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novembro 29, 2013
9hundred Project na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
Retrospectiva do século XX em videoarte
O século passado, ano a ano, contado através de 100 vídeos feitos por videoartistas do mundo inteiro. O 9hundred project será apresentado com exclusividade no Brasil na galeria Artur Fidalgo, em Copacabana, durante a semana de 3 e 7 de dezembro, com curadoria e texto de Fernanda Pequeno.
A Artur Fidalgo galeria, uma das parcerias que proporcionando a itinerância internacional do projeto, vai exibir os trabalhos na sala principal em uma projeção contínua.
O projeto
9hundred comemora os 50 anos de videoarte, e está sendo exibido em mais de 25 países mundo afora. O organizador Enrico Tomaselli, diretor do festival italiano Magmart, convidou 100 vídeo-artistas que já participaram de importantes festivais internacionais para a empreitada. De forma aleatória, deu para cada um deles 1 dos anos 1900s, para ser trabalhado em um vídeo com duração entre 1 e 5 minutos. O resultado é surpreendente. Foi necessário olhar pra trás, mergulhar na história e descobrir o que, dentro de cada contexto social e ainda com uma visão mundial, mereceria ser retratado. O projeto revela uma reflexão sobre o século marcado por transformações que vão da mobilidade ao racionalismo, da automação à comunicação, de duas guerras mundiais, da guerra fria, da globalização à internet.
Participação brasileira
O Brasil conta com quatro contribuições. A artista paulista Marcia Beatriz Granero ficou com 1905; ela aborda a teoria da relatividade e recria a premiação do Nobel na Pinacoteca do Estado de São Paulo. O artista curitibano Arthur Tuoto revisitou o clássico "Muddy Romance”, de Mack Sennett, feito em 1913. O sotero-carioca Cleantho Viana trabalha com 1937, período conturbado entre-guerras; ele apresenta uma colagem digital do público nazista durante a exposição de obras de arte modernas confiscadas de museus e coleções de arte pelo Reich. O artista carioca Khalil Charif, recebeu o ano 1978. Khalil apresenta o letreiro de Hollywood no ano em que foi restaurado nas montanhas da Califórnia. Ele faz uma reflexão sobre a importância do cinema americano no século.
novembro 28, 2013
Coletiva Planos de Expansão na Fortes Vilaça, São Paulo
A Galeria Fortes Vilaça apresenta Planos de expansão, exposição coletiva com 13 artistas do time da galeria. A mostra se estrutura em dois eixos principais; arquitetura e urbanidade que ora se confrontam e ora se sobrepõem à abstração e geometria.
As obras de Franz Ackermann, Luiz Zerbini e Sarah Morris desconstroem elementos da arquitetura. Na pintura Torrada, de Zerbini, volumes são sobrepostos num jogo de encaixes que forma um grande ponto de fuga. A superfície da tela é ativada por lacunas brancas que emprestam a imagem uma natureza virtual. Na tela de Ackermann podem-se ver detalhes de prédios fragmentados em uma composição acêntrica e acelerada. Em Praça da Apoteose, de Morris, o título revela a referência a Niemeyer, que de outra forma seria discreta e abstrata. A relação entre abstração e história está no centro da produção da artista e fica evidente na colagem Black Tie, onde as mesmas formas de Niemeyer se sobrepõem ao pôster americano do filme Eles não usam Black-tie, de Leon Hirszman.
Armando Andrade Tudela apresenta uma escultura que sugere uma construção rígida onde materiais de natureza coorporativa, como acrílico, se misturam à juta. Esta obra, assim como o vídeo de Rodrigo Cass, faz referência ao neoconcretismo brasileiro e aos pavilhões de Hélio Oiticica, construídos através de planos de cor. Já a pintura de Gabriel Lima, Leste, - onde uma bandeira branca é sobreposta ao plano branco do painel -, transita entre a abstração e a significação nos obrigando a tomar um ponto de vista.
Os trabalhos Forma de Rodrigo Matheus e Les Actualités de Marine Hugonnier traçam um diálogo explícito entre urbe e abstração. Marine contrapõe uma foto do World Trade Center à uma escultura abstrata, enquanto Matheus usa o título do trabalho para reforçar a abstração geométrica presente na arquitetura de edifícios.
A cidade como cenário, tema, ponto de partida, plano em expansão é o fio condutor da mostra que traz trabalhos de Armando Andrade Tudela, Cerith Wyn Evans, Franz Ackermann, Gabriel Lima, Iran do Espírito Santo, Julião Sarmento, Los Carpinteros, Luiz Zerbini, Marine Hugonnier, Mauro Restiffe, Rodrigo Cass, Rodrigo Matheus e Sarah Morris.
novembro 27, 2013
Zeitkunst na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Festival Internacional de Música e Literatura Contemporânea ZEITKUNST
O festival incentiva o diálogo com a literatura contemporânea, proporcionando uma conversa entre os compositores e poetas alemães e brasileiros. O conceito desta ideia não se restringe somente a combinar música e leitura. Compositores e escritores estarão juntos em uma estreita colaboração, criando novas produções musicais e literárias antes das performances – apresentação de quatro concertos com obras de compositores do século XX, além de três estreias mundiais.
Direção artística de Julian Arp, Caspar Frantz, Johannes Frank e Luiz Gustavo Carvalho.
28, 29 e 30 de novembro de 2013, quinta, sexta e sábado, às 20h, 20h30 e, no último dia, 18h e 20h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico, Rio de Janeiro
APRESENTAÇÃO
O Festival Internacional de Música e Literatura Contemporânea Zeitkunst apresenta, nos dias 28, 29 e 30 de novembro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura –, quatro concertos com obras de compositores do século XX, além de três estreias mundiais. O festival incentiva o diálogo com a literatura contemporânea, proporcionando uma conversa entre os compositores e poetas alemães e brasileiros. O conceito desta ideia não se restringe somente a combinar música e leitura. Possui um caráter multifuncional, interconectado, performático, multilingual e aberto para outras formas de expressão artística. Compositores e escritores estarão juntos em uma estreita colaboração, criando novas produções musicais e literárias antes das performances. Desta maneira, nasce um conceito desafiador e totalmente inovador.
Durante estes dias, estarão envolvidos 25 artistas compositores e escritores brasileiros e internacionais, na Escola de Artes Visuais Parque Lage, no Rio de Janeiro, assim como na bela Villa Elisabeth, em Berlim, escolhidas especialmente para que os programas possam ser apresentados para um público heterogêneo no centro das respectivas capitais culturais.
Três estreias mundiais poderão ser ouvidas durante o festival, assinadas pelos compositores Sérgio Rodrigo, José Henrique Padovani e Samir Odeh-Tamimi. Entre os intérpretes do festival, figuram o clarinetista israelense Chen Chalevi, o violoncelista alemão Julian Arp e a violinista Pryia Mitchell.
Como parceira do festival, a EAV Parque Lage apresentará ainda o trabalho do Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, sob a orientação de Tina Velho, na forma de uma intervenção visual ao redor do universo de John Cage.
Direção artística de Julian Arp, Caspar Frantz, Johannes Frank e Luiz Gustavo Carvalho.
PROGRAMAÇÃO
Programa I
28 de novembro, quinta-feira, 20h
Estreia mundial
- “Para o início dos tempos“, para violino, viola, violoncelo, piano e percussão. Sérgio Rodrigo
Autores: Swantje Lichtenstein, Ricardo Domeneck
Músicos: Priya Mitchell, Gareth Lubbe, James Barralet, Luiz Gustavo Carvalho, Fernando Rocha
- “Os dez mandamentos”, para soprano, piano, clarineta, trombone, violoncelo, e percussão. Samir Odeh-Tamimi
Autores: Johannes CS Frank
Músicos: Julia Miháli, Caspar Frantz, Chen Halevi, Nikolay Genov , Julian Arp, Fernando Rocha
Programa II
29 de novembro, sexta-feira, 20h30
- “Berceuse para a insônia” Uma homenagem a John Cage
Autores: Max Czollek (Alemanha), Ricardo Domeneck (Brasil), Maya Kupermann (Israel), Johannes CS Frank (Alemanha), Björn Kuhligk (Alemanha)
Músicos: Julian Arp, Caspar Frantz, Luiz Gustavo Carvalho. O programa é feito em parceria com Grupo NAT_EAV | Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Programa III
30 de novembro, sábado, 18h
“Sinais, Jogos e Mensagens” – Uma homenagem a György Kurtág
Autores: Johanna Melzow, Luca Argel, Maya Kupermann
Músicos: Julian Arp, James Barralet, Gareth Lubbe, Priya Mitchell, Luiz Gustavo Carvalho, Noam Greenberg, Caspar Frantz
Programa IV
30 de novembro, sábado, 20h
“Metamorfose”
- “Jaffa’s River Dreaming”, para clarineta, violoncelo e piano. Sven-Ingo Koch Autores: Johannes CS Frank.
Músicos : Chen Halevi, Julian Arp, Caspar Frantz
Estreia nacional
- “Seis Metamorfoses sobre Ovídio” para oboé solo. Benjamin Britten
Autores: Björn Kuhligk, Swantje Lichtenstein, Max Czollek, Angelica Freitas, Luca Argel, Ricardo Domeneck
Músico: Alexandre Ficarelli
- “Grave- Metamorfoses para violoncello e piano” . Witold Lutoslawski
Autores: 12 autores alemães, 12 autores brasileiros
Músicos: James Barralet, Noam Greenberg
- “Transformação de 24 metamorfoses”, para violino, clarineta, violoncelo e piano. José Henrique Padovani.
Autores: 12 autores alemães, 12 autores brasileiros
Músicos: Pryia Mitchell, James Barralet, Chen Halevi, Noam Greenberg
Estreia mundial
Cine Lage com Alexandre Fenerich, Lilian Campesato e Rodolfo Caesar na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Último Cine Lage do ano presta homenagem a John Cage, EAV Parque Lage
No dia 29 de novembro (sexta), às 19h, tem Cine Lage, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura. Lilian Campesato, Alexandre Fenerich e Rodolfo Caesar serão os curadores da noite. Eles, que também são músicos, falarão ao público sobre o filme a ser exibido – Dreams that money can buy – e intervirão durante a projeção do filme com cortes, silêncios e blackouts. O homenageado da noite será John Cage, um dos mais influentes compositores norte-americanos do século XX.
“Estamos preparando nossos instrumentos, alguns eletrônicos, outros não, para realizarmos intervenções na parte sonora do filme, substituindo a trilha sonora original”, explica Rodolfo, um dos curadores. O trio fará também uma breve parada no meio do filme, para uma pequena improvisação. Lilian produz sons vocais com processamento eletroacústico, enquanto Fenerich toca suas gambiarras também processadas e Rodolfo faz sons eletroacústicos.
O Cine Lage é uma programação mensal de exibição de filmes e vídeos com o objetivo de promover o debate e a reflexão sobre essa produção. “Com o programa, a EAV busca contribuir para a divulgação de obras que não são exibidas no circuito comercial. A cada apresentação, um artista ou curador é convidado a selecionar e a comentar filmes e vídeos que são exibidos em um telão, no pátio da piscina”, afirma Claudia Saldanha, Diretora da EAV Parque Lage. A entrada é gratuita.
PROGRAMAÇÃO
Dreams that money can buy (Hans Richter, EUA, 1h19’, 1947)
Filme experimental escrito, produzido e dirigido pelo artista (dadaista e surrealista), cineasta e teórico Hans Richter, com produção executiva de Kenneth Macpherson e Peggy Guggenheim. Colaboraram no filme: Max Ernst, Marcel Duchamp, Man Ray, Alexander Calder, Darius Milhaud, Paul Bowles, Fernand Léger e John Cage.
Recebeu o prêmio de Contribuição Mais Original para o Progresso da Cinematografia no Festival de Veneza de 1947.
Sinopse: Joe Narcissus é um homem comum que descobre habilidades incomuns ao se olhar no espelho e decide vender seus serviços lendo os sonhos de sete pessoas. O filme se divide em sete narrativas de sonhos surreais criados por alguns dos artistas citados.
novembro 25, 2013
Cris Bierrenbach na Lourdina Jean Rabieh, São Paulo
Cris Bierrenbach explora o universo feminino em exposição na Galeria Lourdina Jean Rabieh
Cris Bierrenbach - Fired, Galeria Lourdina Jean Rabieh, São Paulo, SP - 28/11/2013 a 17/01/2014
Fired significa demitido. E também baleado, atingido. Por ser justamente este o significado que queria dar às suas mulheres/profissionais, a fotógrafa Cris Bierrenbach se permitiu dar o nome dessa exposição em inglês. Mas suas mulheres não poderiam ser mais brasileiras. Cris fez dez autorretratos para levantar questões atuais relativas à condição da mulher na sociedade, desde os cargos que exercem no mercado de trabalho à violência que sofrem diariamente. Para isso, ela se vestiu de empregada, jogadora de futebol, gari, recepcionista, policial, enfermeira, executiva, aeromoça, chef, prostituta.
Depois de fotografar cada uma dessas profissionais e imprimi-las em tamanho natural (1,85m), Cris deu um tiro no rosto de cada uma das fotos – com calibre 12 ou 38 ou com explosivos – fazendo com que os rostos das mulheres ficassem desfigurados, anônimos.
“A exposição Fired tem como objetivo instigar o público a pensar nas questões do universo feminino como a posição que exercem e como as mulheres são vistas na sociedade contemporânea”, diz Cris Bierrenbach. Em relação aos tiros que são usados para gerar o anonimato, ela explica que é a falta de identidade nos sonhos coletivos, ideais e modelos de felicidade.
A série é uma continuação de um trabalho desenvolvido há dez anos, que tratava de forma semelhante outro tipo de questão do universo feminino: o casamento. A exposição Fired também contará com sua versão online.
Sobre a artista
Cris Bierrenbach (São Paulo, 1964). Fotógrafa e artista plástica autodidata, iniciou sua carreira como repórter-fotográfica no jornal Folha de S. Paulo, em 1989. Desenvolve um trabalho artístico que inclui vídeo, performance, instalação e pesquisa sobre técnicas de impressão fotográfica do séc. XIX, com ênfase na produção de daguerreótipos. Dentre os prêmios recebidos destacam-se: Porto Seguro de Fotografia (2004), Prêmio Candango de Direção de Arte no 41º Festival de Cinema de Brasília (2008), Prêmio Aquisição Centro Cultural São Paulo (2009), Marc Ferrez de Fotografia e Arte Contemporânea da Funarte (2010). Além do Brasil, seus trabalhos já foram exibidos na Alemanha, Bélgica, Chile, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Japão, México, Inglaterra e Uruguai. Possui obras nas coleções do MASP, MAM-SP, MAC-SP e Maison Européenne de la Photographie, entre outros. Em 2005 foi convidada pela editora Cosac Naify a publicar um livro com seu trabalho dentro da coleção Foto-Portátil.
Aberturas em novembro na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho apresenta, de 26 de novembro a 20 de dezembro de 2013, a exposição U=RI, de Henrique César e Guilherme Peters [salas 1, 2], e “Arquitetura da Solidão” de Nicolás Bacal [sala 3]. Sobre a fachada da Vermelho, o artista Felipe Salem apresenta a instalação “Para onde os mosquitos vão quando chove”. Na data da abertura das exposições, serão lançados no TIJUANA pôsteres dos artistas Henrique César, Guilherme Peters, e o livro “Tijolo” de João Loureiro.
A era moderna surgiu à sombra dos ideais conquistados pela Revolução Francesa. O crescimento das repúblicas e das democracias liberais ao redor do mundo, o desenvolvimento das ideologias modernas, das ciências e das artes, a invenção da guerra total, e, no limite, o homem como personagem central nesse cenário tiveram o seu nascimento durante a revolução.
No campo da arte, muitos artistas se dedicam, nos dias de hoje, à pesquisa acerca dos desdobramentos do modernismo. Há ainda os que preferem investigar as raízes filosóficas, éticas, estéticas e políticas que conduziram, ainda no século XVI, ao surgimento da era moderna e ao pleno estabelecimento e expansão dos ideais liberais em todos os âmbitos da cultura ocidental até os dias de hoje.
Tal procedimento investigatório é evidente na exposição U=RI proposta pelos jovens artistas Guilherme Peters e Henrique César, que conta com projeto para fachada de Felipe Salem.
O título da exposição faz referência à fórmula usada na física para medição da tensão elétrica [voltagem] entre dois pontos, e, no caso dessa exposição, revela vários dos procedimentos exercidos pelos artistas na conceitualização, elaboração e materialização de suas obras.
Isso ocorre, na forma como os três artistas optam por representar o corpo humano.
No caso da série de autorretratos “Enxertos”, “Antenas” e “Terra”, de Henrique César, o homem, suas necessidades físicas, curiosidades, originalidade e domínio sobre as forças da natureza é o centro da representação, e, portanto, do mundo, aparecendo turbinado por artificialismos técnicos sugeridos por antenas, num misto entre homem e máquina.
No caso de Guilherme Peters, a repetição funciona como ferramenta para evidenciar a eterna busca do homem pela superação dos limites físicos e intelectuais do corpo. Na performance “Estudante” [2012], que Peters realizará durante A mostra, a repetição ad infinitum de um único movimento, aponta, segundo o próprio artista, para a idéia de fracasso eminente a todo processo de conhecimento. Na performance, o artista tenta repetidas vezes finalizar um desenho de observação que, entretanto, depende da ação física de suspender, por meio de um sistema de roldanas e cabos, conectados como próteses ao seu corpo, livros relacionados à historia da arte.
Felipe Salem, por sua vez, instalou sobre a fachada da Vermelho uma escada que poderá ser escalada pelo observador sem medo de altura. Do topo da escada - aproximadamente 5 metros de altura do chão -, é possível visualizar por meio de uma perfuração na parede, o interior da sala 2, no piso superior da galeria. O observador intrépido que ousar escalar os 5 metros poderá não apenas ter uma perspectiva única de observação da mostra, e daqueles que por lá se deslocam, mas seu esforço físico será recompensado com um copo d água, acessível por meio de um canudo instalado por Salem no fim da escada.
Base de toda economia liberal, o trabalho surge, na era moderna, como energia propulsora que embasa todos as transformações necessárias para o pleno estabelecimento do moderno. Em “Para onde os mosquitos vão quando chove” fica clara a analogia criado por Salem com o conceito positivista de trabalho como uma série de esforços despendidos pelo homem com o objetivo de atingir uma meta.
Em 2010, Guilherme Peters encarnou um dos principais personagens da história moderna no vídeo “Robespierre e a tentativa de retomar a revolução”. Na instalação, o artista tece um comentário sobre da origem do movimento republicano, que aponta para a impossibilidade da utopia revolucionária prosperar num mundo em que tarefas simples e repetitivas provocam “vertigem”.
Em U=RI, o artista dá continuidade a essa pesquisa apresentando um conjunto de trabalhos diretamente relacionados ao tema, como a instalação “Retrato de Robespierre”, na qual uma imagem do revolucionário francês é estampada por meio de um processo de oxidação ininterrupto, que transformará a imagem.
Processo químico semelhante é utilizado por Peters nas instalações “Autodestruição dos direitos humanos”, “Terra Santa” e "Máquina para evocar o espírito de Joseph Beuys através de sua imagem". Nas duas primeiras obras, o processo de oxidação das placas de ferro é constante e acarretará a completa transformação da imagem do século XVIII da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e, na segunda, de uma passagem retirada do Torá que remete à terra prometida, ou, nos dias de hoje, à Palestina. Já em "Máquina para evocar o espírito de Joseph Beuys através de sua imagem", que faz referencia à performance criada por Peters, em 2009, o retrato de Beuys, ao lado de um do próprio artista foram estampados sobre uma placa de cobre [Beuys] e outra de ferro [Peters]. Submersos em um aquário, as placas sofrerão um processo de eletrólise, que fará com que o retrato de Peters, estampado sobre placa de ferro, incorpore partículas de cobre expelidas da placa Beuys.
O obscurantismo que a era moderna tentou combater por meio do conhecimento cientifico, aparece na serie “Catacumbas” de Henrique César. Nos desenhos, o artista apresenta imagens de catacumbas subterrâneas localizadas nas cidades de São Paulo e Paris, ao lado do vídeo “Endoscopia”, no qual uma câmera endoscópica escrutina o interior de um esqueleto, alem do poliptico “Radiografia de Parede”. Nesse último, César apresenta o que há sob o reboco de paredes, revelando seu interesse cientifico acerca daquilo que está sob as calçada, sob a pele ou mesmo sob a fachada dos muros.
Procedimento de escrutino similar aparece no vídeo “Tentativa de aspirar o grande labirinto”, no qual Peters criou, por meio de ferramentas de edição 3D, um passeio virtual dentro de um dos “Metasquemas” de Helio Oiticica. Na obra, Peters se apropria ainda do texto “Brasil Diarréia”, escrito por Oiticica em 1970, que aponta para a diluição dos elementos construtivos brasileiros.
A trabalhos como “Catacumbas”, “Endoscopia” e “Políptico Radiografia de Parede”, César contrapõe o seu “Tratado Anagógico”. O desenho com 1,80 m. de altura, similar a uma formula química gigante, pretende aferir a ferramentas técnicas cujo papel é bastante claro e especifico no campo da ciência, significações místicas e obscurantistas.
Se por um lado César escolhe o termo tratado para criticar a contra corrente que insiste em colocar o conhecimento cientifico em xeque, Peters prefere o formato de diagramas, esquemas, gráficos e circuitos, que, na historia do conhecimento, auxiliaram o homem a organizar o conhecimento e asseguraram a base para a compreensão futura de suas aquisições, para abordar questões subjetivas. É o que ocorre em “Projeto para um grande resistor” e “Projeto para grande carburador”. No primeiro, Peters utilizou paginas do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung como papel de fundo para um grande desenho que imita um circuito elétrico, e, no segundo, o desenho para o projeto de um grande carburador sobrepõe notas sobre a Revolução Francesa.
Embora pertença à mesma geração de César, Peters, e Salem, Nicolas Bacal [28] nasceu, vive e trabalha em Buenos Aires. “Arquitetura da solidão”, sua primeira individual na Vermelho, parece ter sido elaborada em perfeita sintonia com a idéia de acerto e de fracasso que permeia U=RI, com a qual divide o espaço da galeria.
A serie de xilogravuras “Arquitetura da Solidão”, que dá titulo a exposição, é uma intervenção sobre as páginas do atlas “The Cambridge Star”, composta por comentários e anotações como um bloco de notas sobre as imagens da Via Láctea. O resultado dessa combinação é esculpido sobre placas de compensado e estampadas em papel offset com tinta na cor cyan manualmente. Nesse caso, os veios da madeira e a dimensão original da placa de compensado constituem uma terceira interferência sobre a imagem original. O resultado são impressões de 180 x 250 cm, de todo o céu possível de ser visto a partir da Terra, onde o artista agrega o erro, a falha e a imprecisão.
Citado e recitado em contextos e circunstância distintas, no âmbito das artes visuais, da arquitetura, da astronomia, da ética, da política e da economia, a herança do Modernismo continua a representar um dos temas principais na pauta da arte atual. A confirmação do seu fracasso é evidente, mas, como sugerido por Bacal, César, Peters e Salem, é na aceitação do fracasso dos ideais modernistas que reside o espaço para a ressignificação e subversão do terreno para o futuro.
Nicolás Bacal - Exposições Individuais: La Gravidad de mi orbita alrededor tuyo, Centro Cultural Rector Ricard Rojas, Buenos Aires, Argentina [2013]; PSR B1718-19, Galeria Alberto Sendros, Buenos Aires, Argentina [2012]; LOLDESUWTF, en colaboración con Carlos Huffmann y Martín Bernstein, Galería Mite, Buenos Aires, Argentina [2011]; L’infini avec toi, JTM Art Gallery, Paris, França [2009]. Seleção de exposições coletivas: Se o tempo for favorável, 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil [2013]; When Attitudes Became Form Become Attitudes, CCA Wattis Institute for Contemporary Art, San Francisco, EUA [2012]; Untitled (12ª Bienal de Istambul), Istambul, Turquia [2011]; Premio Salón Nacional de las arte, Fotografía, Palais de Glace, Buenos Aires, Argentina [2010].
Henrique César - Seleção de exposições coletivas: Red Bull House of Art, Red Bull Station, São Paulo, Brasil [2013]; 44a Anual de Artes, Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP], São Paulo, Brasil [2013]; É preciso confrontar as imagens vagas com gestos claros, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil [2012]; Wabi-Sabi, Galeria Mendes Wood, São Paulo, Brasil [2011]; EX-IT (Exposição Itinerante), Espira La Espora, Museo de Arte de El Salvador [MARTE], San Salvador, El Salvador; Alianza Francesa, Managua, Nicaragua; Centro Cultural de España, Guatemala City, Guatemala; Centro Cultural de España, Tegucigalpa, Honduras; Institute of Mexico in San Jose, Costa Rica [2010].
Guilherme Peters - Exposições Individuais: Palácio da Eternidade e a Valsa dos Esquecidos, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, Brasil [2011]. Seleção de exposições coletivas: Verbo 2013: mostra de performance arte [9ª edição], Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil [2013]; 1a Bienal de Montevideo: El Gran Sur, Fundacion Bienal de Montevideo, Montevideo, Uruguai [2012]; Panoramas do Sul, 17° Festival Internacional de Arte Contemporânea Videobrasil, SESC Belenzinho, São Paulo, SP,Brasil [2011]; 8ª Bienal do Mercosul: Ensaios de Geopoéticas, Porto Alegre, Brasil [2011]; Experiência Hélio Oiticica, Itaú Cultural, São Paulo,Brasil [2010].
novembro 22, 2013
Edgar Martins na Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
A exposição que a Galeria Laura Marsiaj inaugura em novembro, traz 2 séries fotográficas: This is not a House e A Metaphysical Survey of British Dwellings.
Edgar Martins, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, RJ - 27/11/2013 a 21/12/2013
Isto não é uma casa
A crise das hipotecas no mercado americano, que tem suas raízes nos anos finais do século XX, tornou-se evidente em 2007, e expôs fraquezas generalizadas na regulação do setor financeiro e do sistema financeiro global.
Este trabalho foi fotografado nos Estados Unidos, entre novembro e dezembro de 2008, no contexto de uma comissão do The New York Times Magazine. Produzido em oito estados separados em dezesseis locais diferentes, esses locais cuidadosamente pesquisados expõem toda a extensão, latitude e impacto desta crise.
O projeto buscou reunir e catalisar novas experiências de uma nova forma de arquitetura americana convocando uma conjunção inquietante de realismo e ficção. Empregando tanto dispositivos analógicos quanto digitais permitiram aumentar as possibilidades paradoxais da imagem fotográfica e reunir contradições insolúveis.
As casas descritas nesta série não se referem apenas ao particular. São imagens de coleções espaciais, de tipos de estágios em que uma série de narrativas completamente diferentes (e talvez incompatíveis) podem ser ordenadas.
“Isto não é uma casa” surge justamente nesse momento em que as palavras claras hesitam, onde a linguagem é perturbada. Ele nos lança para as antinomias de percepção e existência, a exploração de limites e limites instáveis.
Uma pesquisa metafísica de moradias britânicas
Fotografado inteiramente em uma cidade cenográfica, construída em 2003, para treinar as unidades de armas de fogo e de Ordem Pública da Polícia Metropolitana do Reino Unido, esta série trata de urbanismo em toda a sua contradição e ambiguidade.
Este centro de formação especializada, ultrarrealista, não é apenas um simulacro de cidades britânicas contemporâneas, é também uma metáfora para a cidade moderna asocial.
Nada se move dentro ou fora desses edifícios. O tecido urbano desaparece no crepúsculo, obrigando-nos a preencher as ausências que a noite implacavelmente expõe.
Um ambíguo jogo de identidades e de relações está acontecendo, um jogo que engloba um conjunto enigmático da vida cotidiana, transmissão e fluxo, deslocamento, confusão e solidão. Há uma sugestão inquietante de que nem tudo é o que parece.
Edgar Martins nasceu em Évora e cresceu em Macao, mudando-se para Londres aos 18 anos onde se especializou em fotografia. Seu trabalho hoje é conhecido na Europa, Estados Unidos, China e América Latina. Participou de importantes exposições, inclusive da Bienal de Veneza em 2011, bem como foi ganhador de inúmeros prêmios pela sua obra.
Estela Sokol na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Estela Sokol - Gelatina, Anita Schwartz Galeria, Rio de Janeiro, RJ - 27/11/2013 a 15/01/2014
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 26 de novembro de 2013 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Estela Sokol – GELATINA”, que ocupará todo o espaço expositivo do edifício, com cerca de 15 obras inéditas da artista paulistana, que tem tido reconhecimento crescente, no Brasil e no exterior, com suas obras que abordam os aspetos da cor a partir da manipulação de diferentes matérias. . Esta é a segunda mostra individual da artista na galeria, que já fez individuais no Museu da Taipa, em Macau, na China, 2012; na Gallery 32, em Londres, Inglaterra, em 2011; na Galerie Wuensch, em Linz, na Áustria, em 2011; no Paço das Artes, em São Paulo, em 2010, entre outras. Em 2011, ela apresentou a exposição individual “A morte das Ofélias”, na Anita Schwartz Galeria de Arte, e participou, ainda, das coletivas na galeria: “A primeira do ano - Múltiplos”, em 2012; “Desenhos e Diálogos” e “Em torno da escultura”, em 2011, e “Trajetórias em Processo”, em 2009.
No grande salão no térreo da galeria serão apresentadas cerca de 13 pinturas inéditas da série “GELATINA”, produzidas este ano em PVC sobre chassis. Incomuns por serem produzidas sem a utilização de tinta, a artista explica: “Estico e sobreponho lâminas de PVC coloridos, opacos e translúcidos, entre outros materiais sintéticos, sobre chassis de madeira, criando diversas matizes que mudam conforme a incidência da luz e deslocamento do espectador”. Ressalta, ainda que “As pinturas de PVC sobre chassi propõem um diálogo entre a paleta encontrada na industria e a tradição pictórica”.
O crítico de arte Rodrigo Naves, que escreve o texto para o catálogo da mostra, diz sobre as pinturas: “Estela Sokol se nega a escolher as cores com que irá trabalhar. Limita-se a empregar aquelas que encontra nesses produtos”. “Ela não mistura pigmentos, não tem paleta e tampouco lança mão de meios (óleo, acrílica, encáustica etc.) que ajudem a alcançar a forma exata de apresentar um amarelo ou um vermelho. Tampouco há pinceladas em seus trabalhos. Enfim, tudo conspira contra a associação entre cores e subjetividade. Ainda que, ao fim, a artista procure reverter o caráter dado das cores dos materiais empregados”.
Conhecida pelos trabalhos com cores fortes, em tons néons, nesta mostra a artista utiliza tons rebaixados. As novas pinturas, no entanto, reafirmam a pesquisa da cor na perspectiva de Estela Sokol. Ao utilizar materiais industriais, ela revela tons que, mesmo advindos das cores comuns, despontam com novidade e certa estranheza, a partir da manipulação da artista. “Minha relação com a cor se deu através da escultura e dos materiais. As cores passaram a integrar as esculturas e instalações quase que como uma tentativa de amolecimento da forma e pouco a pouco a cor foi se tornando o assunto principal dos trabalhos”, conta.
“A aparência mais pop de seus quadros – feitos pela sobreposição de folhas de PVC – adquire aos poucos uma dimensão quase construtiva, à medida que o aspecto industrial e sem sutilezas dos materiais empregados vai sendo revertido pela sobreposição das várias camadas de PVC, que por transparência (ou opacidade) estabelecem superfícies sutis e matizadas, não muito distantes da tradição das velaturas, que foram condição importante para a arte do Renascimento. E aquilo que poderia parecer um paradoxo – a aproximação de duas vertentes estéticas opostas, construtivismo e arte pop – revela acima de tudo a liberdade com que Estela Sokol aborda a história da arte”, diz Rodrigo Naves.
MEIO-FIO
No terceiro andar da galeria, será apresentada ainda a escultura também inédita “Meio-fio”, composta de placas de mármore com incisões nas quais será depositado um pigmento azul claro, que “tinge e ilumina a superfície das pedras”.
O catálogo da exposição será lançado em meados de janeiro, no final da mostra, com texto de Rodrigo Naves.
SOBRE A ARTISTA
Estela Sokol nasceu em 1979, em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Realizou diversas exposições individuais, como “Se o deserto fosse laranja a coisa seria cor de rosa”, no Museu da Taipa, em Macau, na China, 2012; “Secret Forest”, na Gallery 32, em Londres, Inglaterra, em 2011; “Licht Konkret”, na Galerie Wuensch, em Linz, na Áustria, em 2011; “A morte das Ofélias”, na Anita Schwartz Galeria, no Rio de Janeiro, em 2011; “Dawn for Interiours”, na Bisagra Arte Contemporáneo, em Buenos Aires, Argentina, em 2010. “Clarabóia”, no Paço das Artes, em São Paulo, em 2010; “Sol de Inverno”, no Palácio das Artes, Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, em 2008; “Meio dia e meia”, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, em 2006, entre outras.
Também participou de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior das quais destacam-se: “What can we expect from color?”, na BYCR Gallery, em Milão, na Itália, em 2013; “Norman Dilworth, Alistair Mcclymont and Estela Sokol”, na Strand Gallery, em Veneza, na Itália; “Arte Contemporânea no Universo Bordallo”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal; “Considerações sobre o plano”, no Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo, ambas em 2013; “III Bienal del Fin del Mundo”, em Ushuaia, na Patagônia, Argentina, em 2011; “16º Bienal de Cerveira”, em Cerveira, Portugal, em 2011; “Mapas Invisíveis”, na Caixa Cultural São Paulo, em 2011; “Light Art Bienalle”, em Linz, na Áustria, em 2010; “Graphias”, no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2009; “Nova Arte Nova”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2009, e Rio de Janeiro, em 2008, entre outras.
Ganhou prêmios como "Mostras de artistas no exterior”, dentro do “Programa Brasil Arte Contemporânea”, da Fundação Bienal de São Paulo, em 2010; “Temporada de projetos Paço das Artes, em São Paulo, em 2009; “Edital Revelação MACC”, em São Paulo, em 2004; “Projéteis FUNARTE de Arte Contemporânea”, no Rio de Janeiro, em 2005; e “34°Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto”, em São Paulo, em 2006.
novembro 20, 2013
Beatriz Milhazes no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
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Temos o prazer de apresentar O Círculo e seus amigos, exposição de Beatriz Milhazes no Galpão Fortes Vilaça. A artista carioca apresenta nove pinturas inéditas que enfatizam a vibração ótica e cromática da Op Art, e padronagens e cores de origem tribal Africana, entre outras.
Nesta série de trabalhos, a paleta de cores cítricas e um uso particular de dourados se rende a uma tonalidade mais escura, com a introdução do marrom e das cores de pigmentos naturais peruanos. A referência à Op Art, que em trabalhos anteriores aparecia de forma indireta, reaparece aqui em papel principal, num uso objetivo de recursos óticos, onde linhas e círculos saturam o plano em uma audaciosa justaposição de padrões geométricos. Na tela Potato Dreaming, dominada por tons de rosa, vinho e ocre, padrões em listras sobrepostos emprestam inquietação e movimento à uma estrutura que de outra forma seria rígida. Em Flores e Árvores, esta mesma sobreposição é radicalizada com a introdução de elementos vazados que confundem figura e fundo, sem que o olhar consiga estabelecer uma hierarquia.
Em outras composições a artista apresenta novas flores como um elemento central, cuja forma e estrutura são resultantes da observação da arte tribal. Em Wild Potato, a flor central se desfaz em listras orgânicas e algo psicodélicas de alto contraste, sobre um fundo de geometria precisa em cores igualmente contrastadas. Igrejinha traz a figura totêmica de um copo-de-leite ativado por tons elétricos, por sua vez preenchidos por um padrão de círculos irregulares recorrente nessa exposição.
Milhazes consagrou-se como uma das maiores artistas da atualidade, desenvolvendo em trinta anos de carreira um vocabulário pictórico único, onde elementos da ornamentação se enredam com a tradição da pintura abstrata. Questões de um repertório visto muitas vezes como secundário - das artes decorativas, da arte popular e do Carnaval – permeiam sua obra, em que a cor e a geometria são os elementos estruturantes. A artista desenvolveu uma técnica particular em que a tinta é aplicada primeiro sobre folhas de plástico que depois são transferidos para a tela, eliminando assim o gesto da pincelada. Esse modus operandi possibilita à artista uma enorme capacidade de experimentação aliada a um rigor formal.
Beatriz Milhazes nasceu no Rio de Janeiro em 1960 onde vive e trabalha. Na última década a artista teve importantes exposições individuais das quais podemos destacar: Quatro Estações, Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal e Panamericano, MALBA, Argentina (2012); Fondation Beyeler, Suíça (2011); Fondation Cartier pour l’art contemporain, França (2009); Beatriz Milhazes – Pinturas e Colagens, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil (2008); 21st Century Museum of Contemporary Art, Japão, (2004); Domaine de Kerguéhennec-Centre d'Art Contemporain, France (2003). A artista representou o Brasil na 50ª Bienal de Veneza em 2003, participou da Bienal de Shangai, China, em 2006 e das 24a e 26ª Bienais de São Paulo em 1998 e 2004. Suas obras figuram nas mais importantes coleções do mundo, como MoMA – Museum of Modern Art de Nova York; Museo Nacional Reina Sofia, Madrid e Metropolitan Museum of Art, Nova York, entre outros. Meu Bem, grande exposição panorâmica da artista, esteve recentemente em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro e itinera para o Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, com abertura no dia 21/10/2013.
We are pleased to present O Círculo e seus amigos[The Circle and its friends], an exhibition by Beatriz Milhazes at Galpão Fortes Vilaça. The Rio de Janeiro artist presents nine new paintings that emphasize, among other things, the optical and chromatic vibration of op art as well as patterns and colors from African tribal origins.
In this series of works, her palette of citric colors and particular use of golden hues gives way to a darker tonality, with the introduction of brown and colors from natural Peruvian pigments. The reference to Op Art, which in previous works appeared indirectly, reappears here in a leading role, in an objective use of optical resources, where lines and circles saturate the plane in a bold juxtaposition of geometric patterns. In the work Potato Dreaming, dominated by tones of pink, wine and ochre, patterns in overlaid bands impart a sense of restlessness and movement to an otherwise rigid structure. In Flores e Árvores the same overlaying is radicalized with the introduction of hollow elements that blend figure and background, without allowing the gaze to establish any hierarchy.
In other compositions the artist presents new flowers as a central element, whose form and structure are derived from the observation of tribal art. In Wild Potato, the central flower disintegrates into organic and somewhat psychedelic high-contrast stripes, on a background of precise geometry in likewise contrasting colors. Igrejinha features the totemic figure of a calla lily activated by electric tones, which in turn are filled by a pattern of irregular circles used recurrently in the works featured on the show.
Milhazes is recognized as one of the greatest artists in activity today; throughout her 30-year career she has developed a unique pictorial vocabulary, where elements of ornamentation are intertwined with the tradition of abstract painting. Questions from repertoires often seen as secondary – the decorative arts, popular art, and Carnival – permeate her work, in which color and geometry are structuring elements. The artist has developed a particular technique in which the paint is applied first on plastic sheets and later transferred to the canvas, thus eliminating the gesture of the brushstroke. This modus operandi gives the artist an enormous capacity for experimentation allied to formal rigor.
Beatriz Milhazes was born in Rio de Janeiro in 1960, where she lives and works. In the last decade, the artist has held important solo shows at prestigious venues which most notably include Quatro Estações, Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal, and Panamericano, MALBA, Argentina (2012); Fondation Beyeler, Switzerland (2011); Fondation Cartier pour l’art contemporain, France (2009); Beatriz Milhazes – Pinturas e Colagens, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil (2008); 21st Century Museum of Contemporary Art, Japan, (2004); and Domaine de Kerguéhennec-Centre d’Art Contemporain, France (2003). The artist represented Brazil at the 50th Venice Biennale in 2003, and participated in the 2006 Shanghai Biennial, in China, and at the 24th and 26th editions of the Bienal de São Paulo in 1998 and 2004. Her works figure in the most important collections in the world, including the Museum of Modern Art, New York (MoMA); the Museo Nacional Reina Sofia, Madrid; and the Metropolitan Museum of Art, New York. Meu Bem, a panoramic exhibition of the artist’s oeuvre, which recently ended at the Paço Imperial, in Rio de Janeiro, will travel to the Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, opening on November 21, 2013.
Alex Cerveny na Casa Triângulo, São Paulo
“Eu me sinto mais um escritor que escreve imagens, me sinto mais um cronista que um artista. A tradição que me agrada na arte é essa de contar histórias, como retábulos, como os muros assírios que contam histórias de batalhas...” Alex Cerveny
Alex Cerveny - Mar interior, Casa Triângulo, São Paulo, SP - 26/11/2013 a 21/12/2013
Casa Triângulo apresenta a partir de 23 de novembro, sábado, Mar interior, individual de Alex Cerveny [São Paulo,/SP, 1963. Vive e trabalha em São Paulo/SP]. Com desenhos e pinturas inéditas a mostra, permanece em cartaz até o dia 21 de dezembro, com entrada franca.
Como as cheias do Pantanal mato-grossense, a exposição Mar interior contou quase com um ano para estar inteiramente formada. Nesta mostra, Alex Cerveny exibe por volta de cinquenta trabalhos, entre pinturas e desenhos, realizados sob forte inspiração acerca do que é a pujança visual da bacia do rio Paraguai, localidade ilhada entre o Brasil e a Bolívia, região de infinitas áreas alagadiças.
O apuro técnico é um denominador comum na obra de Alex Cerveny. Ele não se prende a uma única técnica ou material: desenhos, esculturas, pinturas, bordados, colagens, cerâmicas, fotografias e gravuras, estão presentes em sua obra.
Como tema, utiliza-se de referências históricas, “algumas delas biográficas, como as figuras retorcidas e elásticas – lembranças de sua vivência de artista circense; outras literárias, e outras, ainda, dos meios de comunicação em massa, criando uma intrigada alegoria”.
A exposição Mar interior foi concebida por Alex Cerveny a partir de duas viagens realizadas à região da Serra do Amolar, no Mato Grosso do Sul, entre 2012 e 2013. Na primeira viagem o contato com a Escola Jatobazinho despertou o desejo de realizar um projeto de arte-educação.
A Escola Jatobazinho, parceria público privada entre a prefeitura de Corumbá e a organização da sociedade civil Acaia Pantanal, atende crianças que vivem em fazendas e portos ao longo do Rio Paraguai onde o acesso ao transporte, saúde e educação é um permanente desafio. Não apenas alunos, mas o corpo pedagógico e sua equipe de apoio, buscam através da experiência, fórmulas para superar os desafios do isolamento. Neste contexto a arte-educação pode ser uma contribuição significativa para o desenvolvimento destes alunos.
Nesta certeza, alunos, professores e monitores, em conjunto com o artista Alex Cerveny, com o apoio do programa “Desafios Contemporâneos” da FUNARTE, realizaram quatro murais nas paredes dos dois dormitórios da escola, que proporcionaram uma sensação de acolhimento e pertencimento para os participantes.
Com o intuito de dar continuidade a projetos de arte na Escola Jatobazinho, a Casa Triângulo e Alex Cerveny se comprometem em doar 10% da renda desta exposição.
Para Marcio Harum, em texto de apresentação, “No conjunto de obras em exibição ainda estão incluídas duas pinturas fortes de paisagem noturna, feitas a óleo sobre a semitransparência do linho. A sós, em meio à natureza, uma índia e um índio, representando em oposição as duas margens de um mesmo rio, como figuras deslocadas e postas na contraordem do tempo cronológico, sugerem repensarmos a impossibilidade real dos encontros, principalmente aqueles que têm sido mediados por toda sorte de anteparos digitais, o que faz a vida desembocar na falta de espontaneidade a que estamos absolutamente sujeitos nos dias de hoje”.
Pivô leiloa obras de grandes nomes da arte contemporânea, São Paulo
Pivô realiza segunda edição de Leilão de Parede e lança “Amigos do Pivô”, programa de incentivo ao patronato de cultura contemporânea
Ambas as iniciativas visam captação de recursos para a manutenção do espaço e sua programação
São Paulo, novembro de 2013 – O Pivô realiza a segunda edição de seu Leilão de Parede, que acontece de 22 a 28 de novembro, período no qual serão leiloados mais de 50 trabalhos de grandes nomes da arte contemporânea brasileira. Simultaneamente, será lançado o “Amigos do Pivô”, programa de associados que oferece uma série de contrapartidas. Ambas as iniciativas têm como principal objetivo captar recursos para a manutenção do espaço do Pivô e programação de exposições e atividades.
Os artistas que gentilmente cederam obras para a realização desse leilão são: Adriano Costa, Ana Mazzei, Antonio Malta, Artur Lescher, AVAF, Beto Schwafaty, Bruno Dunley, Carlito Carvalhosa, Carolina Caliento, Daniel de Paula, Daniel Lannes, Deyson Gilbert, Edith Derdyk, Erica Ferrari, Erika Verzutti, Fabiano Gonper, Fabio Tremonte, Feco Hamburger, Felipe Morozini, Fernanda Brenner, Flavia Junqueira, Gabriel Lima, Glauco Firpo, Lais Myrrha, Leda Catunda, Lenora de Barros, Leticia Ramos, Lourival Cuquinha, Lucas Simões, Lucia Koch, Luiz Roque, Marcia Xavier, Marina Rheigantz, Matheus Rocha Pitta, Mauro Restiffe, Nazareno Rodrigues, Paloma Bosquê, Paulo Monteiro, Pedro Caetano, Pedro Wirz, Raquel Uendi, Rodolpho Parigi, Rodrigo Bivar, Rodrigo Zamora, Theo Craveiro, Thiago Rocha Pitta e Vivian Caccuri.
Para participar do leilão é necessário apenas preencher uma ficha de inscrição que estará disponível no local a partir do dia 22 de novembro. As obras estarão expostas no espaço expositivo recém-reformado e no website do Pivô por uma semana, com exceção de domingo, sempre no turno da tarde. Durante este período, os participantes podem deixar seus lances a qualquer momento, pessoalmente ou por telefone.
O Leilão de Parede caracteriza-se pela ausência da figura do leiloeiro, que normalmente faz a mediação entre os lances oferecidos e a venda final da obra. Nessa modalidade adotada pelo Pivô o participante registra sua oferta diretamente na parede, ao lado da obra, usando um sistema de etiquetas que correspondem a lances de R$ 100,00.
Os lances iniciais das obras à venda terão um desconto de 40% de seus valores originais de mercado – oportunidade imperdível, tanto para colecionadores que querem adquirir obras de artistas renomados a preços especiais, quanto para aqueles interessados em começar uma coleção.
O Leilão de Parede acontece em um ambiente descontraído e informal, em que todos são convidados a visitar e participar. O encerramento será celebrado com uma festa para convidados no dia 28 de novembro, das 19h às 22h. O coquetel contará com petiscos do tradicional Bar da Dona Onça.
Concomitantemente ao leilão, o Pivô lança o programa “Amigos do Pivô”, um plano anual de sócios que visa não só a angariar fundos para a manutenção das atividades do espaço, mas também a incentivar o patronato de arte e cultura no Brasil. São amigos do Pivô as pessoas que também acreditam na produção artística contemporânea e fomentam seu desenvolvimento.
O programa “Amigos do Pivô” oferece seis categorias de adesão, que variam entre R$ 60,00 a mais de R$ 10.000,00. Os sócios recebem como contrapartida inúmeros benefícios, que incluem convites para aberturas de exposições em primeira-mão, informativos com conteúdo exclusivo, visitas guiadas com curadores e artistas, assinatura anual da revista Amarello e descontos na livraria FreeBook e no Bar da Dona Onça.
Sobre o Pivô
O Pivô, fundado em 2012, é uma associação cultural sem fins lucrativos que atua como plataforma de experimentação artística para artistas, curadores, teóricos, estudantes e público em geral. Tem por objetivo propor questionamentos críticos no campo das artes visuais, arquitetura, urbanismo e outras áreas da cultura, disponibilizando um espaço de exposição, investigação e intercâmbio de propostas artísticas nos âmbitos nacional e internacional. Sua programação é ampla e contempla exposições, residências artísticas, intervenções, cursos, debates e palestras. Em um ano de existência, o Pivô realizou cerca de 25 projetos, acolhendo em média 50 artistas e 15 mil visitantes.
novembro 19, 2013
Leandro Erlich e Tiago Tebet na Luciana Brito, São Paulo
Luciana Brito encerra seu calendário expositivo de 2013 com individuais de Leandro Erlich e Tiago Tebet
A Luciana Brito Galeria inaugura no dia 21 de novembro, a partir das 19h, duas exposições individuais simultâneas: “La Invención”, de Leandro Erlich, e “Overal”, de Tiago Tebet.
Em “La Invención”, Erlich exibe três instalações que brincam com a ilusão de ótica, através de projeções e reflexos. Já em “Overal”, Tebet apresenta trabalhos em óleo sobre tela e aquarelas, além de objetos de referência variados. As mostras ficam em cartaz até o dia 11 de janeiro de 2014.
“La Invención” – Leandro Erlich
Em sua terceira individual na Luciana Brito Galeria, o artista argentino apresenta três instalações: “Lost Garden”, “Elevator Pitch” e “Global Express”. Em todas elas Erlich recorre a temas que sempre povoaram seu universo criativo: possibilidades de realidade e materialidade, principalmente.
Esses trabalhos provocam a percepção do espectador através de ilusões de ótica, por meio de projeções que dão a impressão de que existe um elevador em funcionamento dentro do espaço expositivo, por exemplo, e um jogo de reflexos, que, em outro trabalho, leva-o a enxergar um ambiente como sendo muito maior do que ele realmente é.
Os símbolos utilizados nas instalações de “La Invención” – porta e janelas – carregam em si significados sempre misteriosos e que se esbarram na dualidade entre o concreto e o imaterial. Afinal, quão real é aquilo que vemos através delas? As obras de Leandro Erlich deixam essa indagação suspensa no ar.
“Overal” – Tiago Tebet
Nesta exposição, sua segunda individual na galeria, Tebet apresenta trabalhos em óleo sobre tela e aquarelas, além de objetos de referência, como discos de vinil, um frisbee e rótulos de cerveja. O título da mostra, aliás, vem do universo do skate, com o qual o artista sempre esteve ligado – o termo overall, que significa modalidade livre. Não à toa, entre os objetos constam ainda um shape de skate e rodinhas.
Em “Overal”, Tebet apresenta um conjunto heterogêneo de obras, no qual se permite enveredar por caminhos variados, livre de amarras. Nas pinturas a óleo, vai do abstrato ao figurativo, onde reproduz artisticamente portas de garagem grafitadas, um bordado de toalha e uma esteira ou cortina decorada. Em todas elas é notória a presença dos traços geométricos, característica marcante nos trabalhos do artista. As aquarelas seguem com a mesma temática geométrica, grande parte delas remetendo à padronagem xadrez e listrada de tecidos, com tons predominantemente pastel.
Os objetos de referência exibidos na exposição dão pistas da liberdade criativa com a qual Tiago Tebet está dialogando – dos já mencionados frisbee e peças de skate, que transmitem a sensação de atividade e fluidez, à coexistência de dois discos de vinil de gêneros bastante distintos: “Volume 4”, da banda britânica de heavy metal Black Sabbath, e “In The Kingdom Of Dub”, do músico jamaicano de dub Scientist. Em suma, o não-conceito é o conceito que norteia “Overal”.
Leandro Erlich
Nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1973, onde vive e trabalha. Entre 1998 e 1999, participou da residência Core Program, no MFA em Houston. Foi convidado em 2001 a representar seu país na 49a edição da Bienal de Veneza, da qual voltou a participar na 51a edição. Participou também das Bienais de Istambul (2001), Xangai (2002) e São Paulo (2004). Seus trabalhos pertencem a diversas coleções, públicas e privadas, como do MALBA, em Buenos Aires (Argentina), The Museum of Fine Arts, em Houston (Estados Unidos), Tate Modern, em Londres (Inglaterra), Musée d'Art Moderne, em Paris (França), 21st Century Museum of Contemporary Art, em Kanazawa (Japão), MACRO, em Roma (Itália), The Israel Museum, em Jerusalem (Israel), e the Fonds National d'Art Contemporain (FNAC), em Paris.
Tiago Tebet
Nasceu em São Paulo, em 1986, onde vive e trabalha. Formou-se em Artes Visuais pela Faap. Realizou em 2011 a exposição “Standard”, sua primeira individual, na Luciana Brito Galeria, e participou de coletivas, como “Paralela 2010, a contemplação do mundo”, em São Paulo, e a 39ª, 40ª e 41ª edições da Anual de Artes Plásticas FAAP, também na capital paulista, tendo sido premiado na 40ª.
novembro 14, 2013
Camila Soato e Carolina Ponte na Zipper, São Paulo
No dia 19 de novembro, às 19h, a Zipper Galeria inaugura a exposição “Filigranas”, de Carolina Ponte. Na mostra, a artista, natural de Salvador e radicada em Petrópolis, apresenta desenhos sobre papel e esculturas em crochê. Em cartaz até o dia 21 de dezembro.
Carolina Ponte - Filigranas, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 20/11/2013 a 21/12/2013
Os desenhos apresentados por Carolina Ponte em sua segunda individual na Zipper Galeria são produzidos com caneta, nanquim e tinta acrílica sobre papel. As criações em crochê são uma expansão do trabalho da artista com o desenho: as esculturas ganham o espaço com suas formas fluidas e exibem figuras concêntricas, feitas de minúsculas unidades, como os pontos que se desprendem da agulha.
As obras de “Filigranas” reforçam o interesse de Carolina Ponte na retomada das referências populares ornamentais e dão continuidade ao vocabulário pictórico que a artista vem desenvolvendo ao longo de sua carreira. Seus desenhos estão intimamente ligados a sua pesquisa de padronagens, algumas desenvolvidas pela própria artista, outras apropriadas de diversas culturas – egípcia, orientais, latino-americanas ou brasileiras. Juntas, elas compõem uma espécie de léxico particular. “Seu desenho detalhista e quase compulsivo se aproxima do Barroco, não apenas por sua atmosfera excessiva e pela contraposição de cores, mas por realizar um tipo de composição que vai e volta ao tema, acrescentando a ele, a cada retorno, um pouco mais de informação”, comenta a crítica de arte Daniela Name.
Também no dia 19 de novembro, a Zipper abre, no espaço Zip’Up, a exposição “Fuleragem Polissistêmica Nº 05”, de Camila Soato, com curadoria de Mario Gioia. Em sua primeira individual em São Paulo, a artista brasiliense, que ganhou destaque como uma das finalistas do Prêmio Pipa deste ano – um dos mais relevantes no âmbito das artes visuais no país –, apresenta pinturas em variadas escalas para reforçar certo aspecto malfeito, precário e que flerta com o escatológico de sua produção, bastante particular, num campo onde a pintura por vezes se mostra muito reverente a cânone.
Carolina Ponte
Carolina Ponte tem graduação pela UFRJ, em 2005, em gravura, mídia que exige o respeito à duração dos processos e a perseverança por semanas num único trabalho. Desde então, já expôs suas obras em São Paulo (“Realidades Impossíveis”, em 2009, no Ateliê 397), Rio de Janeiro (“Abre Alas”, em 2006, n’A Gentil Carioca, e “AH”, em 2006, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage), Brasília (“Pontos de Encontro: Pedro Varela e Carolina Ponte”, em 2008, no ECCO) e Veracruz, no México (“Realidades Imposibles, 20 artistas brasileños trabajando com fotografia hoy”, em 2008, na Fototeca Juan Malpica Mimendi).
novembro 8, 2013
9a edição da Verbo na Vermelho, São Paulo
Verbo 2013 - 9a edição, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 12/11/2013 a 13/11/2013
A Galeria Vermelho apresenta, nos dias 12 e 13 de novembro, 2013, a 9ª edição da mostra de performance arte VERBO, que apresenta uma seleção de projetos recebidos durante 2013. Participam da 9ª edição os artistas Felipe Bittencourt [SP], Vivian Caccuri [RJ], Felipe Cidade [SP], Hyperpotamus [Espanha], Pedro Moraes [RJ], Luisa Mota [Portugal], Guilherme Peters [SP], Celina Portella [RJ], e Fabíola Tasca [MG].
Sem fins lucrativos, o objetivo da mostra VERBO, criada em 2005 pela galeria Vermelho, é apresentar anualmente um panorama da criações de artistas brasileiros e estrangeiros no campo da performance. Como já ocorre desde a terceira edição da mostra, em 2007, o recorte curatorial da 9ª edição da VERBO surgiu a partir da análise das mais de 170 propostas recebidas durante o ano de 2013. A crítica ao sistema social, político e econômico que detonou manifestações populares nas principais cidades do país, e do mundo, dá o tom para essa edição da VERBO.
“Empata Arte” [2013], de Felipe Cidade, faz referência à uma estratégia criada pelo sindicalista e ativista Chico Mendes, cujo objetivo era tentar conter o desmatamento das florestas no Acre. A ação, mistura entre pacifismo e belicismo, previa a criação de uma barreira feita com os corpos de homens, mulheres e crianças. Procedimento semelhante, embora nem sempre pacifista, é usado pelos batalhões da polícia em confrontos com manifestantes em todo o mundo.
O “Empata Arte” de Cidade se apropria desse procedimento criando uma corrente com mais de 80 pessoas ao redor do prédio principal da Vermelho. Com seus corpos, eles impedirão, durante a duração da performance, o acesso ao prédio onde estarão acontecendo outras ações. Inserida no espaço privado da galeria, a ação de Cidade representa uma crítica ao circuito fechado e protegido da arte atual, no qual a informação é difundida no próprio circuito, se autoalimentando.
Ação criada por Pedro Moraes, “Não existe resposta certa, se não existe pergunta (A Esfinge)” [2012] apresenta um trompetista que aguarda a chegada do observador no espaço expositivo. Quando isso acontece, ele toca um efeito sonoro conhecido como “sad trombone”, efeito comumente usado em desenhos animados para indicar fracasso. Num certo sentido, a ação se refere à ideia de que o embate com a arte precisa ser frustrante para ser produtivo, uma espécie de convite ao engajamento, ao invés de simplesmente um convite a contemplação do belo.
Vivian Caccuri, que participou da ultima edição da VERBO, em 2012, retorna à mostra com “Quadro Maior" [2013], uma composição feita a partir da captação de sons de objetos que, ao longo da performance, se transformarão numa natureza morta. Com um microfone, uma câmera VHS e um programa que espalha o som pelo espaço, a artista combina as diferentes temporalidades sugeridas pelos sons dos objetos a trechos do disco Balbec, obra épica que inspira o trabalho.
Hyperpotamus (Jorge Ramirez-Escudero) é um artista “multi-vocal” de Madri que, usando apenas sua propria voz, microfones e loops de pedais, cria sonoridades. Seu local de criação é a rua. Após participar de várias bandas, o artista decidiu seguir carreira solo. Várias de suas composições foram criadas em estações de metrô de Madri. Após lançar seu primeiro album, Largo Bailón, em 2009, Hyperpotamus continuou a realizar concertos em locais inusitados, como às margens do rio Danúbio, em apartamentos ocupados de Berlim, em floriculturas de Paris, em restaurantes no Chile, na Casa do Povo de Bratislava, Eslováquia, no Palácio de Ceaucescu em Bucareste, em igrejas de Belfast, abrigos para idosos de Bilbao, ou na entrada do palácio de Stalin, em Varsóvia. A participação do Hyperpotamus na Verbo 2013 conta com o apoio da Embaixada da Espanha no Brasil.
Sobre uma parede de blocos de concreto lê-se: em uma sociedade que aboliu todo tipo de aventura, a única aventura que
sobrou é abolir essa mesma sociedade. Em “Bail 1” [2012], o corpo de Guilherme Peters é projetado no ar, executando
uma manobra chamada no mundo do skate de wallride. Bail 1 faz um comentário acerca do fim das ideologias.
A portuguesa Luisa Mota, acompanhada de um grupo de voluntários, realizará em “I believe in good things coming” uma procissão pelas ruas da cidade. Todos os participantes da procissão, incluindo a própria artista, vestirão roupas feitas com tecido reflexivo que transforma esses personagens em “homens invisíveis”.
Em “Audiência Pública” [2013-2014], Fabíola Tasca se apropria do conteúdo discursivo das vanguardas do século XX, para criar um comentário sobre o que continua audível na atualidade. Uma atualização possível para essa retórica discursiva apontaria necessariamente para a ideia de fracasso das ambições modernas em articular arte e vida, e apontam para a questão: Os apelos que se fazem presentes nos inúmeros manifestos fazem algum sentido hoje?
Em “Lições para pessoas e coisas” [2011] Felipe Bittencourt realiza uma série de ações com um animal de pelúcia e, em seguida, as replica com seu próprio corpo, buscando a fusão das duas identidades. A performance rompe com a previsibilidade da ação replicada no corpo do artista quando se torna violenta e agressiva.
“Nós” [2011], de Celina Portella, é uma ação entre o corpo e seus múltiplos projetados em escala real. A interação entre corpo e imagem gera composições simples e dinâmicas e resultam em movimentações variadas entre os “personagens”. Trata-se de uma ação entre cinco corpos. Ao vivo, a intérprete busca se relacionar com seus múltiplos, completando as composições coreográficas sugeridas pelos corpos que aparecem no vídeo, ora ocupando espaços vazios, ora se sobrepondo aos corpos em movimentações mais ou menos amplas e precisas.
12/11 das / 20 – 22h
Vivian Caccuri “Quadro Maior”
Felipe Cidade “Empata Arte”
Hyperpotamus “Hyperpotamus”
Pedro Moraes “Não existe resposta certa, se não existe pergunta (A Esfinge)”
Guilherme Peters “Bail 1”
13/11 das / 20 – 22h
Luisa Mota “I beieve in good things coming”
Pedro Moraes “Não existe resposta certa, se não existe pergunta (A Esfinge)”
Celina Portella “Nós”
Fabíola Tasca “Audiência Pública”
Felipe Bittencourt “Lições para pessoas e coisas”
The Seven Billionth Citizen na Mamute, Porto Alegre
A Galeria Mamute convida para abertura da exposição The Seven Billionth Citizen, com curadoria de Beth Harland e John Gillett, e organizada no Brasil por Maria Lucia Cattani e Nick Rands.
The Seven Billionth Citizen, Galeria Mamute, Porto Alegre, RS - 13/11/2013 a 28/11/2013
Comissionada pela Escola de Artes de Winchester, da Universidade de Southampton, Inglaterra, como uma resposta ao anunciado das Nações Unidas relativo ao nascimento do sétimo bilionésimo habitante em 2011, a exposição chama atenção para o surpreendente crescimento global dos últimos anos. Temas como o assombro, o encantamento, a tranquilidade, a coletividade e o isolamento são apresentados em cinco vídeos produzidos por artistas de diferentes zonas populacionais do planeta, como Brasil, Egito, Inglaterra, Japão e Quênia. A exposição foi exibida na Downtown Gallery, Cairo, e Southampton Solent University, Inglaterra, e agora será apresentada simultaneamente, com pequenas variações, na Inglaterra (Cambridge) e no Brasil (Galeria Mamute).
A exposição The Seven Billionth Citizen, gira em torno cinco vídeos – cada qual produzido por diferentes artistas de cada uma das densas zonas populacionais do planeta.
A contribuição de cada artista seguiu uma mesma fórmula inspirada pelas pinturas do século dezenove de Caspar David Friedrich que mostram uma figura solitária de costas para o espectador e observando uma paisagem sublime. Em cada vídeo, a figura segura um ampulheta – reconhecimento de nosso desejo de medir o imensurável.
O grupo de artistas inclui:
- Ayman Ramadan cujo vídeo reflete sobre a vida no Cairo;
- James Muriuki, cujo trabalho habitual é em mídia digital, investiga as transições na sociedade contemporânea do Kenia.
- Naoya Hatakeyama, fotógrafo que recentemente envolveu-se com a documentação dos efeitos do Tsunami que destruiu sua cidade Natal, Rikuzentakata, no Japão.
- A artista Maria Lucia Cattani, cujo trabalho habitualmente envolve repetição e ritmos; Brasil
- Nick Rands que trabalha em várias medias para compreender a relação entre a escala humana e o planeta; Brasil
- John Gillett, curador da exposição e artista interessado na ambição das dimensões que as mídias digitais tornam possível; Inglaterra
- Beth Harland, cujo trabalho em pintura e vídeo analisa o tempo na sua estrutura visual. Inglaterra
A exposição já foi exibida na Downtown Gallery, Cairo e Southampton Solent University, Inglaterra, e agora está proposta apresentando pequenas variações em Anglia Ruskin University, Cambridge, Inglaterra e na Galeria Mamute, Porto Alegre.
Elisa de Magalhães no Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro
"Todo homem é uma ilha /Nenhum homem é uma ilha". Esta é uma querela que aponta para distintas possibilidades, contraditórias, ambivalentes, de entendermos a construção do conceito de indivíduo. Sentido solitário ou desejo de agregação?” – Marcelo Campos, curador da mostra
Elisa de Magalhães - Nenhuma Ilha, Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro, RJ - 10/11/2013 a 22/12/2013
A solidão, mesmo (ou principalmente) nos formigueiros humanos; o isolamento voluntário, a segregação social em guetos, a dissolução na grande paisagem são os temas que norteiam a exposição Nenhuma Ilha, de Elisa de Magalhães, que começa dia 9 de novembro no Oi Futuro Ipanema. A mostra – que tem curadoria de Marcelo Campos -foi criada, quase totalmente - em consonância com o conceito -, a partir de imagens captadas da janela da casa de Elisa, que, como uma ilha, observa o que se passa à sua volta.
A exposição, na verdade, começa no saguão do elevador que conduz à galeria – o espaço expositivo. Ali, ouve-se a narração de um estranho diálogo travado por dois religiosos, inspirado em personagens criados a partir de ficções de Lewis Carroll (Alice através do espelho) e de Umberto Eco (A Ilha do dia anterior). A narração é supostamente feita por um personagem da dupla Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares. Esse diálogo, que atravessa tempos (são livros escritos com muitos anos de diferença), já anuncia a suspensão temporal que a exposição Nenhuma Ilha vai provocar no visitante. É a obra sonora –Catedral -, recentemente apresentada no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, na exposição coletiva ObraNome III, com curadoria de Wagner Barja.
SEIS TRABALHOS – A VISÃO DA JANELA INDISCRETA
O primeiro trabalho, dos seis que compõem a exposição Nenhuma Ilha, de Elisa de Magalhães, é o vídeo que batiza o conjunto, exibido no saguão do Oi Futuro Ipanema. Projetado em uma tela de 4 metros, foi produzido em 2010 a partir da janela de sua casa/atelier, em Santa Teresa. Usando uma potente lente zoom, Elisa filmou o tráfego carioca no início da noite - carros nos viadutos que margeiam a Baía de Guanabara, a alguns quilômetros de distância, que parecem andar em círculos, como brinquedos, em viadutos que não levam a lugar nenhum.
A janela como posto de observação é personagem importante – desse seu posto, Elisa produziu ainda outros olhares. A instalação Mar Aberto apresenta duas fotos - semelhantes, mas feitasem dias diferentes - da paisagem da cidade vista do alto. Parece um mar, com rasgos de luz. O livro O Mar, de John Banville, completa a obra. Colocado em uma caixa de acrílico, aberto no meio, exatamente na página que separa o capítulo do capítulo 2, onde se lê: “(...) Tudo eram contornos de sal, luminância...Gotas de água caíam, formando um fio de prata na ponta do remo. Vejo o navio negro ao longe, assomando imperceptivelmente, aproximando-se cada vez mais. Lá estou eu. Posso ouvir o som de sua sirene. Lá estou eu, quase chegando”.
Já Iluminações é a foto feita de uma escadaria vazia, na comunidade dos Prazeres, em Santa Teresa, iluminada por um poste de luz. A distância e a pouca luz corrompem a imagem e transformam a paisagem em volta numa mancha azulada. O vídeo Escrita foi produzido a partir da leitura do conto de Jorge LuÍs Borges A Escrita do Deus. O monitor é instalado no chão da galeria, simulando um buraco onde está a própria Elisa, que olha para cima a cada vez que um personagem oculto abre a tampa desse lugar.
No quinto trabalho, A Vida dos Outros: Passagens, a janela da artista volta a ser protagonista - produzido especialmente para o videowall com uma câmera equipada com um potente zoom, mostra o registro de escadas e passagens das comunidades em seu entorno, de diae de noite, com gente ou sem gente. Elisa transforma o vIdeowall numa espécie de tabuleiro, onde dia e noite se opõem nas telas, num sobe e desce de escadas que não termina nunca.
O último trabalho, a foto O Olho da Ilha, funciona como uma espécie de marca visual da exposição – a foto de uma gota d’água caindo na superfície de uma piscina natural, que fica na vizinhança do estúdio. “E chamei de Olho da Ilha, por se tratar de uma ilha de água cercada de floresta por todos os lados”, explica.
“Elisa de Magalhães observa, de um ponto de vista insular, a janela de seu apartamento, o que acontece em seu entorno. Assim, faz do acontecimento comum, um advento do memorável. Aqui nos colocamos a questionar, quaisquer ações, quaisquer gestos são passíveis de narração?”- Marcelo Campos, curador.
Elisa de Magalhães (veja currículo no final do texto) desenvolveu este trabalho como continuidade de sua pesquisa que, a princípio, tece o próprio corpo como centro do olhar. Nenhuma Ilha é um desdobramento de um projeto desenvolvido entre 2010 e 2011 e, parte dele exposto em 2011,em São Paulo, chamado A Vida dos Outros. A artista foi selecionada para a Temporada de Projetos 2011, do Paço das Artes, ondeapresentou a instalação A Vida dos Outros: Parque laje – labirinto. Um livro será lançado em maio, a partir da exposição.
novembro 5, 2013
Rafael Lozano-Hemmer na Casa Daros, Rio de Janeiro
O artista mundialmente conhecido por suas instalações interativas apresenta na Casa Daros obra em que o visitante aciona luzes utilizando sua própria voz
Rafael Lozano-Hemmer - Matriz de Voz, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 09/11/2013 a 09/03/2014
A Casa Daros apresenta em sua maior sala expositiva de arte e educação a instalação interativa “Matriz de Voz”, do artista mexicano radicado no Canadá Rafael Lozano-Hemmer, criada em 2011, e já exibida em diversas cidades no mundo, como Nova York, Copenhague, e Sydney, Austrália. Ocupando toda a sala, “Matriz de Voz” vai permitir que o visitante, ao falar, cantar ou gritar em um interfone, dispare flashes verticais de luz, ao longo das quatro paredes do ambiente, em pulsações variadas, de acordo com a frequência da voz emitida. A escultura cinética possui ainda um banco de dados capaz de acumular uma quantidade de intervenções feitas pelo público, de modo a que a cada nova ação do espectador seja acionada uma sequência de luzes previamente gravadas. Dessa maneira, a obra propicia uma imersão lúdica do espectador no espaço, na medida em que o cerca por todos os lados, e ele pode interagir emitindo diferentes tipos de voz. “Matriz de Voz” é apresentada ao público no contexto de sua exposição principal, “Le Parc Lumière – Obras cinéticas de Julio Le Parc”, que fica em cartaz até 23 de fevereiro de 2014.
Nascido em 1967, na Cidade do México, Rafael Lozano-Hemmer está radicado em Montréal, Canadá, onde se graduou em Físico-Química pela Universidade de Concórdia, em 1989. No mesmo ano ele iniciou sua trajetória artística, marcada pela contínua expansão das possibilidades dos meios tecnológicos disponíveis, transformando-se em um dos mais atuantes artistas do cenário contemporâneo. Sua obra integra cerca de 30 coleções públicas e privadas ao redor do mundo, entre elas a Daros Latinamerica, sediada em Zurique, Suíça.
Lozano-Hemmer inventa seus mecanismos a partir da transformação e adaptação de dispositivos existentes. Assim, na contramão do bombardeio tecnológico a que somos submetidos diariamente, ele propõe novos usos para a tecnologia disponível e ao alcance da mão.
A curadora Katrin Steffen, da Coleção Daros Latinamerica, observa no texto que acompanha a exposição que “os testes de espectro visual, movimento, luz e relacionamento entre a obra e o espectador desenvolvido por Julio Le Parc permanence altamente relevante nos dias de hoje”. “Sua arte socialmente comprometida é uma arte imersiva, na qual, a partir dos estudos de luz e movimento, o visitante é convidado a descobrir novas formas de interação com o mundo”, ressalta. Para ela, Rafael Lozano-Hemmer “compartilha as preocupações e estratégias de Le Parc e as torna atuais”. “Ele se move para além do extenso uso da alta tecnologia para criar trabalhos bastante potentes e poéticos, que provocam questões também cruciais no trabalho de Le Parc: observação reflexiva e interatividade do público”. “De fato, ambos os artistas compartilham o interesse central em criar seus trabalhos de tal maneira que eles são acessíveis a uma vasta amplitude de público”, acentua.
Para construir “Matriz de Voz”, Rafael Lozano-Hemmer criou um “tradutor” de frequências sonoras em luminosas, transferindo o controle da obra para o próprio público, que está livre para interagir como quiser, utilizando sua própria voz.
Esta é uma excelente oportunidade para usufruir do trabalho deste artista reconhecido no mundo todo, pois no Brasil apenas em duas ocasiões foram exibidas obras suas: em 2002, na mostra “Emoção Art.ficial”, no Itaú Cultural, em São Paulo, com “33 Preguntas por Minuto”, e em 2000, no FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.
Para se ter uma ideia da instalação interativa “Matriz de Voz”, este é o link de um vídeo feito por ocasião da exibição da obra em Sydney, Austrália, no Museum of Contemporary Art.
PERFORMANCES
Na abertura da exposição, haverá a performance do beatboxer LK, de São Paulo, que fará percussão com a voz em uma interação com a obra “Matriz de voz”.
MERIDIANOS
No dia 9 de novembro de 2013, às 17h, Rafael Lozano-Hemmer falará sobre seu trabalho no auditório da Casa Daros, com entrada gratuita e distribuição de senhas uma hora antes.
Mostra Rumos Cinema e Vídeo - Programação e sinopses das obras
Mostra Rumos Cinema e Vídeo - Linguagens Expandidas no Itaú Cultural
Exposição: de 7 de novembro a 22 de dezembro
Ciclo de filmes: de 7 a 10 de novembro
Espetáculos multimídia: 13 e 15, 16 e 17 de novembro
PROGRAMAÇÃO
Exposição
Estas obras, selecionadas na categoria Espetáculos Multimídia, são apresentados permanentemente no espaço expositivo
Piso -2
Terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábados, domingo e feriados, das 11h às 20h
Já Visto Jamais Visto, Andrea Tonacci, São Paulo, 2013, 54 min
Entremeio, Lea van Steen e Raquel Kogan, São Paulo, 2013
Som e Chão, Tiago Romagnani Silveira e Diogo de Haro, Santa Catarina, 2013
Ciclo de Filmes
Exibição das obras selecionadas nas categorias - Filmes e Vídeos Experimentais – Obras que superam a estrutura audiovisual clássica a fim de explorar caminhos como o das novas formas de montagem, o da hibridização de suportes e linguagens e o da subversão de determinadas características dos meios de captação e finalização - Documentários para a Web – Trabalhos que, realizados por meio de câmeras multiformato, smartphones e dispositivos móveis, exploram as possibilidades audiovisuais da internet)
Sala Itaú Cultural
Distribuição de ingressos 30 minutos antes do início do evento
Quinta-feira, dia 7, a partir das 20h
O Ponto Cego, Chico Bahia, São Paulo, 2013, 10 min
Sorria, É Sexta-Feira, Luka Melero e Vinicius Vieira, Rio de Janeiro, 2013, 10 min
Cine Penhor, Guile Martins, São Paulo, 2013, 14 min
Já Visto Jamais Visto, Andrea Tonacci, São Paulo, 2013, 54 min
Sexta-feira, dia 8, a partir das 20h
Game What, Fabio Alves, Paraná, 2013, 10 min
Trans*lúcidx, Tamíris Spinelli, Paraná, 2013, 10 min
Osso da Fala, Sheyla Smanioto e Raphael Picerni, São Paulo, 2013, 10 min
O Porto, Clarissa Campolina, Julia de Simone, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, RJ, 2013, 21 min
A Deusa Branca, Alfeu França, Rio de Janeiro, 2013, 34 min
Sábado, dia 9
A partir das 16h
Cine Penhor, Guile Martins, São Paulo, 2013, 14 min
A Deusa Branca, Alfeu França, Rio de Janeiro, 2013, 34 min
A partir das 18h
O Porto, Clarissa Campolina, Julia de Simone, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, RJ, 2013, 21 min
Já Visto Jamais Visto, Andrea Tonacci, São Paulo, 2013, 54 min
A partir das 20h
Sinoâncias, André N. P. Azevedo e Carol Argamim Gouvêa, Minas Gerais, 2013, 8m30s
Boca de Rua – Vozes de Uma Gente Invisível, Marcelo Andrighetti, Rio Grande do Sul, 2013, 10 min
O Centro Invisível, Tiago Pedro, Ceará, 2013, 9 min
Saltimbancos, Camis Garcia, São Paulo, 2013, 9 min
Origem: Destino, Armando Praça, Ceará, 2013, 50 min
Domingo, dia 10
A partir das 17h
Origem: Destino, Armando Praça, Ceará, 2013, 50 min
A partir das 18h
O Ponto Cego, Chico Bahia, São Paulo, 2013, 10 min
Se Eu Demorar uns Meses, Giovanni Francischelli e Lívia Perez, São Paulo, 2013, 10 min
Sinoâncias, André N. P. Azevedo e Carol Argamim Gouvêa, Minas Gerais, 2013, 8m30s
Boca de Rua – Vozes de Uma Gente Invisível, Marcelo Andrighetti, Rio Grande do Sul, 2013, 10 min
O Centro Invisível, Tiago Pedro, Ceará, 2013, 9 min
Saltimbancos, Camis Garcia, São Paulo, 2013, 9 min
Game What, Fabio Alves, Paraná, 2013, 10 min
Trans*lúcidx, Tamíris Spinelli, Paraná, 2013, 10 min
Sorria, É Sexta-Feira, Luka Melero e Vinicius Vieira, Rio de Janeiro, 2013, 10 min
Osso da Fala, Sheyla Smanioto e Raphael Picerni, São Paulo, 2013, 10 min
ESPETÁCULOS MULTIMÍDIA
Apresentações cênicas que lançam mão, preponderantemente, de recursos audiovisuais.
Sala Itaú Cultural
Distribuição de ingressos 30 minutos antes do início do evento
Quarta-feira, dia 13, às 20h
Som e Chão, Tiago Romagnani Silveira e Diogo de Haro, Santa Catarina, 2013
Sexta-feira, dia 15, às 20h
Branco, Mirella Brandi e Muep Etmo, São Paulo, 2013
Sábado, dia 16, às 20h
Armadilhas, Grupo Mesa de Luz, São Paulo, 2013
Domingo, dia 17, às 20h
Orquestra Vermelha, Matheus Leston, São Paulo, 2013
SINOPSES
A Deusa Branca (Filmes e Vídeos Experimentais)
De Alfeu França, Rio de Janeiro, 2013, 34 min
Por meio de materiais de arquivo, o documentário narra a expedição que, em 1958, o artista Flávio de Carvalho e sua equipe realizaram para a região amazônica a fim de rodar um longa-metragem, que, por diversos motivos, jamais foi concluído.
Armadilhas (Espetáculos Multimídia)
Grupo Mesa de Luz, São Paulo, 2013
Por meio da captação e da manipulação em tempo real de imagens e sons, espetáculo de cinema ao vivo explora os fenômenos físicos. A apresentação é baseada no formato narrativo de um “livro-jogo” – que rende uma experiência diferente a cada “leitura”.
Boca de Rua – Vozes de Uma Gente Invisível (Documentário para a Web)
Marcelo Andrighetti, Rio Grande do Sul, 2013, 10 min A história e o cotidiano da equipe do jornal Boca de Rua, fundado em 2001 por cerca de 30 sem-teto de Porto Alegre. Vendida nas principais vias da capital gaúcha, a publicação trimestral estabeleceu-se como um canal de comunicação entre os moradores de rua e representantes de outras classes sociais.
Branco (Espetáculos Multimídia)
Mirella Brandi e Muep Etmo, São Paulo, 2013
Explorando o conceito de cinema expandido, espetáculo une elementos da música, das artes visuais e das artes cênicas para compor um ambiente audiovisual imersivo.
Cine Penhor (Filmes e Vídeos Experimentais)
De Guile Martins, São Paulo, 2013, 14 min
Nelson possui um pequeno penhor de memórias, repleto de fitas e películas. O tédio do trabalho é interrompido pela aparição de Leontina, que vem determinada a resgatar suas memórias. O filme é uma colagem de lembranças e formatos, baseado no verso "tudo que não invento, é falso”.
Entremeio (Espetáculos Multimídia)
Lea van Steen e Raquel Kogan, São Paulo, 2013
Uma instalação participativa que se utiliza do vídeo, da escultura e dos fenômenos ópticos de reflexão e refração.
Game What (Documentário para a Web)
De Fabio Alves, Paraná, 2013, 10 min
Cem anos depois das primeiras descobertas cinematográficas, ainda testemunhamos a criação de novas formas de arte. Seria o videogame uma delas?
Já Visto Jamais Visto (Filmes e Vídeos Experimentais)
De Andrea Tonacci, São Paulo, 2013, 54 min
Um diálogo entre as memórias de um autor e as imagens que filmou e guardou ao longo da atividade cinematográfica – segmentos de vida nunca exibidos, nunca revistos e nunca editados. Uma reflexão sobre imagens que permaneceram à margem da memória e de memórias à beira do esquecimento.
O Centro Invisível (Documentário para a Web)
Tiago Pedro, Ceará, 2013, 9 min
Um vídeo-poema afetivo sobre Fortaleza, uma divagação de quem ama a capital cearense e se sente amado e, às vezes, maltratado por ela.
O Ponto Cego (Documentário para a Web)
De Chico Bahia, São Paulo, 2013, 10 min
Gregório é um técnico em sistemas de segurança que instala câmeras nas principais ruas de Paraisópolis, bairro pobre de São Paulo. No serviço, entra em contato com o local onde passou a infância.
O Porto (Filmes e Vídeos Experimentais)
De Clarissa Campolina, Julia de Simone, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, RJ, 2013, 21 min
As tensões entre o passado e o presente, entre a tradição e a modernidade no ambiente portuário do Rio de Janeiro.
Origem: Destino (Filmes e Vídeos Experimentais)
Armando Praça, Ceará, 2013, 50 min
Por meio de procedimentos ficcionais, documentais e experimentais, a obra explora o universo de imigrantes africanos no Brasil.
Orquestra Vermelha (Espetáculos Multimídia)
Matheus Leston, São Paulo, 2013
Com a popularização do computador como ferramenta de criação musical, como definir o que é um músico? O que significa música ao vivo, uma vez que, durante as apresentações, é cada
vez mais comum a utilização de playbacks e samples? E por que vamos a um show? Apenas para ver pessoalmente um artista que admiramos? Questões como essas são expostas por uma banda de sombras.
Osso da Fala (Documentário para a Web)
De Sheyla Smanioto e Raphael Picerni, São Paulo, 2013, 10 min Um documentário sobre os objetos deixados por aqueles que se vão e sobre o que se esconde na fala sobre a falta.
Saltimbancos (Documentário para a Web)
Camis Garcia, São Paulo, 2013, 9 min
Uma investigação sobre as motivações pessoais que levam os artistas às ruas da cidade. Por meio de uma abordagem intimista, o trabalho discute as ressonâncias da presença da arte no espaço urbano.
Se Eu Demorar uns Meses (Documentário para a Web)
De Giovanni Francischelli e Lívia Perez, São Paulo, 2013, 10 min
Um “k-filme”, ou seja, um documentário interativo e não-linear desenvolvido por meio do software Korsakow - baseado nos relatos de presos políticos opositores ao regime militar brasileiro.
Sinoâncias (Documentário para a Web)
André N. P. Azevedo e Carol Argamim Gouvêa, Minas Gerais, 2013, 8m30s
Documentário sensorial que retrata a musicalidade dos sinos das igrejas de São João del-Rei, em Minas Gerais.
Som e Chão (Espetáculos Multimídia)
Tiago Romagnani Silveira e Diogo de Haro, Santa Catarina, 2013
O trabalho engloba uma intervenção no espaço público e performances no teatro e no espaço expositivo e propõe um diálogo entre intenção e acaso para investigar a natureza da luz, do corpo e do som.
Sorria, É Sexta-Feira (Documentário para a Web)
De Luka Melero e Vinicius Vieira, Rio de Janeiro, 2013, 10 min
Presos no congestionamento que toma a ponte Presidente Costa e Silva, conhecida como Rio-Niterói, nas noites de sexta-feira, motoristas falam sobre questões como lazer e rotina.
Trans*lúcidx (Documentário para a Web)
De Tamíris Spinelli, Paraná, 2013, 10 min
Ensaio cinematográfico baseado em autorretratos publicados on-line por indivíduos trans.
Mostra Rumos Cinema e Vídeo - Linguagens Expandidas no Itaú Cultural, São Paulo
Itaú Cultural mostra os trabalhos dos selecionados no Rumos Cinema e Vídeo com trabalhos que ultrapassam o limite das telas
Uma obra busca o diálogo entre as memórias, uma grande vídeo-escultura interativa tem telas de projeção e um aquário cujo cubo espelhado produz efeito caleidoscópico com a imagem do visitante, uma instalação intimista é exibida em um pequeno espaço, um vídeo reconstrói com material de arquivo a expedição do modernista Flávio de Carvalho pela Amazônia, uma dupla que o trabalho começa no palco e se espalha à procura de novos sons na plateia, estão entre as 20 obras apresentadas no instituto entre uma exposição, performances ao vivo e um ciclo de filmes
No dia 7 de novembro, o Itaú Cultural abre a Mostra Rumos Cinema e Vídeo – Linguagens Expandidas com as obras selecionadas na sétima edição neste segmento do programa Rumos, cujo objetivo de fomentar e difundir a arte e cultura brasileiras. Foram inscritos 401 projetos e selecionados 20 deles nas categorias Filmes e Vídeos Experimentais; Espetáculos Multimídia e Documentários para Web. O resultado ultrapassa o limite das telas e envolve uma exposição, performances ao vivo e um ciclo de filmes.
Do dia da abertura até 22 de dezembro permanece em cartaz, no piso -2, a mostra com as obras Já Visto Jamais Visto, de Andrea Tonacci; Entremeio, de Lea van Steen e Raquel Kogan; e Som e Chão, de Tiago Romagnani Silveira e Diogo de Haro. O ciclo de filmes é realizado de 7 a 10 de novembro, com os trabalhos contemplados na categoria Filmes e Vídeos Experimentais e com os 10 escolhidos na carteira Documentários para a Web. De 13 a 17 de novembro (com exceção do dia 14), são apresentados os quatro espetáculos multimídia. Tanto o ciclo de filmes quanto os espetáculos acontecem na sala Itaú Cultural.
Obras em exposição
Já Visto Jamais Visto, do diretor Andrea Tonacci, é um vídeo de 54 minutos, que conta com imagens feitas durante 40 anos, abrangendo acervo familiar e pedaços de filmes não realizados pelo cineasta. Selecionada na categoria Filmes e Vídeos Experimentais, a obra é um diálogo entre as memórias do autor e as imagens que filmou e guardou ao longo da atividade cinematográfica, mas que nunca foram vistas anteriormente. O objetivo é fazer uma reflexão sobre imagens que permanecem à margem da memória ou à beira do esquecimento. Na mostra, o filme é projetado a cada hora, acompanhando o horário de abertura do instituto (9h de terça-feira a sexta-feira e 11h aos sábados, domingos e feriados) em uma pequena sala para uma plateia de 10 espectadores por vez e puffs no lugar das cadeiras tradicionais.
A instalação Entremeio, das videoartistas Lea van Steen e Raquel Kogan, é um trabalho de pesquisa que resultou em uma vídeo-escultura interativa. Com 8 x8 metros, mais de uma tonelada de peso e utilizando 900 litros de água, a obra é realizada em uma sala com quatro telas de projeção com imagens e som de cana-de-açúcar queimando. No meio, há um aquário com um cubo espelhado que produz os efeitos ópticos de reflexão e refração da imagem do público, formando um caleidoscópio. “O nome da obra reflete o meio das coisas, é um intermediário entre o vídeo e o objeto, a água e o fogo, o espelho e o reflexo”, afirma Lea. Entremeio não é um trabalho convencional, um filme experimental ou um espetáculo multimídia. “É um projeto contemporâneo e híbrido: é, ao mesmo tempo, uma imagem e uma instalação interativa”, explica Raquel. “Ela só saiu do papel porque a instituição aposta neste novíssimo conceito de audiovisual e está nos ajudando”, acrescenta a artista.
Outro trabalho que foge da estrutura de filme convencional é Som e Chão, do artista visual Tiago Romagnani Silveira e do músico Diogo de Haro, pianista e compositor, que tem experiência de 20 anos com música experimental e de improviso – os quais também farão um espetáculo multimídia sobre o mesmo tema (veja abaixo). Trata-se de uma instalação intimista, de 8x6 metros, à qual um pequeno grupo de pessoas pode ter acesso por vez. Realizada a cada 30 minutos, a atração é dividida em três performances que trabalham com o olhar e com a percepção, buscando o limite entre o que se vê e o que é projetado, criando a dúvida entre a realidade e a imagem. A primeira parte fortalece a ideia de que uma simples ação pode ser executada por qualquer pessoa, mas interpretada de formas diferentes por cada uma. Na segunda, chamada Piano e Pedra, um artista toca um instrumento musical de improviso, mas com alguma estrutura definida. A terceira envolve sensações visuais e de temperatura, entre a luz e o calor do ambiente de modo a surpreender os presentes.
Ciclo de Filmes na sala Itaú Cultural
O ciclo de filmes é realizado de 7 a 10 de novembro (quinta-feira a domingo), na sala Itaú Cultural, com as 15 obras selecionadas – cinco na categoria Filmes e Vídeos Experimentais e 10 da carteira Documentários para a Web.
Das obras de Filmes e Vídeos Experimentais, além do já citado vídeo Já Visto Jamais Visto, que também entra neste ciclo, é exibido A Deusa Branca, de Alfeu França, que narra, com materiais de arquivo, a expedição, feita em 1958, pelo artista Flávio de Carvalho, um dos grandes nomes da geração modernista brasileira, e sua equipe pela região amazônica para realizar um longa-metragem que jamais foi concluído. Em Origem: Destino, o diretor Armando Praça mostra o universo de imigrantes africanos no Brasil, por meio de procedimentos ficcionais, documentais e experimentais. O Porto, de Clarissa Campolina, Julia de Simone, e Luiz e Ricardo Pretti, trata das tensões entre o passado e o presente no ambiente portuário do Rio de Janeiro. De Guile Martins, Cine Penhor é uma colagem de lembranças e formatos contada dentro de uma loja de penhores.
Os projetos selecionados na categoria Documentários para web revelam a tendência de abordar temas ligados à cidade e à urbanidade. O Centro Invisível, de Tiago Pedro, fala da modernização de Fortaleza e da transformação pela qual a cidade está passando. Centrado no trânsito, Sorria, É Sexta-Feira, de Luka Melero e Vinicius Vieira, entrevista motoristas presos no congestionamento na ponte Rio-Niterói, nas noites de sexta-feira. O Ponto Cego, de Chico Bahia, usa imagens de satélites e de outras câmeras posicionadas no local para tornar a imagem da capital de São Paulo mais nítida. Em outra ponta, Boca de Rua - Vozes de Uma Gente Invisível, de Marcelo Andrighetti, conta a história do jornal Boca de Rua, fundado por sem teto em Porto Alegre e que se transformou um canal de comunicação entre eles e representantes de outras classes sociais. De Camis Garcia, Saltimbancos é uma investigação sobre as motivações que levam os artistas às vias públicas das cidades.
Laboratório virtual
Nesta edição, há uma novidade: a categoria Documentários para a Web contou com um laboratório virtual para os selecionados. Durante seis meses, a produtora e pesquisadora Daniela Capelato realizou o laboratório com encontros online semanais para falar sobre os diversos caminhos que a internet abriu para a criação de obras audiovisuais, fazer consultoria sobre as possibilidades de cada filme e debates sobre roteiro, montagem, experimentação, interatividade e finalização. “Foi um período muito positivo de conversas e trocas de referências, que resultou em muitas descobertas e aprendizado para esses diretores tão jovens”, conta Daniela.
De acordo com ela, essa é uma experiência pioneira, pois webdoc é uma linguagem muito nova, que apesar de ter um formato clássico, pode se abrir para inúmeras oportunidades online. Este é o caso de Sinoâncias, de André Azevedo e Carol Argamim Gouvêa, que retrata a musicalidade de sinos de igrejas de São João del-Rei, em Minas Gerais. A ideia original era fazer uma reportagem com meninos que dobram os sinos. Depois das consultorias virtuais, consultora e autores decidiram disponibilizar as entrevistas online para quem tiver interesse em se aprofundar no conteúdo. O documentário ganhou, assim, uma linguagem poética, centrada no diálogo entre sinos de diferentes igrejas, sem narração. O personagem principal é o sino.
Para dar sustentação a essa nova abordagem, o Itaú Cultural disponibilizará a partir do ano que vem um hotsite que, além de complementar os documentários e o resultados do laboratório, será um espaço para discussões, publicação de textos de consultores e de links para outros portais e blogs referentes ao tema. “O hotsite dedicado aos documentários para a web possibilitará a criação de um importante canal de comunicação e discussão sobre os assuntos explorados”, adianta Daniela para informar que o filme Trans*lúcidx, de Tamíris Spinelli, o qual aborda os indivíduos transexuais, abre espaço para debates sobre questões de gênero e de sexualidade, por exemplo.
Espetáculos multimídia
Estes acontecem nos dias 13, 15, 16 e 17 de novembro (quarta-feira e de sexta-feira a domingo), sempre às 20h, com apresentação, respectivamente, de Som e Chão, de Tiago Romagnani Silveira e Diogo de Haro, Branco, de Mirella Brandi e Muep Etmo; Armadilhas, do Grupo Mesa de Luz; e Orquestra Vermelha, de Matheus Leston.
Além de exibir a obra performática Som e Chão no piso -2, Tiago Romagnani e Diogo de Haro, fazem um espetáculo multimídia com o mesmo nome no palco da sala Itaú Cultural. Um dos componentes mais fortes é a exploração da espacialidade, já que eles transcendem a boca de cena para se espalhar na plateia. Para eles, não somente os instrumentos musicais tem a função de criar conjuntos de sons rítmicos como também cadeiras, portas, e o que mais estiver ao alcance. “Ativamos o som em potencial dos objetos presentes em todo o espaço, mas de uma maneira improvisada e amplificada, andando por entre o público em busca dos sons”, explica Tiago. “No palco, ficam apenas objetos sonoros que se autodestroem e causam ruídos como espelhos, vidros e lâmpadas criando um diálogo com os demais barulhos,” conta.
novembro 3, 2013
Erick Beltran na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar “The orange peel problem (O problema da casca de laranja)”, a segunda exposição individual do artista Erick Beltran na Galeria.
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Erick Beltran nasceu em 1974, na Cidade do México, e atualmente vive e trabalha em Barcelona. É um artista conceitual com uma produção focada na investigação dos sistemas de comunicação, como também no estudo crítico das formas de estruturação e categorização do conhecimento.
Nesta exposição, o artista tematiza a problemática da representação de superfícies esféricas, como sugere o título da mostra, e por analogia da superfície terrestre. A cartografia não dispõe de técnicas que permitam representar as superfícies esféricas de forma plana sem ocorrer em distorções, e esta impossibilidade é explorada pelo artista que apresenta uma coleção de modelos de representações cartográficas.
Dentre as diversas exposições em que o artista participou destacam-se: Piezas de juego (individual), Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Wlen, Áustria (2013), Cartografías contemporáneas. Dibujando el pensamiento, Fundación La Caixa Forum, Barcelona, Espanha (2012), The World Explained (individual), Troppen Museum, Amsterdam, Holanda (2001),11a Biennale de Lyon, Lyon, França (2011), Manifesta 8, Murcia, Espanha (2010), 28a Bienal de São Paulo - Em vivo contato, Sao Paulo, Brasil (2008), Subversiones diarias, MALBA, Buenos Aires, Argentina (2005), Analphabet (individual), Stedelijk Museum Bureau, Amsterdam, Holanda (2005), Transmigraciones, Trienal Poligrafica de San Juan, Puerto Rico (2004).
Possui obras nas seguintes coleções: Deutsche Bank Collection, Berlim, Alemanha,Museo Nacional Reina Sofia, Madri, Espanha, Biblioteque Nationale de França,MUSAC, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Espanha,Colección Jumex, Museo Universitario de Arte Contemporaneo (MUAC) UNAM, Contemporary Art Center, Osaka, Japão, Instituto de Cultura Portoriquena, San Juan, Puerto Rico, EUA e Nuremberg City Government, Alemanha.
Galeria Luisa Strina is pleased to present The orange peel problem (O problema da casca de laranja), the second solo show by artist Erick Beltran at the gallery.
Erick Beltran was born in 1974, in Mexico City, and currently lives and works in Barcelona. He is a conceptual artist with a production focused on the investigation of communications systems, as well as on the critical study of the ways in which knowledge is structured and categorized.
In this exhibition, the artist deals with the problematics of representing spherical surfaces, as suggested by the title of the show, taking the earth’s surface as an analogy. Cartography does not have techniques that allow for the representation of spherical surfaces on a flat surface without resorting to distortions; this impossibility is explored by the artist, who presents a collection of models of cartographic representations.
The various exhibitions the artist has participated in most notably include Piezas de juego (solo show), Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Wlen, Austria (2013); Cartografías contemporáneas. Dibujando el pensamiento, Fundación La Caixa Forum, Barcelona, Spain (2012); The World Explained (solo show), Troppen Museum, Amsterdam, Holland (2001); the 11th Biennale de Lyon, Lyon, France (2011); Manifesta 8, Murcia, Spain (2010); the 28th Bienal de São Paulo – Em vivo contato, Sao Paulo, Brazil (2008); Subversiones diarias, MALBA, Buenos Aires, Argentina (2005); Analphabet (solo show), Stedelijk Museum Bureau, Amsterdam, Holland (2005); and Transmigraciones, Trienal Poligrafica de San Juan, Puerto Rico (2004).
His works figure in the following collections: Deutsche Bank Collection, Berlin, Germany; Museo Nacional Reina Sofia, Madrid, Spain; Bibliothèque Nationale de France; Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC), Spain; Colección Jumex; Museo Universitario de Arte Contemporaneo (MUAC), UNAM; Contemporary Art Center, Osaka, Japan; Instituto de Cultura Portoriquena, San Juan, Puerto Rico, USA; and the Nuremberg City Government, Germany.
novembro 1, 2013
Marcellvs L. na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar “Indiferença”, a segunda exposição individual do artista Marcellvs L. na Galeria.
Marcellvs L. - Indiferença, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 07/11/2013 a 07/12/2013
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Marcellvs L. nasceu em 1980, em Belo Horizonte, e atualmente vive entre Berlim e Seyðisfjörður, irá apresentar na Galeria uma exposição composta por cinco peças recentes e inéditas no Brasil: quatro videoinstalações e uma instalação sonora. As cinco obras serão expostas de forma orquestrada, com duração total de 56 minutos no espaço expositivo.
A instalação Light defining Light (2013), é composta por três momentos distintos gravados entre os solstícios de verão e inverno de 2012 na Islândia. A questão fundamental deste trabalho é colocar em diálogo a gradual diminuição da luz natural e a consequente amplificação da luz elétrica durante a passagem das estações do ano, apresentado como a luz natural defini a luz artificial e vice e versa, ao contrário da oposição tradicional luz e escuridão.
O trabalho Specular (2013), foi elaborado a partir de dois vídeos gravados num mesmo local em momentos distintos: sob maré baixa o rio esvaziando e sob maré alta o rio enchendo. A posição da lente foi levemente alterada em cada vídeo, e projetados em paralelo criam uma paisagem expandida mas, em um primeiro momento, parece apenas espelhada, revelando uma certa dúvida sobre a função do reflexo.
A instalação sonora Balbakken, October - April 2012 - 2013 (2013) surgiu de uma colaboração entre Marcellvs L. e o artista norueguês Munan Øvrelid. Para elaborar a peça sonora, os dois artistas partiram de estudos do pai de Øvrelid, um matemático aposentado, que gasta parte de seu tempo livre observando aves. Durante o inverno de 2012-2013 ele registrou metodicamente as diferentes ações das aves na árvore do seu jardim: suas relações com as alterações de temperatura, os tipos e o número de aves, o tempo e a duração da permanência e a quantidade de alimentos distribuídos e ingeridos. Estas observações e cálculos resultaram num gráfico que resume a vida em torno da árvore durante o inverno.
A partir destas informações a dupla de artistas compôs sete peças sonoras, correspondentes aos meses de outubro a abril, utilizando como ponto de partida os sons dos respectivos pássaros organizados a partir de um sistema de traduções sonoras baseado no gráfico do comportamento das aves.
0720 (2012) e 9493 (2011) são dois trabalhos que fazem parte da série VídeoRizoma, que o artista está desenvolvendo desde janeiro de 2002. Está série lida com o conceito de rizoma de forma ampliada, extrapolando os campos da Botânica e da Filosofia, propondo uma vivência das categorias filosóficas e das funções científicas.
O vídeo 9493 apresenta um garoto em uma barraca, acampado no noroeste da Islândia, jogando videogame no meio de uma tempestade. O menino está concentrado em seu jogo e completamente indiferente à realidade ao seu redor, da mesma forma que a realidade da natureza está completamente indiferente à realidade do garoto. O trabalho pretende explorar esta indiferença humana à uma ordem estabelecida e compartilhada se movimentando em paralelo à fundamental indiferença da natureza em relação ao homem.
Em 0720 o artista explora a questão de como dar forma a fundamental falta de forma da realidade. A luz elétrica, enquanto controle e produção humana, ilumina tornando visível o movimento da neve sob forte tempestade na escuridão.
Dentre as exposições individuais recentes estão a COMMA 34 no Bloomberg SPACE em Londres (2011), VideoRhizome no Kunsthalle Wien em Viena (2010) e a Infinitesimal na carlier | gebauer em Berlim (2010). Participou de diversas exposições coletivas e Bienais como a 16ª Bienal de Sydney (2008), 9ª Bienal de Lyon (2007) e 27ª Bienal de São Paulo (2006). Já exibiu no Astrup Fearnley Museet, Oslo, Noruega (2013), Living Art Museum, Reykjavik, Islândia (2011), Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha (2008), ZKM - Museum of Contemporary Art em Karlsruhe, Alemanha (2008) e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2007), entre outros.
Recebeu os seguintes prêmios: Arbeitsstipendium für Bildende Kunst 2011, Berliner Senats, Berlim, Alemanha (2011), Stipendium Akademie der Künste 2009, Akademie der Künste, Berlim, Alemanha (2009), ars viva prize 07/08 Sound, BDI, Alemanha (2007), Nominated for Nam June Paik Award 2006, Colônia, Alemanha (2006), o Prêmio Principal do Festival Internacional de Curtas de Oberhausen, Oberhausen, Alemanha (2005), entre outros. Dentre as coleções públicas que possuem seu trabalho, destacam-se: Centre Georges Pompidou, França; The San Francisco Museum of Modern Art (SFMOMA), USA; Instituto Inhotim, Brasil; Situation Kunst (für Max Imdahl), Bochum, Alemanha; Museumslandschaft Hessen Kassel, Kassel, Alemanha.
Galeria Luisa Strina is pleased to present Indiferença [Indifference], the second solo show by artist Marcellvs L. at the gallery.
Marcellvs L. - Indiferença, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 07/11/2013 til 07/12/2013
Marcellvs L. was born in Belo Horizonte, Brazil and lives between Berlin and Seyðisfjörður. His exhibition will feature five recent and unpublished pieces: four video installations and one sound installation. The five works will be shown in the exhibition space in an orchestrated way, in a 56 minute loop.
The installation Light defining Light (2013), is composed of three distinct moments recorded between the summer and winter solstices of 2012 in Iceland. The basic question of this work is to put the gradual decrease of natural light into dialogue with the consequent amplification of electric light during the passage of the seasons, showing how natural light defines the artificial light and vice versa, contrary to the traditional opposition of light and darkness.
The work Specular (2013) was developed based on two videos recorded at the same river, but at different moments: at low tide, when the river is emptying, and at high tide, when the river is swelling. The position of the lens was slightly altered in each video, and projected in parallel the videos create an expanded landscape, but which initially looks like one image and its mirrored counterpart, revealing a certain doubt about the function of reflection.
The sound installation Balbakken , October - April 2012 - 2013 (2013) arose from a collaboration between Marcellvs L. and Norwegian artist Munan Øvrelid. To create this sonic work, the two artists began with studies made by Øvrelid, a retired mathematician, who spends part of his spare time observing birds. During the winter of 2012–2013 he methodically recorded the different actions of the birds in the tree in his yard: their relations with the alterations of temperature, the types and number of birds, the time and duration of their stay, and the amount of food distributed and eaten. These observations and calculations resulted in a graphic that summarizes the life around the tree during the winter.
Based on this information the artist duo composed seven sound pieces, corresponding to the months of October to April, based on the sounds of the respective birds organized according to a system of sonic translations carried out on the basis of the graphic of the birds’ behavior.
0720 (2012) and 9493 (2011) are two works that are part of the VídeoRizoma series, which the artist has been developing since January 2002. This series deals with the concept of the rhizome in a wide sense, extrapolating the fields of botany and philosophy, proposing an experience of the philosophical categories and the scientific functions.
The video 9493 shows a young man in a tent, camped in northwest of Iceland, playing a video game in the middle of a storm. The boy is concentrating on his game and completely indifferent to the reality around him, just as the reality of nature is completely indifferent to the reality of the boy. The work aims to explore this human indifference to an established and shared order moving in parallel to the indifference of nature in regard to man.
In 0720 the artist explores the question of how to give shape to the fundamental formlessness of reality. The electric light, as a human control and production, illuminates the movement of the snow under the fierce storm in the darkness.
Among his recent solo exhibitions are COMMA 34, Bloomberg SPACE, London (2011), VideoRhizome, Kunsthalle Wien, Wien (2010); Infinitesimal, carlier | gebauer, Berlim (2010). His recente group shows include the 16th Sydney Biennale (2008), 9th Lyon Biennale (2007) e 27th São Paulo Biennale (2006). He has exhibited at the Astrup Fearnley Museet, Oslo, Noruega (2013), Living Art Museum, Reykjavik, Islândia (2011), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Spain (2008), ZKM - Museum of Contemporary Art, Karlsruhe, Germany (2008) and MAM, Museum of Modern Art of São Paulo, Brazil (2007).
The prizes he has won include the Arbeitsstipendium für Bildende Kunst 2011, Berliner Senats, Berlin, Germany (2011); the Stipendium Akademie der Künste 2009, Akademie der Künste, Berlin, Germany (2009); and the ars viva prize 07/08 sound, BDI, Germany (2007). He was also nominated for the 2006 Nam June Paik Award, Cologne, Germany (2006) and the 51st International Short Film Festival Oberhausen, Oberhausen, Germany.
Among the public collection holding his work are: Centre Georges Pompidou, France; The San Francisco Museum of Modern Art (SFMOMA), USA; Instituto Inhotim, Brazil; Situation Kunst (für Max Imdahl), Bochum, Germany; Museumslandschaft Hessen Kassel, Kassel, Germany.