monterrey FEMSA, Centro de las Artes, Monterrey, México [2009]; 28ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil [2008]; Farsites: urban crises and domestic symptoms in recent contemporary art, Centro Cultural Tijuana e San Diego Museum of Art, Tijuana - Mexico/ San Diego, EUA [2005]; Imagem Experimental, Museu De Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brasil [2000].
Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 14/03/2014 til 05/04/2014:
Daniel Senise, Dora Longo Bahia and Nicolás Robbio
From March 13 through April 5, 2014, Galeria Vermelho is presenting the solo shows Neste Lugar [In This Place] by Daniel Senise (Rooms 1 and 2), Repetição da ordem [Repetition of order] by Nicolás Robbio (Room 3) and the installation Escalpo Islâmico [Islamic Scalpel] by Dora Longo Bahia (Terrace). On the shows’ opening day, Edições Tijuana will release the artist’s book La Pintura Española by Daniel Senise.
The architecture of the spaces of daily life feeds the conception and production of Daniel Senise’s artworks, constituting the poetics that pervades his oeuvre as a whole. The set of works featured in the solo show Neste Lugar maintain this characteristic in their genesis and resume an important conceptual element used previously by Senise at the beginning of the 2000s. In them, the artist returns to reveal the interior of large exhibition spaces, as in the collages National Gallery, Gemäldegalerie and Musée D’Orsay.
The result of Senise’s interest in the architecture, history and dynamics employed in these large public collections was presented in the installation Eva, shown at Centro Cultural São Paulo, in 2009. In the work, composed of blocks similar to bricks made of papier-mâché, based on the recycling of catalogs, art books and exhibition invitations, Senise points to the extinguishment that various public collections are undergoing. In 2009, Senise literally concealed the sculpture Eva, by Brecheret, behind four walls made out of scraps of paper from these institutions.
The same support was used by Senise in the installation presented at the 29th Bienal de São Paulo, in 2010. In that case, the blocks of recycled paper containing thousands of pieces of information about painting were used not only in the construction of the exhibition space but also became a work in their own right, leading the observer, as stated by Marco Silveira Mello, “to observe the surfaces and see, in the small vestiges of the blocks,… happenings that are pictorial or evocative of the complexion of painting.”
In the installation Parede com 5 buracos, created by Senise for the project Travessias 2 – Arte Contemporânea na Maré, in the Maré Favela in Rio de Janeiro, in 2013, the reference to these large institutions is literal. The work was presented on a wall located at the entrance to the exhibition space, with five holes through which one could see scale models identical to the rooms of museums, such as the Musée D’Orsay (Paris), MoMA (New York), the National Gallery (London), and MAM RJ (Rio de Janeiro). In the last hole, the observer could see the space where he/she was located. According to the artist, the work reveals a common condition nowadays, which is the substitution of real presence due to the democratization of information.
Neste Lugar will feature two scale models. One of them will be mounted on Vermelho’s façade, and will reproduce the gallery’s entrance hall, suggesting a metalinguistic game between physical experience and pictorial representation.
In the works Musée du Louvre, Museo del Prado, Galleria degli Uffizi and National Gallery of the series Museu, all from 2013, Senise fragments the reproductions published by these museums concerning their collections, and packages all of this content within transparent acrylic boxes, creating an idea analogous to that of collection, the genesis of every museum.
Commenting on the history of art and, more specifically, the history of painting, is part of Senise’s lexicon. In the exhibition Neste Lugar, however, this strategy appears enlarged, evidencing the intangible and unpredictable character that intermediates the relation between the observer and the work of art. La Pintura Española, an artist’s book that Senise is releasing on the day the solo show opens, materializes this procedure by means of an interplay of lights and mirrors.
Nicolás Robbio - Repetição da ordem
The solo show Repetição da ordem by Nicolás Robbio was constructed based on three symbols that represent Power: the flag, the iron grating and the coin.
The symbol of sovereign states, clans or societies of people ruled by law or by tradition, the flag appears in the installation Sem Título [2014], represented only by the shadow it reproduces. Its matrix, in this case absent, would give us clues about its provenance. Robbio’s interest, however, is in the symbology of Bandeira.
Los de arriba, los de abajo. Los buenos, los malos, a video created by Robbio in 2011, resorts to images of iron gratings used in houses and buildings to weave a commentary about the impossibility of permanence or the reconciling of opposites.
The accumulation of acquisitive power takes place through money. In Todos os caminhos levam a Roma, two coins from different countries, England and Colombia, are related in a balanced way in a system of gears, as though the value they represent could be equivalent.
In Repetição da ordem, Robbio creates a representation about current society, by means of symbols of power that drive it.
Dora Longo Bahia - Escalpo Islâmico
A work originally created and presented on the second floor of the Pavilhão Ciccillo Matarazzo [Ibirapuera Park], during the 28th Bienal de São Paulo, in 2008, Escalpo Islâmico, by Dora Longo Bahia, uses Islamic motifs on a background of red acrylic paint to weave a commentary about violence.
Daniel Senise
Rio de Janeiro, Brazil, 1955.
Solo shows [selection]: Daniel Senise 2892 – Casa França Brasil – Rio de Janeiro – Brazil [2011]; Daniel Senise – Estação Pinacoteca – São Paulo – Brazil [2009]; Daniel Senise - Trabalhos Recentes - Museu Victor Meirelles - Florianópolis – Brazil [2008]; Daniel Senise – Galeria Vermelho – São Paulo – Brazil [2007]; Paintings from the North Ramis Barquet Gallery - Nova York – USA [2001]. Group shows [selection]: O Gesto e o Signo – White Cube – São Paulo – Brazil. 2013; Gravura em campo expandido – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brazil. 2012; Jogos de Guerra – Caixa Cultural Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brazil. 2011; 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar - Fundação Bienal de São Paulo- São Paulo – Brazil. 2010; After Utopia - Museo Centro Pecci - Prato – Itália. 2009.
Nicolás Robbio
Mar del Prata, Argentina, 1975.
Solo shows [selection]: Bandeira em branco não é bandeira branca - Galeria Vermelho – São Paulo – Brazil (2011); O Amanhã de Ontem não é Hoje – Programa Emissores Runidos – Episódio 1 – Fundação Serralves – Porto – Portugal (2009); Indirections - Pharos Centre for Contemporary Art – Nicosia – Cyprus (2008). Group shows [selection]: Sextanisqatsi: desordem habitável - Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey [MARCO] – Mexico (2012); 32º Panorama da arte Brasileira – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – São Paulo – Brazil (2011); Para ser Construidos- MUSAC – Léon – Spain (2010); 2° Trienal Poli/Gráfica De San Juan – Puerto Rico (2009); - 28ª Bienal de São Paulo – Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brazil (2008).
Dora Longo Bahia
São Paulo, Brazil, 1961.
Solo shows [selection]: Desastres da Guerra, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brazil [2013]; Trash Metal, Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil [2010]; Escalpo carioca e outras canções, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães [MAMAM], Recife e Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB], Rio de Janeiro, Brazil [2006]; Marcelo do Campo 1969 –1975, Centro Mariantônia, São Paulo, Brazil [2003]. Group shows [selection]: Imaginarios Contemporâneos, Museo Tecnológico de Monterrey, Monterrey, Mexico [2013]; The Spiral and the Square, SKMU Sorlandets Kunstmuseum, Kristiansand, e Trondheim Art Museum, Trondheim, Norway [2012]; Destricted.br, Galpão Fortes Vilaça, São Paulo, Brazil [2011]; IX Bienal Monterrey FEMSA, Centro de las Artes, Monterrey, Mexico [2009]; 28ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brazil [2008]; Farsites: urban crises and domestic symptoms in recent contemporary art, Centro Cultural Tijuana e San Diego Museum of Art, Tijuana - Mexico/ San Diego, USA [2005]; Imagem Experimental, Museu De Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brazil [2000].