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agosto 30, 2013
Vera Chaves Barcellos na FVCB, Viamão
"Inéditos ou quase... Uma exposição de Vera Chaves Barcellos”, amplo conjunto de obras da produção da artista pela primeira vez exposto na Sala dos Pomares, espaço expositivo da Fundação criada e mantida pela artista desde 2005. Curadoria: Ana Albani de Carvalho – Abertura no dia 14 de setembro, das 11h às 17h. Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão.
Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, "Inéditos ou quase...", é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. A produção da artista ocupa a Sala dos Pomares pela primeira vez, e mostra cerca de 30 obras, desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e 2 livros de artista.
As obras de Vera Chaves Barcellos remetem às questões da autonomia da visualidade e da linguagem verbal, ao deslocamento dos campos de conhecimento e ao rompimento das categorias artísticas tradicionais promovidas pela arte conceitual.
Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.
Muitos trabalhos inéditos da artista são apresentados pela primeira vez, como os da série "Cadernos para Colorir", e revelam a persistência no que a artista chama de “exercícios irônicos de pintura". E, no caso da série "Cadernos de Leonardo", da apropriação lúdica dos desenhos técnicos de Da Vinci, gerando novas e delicadas estampas em xerografia em uma artesania técnica no uso das cores.
"On ice", a série de 26 fotos p&b realizada pela artista em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978, poderá ser vista completa pela primeira vez em Porto Alegre.
Espécie de selfportrait irônico, "Meus pés", trabalho em processo que remete à "inexorável incompletude das imagens", segundo Glória Ferreira, traz uma série de 30 fotografias dos pés da própria artista, ora inseridos como elemento da composição ou como o próprio objeto da cena, obtidas ao longo dos anos nas mais variadas circunstâncias pessoais e geográficas.
O jogo de opostos, tão caro no repertório temático da artista, pode ser visto na série "Do aberto e do fechado", trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato e que traz partes do corpo e da face da artista brincando com a dicotomia "aberto X fechado".
O emblemático trabalho da artista "Epidermic Scapes", de 1977, série de cópias fotográficas p&b obtidas a partir de impressões sobre papel vegetal de fragmentos da pele do corpo humano, é mostrado numa pequena série de 9 imagens originais da época.
A série "Comparações" traz 4 colagens com fotografias e desenhos em que o aspecto formal e seus significados mais uma vez revela uma das questões centrais na obra da artista: o complexo problema das representações.
Em “Telegrama Planetário”, de 1974, um texto breve sem imagens, já se pode notar a preocupação em investigar novas possibilidades poéticas e sua ruptura com os repertórios formais modernos.
Nas séries fotográficas "O Grito", de 2006, e "Fêmme Aeroporto", de 2002, também inéditos no Brasil, a artista se apropria de imagens da mídia para subverter os possíveis significados que elas comportam. O apelo à acuidade do observador é igualmente o mote da obra "Atenção II", de 1980, em que uma fotografia é reproduzida em dezenas de seus detalhes, em xerografia, forçando o espectador ao exercício da observação.
Dois livros de artista são apresentados: "Arroio Dilúvio" e "Consum", ambos de 2013, com impressões digitais apresentadas numa caixa trazendo imagens apropriadas de da mídia. O primeiro reúne imagens dos carros que caem no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, e o segundo ironiza sobre a febre consumista em anúncios de revistas norte americanas dos anos 50.
Destaque para dois trabalhos, também inéditos: “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, em que a imagem da artista é duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica em que a artista se apropria de uma famosa foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Wharol, exacerba a questão da apropriação de imagens.
agosto 29, 2013
Vânia Mignone na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Vânia Mignone, Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ - 02/09/2013 a 02/10/2013
Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre a partir do dia 31 de agosto de 2013, para convidados, a exposição individual da artista paulistana Vânia Mignone que apresenta 12 pinturas inéditas, sendo 5 de grande formato. Segundo a artista suas obras “nascem da necessidade absoluta de conversar com as pessoas.” Um texto do crítico Frederico Coelho acompanha a exposição.
O repertório de imagens de Vânia é figurativo no qual facilmente se reconhece elementos que a artista considera primordiais: figuras humanas, da natureza e objetos do cotidiano. Uma das características marcantes nas pinturas é o uso de frases que compõem suas telas, além das cores sólidas e planificadas formadas por grossas camadas de tinta acrílica. Vânia prefere limitar a variação de cores a três ou quatro tons, sempre fortes e brilhantes para chamar a atenção “logo de cara”, como ela mesma diz, passando uma mensagem imediata para quem vê sua pintura. “Construo meu trabalho como placas de sinalização, que você identifica de longe e de maneira óbvia, mas depois deste primeiro momento você tem por trás outras prosas e confabulações”.
Existe um consenso entre os críticos que já dedicaram textos à sua obra, entre eles Moacir dos Anjos, Luiz Camillo Osório e Agnaldo Farias. Todos concordam que suas imagens provocam diversas leituras. “Muita gente percebe detalhes que muitas vezes eu nem tinha me tocado” diz a artista. Ainda segundo Vânia “o trabalho é um diálogo que passa pelo inconsciente e emoção. A palavra integra-se na pintura como se fosse mais uma cor, objeto, pessoa ou paisagem, são todos elementos pictóricos com o mesmo valor e função.”
Para Março do ano que vem a artista prepara uma grande mostra individual na nova sede do Museu de Arte Contemporânea MAC – USP com curadoria de Tadeu Chiarelli. E em 2014 participará da Contemporary Art in Brazil no Wexner Center for the Arts em Columbus, Ohio - EUA.
SOBRE A ARTISTA
Vânia Mignone nasceu em Campinas em 1967, onde vive e trabalha. Após a graduação em Educação Artística na Unicamp em 1994, participou de diversos salões ganhando prêmios de aquisição e consequentemente conquistando prestígio entre museus e galerias. Hoje, tem sua obra representada em acervos de instituições importantes como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Coleção Gilberto Chateaubriand do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e a internacional The UBS Art Collection, na Suiça. Fez inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior.
agosto 28, 2013
Oscar Muñoz – Eclipse na Daros, Rio de Janeiro
Autor de trabalhos marcantes na exposição “Cantos Cuentos Colombianos“, na Casa Daros, Oscar Muñoz transforma um dos espaços de arte e educação da instituição em uma “câmera escura“
Oscar Muñoz – Eclipse, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 01/09/2013 a 20/10/2013
A Casa Daros apresenta, a partir do dia 31 de agosto de 2013, às 12h, a exposição "Eclipse", um site specific do artista colombiano Oscar Muñoz (1951, Popayán), que ocupará a maior sala expositiva de arte e educação da instituição. "Eclipse“ marca a transição das atividades dedicadas à Colômbia, por conta da exposição "Cantos Cuentos Colombianos“, para as que vão enfocar experiências com a luz, a serem feitas paralelamente à grande exposição de obras cinéticas luminosas de Julio Le Parc , que será aberta no dia 11 de outubro próximo.
A obra, concebida inicialmente em 2002 – e já apresentada em vários locais, como a Sala Comfandi, em Cali, e Galeria Santa Fé, em Bogotá, e no Iniva (Institute of International Visual Arts), em Londres, em 2008 – será composta de seis espelhos côncavos, dispostos próximos a seis janelas da sala, inteiramente vedadas, com a exceção de um minúsculo orifício, o pinhole (buraco de alfinete), que permitirá a entrada da luz. Com isso, a sala se tornará em uma imensa câmera escura, onde a imagem exterior será projetada na parede, invertida, a partir do espelho.
Oscar Muñoz destaca, no texto que escreveu sobre a obra “Eclipse“ – um de seus poucos escritos sobre seu trabalho – que a imagem projetada “não pode ser vista completamente, porque o espelho cobre uma grande parte do seu reflexo, criando uma confrontação entre o círculo e o espelho, que impede sua visão completa“. Ele diz que a instalação representa “os diferentes momentos de um eclipse incompleto, quer dizer, sem as fases inicial nem final do fenômeno“. O artista lembra que “quase unanimemente, os eclipses tem sido interpretados como signo adverso: são algo indevido, que rompe a harmonia das leis naturais“. “O eclipse, por assinalar uma desaparição, uma ocultação acidental da luz, é universalmente considerado como um evento dramático“, diz.
PERSEU E A MEDUSA
Oscar Muñoz ressalta que o espelho côncavo tem sido usado tanto para olhar o céu, pelos astrônomos, speculum, "como para pintar e representar o mundo pelos artistas, câmara obscura“. Portanto, esta obra "retoma essos antigos mecanismos e os mistura: se olha a terra como um objeto artístico/astro, a partir da própria terra, de uma galeria/planetário“.
Ele cita um texto do artista conceitual catalão Joan Fontcuberta (1955, Barcelona), que observa que originariamente "especular" significava observar o céu e os movimentos
relativos das estrelas com a ajuda de um espelho; “A palavra latina ‘sidus‘, estrela, constelação, derivou em ‘consideração‘, que significa etimologicamente olhar o conjunto de estrelas. Estas duas palavras abstratas, que designan hoje operações altamente intelectuais, estão enraizadas no estudo dos astros refletidos em espelhos. Dessa maneira, se introduz um paradoxo: o reflexo asséptico do espelho se superpõe a outro reflexo especulativo. A natureza do especular contém por igual ambas visões, e se uma fica eclipsada pela outra se deve tão-somente a uma tomada de postura a priore".
Oscar Muñoz destaca que "talvez o objeto mítico mais próximo a estes espelhos seja o escudo de Perseu em sua luta contra a Medusa, um elemento de defesa que Perseu
converte, não somente no objeto que o protege da visão direta da Górgona mas em sua arma principal para enfrentá-la“. “Ainda que considere inútil tratar de dar interpretações aos mitos, creio que há uma relação estreita entre esta obra e o mito mencionado, entre outras coisas, porque evita a visão direta, propondo uma confrontação diferente, uma mirada indireta e invertida que gira ao redor da dificuldade e da necessidade do homem em representar (re-apresentar, no espanhol original) a realidade“, afirma o artista.
agosto 27, 2013
Cine Lage com Eduardo Coutinho na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
EAV-Parque Lage apresenta Santo forte, no próximo Cine Lage, com curadoria de Eduardo Coutinho
No dia 30 de agosto (sexta-feira), às 20h, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura – recebe Eduardo Coutinho na programação do Cine Lage. Considerado um dos documentaristas mais importantes da atualidade, ele falará ao público e responderá as perguntas sobre o filme exibido, Santo forte, de sua autoria.
O documentário de 80 minutos de Eduardo Coutinho mostra a relação de moradores da favela Vila Parque da Cidade, na zona sul do Rio de Janeiro, com algumas religiões, como católica, evangélica e umbanda, além da mistura entre elas no cotidiano de cada entrevistado.
Coutinho posteriormente selecionou 11 pessoas que relatam suas experiências com divindades, santos, espíritos, entre outros, deixando em evidência a crença em várias religiões diferentes, tornando cada indivíduo único em suas crenças.
O Cine Lage é uma programação mensal de exibição de filmes e vídeos com o objetivo de promover o debate e a reflexão sobre essa produção. “A projeção ao ar livre, no pátio da piscina, é um dos diferenciais do programa. A presença do curador convidado também permite maior interação com o público, tornando cada exibição única”, afirma Claudia Saldanha, Diretora da EAV Parque Lage. A entrada é gratuita.
Santo forte
(Eduardo Coutinho, 80’, Brasil, 1999) – Entre uma missa campal celebrada pelo Papa no Aterro do Flamengo e, meses depois, a comemoração do Natal, o documentário penetra na intimidade de católicos, umbandistas e evangélicos de uma favela carioca.
Mais sobre o curador
Eduardo Coutinho (São Paulo, 1933) é um cineasta brasileiro, considerado um dos mais importantes documentaristas da atualidade. Seu trabalho caracteriza-se pela sensibilidade e pela capacidade de ouvir o outro, registrando sem sentimentalismos as emoções e aspirações das pessoas comuns, sejam camponeses diante de processos históricos (Cabra marcado para morrer), moradores de um enorme condomínio de baixa classe média no Rio de Janeiro (Edifício Master), metalúrgicos que conviveram com o então sindicalista Luis Inácio Lula da Silva (Peões), entre outros .
agosto 26, 2013
Max Gómez Canle na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar El devenir de una memoria, segunda exposição individual de Max Gómez Canle na galeria.
Max Gómez Canle - El devenir de una memoria, Casa Triângulo, São Paulo, SP - 30/08/2013 a 21/09/2013
Diante do paralisado sossego da fixação histórica, gerações de artistas se dedicaram a projetar variáveis. Variações. Recorrências do detalhe. Tensões. Pacientes – e muitas vezes virtuosas – defasagens. Não com o fim de alimentar o glossário de formas, mas a fim de detectar os caminhos anunciados e ainda não percorridos. Um artista contemporâneo e destacado deste clã é sem dúvida Max Gómez Canle.
Mais que uma retórica da variável, o que ele parece nos propor é uma propedêutica. Uma imagem fechada fatalmente implica um número acidental de métodos e instrumentos de leitura que contêm – ao mesmo tempo em que restringem – a potência da mesma. A ação de Gómes Canle não atua sobre esses instrumentos, e sim na confecção da própria imagem.
Nesta exposição, Max Gómez Canle propõe três tipos de recursos não excludentes: primo, um fator de intromissão – que observamos na morfologia de sombras e nos reflexos aquáticos geométricos-; secondo, um fator de superposição – presente no tríptico de nuvens-; e terzo, um último fator, talvez mais amplo, que denominamos provisoriamente como cotejo de materiais, reunindo obras tão diversas como um estudo sobre Torres de Babel pintadas no século XVI (nada menos que um século de Torres de Babel), um cone tridimensional que altera a bidimensionalidade do papel e, finalmente, uma investigação sobre as distintas tonalidades da cor negra (assim como os esquimós reconhecem distintos tons de branco, Gómez Canle ensaia a interação de diferentes densidades da obscuridade).
Com a soma de proposições de cada um desses fatores – dos presentes nesta exposição e dos que vem propondo desde o início da década passada, Max Gómez Canle constrói um mundo, isto é, um estilo. Sua alusão propedêutica não é nenhuma outra coisa: na intimidade de seu método, cada imagem não é apenas um capricho, mas também uma enciclopédia visual que esquadrinha os ensinamentos de uma tradição inesgotável.
Max Gómez Canle [Buenos Aires, 1972. Vive e trabalha em Buenos Aires], especialista em pintura pela Escuela Nacional de Bellas Artes Prilidiano Pueyrredón, foi recentemente premiado no concurso “50ª Aniversario del Fondo Nacional de las Artes” e no “Salón Nacional de Rosario”. Recebeu o 2º Premio do certame “10 años de Bola de Nieve” votado por artistas e o Premio Ignacio Pirovano, outorgado pela Asociación Argentina de Críticos de Arte. Suas pinturas, vídeos e objetos foram expostos nas galerias Braga Menéndez Arte Contemporáneo, Ruth Benzacar e Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires e Casa Triângulo em San Pablo, entre outros espaços nacionais e internacionais.
Nelo Vinuesa na Ybakatu, Curitiba
Nelo Vinuesa - No unreal, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, PR - 29/08/2013 a 24/09/2013
O artista espanhol Nelo Vinuesa, através das suas pinturas e animações em vídeo, nos coloca, a partir de uma perspectiva fantástica, diante de uma busca por universos alternativos que servem como reflexão, para o autor, sobre o significado do real. Seu mundo onírico e misterioso é construído a partir de imagens simbólicas e psicológicas em torno da ideia de ilusão, do espiritual e do mágico.
Interessado nas relações entre individuo, paisagem e natureza, podemos perceber em suas obras, além de referências da pintura clássica e da cultura audiovisual, uma estética esquemática dos videogames clássicos, da ficção cientifica dos quadrinhos e do cinema de animação.
Em suas videopinturas, utiliza o potencial narrativo da imagem em movimento para investigar novas formas expressivas através da pratica pictórica, explorando assim as possibilidades estéticas, espaços-temporais e rítmicas do suporte audiovisual em oposição à condição estática da tela.
Nelo Vinuesa, Valencia, 1980.
BA Fine Arts. Politécnica University. Valencia. 1998-2003.
Solo Shows
2013
Au bord de l´Aire.(Zoo&Lander). Rafael Ortiz Gallery. Sevilla.
2011
Mirage. Bacelos Gallery. Vigo. Spain.
Mirage. Valle Ortí Gallery. Valencia. Spain.
Motor. (Samuel Ortí & Nelo Vinuesa) Aural Gallery. Alicante.
2010
Recurrent Dream. Valle Ortí Gallery (video program). Valencia.
2008
Sleepy Island. T20 Gallery. Murcia. Spain.
2007
El cielo recortado. Valle Ortí Gallery. Valencia. Spain.
Scroll. Galería Edgar Neville. Alfafar. Spain.
Group Shows
2013
La imatge fantàstica. Centre del Càrme. Valencia. Spain.
ARCO´13. Valle Ortí Gallery. Madrid. Spain.
2012
[EN]cuadre. Espacialidad Ciudadana. La Caldereria. Valencia.
Lo nunca visto.(Zoo&Lander). Noestudio. Madrid. Spain
ARCO´12. Valle Ortí Gallery. Madrid. Spain.
2011
DIX.DIX. Villa Bernasconi. Geneva. Switzerland
Arte y Salud. DKV Collection. Diputación de Cádiz. Spain.
FORO SUR. Aural Gallery. Cáceres. Spain.
ARCO´11 Valle Ortí Gallery. Madrid. Spain.
2010
VOLTA6. Valle Ortí Gallery. Basel. Switzerland.
71 Exposición Internacional de artes plásticas. Valdepeñas.
KABINETT DER ABSTRAKTEN. Sala la Perrera. Valencia. Spain
Diálogos 10. Atarazanas. Valencia/FRAX Foundation. Alfàs del Pi.
Puntas de flecha (Samuel Ortí & Nelo Vinuesa). Lonja del pescado. Alicante.
FORO SUR. Aural Gallery. Cáceres. Spain.
Arte y Salud. DKV Collection. MACUF. A Coruña. Spain.
Cartografías de la creatividad. Centro del Carmen. Valencia. Spain.
Toys & Stories (Samuel Ortí & Nelo Vinuesa). Aural Gallery. Alicante.
2009
Puntas de flecha (Samuel Ortí & Nelo Vinuesa). Atarazanas. Valencia.
Valencia.ART 09. Valle Ortí Gallery. Valencia. Spain.
ARCO´09. Valle Ortí Gallery. Madrid. Spain.
Abstraccion[s]. Polytechnic University. Valencia. Spain.
2008
HOT ART Fair. Basel. Switzerland.
IX Painting prizes “school of solicitors”. La Nave Gallery. Valencia.
Hasta el infinito y más allá. CAS. Sevilla. Spain.
2007
20 años, 20 Erasmus. Politécnica University. Valencia. Spain.
Valencia.ART 07. Valle Ortí Gallery. Valencia. Spain.
FORO SUR. Valle Ortí Gallery. Cáceres. Spain.
ARCO´07. Valle Ortí Gallery. Madrid. Spain.
Emergents. EAC, La Barbera. Villajoyosa. Alicante. Spain.
2006
Valencia.ART 06. Valle Ortí Gallery. Valencia. Spain.
Arte Santander 06. Valle Ortí Gallery. Santander. Spain.
Awards & Grants
2011 CAM Art Grant. London. UK.
2008 IX painting prize school of solicitors. Valencia. Spain.
2004 VIII painting prize Milagros Mir. Catarroja, Valencia. Spain.
2002 Erasmus Grant. Aristotle University of Thessaloniki. Greece.
agosto 25, 2013
Suspicious Minds na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho apresenta, de 27 de agosto a 21 de setembro de 2013, a exposição “Suspicious Minds”, com curadoria da brasileira radicada em Paris, Cristina Ricupero. A coletiva conta com a participação de mais de vinte artistas brasileiros e estrangeiros com obras que exploram a relação entre arte e crime na produção contemporânea. Os artistas são Kader Attia, Sven Augustijnen, Dora Longo Bahia, Jean-Luc Blanc, José Mojica Marins [Zé do Caixão], Asli Cavusoglu, Marcelo Cidade, Brice Dellsperger, Dias & Riedweg, Guga Ferraz, Sandra Gamarra, Eva Grubinger, Gustavo von Ha, Gabriel Lester, Antonio Manuel, Fabian Marti, José Carlos Martinat, Cildo Meireles, Gisela Motta e Leandro Lima, Regina Parra, Rosângela Rennó, Lili Reynaud-Dewar, Aida Ruilova e Carla Zaccagnini.
[Scroll down to read in English]
Suspicious Minds, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 28/08/2013 a 21/09/2013
Como em toda boa história de detetive, a história da arte é cheia de enigmas: mitos e mistérios insolúveis que aguardam para serem investigados e desvendados, como em pinturas que sugerem esconderijos perfeitos para segredos ocultos. Encontrar solução para esses enigmas intelectuais é um prazer para pessoas de todas as idades e épocas. Ninguém praticamente está imune dessa tentação cultural. A galeria de arte se transforma, a partir dessa perspectiva, no local da "cena do crime".
Os artistas sempre se sentiram fascinados pelo lado obscuro da natureza humana, mas foi apenas no século XIX que esse aspecto adquiriu dimensões mais radicais. Walter Benjamin observou que o desenvolvimento da técnica fotográfica foi crucial para o surgimento da criminologia e de sua representação na imprensa, criando condições para a popularização das histórias de detetive. Ele explicava, com efeito, que essas histórias só puderam passar a existir quando os seres humanos desenvolveram a capacidade de deixar marcas permanentes como prova inequívoca de sua existência. Mais tarde, o cinema acompanhou a fotografia, tornando-se o meio perfeito para capturar e transformar em imagens agradáveis os duvidosos encantos da violência.
A exposição “Suspicious Minds” se concentra especialmente em obras de artistas contemporâneos que ultrapassam os limites que vinculam a arte à estética do crime. Para além do crime, existe sempre a questão do Mal. Qualquer projeto que aborde arte e crime acabará, portanto, nos forçando a examinar a relação entre ética e estética. Da mesma forma que o artista que tenta resistir à tentação de não deixar rastros, o serial killer vai "assinar" seus crimes com sua marca pessoal a fim de assegurar seu reconhecimento público. O projeto "Suspicious Minds" é, assim, a ocasião perfeita para discutir questões relacionadas com autoria, autenticidade, trapaça e fraude. "Suspicious Minds" pretende reunir ficção policial e arte contemporânea, indo além da dicotomia entre "bom" e "mau" gosto, com destaque para a relação entre "crime como arte” e “arte como crime”. Com isso, a exposição retoma o debate sobre as relações entre vanguarda, modernismo e cultura popular.
“Suspicious Minds” evoca o espírito do moderno gênero do crime em literatura, artes visuais, arquitetura e cinema, convertendo as salas da Vermelho em várias "cenas de crime". Dessa maneira, "Suspicious Minds" inclui novas obras e projetos de cerca de 24 artistas brasileiros e internacionais, reunindo trabalhos desafiantes e provocadores com múltiplas estratégias artísticas.
O objetivo da exposição não é servir como mera ilustração ou comentário acerca do crime. Algumas propostas abordam o assunto diretamente, enquanto outras funcionam de forma mais mental, histórica ou conceitual, criando subtemas como: obras de arte como esconderijo de segredos ocultos; gêneros de crime moderno e histórias de detetive; a estética do crime (cadavres exquis e o cinematográfico); a imagem do artista como marginal; lei, ordem e transgressão, autoria, autenticidade, truques e fraudes; a galeria de arte como cena do crime; como a sociedade cria o mal: o ocidente contra o oriente, etc.
Na obra “Stricto”, de Cildo Meireles, o espectador é confrontado com um espaço que evoca uma sala de interrogatório, na qual uma pequena mesa mal iluminada é rodeada por uma longa corrente com bolas de aço e algemas. O centro da atenção do trabalho se concentra nitidamente no controle da mente e do corpo.
Em “Apagamentos”, Rosângela Rennó retrabalha fotografias feitas pela polícia científica. Esse resgate de rostos anônimos que revelam crimes e tragédias particulares é dotado de uma narrativa de alto impacto e funciona como um "documento da amnésia". Cenas que por pouco não foram apagadas ganham, em “Apagamentos”, ares de ficção literária.
Na fachada da galeria, a artista austríaca Eva Grubinger instalou uma bandeira e uma placa de bronze, da Embaixada da Eitopomar, um reino utópico na selva amazônica governado pelo vilão Dr. Mabuse.
O artista holandês Gabriel Lester, que participou da ultima edição da Documenta de Kassel, e que atualmente expõe na 55ª Bienal de Veneza, recriou para “Suspicious Minds” a instalação “Habitat Sequence”. Na instalação, a sala 1 da Vermelho foi totalmente decorada como uma sala de estar, que, embora não pretenda imitar uma “cena do crime”, se assemelha a um local onde algo fantasmagórico e misterioso está prestes a acontecer.
Em sua mais recente pintura, da série “Farsa”, Dora Longo Bahia nos aproxima das guerras contemporâneas, colocando lado a lado uma imagem da pintura “Marat Assassiné” de Jacques-Louis David, com uma imagem de um jovem assassinado retiradas da internet.
Já o franco-argelino Kader Attia, também presente na última Documenta, propõe uma seleção de slides que reproduzem imagens de jornais e HQs nas quais o homem não ocidental é repetidamente exibido como um animal ou um monstro. Sua seleção de slides denuncia a manipulação das imagens pela propaganda pró-colonialista que se esconde atrás de uma suposta missão civilizatória.
Gustavo Von Ha traz de volta o espírito de alguns dos Modernistas de 1922, entre os quais Tarsila do Amaral, por meio de uma série de apropriações situadas num cenário Beaux-Arts.
No dia 10 de março de 1914, Mary Richardson entrou na National Gallery, em Londres, e desferiu várias punhaladas na tela “Vênus do Espelho” de Velásquez. O livro de artista “Elements of Beauty”, de Carla Zaccagnini, reúne material documental sobre ações desse tipo levadas a cabo em museus e galerias pelo grupo Suffragettes. A obra propõe uma leitura centrada em atos nos quais a obra de arte se transforma em vítima.
O artista francês Brice Dellsperger revisita Brian de Palma e o cineasta cult Kenneth Anger com a sua série de filmes “Body Double”. Enquanto o filme gótico da artista americana Aida Ruilova, “Goner” apresenta uma jovem atacada por forças obscuras e invisíveis transformando o espectador em um verdadeiro voyeur, o artista suíço Fabian Marti faz uma homenagem a Hélio Oiticica com uma série de fotografias que se referem às “Cosmococas”.
"Suspicious Minds" conta ainda com objetos e imagens iconográficas da obra de José Mojica Marin [Zé do Caixão], e instalações de Marcelo Cidade, Dias & Riedweg, Gisela Motta e Leandro Lima, Jean-Luc Blanc, Guga Ferraz entre outros.
Essas são apenas algumas das muitas histórias que serão oferecidas ao visitante da mostra como enigmas a decifrar.
Primeira exposição de Cristina Ricupero no Brasil, "Suspicious Minds" é uma colaboração entre a Galeria Vermelho e a curadora, que conta com o apoio do Consulado Geral da França em São Paulo, da Fundação ProHelvetia [Suíça], e do Bundesministerium für Unterricht, Kunst und Kultur [Áustria]. Uma outra versão desse projeto será apresentada em janeiro 2014 no centro de arte contemporânea Witte de With, em Roterdã, na Holanda.
Cristina Ricupero é curadora independente e crítica de arte residente em Paris. Entre outros projetos, ela foi responsável pela curadoria da exposição "Sociedades Secretas", para o Schirn Kunsthalle, em Frankfurt (junho-setembro de 2011), que viajou para CAPC Bordeaux (novembro de 2011-fevereiro 2012). Em 2006, ela foi contratada para cobrir a seção europeia da Bienal de Gwangju na Coréia do Sul. Ricupero trabalhou como curadora no NIFCA [Nordic Institute for Contemporary Art] em Helsinque, de 2000-2005, e também como Diretora Associada de Exposições no ICA, em Londres, de 2000 até 2004. Um de seus projetos mais importantes para NIFCA foi a exposição " Populism " (2005). Cristina Ricupero realiza, com frequência, palestras em diferentes academias de arte na Europa e é colaboradora regular da revista Frieze.
Suspicious Minds, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 28/08/2013 til 21/09/2013
From August 27 to September 21, Galeria Vermelho will present “Suspicious Minds”, an exhibition project exploring the relationship between art and crime in contemporary art. Curated by Cristina Ricupero, the show includes works by Kader Attia, Sven Augustijnen, Dora Longo Bahia, Jean-Luc Blanc, Zé do Caixão, Asli Cavusoglu, Marcelo Cidade, Brice Dellsperger, Dias & Riedweg, Guga Ferraz, Sandra Gamarra, Eva Grubinger, Gustavo von Ha, Gabriel Lester, Antonio Manuel, Fabian Marti, José Carlos Martinat, Cildo Meireles, Gisela Motta e Leandro Lima, Regina Parra, Rosângela Rennó, Lili Reynaud-Dewar, Aida Ruilova and Carla Zaccagnini.
Just as in a good detective story, art history is actually filled with enigmas, myths and unsolved riddles that seem to be only waiting to be investigated and unravelled. There are paintings that look like the perfect hideout for well-hidden secrets. Trying to solve these intellectual puzzles is a pleasure for all ages and seasons and practically no one is immune to this cultural temptation. Seen from that approach, the art gallery almost becomes the “scene of the crime”.
The dark side of human nature has always fascinated and inspired artists but it was not until the 19th century that this aspect took a more radical stance. The development of photography was actually crucial, as Walter Benjamin has noted, for the appearance of criminology and its sensational representation in the tabloid press, ultimately leading to the popularisation of detective stories. The detective story, according to Benjamin, could only come to exist when human beings developed the ability to leave permanent traces behind them as an unmistakable evidence of their existence. Later cinema picked up on this and became the perfect medium to capture and transform the dubious charms of violence into pleasurable images.
The exhibition ‘Suspicious Minds’ will mainly focus on contemporary artists that cross the bridges linking art and the aesthetics of crime. Beyond crime, there is always the everlasting question of Evil, and therefore any project that deals with art and crime will ultimately force us to examine the relationship between ethics and aesthetics. Like the artist who constantly resists the temptation not to leave traces, the serial killer will “sign” his murders with his own personal mark to ensure recognition. This project is thus the perfect occasion to discuss questions of authorship, authenticity, trickery and fraud. “Suspicious Minds” aims to bring together detective fiction and contemporary art, going beyond the dichotomy between ‘good’ and ‘bad’ taste, highlighting the double bind of ‘Crime as Art’ and ‘Art as Crime’. ‘Suspicious Minds’ will therefore necessarily re-open the debate on the links between the avant-garde, modernism and popular culture.
This exhibition curated by Cristina Ricupero will invoke the spirits of the modern crime genre in Literature, the Visual Arts, Architecture and Cinema, to transform Galeria Vermelho’s rooms into multiple ‘crime scenes’.
“Suspicious Minds” includes new works and projects by around 20 Brazilian and international artists and artist groups, bringing together challenging works in a multitude of artistic strategies.
The exhibition’s aim is not to serve as a mere illustration or commentary to the theme. Instead, participating artists will deal in different ways with the overall theme. Some works will directly address the subject matter whereas others will function in a more mental, historic or conceptual way through sub-themes such as: artworks as hideouts for hidden secrets; the modern crime genre and detective stories; the aesthetics of crime (exquisite corpses and the cinematic); the image of the artist as marginal; law, order and transgression; authorship, authenticity, trickery and frauds; the art gallery as the scene of the crime/art crimes; how society creates evil, us (West) against them (other non-Western countries).
With his monumental installation “Strictu”, Brazilian artist Cildo Meireles confronts the viewer with a space that evokes an interrogation chamber where a barely lit small table is surrounded by a very long chain containing steel balls and handcuffs. Here mind and body control are at centre stage.
With “Apagamentos”, Brazilian artist Rosângela Rennó re-works photographs initially taken by the forensic police. These appropriations of anonymous faces that reveal private tragedies and crimes contain a high level of narrative impact functioning a bit like ‘amnesia documents’. Rennó transforms scenes that were almost erased and forgotten, into literary fiction.
Austrian artist Eva Grubinger puts up a flag and a brass plaque on the facade of the gallery turning it into 'the “Embassy of Eitopomar”, an utopian kingdom in the Amazon jungle ruled by the evil master villain Dr. Mabuse.
Dutch artist Gabriel Lester recreates a fully decorated and conceivable living room in one of the gallery spaces; although it does not necessarily aim to depict a ‘crime scene’, it definitely evokes it by its phantasmagoric, eerie quality.
Brazilian artist Dora Longo Bahia takes us close to contemporary wars as she revisits Jacques-Louis David’s “Marat Assassiné“ by re-painting the masterpiece on recycled army tent; she juxtaposes it with another painting featuring realistic images and vandalizes both with red color acrylic paint during the opening of the show.
French-Algerian artist Kader Attia presents a slide show including images from his own private collection of newspapers and comic strips that repeatedly seem to depict the non-Western person as a beast or monster, showing how these images were manipulated by pro-colonial propaganda pretending to have a civilizing mission.
Brazilian artist Gustavo von Ha brings us back the spirit of the Modernist Brazilian Movement of 1922, including re-known artist Tarsila de Amaral, with a series of appropriations he sets up in a Beaux-Arts décor.
On March 10, 1914, Mary Richardson went into the National Gallery in London and repeatedly stabbed the painting ‘The Toilet of Venus’ by Velasquez. The artist book “Elements of Beauty” by Carla Zaccagnini brings together material and documentation on a series of similar actions by the group Suffragettes that took place in art galleries and museums. This book mainly focuses on interventions where the work of art literally becomes the victim.
French artist Brice Dellsperger revisits Brian de Palma and cult underground filmmaker Kenneth Anger with his ongoing series of films called “Body Double”. The gothic B-movie style film “Goner” by American artist Aida Ruilova features a young woman being recurrently attacked by obscure, invisible forces and transforms the viewer into a voyeur. Swiss artist Fabian Marti pays tribute to Hélio Oiticica with a series of prints that make direct reference to the artist’s well-known “Cosmococas”.
‘Suspicious Minds’ will also present objects, props and posters by cult B-movie filmmaker José Mojica Marins (also known as ‘Coffin Joe’) as well as other works by Marcelo Cidade, Dias & Riedweg, Gisela Motta and Leandro Lima, Jean-Luc Blanc, Guga Ferraz and more.
These are just a few of the many stories that visitors to the show will be offered as puzzles to be unraveled.
“Suspicious Minds” aims to bring together a few selected artists from Europe and the US together with Brazilian artists from the gallery and elsewhere. It is mainly set up as a collaboration and cooperation between Galeria Vermelho and curator Cristina Ricupero with the support of the Consulado Geral da França em São Paulo, ProHelvetia [Switzerland], and Bundesministerium für Unterricht, Kunst und Kultur [Austria]. Another version of this exhibition project will be presented at the Witte de With in Rotterdam in January 2014.
Cristina Ricupero is an independent curator and art critic based in Paris. Amongst other projects, she recently curated a major exhibition project, “Secret Societies”, for the Schirn Kunsthalle in Frankfurt (June-September, 2011), which toured to CAPC Bordeaux (November, 2011-February 2012). In 2006 she was commissioned to cover the European section of the Gwangju Biennale in South Korea. She worked as a curator at NIFCA [Nordic Institute for Contemporary Art] in Helsinki from 2000-2005 and also as Associate Director of Exhibitions at the ICA in London from 2000 until 2004. One of her most important projects for NIFCA was a major exhibition project called “Populism” (2005). Cristina Ricupero has also been a frequent lecturer at different art academies in Europe and is a regular contributor to Frieze magazine.
agosto 22, 2013
Franz Manata e Saulo Laudares + Leo Ayres + Marcos Bonisson na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
Dose Tripla apresenta imensidões particulares
Galeria Artur Fidalgo, Rio de Janeiro, RJ - 28/08/2013 a 14/09/2013:
Franz Manata & Saulo Laudares - After: Nature
Leo Ayres - Tananan Opera Chanchada X Madonna (Vitrine Remix)
Marcos Bonisson - Mareando
A próxima dose tripla da Galeria Artur Fidalgo mistura sons, sóis, tinta e água salgada. O sabor é de canto encantado de pássaro selvagem. Na galeria principal, Artur Fidalgo apresenta Franz Manata e Saulo Laudares. Nesta individual, o duo mostra uma série de esculturas, bordados, objetos sonoros, instalações e pintura, que vêm sendo produzidos, nos últimos cinco anos, a partir do embate entre natureza e civilização. Resistência ou resiliência? Enquanto isso, Marcos Bonisson propõe um mergulho na saleta quadrada do espaço. Com imagens do mar, ele ousa revelar a grandeza do infinito, o abraço do profundo e o respeito ao incontrolável. Transbordamentos e meditação. No Armazém Fidalgo, Leo Ayres traz um espetáculo absurdo em uma instalação com espelhos, mecanismos para olhar através e vídeos, onde cria situações ambíguas e ácidas.
AFTER: NATURE | Franz Manata e Saulo Laudares
O duo Franz Manata e Saulo Laudares traz para Copacabana a natureza que foi considerada extinta e dá asas a uma reflexão sobre a vivência em um mundo mediado pelas experiências virtuais. "Como enfrentar essa realidade permeada pela tecnologia e, ao mesmo tempo, acessar um local/oráculo, onde se possa fruir o pensamento?", perguntam. Com uma instalação sonora acusmática --não se vê a fonte de som—a trilha ambiente consiste em sons naturais dos pássaros e animais no amanhecer de um inverno rigoroso misturados ao despertar da cidade. O público é convidado a percorrer esse espaço onírico descobrindo esculturas, pinturas e objetos inéditos.
MAREANDO | Marcos Bonisson
Para se orientar no mar é preciso ouvir – o volume aumenta – verouvindo. Uma mulher dá um passo lento, o fotógrafo submerso clica. De dentro do mar, a onda vem em direção a ele. Splash, o fotógrafo mais uma vez clica. O tempo muda. Céu aberto, linha do horizonte e mar sem fim. Tons de azul. "Vou mareando, trabalhando no mar, querendo transbordar esse potencial plástico e sensorial", conta o artista. Bonisson transborda toda essa imensidão para a saleta do Fidalgo. Em uma prateleira, ele ainda revela um tesouro feito com pedras portuguesas e parafina derretida. No mês que vem, Bonisson abre também uma individual no MAM, onde apresenta uma série de trabalhos realizados com polaroides.
TANANAN OPERA CHANCHADA X MADONNA (VITRINE REMIX) | Leo Ayres
Do outro lado da galeria, no Armazém Fidalgo, Leo Ayres dialoga com o mundo através de espelhos. No interior da vitrine, uma porta perfurada com vários olhos mágicos tenta espiar o que acontece do lado de lá. Outros objetos, como ladrilhos de espelhos e vídeos, também compõem a cena. A instalação Tananan Opera Chanchada x Madonna (vitrine remix) reúne trabalhos recentes de Leo Ayres.
agosto 19, 2013
Milton Machado - Mão pesada na Nara Roesler, São Paulo
Cerca de 40 desenhos produzidos desde a década de 1970, além de 11 vídeos, serão exibidos na Galeria Nara Roesler. A revista em quadrinhos A Esperança no Porvir será relançada em seu 40ª aniversário
Em 24 de agosto, sábado, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler inaugura a exposição Mão Pesada, de Milton Machado. A mostra reúne cerca de 40 desenhos feitos entre 1970 e 2013, além de uma seleção de vídeos do artista. Será também relançada A Esperança no Porvir, revista de quadrinhos editada pelo artista em 1973.
Milton Machado - Mão pesada, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 26/08/2013 a 21/09/2013
Nas palavras do artista:
"Mão Pesada. Matilha. Um bando de vira-latas, uivando, virados de rabo para a lua, traçados fora-de-séries, quase todos inéditos, guardados em gavetas por 40, 30, 20, 10 anos. Alguns mais recentes, mas igualmente do-contra, invariavelmente anacrônicos, a bico-de-pena e nanquim. Desenhos raivosos, errantes, babados, sujos, mofados, mal feitos, vagabundos, esculhambados, secretos e clandestinos, enjoados, algumas vezes enojados, produzidos sob o efeito de viagens marítimas, de navegações nordestinas, de rebordosas de praia, movidas a blue cherry, purple haze e manga-rosa. Memórias de homens-ao-mar, de prisões, de esperanças no porvir, encalhamentos, quase-naufrágios, diverticulites fatais, fúnebres cortejos presidenciais exibidos na TV, diretas-já, romances na tarde, coisas saindo, cheiros da corte e de esgoto, monstros da lagoa espalhando merda para todos os lados, frutos de mãos pesadas, de olhos vermelhos, de ações paralelas, marginais (quase traidoras) às produções pretensamente mais nobres, organizadas, celebradas, colecionadas, conceituadas, teorizadas, de História do Futuro (1978-), As Férias do Investigador (1981), Conspiração Arquitetura (1981), (1=n) (1983), Somas e Desarranjos (1985), Fugitivo Zero (1987), Mundo Novo (1990), Sobre a Mobilidade (2001), Homem Muito Abrangente (2005), Produção (2009) ..."
Embora a produção de Milton Machado seja notadamente multidisciplinar, seu trabalho em desenho é especialmente destacado na presente exposição. O título da mostra é emprestado de uma obra de 1977. Ampliada em vinil adesivo e exibida na vitrine da Galeria Nara Roesler, Mão Pesada é a primeira das obras com que os visitantes tomarão contato.
Em seu trabalho, Milton cria projetos e articula narrativas aparentemente lógicos, mas, de fato, ficcionais e irrealizáveis. Sua qualidade de contador de histórias, frisada pelo crítico Michael Asbury, origina personagens e mundos paralelos obstinadamente conceitualizados e traçados.
São exemplos O Monstro da Lagoa (1976), “um cagalhão descomunal, resultado da acumulação de sucessivas descargas de esgoto irregular nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas”, fruto da especulação imobiliária alimentada pelos fictícios Marcos Tramoia, prefeito da cidade, e Servo Gourado, construtor inescrupuloso; os animais antropomórficos que educadamente se sentam à mesa em Prato de Resistência (En tenue de ville), de 1976; ou o tolo, vaidosamente exibindo seu par de Óculos para Bobos Internacionais – uma sofisticada coleção de óculos em busca de patrocinadores para sua produção industrial – em The fool is cool, de 1987.
The fool is cool integra a série PEARL Drawing Pad, produzida entre 1984 e 1987, utilizando um mesmo instrumento de desenho – um conta-gotas acoplado ao recipiente de nanquim, usado como caneta e pincel. Embora não sigam qualquer roteiro comum ou projeto anterior, alguns desenhos da série podem ser vistos como depoimentos sobre fatos históricos, como em O país agoniado e Eu vi o cortejo na TV, ambos de 1985, sobre o funeral de Tancredo Neves.
O título das obras, bem como o depoimento do artista sobre cada uma delas, é essencial para a compreensão – ou para o desvio de significado – de seu trabalho. Esta questão na obra de Milton Machado foi comentada por Luiz Camillo Osorio: “até onde o texto determina o que vemos? De que modo o que vemos pode ser visto de outras maneiras depois de lermos o texto?”.
Entre os vídeos selecionados para a exposição estão História do Futuro (2010, parte de sua instalação na 29ª Bienal Internacional de São Paulo, com desenhos, esculturas, fotografias e textos), Vermelho (2009, premiado na mostra Panoramas/Videobrasil 2010), Edifício Galaxie (sobre a mobilidade) (1994/2002) e Homem Muito Abrangente (2002).
Vermelho e Pintura integram a série Produção, apresentada em 2009 na Galeria Nara Roesler, na qual o artista deslocou objetos e imagens do contexto de uma fábrica de móveis de aço para o espaço da galeria de arte. Edifício Galaxie (sobre a mobilidade) complementa um conjunto de sete fotografias e fotomontagens, relativizando a oposição entre – em princípio – a mobilidade dos automóveis e a imobilidade dos edifícios.
Homem Muito Abrangente, com direção de Cacá Vicalvi, documenta a preparação, a performance e a instalação do trabalho na coletiva Territórios, com curadoria de Agnaldo Farias, no Instituto Tomie Ohtake, em 2002. “Trata-se de uma performance com dois atores principais: um atirador de facas de circo e seu assistente, que sou eu mesmo”, explica o artista. Sobre o Homem Muito Abrangente, ele diz: “O HMA pode ser todas as coisas, fazendo tudo o que quer. Porém, lhe é vetada uma única ocupação: a própria. Sempre além dos limites, o Homem Muito Abrangente é o mais puro exterior”.
A revista em quadrinhos A Esperança no Porvir será relançada na exposição. Em uma de suas estorinhas, Milton Machado conta a saga de Pedro José, “respeitável trabalhador do ramo dos investimentos que gostava de samba e que tinha o costume diário de almoçar na Espaguetilândia”. Assim como Pedro José, Milton acabou preso por agentes da repressão da ditadura militar, que o submeteram a inquérito focado no conteúdo da revista. “O que para mim eram ‘árvores’, para eles eram ‘trabalhadores’; seus ‘elementos subversivos’ eram meus ‘discos voadores’, e não foi possível qualquer conciliação”.
A exposição na Galeria Nara Roesler fica em cartaz de 26 de agosto a 21 de setembro de 2013.
Durante a exposição, em data a ser divulgada, haverá o lançamento, na galeria, do livro História do Futuro, de autoria do artista, com colaborações de Guilherme Bueno e Tania Rivera.
Milton Machado (Rio de Janeiro, 1947). Arquiteto pela FAU-UFRJ (1970), Mestre em Planejamento Urbano pelo IPPUR-UFRJ (1985) e PhD em Artes Visuais pelo Goldsmiths College University of London (2000). Professor Associado do Departamento de História e Teoria da Arte e do PPGAV-Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Escola de Belas Artes EBA/UFRJ. Participou das 10ª, 19ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1969, 1987 e 2010) e da 7ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2009). Exposições individuais recentes incluem Produção, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo (2009); e Sobre a Mobilidade, no Paço Imperial, Rio de Janeiro (2001) e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (2005). Entre as participações em mostras coletivas recentes estão: O abrigo e o terreno, mostra inaugural do Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, (2013); Genealogias do contemporâneo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2012-2013); Novo museu tropical, no TEOR/éTica, em San José, Costa Rica (2012); 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea, Videobrasil–Panoramas do Sul, no SESC Belenzinho (2011); Europalia, Art in Brazil, no Bozar, Bruxelas (2011); Arte Contemporânea Brasileira – Coleção João Sattamini, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2009); e MALI contemporáneo: adquisiciones y donaciones, no Museo de Arte de Lima, Peru (2009). Seu trabalho integra coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói; e internacionais, como a da University of Essex (Inglaterra), do Museu de Arte de Lima (Peru), do Museo Civico Gibellina (Itália) e da Daros Latinamerica.
agosto 18, 2013
Meridianos: Colômbia 4 - José Alejandro Restrepo na Daros, Rio de Janeiro
A Casa Daros traz para uma conversa aberta ao público o artista colombiano José Alejandro Restrepo, autor de instalações emblemáticas na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”
Cantos Cuentos Colombianos, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 24/03/2013 a 08/09/2013
A Casa Daros traz para seu programa Meridianos: Colômbia 4, no próximo dia 22 de agosto de 2013, às 17h, o artista colombiano José Alejandro Restrepo, que conversará sobre seu trabalho, e particularmente sobre suas obras que integram a exposição “Cantos Cuentos Colombianos”: "Musa Paradisíaca" (1996), "O crocodilo de Humboldt não é o de Hegel" (1994), "Canto de Morte" (1999) e "Olho por dente" (1994).
José Alejandro Restrepo nasceu em 1959, em Bogotá, onde vive e trabalha. O artista estuda a história cultural da Colômbia com uma piscadela maliciosa: seus mitos, seu descobrimento e exploração, os interesses e poderes envolvidos e a persistente exploração.
Na instalação "Musa paradisíaca" (nome botânico da banana), uma das que mais chamam atenção na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”, a natureza (a bananeira) e a tecnologia (televisão) passam por uma síntese grotesca. A situação paradisíaca de um Éden de acordo com a perspectiva ocidental, que a Colômbia representa em todo o seu esplendor e diversidade, colidem com a realidade social: é a história interminável de opressão e violência, manifesta nas plantações de banana, tal como mostram as gravações televisivas sobre os massacres perpetrados nas últimas décadas.
O artista afirma: “Não trabalho mais entre quatro paredes”. “Descobri que o mais importante para mim é a pesquisa. É escutar, andar em zonas afastadas de Bogotá, em distantes áreas rurais onde acontecem os conflitos, é ver a geografia, é compartilhar com as pessoas”.
TERRITÓRIO COLÔMBIA
Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros e curador de Meridianos/Colômbia, explica que nesta segunda edição do programa o território Colômbia se destaca não para “etiquetar” uma maneira “nacional” de produzir e de entender a arte, “mas para trazer uma reflexão acerca da repercussão de um contexto, uma circunstância, e uma história cultural sobre a cosmovisão e os pontos de vista, desde como os colombianos falam entre si e de como falam com o mundo”. “Meridianos: Colômbia versará, também, sobre a diferença e a singularidade de quem escuta”, ressalta.
PRÓXIMOS MERIDIANOS:COLÔMBIA
Estão previstas conversas dentro do Meridianos/Colômbia com os artistas Oswaldo Maciá e Fernando Arias, em datas a serem definidas.
PROGRAMA DE REFLEXÃO E MEMÓRIA
Como em sua primeira edição, as conversas e eventos do programa Meridianos: Colômbia serão registrados em vídeo, fotografia e áudio, a serem posteriormente incluídos em publicações impressas e digitais, com objetivos de pesquisa e educativos.
MERIDIANOS
O programa Meridianos busca dar voz ao artista e aproximar seu processo criativo, e sua trajetória, do público. Ao longo de 2011, quando reuniu duplas de artistas de diferentes gerações e países em cinco encontros gratuitos: Carlos Cruz-Diez [1923, Caracas], Waltercio Caldas [1946, Rio], Teresa Serrano [1936, México], Lenora de Barros [1953, São Paulo], Gonzalo Diaz [1947, Santiago do Chile], José Damasceno [1968, Rio de Janeiro], Leandro Erlich [1973, Buenos Aires], Vik Muniz [1961, São Paulo], Julio Le Parc [1928, Mendoza, Argentina] e Iole Freitas [1945, Belo Horizonte].
O nome “Meridianos” foi retirado de uma fala do venezuelano Carlos Cruz-Diez durante uma mesa-redonda em 2008, em Zurique, por ocasião da exposição “Face to Face”, no espaço de exibição que a Daros Latinamerica à época. Ele explicava sua decisão de deixar sua cidade para viver e trabalhar em Paris na década de 1960, pois lá era a “cidade pela qual passava um dos meridianos da arte e da experimentação”.
“Desde então pensamos em realizar algo a partir dessa afirmação”, conta Isabella Nunes, diretora geral da Casa Daros. Ela e Eugenio Valdés ressaltam que a própria Daros Latinamerica pode ser percebida dentro deste parâmetro de cruzamento de meridianos, “já que se trata de uma coleção de arte da América Latina baseada na Suíça, com um programa para o continente a partir do Rio de Janeiro”.
Eugenio Valdés destaca que “apesar de as noções de tempo e espaço se colocarem no foco dos diálogos propiciados, nos interessou também separar o aspecto Geográfico para identificar uma dimensão pessoal e única dos ‘meridianos’ de cada artista”.
JOSÉ ALEJANDRO RESTREPO
Nasceu em 1959, em Bogotá, onde vive e trabalha. Em "Ojo por diente", duas vitrines antigas como as de um museu etnográfico, vemos, à esquerda, uma fotografia de um antropólogo de óculos, e dentro, um pouco perdidos, os óculos. À direita, a fotografia de um "selvagem" que mostra os dentes e – como contraponto aos óculos – minuciosamente ordenados e numerados, estão seus dentes. Quem canibalizou quem? Quem come – até o presente – quem? Restrepo estuda a história cultural da Colômbia com uma piscadela maliciosa: seus mitos, seu descobrimento e exploração, os interesses e poderes envolvidos e a persistente exploração. As incertezas, os temores e preconceitos, assim como as possíveis causas e sua construção, se refletem ironicamente nos comentários de Hegel e Humboldt sobre o tamanho do crocodilo americano: o Novo Mundo se confronta com o velho, o empirismo com a teoria; fica evidente a relatividade da nossa percepção e, finalmente, triunfa a imaginação. E o próprio crocodilo comenta este processo com uma piscadela de olho (da câmara)... Em "Musa paradisíaca" (nome botânico da banana), a natureza (a bananeira) e a tecnologia (televisão) passam por uma síntese grotesca. A situação paradisíaca de um Éden de acordo com a perspectiva ocidental, que a Colômbia representa em todo o seu esplendor e diversidade, colidem com a realidade social: é a história interminável de opressão e violência, manifesta nas plantações de banana, tal como mostram as gravações televisivas sobre os massacres perpetrados nas últimas décadas.
Jorge Duarte - Pinturas na Coleção de Arte, Rio de Janeiro
Jorge Duarte - Pinturas, Galeria Coleção de Arte, Rio de Janeiro, RJ - 22/08/2013 a 28/09/2013
Com obras no acervo de importantes museus – como MAM (RJ e SP), MNBA (RJ), MAC (Niterói) - e dos principais colecionadores brasileiros, como João Sattamini, Gilberto Chateubriand, Lauro Cavalcanti e Frederico Morais, o artista plástico Jorge Duarte, que há cinco anos não expõe no Rio, faz uma mostra retrospectiva dos seus 30 anos de carreira, com curadoria de Santiago Navarro. Depois de 24 anos na Galeria Anna Maria Niemeyer, Jorge Duarte é agora exclusivo da Coleção de Arte, no Flamengo, onde a exposição será aberta em 21 de agosto.
“Minha questão central é a multiplicidade, a diversidade de influências. Dou liberdade total à ideia. Cada trabalho se segura por si, se basta, se resolve. Tem início, meio e fim em si mesmo”, afirma Jorge, cujo
trabalho transita entre pintura, gravura, desenhos, esculturas – sempre de maneira conceitual, questionando valores e referências da arte.
Na exposição da Coleção de Arte, telas do início dos anos 1990 misturam citações, como haicais, com imagens que remetem às pinturas populares das traseiras de caminhão. De 2006 vem Burro morto, em acrílica, tinta artesanal e arame farpado sobre tela, recriando a paisagem árida do sertão. Outro lado de Jorge Duarte também estará representado: o diálogo que propõe com a história da arte, como em Ceci beijou Peri. “É um comentário à pintura de Magritte, uma releitura do Guarani, de José de Alencar, à antropofagia de Oswald de Andrade”, diz Navarro. Ou ainda a fina ironia e ácida crítica aos costumes com sua Ode ao alfacismo, em que uma rubra alface repousa em uma tábua de carne.
Na mesma linha – ou se opondo a ela? –, outra tábua em couro bovino pirogravado e a inscrição “lar doce lar” (que dá nome à obra) sob um desenho de uma vaca. Ou o lapidário “falso fóssil fácil”, que traz um porta-garrafas duchampiano em resina acrílica e óxido de ferro sobre placas de embalagens recicladas. “É difícil resumir minha obra. Não trabalho com fases; cito o popular e o erudito; misturo materiais, referências, me pauto pela diversidade”, diz o artista. “Esta é a forma de Jorge Duarte trabalhar. Ele atua no plano da execução de uma ideia e esta execução pode ser diferente a cada trabalho. Jorge tem uma obra variada, complexa, é um artista que sempre teve uma clara preocupação com a cultura popular, mas ao mesmo tempo se distancia para poder olhar para ela”, complementa o curador Santiago Navarro, para quem o ponto de convergência de sua obra é a densidade: são várias camadas sobrepostas de sentidos.
Uma tela representa bem a relação entre a pintura de Jorge Duarte e a escrita de Jorge Duarte: em Florais, uma profusão de pequenas flores se relaciona com os micropoemas com estilo e afetividade barrocos: “Lavado por sonhos / meu olho lírico / fantasia colírios”, pinta ele, na tela. “A relação entre imagem e palavra é importante no conjunto da minha obra. São complementos que se explicam. A palavra, apenas escrita, não faria sentido. Ela só se totaliza quando pintada”, explica o artista plástico. “A trama floral e a trama textual, em todas suas apertadas materialidades visuais e sonoras, tecem uma trama de interesses, todos os quais lutam para conter aquilo que está a ponto de desmanchar, jogando no limite do sensorialmente tolerável, da tensão entre o que estimula e o que chateia”, escreve Santiago Navarro na apresentação da mostra.
Emergente da chamada Geração 80 – que lançou no mercado artistas plásticos com linhas de pensamento e estilos diferentes –, Duarte foi um dos fundadores do coletivo Imaginário Periférico, com Raimundo Rodriguez, Deneir Martins, Julio Sekigushi, entre outros. Em 1987 recebeu o Prêmio Bolsa Ivan Serpa, da FUNARTE. Ganhou uma viagem à Alemanha em 1995 para realizar o Workshop Metrópolis e Periferia. E foi vencedor do Prêmio Icatu de Artes Visuais em 1998, que lhe conferiu seis meses em Paris.
BIOGRAFIA
Biografia
Duarte, Jorge (1958)
1958 - Palma MG
Formação: 1978/1983 - Rio de Janeiro RJ - Estuda pintura e gravura na Escola Nacional de Belas Artes – Enba
1987 - Rio de Janeiro RJ - Premiado com a Bolsa Ivan Serpa da Funarte
1993 - Belém PA - Participa do júri do 12º Salão Arte Pará, na Fundação Romulo Maiorana
1998 - Niterói RJ - Faz a curadoria da exposição EBA-EAV: 8 novos artistas, na Galeria de Artes UFF
2002 - Niterói RJ - É curador da exposição Niterói Arte Hoje, no MAC-Niterói
2002 - Rio de Janeiro RJ - É curador da exposição Niterói Arte Hoje, no Centro Cultural Candido Mendes
Exposições Individuais
1983 - Niterói RJ - Individual, na Galeria Dalto
1984 - Rio de Janeiro RJ - Jorge Duarte: pinturas, na Galeria Cesar Aché
1985 - Munique (Alemanha) - Individual, na Galeria Maeder
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Saramenha
1988 - São Paulo SP - Individual, na Subdistrito Comercial de Arte
1991 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Itaugaleria
1997 - Niterói RJ - Black-Out, na Galeria do Poste Arte Contemporânea
2001 - Rio de Janeiro RJ - Pictotextos, na Galeria Anna Maria Niemeyer
2004 - Rio de Janeiro RJ - Jorge Duarte: objetos pictóricos, na Galeria Anna Maria Niemeyer
2005 - Rio de Janeiro RJ - Jorge Duarte: objetos, na Galeria Anna Maria Niemeyer
2008 – Rio de Janeiro RJ – Alegorias, na Galeria Anna Maria Niemeyer
agosto 15, 2013
Ricardo Rendón e Vítor Mizael na Zipper, São Paulo
Em exposição na Zipper Galeria, o mexicano Ricardo Rendón trabalha as possibilidades do vazio
Ricardo Rendón - Vazio Contido, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 19/08/2013 a 14/09/2013
No dia 17 de agosto, às 12h, a Zipper Galeria inaugura a exposição individual de Ricardo Rendón. Na mostra, intitulada “Vazio Contido”, o artista mexicano apresenta um panorama de sua produção dos últimos anos, com objetos confeccionados a partir de materiais diversos, com os quais Rendón reflete sobre o vazio e sobre seus próprios métodos de criação. A exposição fica em cartaz até o dia 14 de setembro.
Nessas obras, o artista analisa as condições dos materiais antes mesmo de sua utilização produtiva, além dos diferentes comportamentos de cada um deles. “Ricardo Rendón propõe em seus trabalhos um renascimento às avessas, que enfatiza o trabalho manual, e que expõe a face trabalhadora da arte conceitual, aquela que valoriza o processo, a singularidade de cada gesto”, analisa a curadora Paula Braga.
A exploração do vazio no trabalho de Rendón se dá através de recortes e perfurações de materiais como feltro, couro e papelão, sendo que as partes “subtraídas” da obra continuam a fazer parte dela, recontextualizadas como vestígios desse esvaziamento, físico e temporal. “Não basta a este artista mexicano oferecer o script, o algoritmo que define as repetições a serem executadas: é preciso apresentar o objeto, é preciso espalhar no chão os restos do processo repetitivo de perfurar o feltro industrial, exibindo assim uma dimensão do objeto chamada tempo, mesmo que o que sobre da obra seja muito mais um vazio do que efetivamente matéria, um vazio que aponta para a ideia de corrosão, desgaste, sumiço, desmaterialização feita pela divisão em pequenas partes”, explica ainda a curadora.
No trabalho de Ricardo Rendón, a presença concomitante do objeto recortado e de seus recortes é um atestado do fazer artístico. “Encontro no fazer o caminho para reconhecer a mim mesmo e definir quem sou como pessoa. É o trabalho criativo como uma afirmação”, conta o artista. “Opto por concentrar-me nos fatos, pegadas e evidências que posso deixar por um caminho, um encontro pessoal ou mediante a transformação de um material”, conclui.
Ricardo Rendón nasceu na Cidade do México, México, em 1970, onde atualmente vive e trabalha. Já participou de mostras em galerias e museus em todo o mundo, incluindo o Stedelijk Museum (Amsterdã, Holanda, em 2009); Maison Rouge (Paris, França, em 2008), Museu Tamayo (Cidade do México, México, em 2003) e MAM-México (Cidade do México, México, 2013). Suas obras compõem importantes coleções de arte contemporânea, incluindo a Fundação Cisneros Fontanals Art (CIFO), Coleção Jumex e Fondation Daniel Langlois.
Zip’Up apresenta exposição de Vítor Mizael
Vitor Mizael - Taxionomia, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 19/08/2013 a 14/09/2013
Também no dia 17, o projeto Zip’Up recebe a exposição “Taxonomia”, de Vítor Mizael, com curadoria de Mario Gioia. A mostra é um panorama dos trabalhos mais recentes do artista paulistano: pinturas, desenhos e objetos de animais 'domésticos' – discutindo questões pertinentes à sua obra, como o deslocamento.
agosto 14, 2013
O som do mundo – arte sonora na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
A mostra “O som do mundo – arte sonora” apresenta quatro trabalhos realizados ao longo do curso de mesmo nome, ministrado por Romano, no primeiro semestre de 2013, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. São eles: “Terra em trânsito”, de Sidney Schroeder, que utiliza projeções audiovisuais; “Situação de rua – sonora”, de João de Albuquerque, que representa uma instalação sonora; “Lembrança”, de Thiago Assis, um objeto sonoro; e “Salve o senhor das folhas” – uma interferência sonora –, de Fabio Campos.
As obras vão estar expostas nos arredores do prédio principal do Parque Lage. Um mapa indicando a localização dos trabalhos vai ser fornecido aos visitantes.
Mais sobre os trabalhos de “O som do mundo – arte sonora”
1. “Terra em trânsito”
Artista: Sidney Schroeder
Técnica: Projeções audiovisuais
Glauber Rocha de volta ao Parque Lage. Do transe ao trânsito. Da palavra ao ritmo. Da razão ao corpo. O que quer a multidão? Como traduzir o desejo? Inspirado pelas manifestações que tomam as ruas do país, a intervenção consiste em uma projeção de vídeo e trabalho sonoro a partir de trechos do filme Terra em Transe de Glauber Rocha.
2. “Situação de rua – sonora”
Artista: João de Albuquerque
Técnica: Site specific / Instalação sonora
Situação de Rua é uma investigação iniciada em 2011 que propõe criações artísticas poéticossociais multissensoriais, apropriando-se das relações de atrito entre sociedade e moradores em situação de rua. O trabalho apresentado aqui, denominado 'sonora', aborda um momento íntimo específico do cotidiano desses moradores em situação de rua, que se dá exatamente na não-relação entre eles e a sociedade.
3. “Lembrança”
Autor: Thiago Assis
Técnica: Objeto sonoro.
Neste trabalho, convidados anônimos cantam músicas que os remetem a uma lembrança de sua vida. Por meio da canção, o autor nos conduz a um jogo de memória afetiva entre participantes e expectadores, destacando a voz como potência expressiva e marca individual de cada pessoa.
4. “Salve o senhor das folhas”
Artista: Fabio Campos.
Técnica: Site specific / Interferência sonora
Ossaim recebera de Olodumare o segredo das folhas. Ele detinha todo o conhecimento sobre seus poderes. Umas traziam a sorte, a glória, outras, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta, eles dependiam de Ossaim para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas. Mas os ventos sopraram, e tudo mudou de lugar. A floresta é a casa de Ossaim, o seu território por excelência, onde as folhas crescem longe da interferência do homem. É também o território do desconhecido, do invisível. Convido-os a penetrar em sua morada.
agosto 13, 2013
Ricardo Becker nas Cavalariças da EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
O artista Ricardo Becker abre a exposição “Espelho seu”, no dia 16 de agosto (sexta), às 19h, nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura. Na mostra, uma caixa com materiais reflexivos formam um fluxo de imagens onde a escultura se apresenta como evento.
No salão principal das Cavalariças, uma grande estrutura de madeira com placas de vidro convidam o espectador a entrar. No interior, um chão de espelho forma um fluxo de imagens. O visitante participa da obra como reflexo, em constante alteração, por meio das variações de posição e movimento, não escapando da própria imagem. Essa interação faz com que o espectador hesite entre a observação das imagens refletidas e a percepção de si mesmo. Um efeito de nebulosidade nas imagens no chão e na obra é proporcionado pelo talco, jogado nas paredes. Prolongamentos de madeira formam um visual labiríntico e induzem o espectador a percorrer esse caminho caótico, que se confunde e se integra com a arquitetura do prédio.
O espelho, como superfície refletora, não é ele próprio uma imagem, mas um receptáculo de imagens. Colocar diante dele o vidro é como querer refletir o transparente – um paradoxo. Um terceiro elemento nega ainda mais uma vez a imagem: o talco. O vazio entre as duas superfícies é preenchido por uma névoa imagética.
“O observador, sem o qual nenhuma obra se completa, não escapa da própria imagem nestes trabalhos de Ricardo Becker. Ele participa como reflexo e como aquele que, voluntária ou involuntariamente, enquadra as imagens através de sua posição e do seu movimento. Ele participa com o olhar e, de modo literal, com sua imagem virtual. Mas é subtraído o que a imagem especular tem de duplicata perfeita – e às vezes inclemente. Pelo movimento do corpo, estes trabalhos se expandem no espaço real. Eles são simultaneamente óticos e simbólicos; planares e espaciais – embora extrapolem o quadro sem sinal físico. Eles trafegam entre o diáfano e o extensível.” diz o crítico Fernando Gerheim.
"O espelho é uma prótese que produz uma experiência limiar entre a significação e a percepção. Ele está presente na mitologia grega – Narciso desfaz a própria imagem refletida na superfície do lago ao tocá-la –, na literatura de Borges – 'Os espelhos e as cópulas são terríveis porque multiplicam os seres' (...), e na filosofia de Nietzsche – 'Se queremos ver as coisas no espelho, só vemos o espelho, se queremos ver o espelho, só vemos as coisas nele'. A relação entre o duplo e o um de que esta superfície refletora fala num nível metafórico, pode ser vista ainda na contraditória frase de Rimbaud – 'Eu é um outro', explica Ricardo Becker.
Mais sobre o artista:
Professor da EAV. Diretor de arte em publicidade no RJ e em Lisboa, de 1983 a 1998. Desde os anos 80 participa de exposições destacando-se as individuais Projeto Cisco (Casa de Cultura Laura Alvim, RJ, 2012), Desfazer Imagem (Galerias Eduardo Fernandes – SP-2010) e Novembro(RJ-2007) e Projeto Belvedere (Galeria Novembro - RJ-2005) e as coletivas: Espelhos Reflexos e Reflexões ( Galeria Marilia Razuk – SP – 2008), Novas aquisições | Coleção Gilberto Chateaubriand(MAM, RJ, 2004 e 2001) e V Salão MAM-Bahia (1998), em que recebeu o Prêmio Aquisição.
agosto 12, 2013
Eduardo T. Basualdo + Nina Canell + Sofia Hultén na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar sua nova série de exposições. A sala principal e o espaço dedicado aos projetos estarão ocupados por 3 jovens artistas estrangeiros que mostram, pela primeira vez em uma galeria brasileira.
A abertura acontece dia 13 de agosto às 19h. A exposição fica em cartaz de 14 de agosto a 14 de setembro de 2013.
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Eduardo T. Basualdo - Testigo, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 a 14/09/2013
A Sala principal recebe a primeira exposição individual do argentino Eduardo T. Basualdo.
Influenciado pelas meditações poéticas e sintéticas de Jorge Macchi, Basualdo lança seu próprio olhar, prismático e psicologicamente carregado sobre os objetos cotidianos, que atuam como correlativos visuais para a sempre oscilante e hermética natureza da mente.
Testigo/Testemunha é uma instalação arquitetônica pensada especificamente para o espaço da Galeria, um conjunto de 6 trabalhos inspirados em ritos de passagem e cerimônias de transição, onde o iniciado/espectador é conduzido através de diferentes testes para abandonar um estado original e assumir uma nova categoria.
A Fuga, que ocupa o fundo da sala principal, é uma construção de paredes de gesso e espelhos enormes que não refletem o que se apresenta diante deles, devido à inclinação de seus painéis que, num angulo convexo, cria um ponto cego. A peça em si é uma rachadura na realidade que nos permite ver (por um momento, a partir de um ângulo) o mundo sem a nossa presença. Para ser e não ser ao mesmo tempo.
Eduardo T. Basualdo, 1977, Buenos Aires, Argentina, onde vive e trabalha.
- Próximas exposições incluem: Musée departemental d'art contemporain de Rochechouart, France
(2013).
- Exposições individuais recentes incluem: The end of ending, PSM, Berlin, Germany (2012); Todo lo
Contrario, Ruth Benzacar Gallery, Buenos Aires, Argentina (2009); Niña Lágrimas de Cocodrilo, with
“Provisorio-Permanente”, Fondo Nacional de las Artes, Buenos Aires (2009).
- Exposições Coletivas incluem: La Biennale de Montevideo, Uruquay (2012); Art Parcours, curated by
Jens Hoffmann, Art 43 Basel 2012, Switzerland (2012); Mapas Invisibles, cur. by Violata Horcasitas,
Luis Adelantado Gallery, Mexico (2012); 11th Biennale de Lyon, La Sucrière, Lyon, France (2011); One
Way (Sentido Unico), Fundación Jumex, México (2010); Panamericana, Kurimanzutto Galery, México
(2010).
Sofia Hultén, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 a 14/09/2013
Estudante de escultura na Inglaterra no início dos anos 90, Sofia Hultén foi influenciada pela idéia de escultura como uma mídia expansível e de grande potencial performático.
Para a Galeria Luisa Strina, Sofia preparou uma série de 4 trabalhos, entre vídeos e esculturas. Mais interessada em mudar o estado de existência do material ready-made com o qual trabalha do quê necessariamente criar objetos novos, Hultén incorpora em seu trabalho o tempo como elemento inteligível em vídeos, fotografias e esculturas que captam os ciclos de vida desses objetos. O importante em sua prática não é chegar ao destino final - o objeto de arte - através do caminho mais curto, mas dar a volta em torno do labirinto de possibilidades que é para a artista, um processo de imprevisibilidade.
Sofia Hultén, 1972, Suécia. Vive e trabalha em Berlim.
- Próximas exposições incluem: Konrad Fischer Gallery (2013); Kunstverein Braunschweig (2014).
- Exposições individuais recentes incluem: One in Ten, Galerie Nordenhake, Stockholm (2012), Statik Elastik, Langen Foundation, Neuss (2012), Pressure Drop, RaebervonStenglin, Zürich (2011) NoNo NoNoNoNo NoNo, Konrad Fischer Galerie, Düsseldorf (2011).
- Exposições Coletivas incluem: ATOUCHOFLIFE, Galerie Anita Beckers, Frankfurt/Main (2012), Stadt und Land, Konrad Fischer Galerie, Düsseldorf (2012), La Vie Mode d’Emploi (Life A User’s Manual), Meessen De Clercq, Brussels (2011), Group Exhibition, Green On Red Gallery, Dublin (2011), Anstrøg II, Galleri Christina Wilson, Copenhagen (2011).
Nina Canell, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 a 14/09/2013
As instalações de Nina Canell freqüentemente reúnem objetos que interagem uns com os outros através de arranjos modestos. Detritos elétricos, fios e gás neon estabelecem uniões escultóricas quase performáticas com materiais naturais, como água, madeira ou pedras. Sua busca pela escultura existe em algum lugar entre o material e o imaterial, formando e questionando as relações condutivas entre os objetos sólidos e eventos mentais.
Canell preparou para a Galeria Luisa Strina 5 obras inéditas que utilizam materiais diversos como vidro, neon, bronze e madeira.
Nina Canell, 1979, Suécia. Vive e trabalha em Berlim.
- Próximas exposições incluem: Moderna Museet, Stockholm (2014); Camden Art Centre, London, 2014
(2014)
- Exposições individuais recentes incluem: Midway Contemporary Art, Minneapolis, (2013); Hamburger
Bahnhof Museum für Gegenwart, Berlin, (2012); Matter of the Heart, Konrad Fischer Galerie, Berlin,
(2011); To Let Stay Projecting..., Museum Moderner Künst Stiftung Ludwig, Vienna, (2010); Five Kinds
of Water, Hamburg Kunstverein, Hamburg, (2009).
- Exposições Coletivas incluem: Sydney Biennale, Sydney (2012); Made in Germany Zwei (2012),
Hannover; Second Strike, Herzliya Biennial, Tel Aviv (2011); On Line, MoMA, New York (2010);
Liverpool Biennial, Tate Liverpool (2010); The Actuality ofthe Idea, Stuart Shave / Modern Art, London
(2009); Manifesta 7 - European Biennial of Contemporary Art, Trentino Südtirol Alto Adige (2008).
Galeria Luisa Strina is pleased to present its new series of exhibitions. The main room and the space dedicated to projects will be occupied by three young foreign artists who are showing for the first time in a Brazilian gallery.
The opening will take place on August 13 at 7 p.m. The exhibition will run from August 14 to September 14, 2013.
Eduardo T. Basualdo - Testigo, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 til 14/09/2013
The main room is hosting the first solo show at the gallery by Argentine artist Eduardo T. Basualdo.
Influenced by Jorge Macchi’s poetic and synthetic meditations, Basualdo is casting his own prismatic and psychologically charged gaze on everyday objects, which act as visual correlatives for the constantly oscillating and hermetic nature of the mind.
Testigo [Witness] is an architectural installation specifically conceived for the space of the gallery, a set of six artworks inspired by rites of passage and ceremonies of transition, where the initiate/spectator is led through different tests to abandon an original state and to assume a new category.
A Fuga [The Escape], which occupies the back of the main room, is a construction of plaster walls and huge mirrors that do not reflect what is in front of them, due to the inclination of their panels at a convex angle, creating a blind spot. As a whole, this piece is a gap in reality that allows us to see (for a moment, based on an angle) the world without our presence. To be and not to be at the same time.
Eduardo T. Basualdo, 1977, Buenos Aires, Argentina, where he lives and works.
- Next shows include: Musée departemental d'art contemporain de Rochechouart, France (2013).
- Selected solo shows include: The end of ending, PSM, Berlin, Germany (2012); Todo lo Contrario,
Ruth Benzacar Gallery, Buenos Aires, Argentina (2009); Niña Lágrimas de Cocodrilo, with “Provisorio-
Permanente”, Fondo Nacional de las Artes, Buenos Aires (2009).
- Selected group shows include: La Biennale de Montevideo, Uruquay (2012); Art Parcours, curated by
Jens Hoffmann, Art 43 Basel 2012, Switzerland (2012); Mapas Invisibles, cur. by Violata Horcasitas,
Luis Adelantado Gallery, Mexico (2012); 11th Biennale de Lyon, La Sucrière, Lyon, France (2011); One
Way (Sentido Unico), Fundación Jumex, México (2010); Panamericana, Kurimanzutto Galery, México
(2010).
Sofia Hultén, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 til 14/09/2013
As a student of sculpture in England in the early 1990s Sofia Hultén was influenced by the idea of sculpture as an expandable medium with a great performative potential.
For Galeria Luisa Strina, Sofia has prepared a series of four works, including videos and sculptures. More interested in changing the state of existence of the ready-made material with which she works than necessarily creating new objects, Hultén incorporates time in her work as an intelligible element in videos, photographs and sculptures that capture the lifecycle of these objects. The important thing in her practice is not to arrive at the final destination – the art object – by means of the shortest path, but rather by a winding route through the labyrinth of possibilities, which for the artist is a process of unforeseeability.
Sofia Hultén, 1972, Sweden. Lives and works in Berlim.
- Next shows include: Konrad Fischer Gallery (2013); Kunstverein Braunschweig (2014).
- Selected solo shows include: One in Ten, Galerie Nordenhake, Stockholm (2012), Statik Elastik,
Langen Foundation, Neuss (2012), Pressure Drop, RaebervonStenglin, Zürich (2011) NoNo NoNoNoNo
NoNo, Konrad Fischer Galerie, Düsseldorf (2011).
- Selected group shows include: ATOUCHOFLIFE, Galerie Anita Beckers, Frankfurt/Main (2012), Stadt
und Land, Konrad Fischer Galerie, Düsseldorf (2012), La Vie Mode d’Emploi (Life A User’s Manual),
Meessen De Clercq, Brussels (2011), Group Exhibition, Green On Red Gallery, Dublin (2011), Anstrøg
II, Galleri Christina Wilson, Copenhagen (2011).
Nina Canell, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 14/08/2013 til 14/09/2013
Nina Canell’s installations bring together objects that interact with each other through modest arrangements. Electrical debris, wires and neon gas establish sculptural and nearly performative links with natural materials such as water, wood or stones. Her search for sculpture exists somewhere between the material and the immaterial, forming and questioning the conductive relations between the solid objects and mental events.
For this show at Galeria Luisa Strina, Canell has prepared five new objects that use different materials such as glass, neon, bronze and wood.
Nina Canell, 1979, Sweden. Lives and works in Berlim.
- Next shows include: Moderna Museet, Stockholm (2014); Camden Art Centre, London, 2014 (2014)
- Selected solo shows include: Midway Contemporary Art, Minneapolis, (2013); Hamburger Bahnhof
Museum für Gegenwart, Berlin, (2012); Matter of the Heart, Konrad Fischer Galerie, Berlin, (2011); To
Let Stay Projecting..., Museum Moderner Künst Stiftung Ludwig, Vienna, (2010); Five Kinds of Water,
Hamburg Kunstverein, Hamburg, (2009).
- Selected group shows include: Sydney Biennale, Sydney (2012); Made in Germany Zwei (2012),
Hannover; Second Strike, Herzliya Biennial, Tel Aviv (2011); On Line, MoMA, New York (2010);
Liverpool Biennial, Tate Liverpool (2010); The Actuality ofthe Idea, Stuart Shave / Modern Art, London
(2009); Manifesta 7 - European Biennial of Contemporary Art, Trentino Südtirol Alto Adige (2008).
agosto 6, 2013
Nuno Ramos - Anjo e Boneco (guaches, 2013) na Fortes Vilaça, São Paulo
Nuno Ramos - Anjo e Boneco (guaches, 2013), Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, SP - 15/08/2013 a 14/09/2013
Temos o prazer de apresentar Anjo e Boneco (guaches, 2013), nova exposição individual do artista Nuno Ramos na Galeria Fortes Vilaça. A mostra traz uma série de desenhos em larga escala, inéditos, todos feitos em guache.
O título da exposição é parte de um verso extraído da obra Elegias de Duíno de Ranier Maria Rilke – “Anjo e boneco: haverá espetáculo” (tradução de Dora Ferreira da Silva). Nuno Ramos, ele mesmo também um escritor, inspira-se frequentemente na obra de outros poetas, escritores e compositores. Sua série de desenhos anteriores partia do famoso diário de memórias de Daniel Paul Schreber, e em Faca só Lâmina, uma série de desenhos sobre alumínio, Nuno utilizava versos extraídos de um poema de João Cabral de Melo Neto, para citar apenas alguns exemplos.
Porém, diferentemente de desenhos anteriores, o artista trabalha com poucos elementos e materiais para compor os trabalhos desta nova série. As composições são todas feitas somente com guache, carvão e pastel seco apresentando em sua maioria apenas uma cor em contraste com o negro do carvão. Há formas geométricas combinadas com linhas gestuais, como em Anjo e Boneco 18: Compreendemos Facilmente os Criminosos. O jogo entre as linhas e formas parece estar sempre na beira do desequilíbrio. Há uma expectativa do porvir, a composição não é estática. Nuno também incorpora escorridos e manchas causados pelas tintas, trazendo o acaso para o processo de criação.
Comum a quase a todos os desenhos, além do título da série, são diferentes versos, também extraídos da IV Elegia de Rilke, impressos sobre o papel em letras de forma com carvão. “Como o coração de uma bela maçã” ou “abandonas a serenidade dos mortos” podem ser lidos entre as linhas, semicírculos e tinta, formando a composição. Ao extrair os versos de seu contexto original e incluí-los nos desenhos, Nuno explora a ressonância das palavras em um contexto de abstração.
Ao alinhar todos os desenhos, apoiados na parede, bem perto uns dos outros, contornando o espaço da galeria, o artista cria a sua própria narrativa, o seu próprio poema, visual e literário. Há uma beleza latente, da mesma potência de suas esculturas.
Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se recentemente: em 2012, O Globo da morte de tudo (em parceria com Eduardo Climachauska) na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, Ai Pareciam Eternas! na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte e Solidão, Palavra no Sesc Pompéia, São Paulo; em 2010 Fruto Estranho no MAM, Rio de Janeiro; e a 29ª Bienal de São Paulo. Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.
agosto 5, 2013
João Maria Gusmão e Pedro Paiva no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
O problema de Molyneaux é a segunda individual de João Maria Gusmão e Pedro Paiva em São Paulo. Destaque nesta Bienal de Veneza, os artistas apresentam fotografias, esculturas em bronze e filmes em 16mm, todos recentes ou inéditos.
Gusmão e Paiva exploram referências ao existencialismo na tradição filosófica, à literatura metafísica assim como ao proto-surrealismo de Alfred Jarry. O título da exposição é extraído de uma questão filosófica, proposta por William Molyneux a John Locke sobre a recuperação da visão. Um homem nascido cego, que sente a diferença entre formas, tais como uma esfera e um cubo, poderia também distingui-las pela visão caso pudesse começar a ver? O problema é comentado por Locke em seu Ensaio acerca do Entendimento Humano sobre as bases do conhecimento e dos mecanismos de cognição da mente humana.
Na primeira sala de exposição, oito esculturas de bronze propõem alegorias sobre a natureza das imagens, ilusões óticas e fenômenos físicos. Em Coisas Redondas, uma série de objetos circulares são conectados de forma que parecem ser quadrados sob certos ângulos. Bola de tênis reproduz o movimento de uma bolinha quicando sobre o pedestal. Cavaleiro é uma imagem distorcida que também cria uma ilusão de tridimensionalidade sob determinado ponto de vista. Uma vez que aludem com humor à linguagem científica, estes objetos revelam a natureza narrativa da ciência e da filosofia em suas tentativas de apreensão do mundo.
A segunda sala de exposição foi transformada numa grande sala de projeção com cinco filmes curtos em 16mm. Na grande tela as sequências se desenrolam em loop. Três sóis se põem entre rochedos, um homem cego devora um mamão papaia e frutos geometrizados rodopiam no ar como se fossem um sistema planetário. O ruído do projetor ⎯ os filmes não têm som ⎯ é uma lembrança permanente da materialidade das imagens.
João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1978) colaboram criando objetos, instalações e filmes em 16 e 35mm desde 2001. Já participaram de diversas Bienais, tais como: 8ª Bienal de Gwangju, Coréia do Sul, em 2010; 53ª Bienal de Veneza, 2009, na qual representaram Portugal; 6ª Bienal do Mercosul, Brasil, em 2007; 27ª Bienal de São Paulo, Brasil, 2006. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: em 2011, Alien Theory, no Frac Île-de-France, Le Plateau, Paris; There’s nothing more to tell because this is small, as is every fecundation, no Museo Marino Marini, Florença; Tem gwef tem gwef dr rr rr no Kunsthalle Dusseldorf; em 2010 e On the Movement of the Fried Egg and Other Astronomical Bodies, na Ikon Gallery, Birmingham.
Antonio Caro - Caro não é Carioca na Daros, Rio de Janeiro
Um dos mais importantes artistas conceituais da Colômbia, e um dos mais emblemáticos dos anos 1970, Antonio Caro é tema de uma antologia de seu trabalho, nas salas de arte e educação da Casa Daros.
Antonio Caro - Caro não é Carioca, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 11/08/2013 a 06/10/2013
A Casa Daros apresenta, a partir do dia 10 de agosto de 2013, a exposição “Caro não é Carioca”, uma antologia com trabalhos fundamentais do importante artista conceitual colombiano Antonio Caro, nascido em 1950 em Bogotá, onde vive e trabalha. Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros, explica que a mostra pretende dar visibilidade no Brasil “a um dos mais importantes artistas conceituais colombianos de sua geração, a dos anos 1970”. Para isso, selecionou oito emblemáticos trabalhos do artista – um deles um site specific a ser realizado com urucum, pertencentes ao acervo do próprio artista – à Coleção Daros Latinamerica, e a outras coleções como a do crítico e historiador de arte Frederico Morais, além de vídeos, documentos e cartazes.
A exposição será acompanhada de uma publicação com textos de Eugenio Valdés Figueroa, Frederico Morais e Luis Camnitzer, artista conceitual nascido no Uruguai e radicado em Nova York, e de críticos colombianos como Miguel González, Jaime Cerón, Eduardo Serrano e Victor Manuel Rodrìguez, além de fragmentos de entrevistas de Antonio Caro.
O título “Caro não é Carioca” foi sugerido pelo próprio artista. “Ele gosta de brincar com as palavras, e não é a primeira vez que usa seu próprio sobrenome. Uma parte importante de sua obra esteve direcionada a fazer comentários sagazes através de palavras e símbolos, em que o lugar do artista ‘Caro’, por exemplo, pode multiplicar-se e confundir-se com o ‘custo da vida’, ao mesmo tempo em que jocosamente pisca o olho para si mesmo”, explica Eugenio Valdés Figueroa.
Antonio Caro só expôs no Brasil em 1980, no Museu de Arte e Cultura Popular, em Cuiabá em curadoria de Aline Figueiredo, por indicação de Frederico Morais, que havia conhecido o trabalho do artista quando esteve na Colômbia fazendo pesquisas. “Uma tartaruga teria levado menos tempo do que eu, para ir de Cuiabá ao Rio de Janeiro”, brinca o artista.
POP LATINO-AMERICANO
Eugenio Valdés ressalta que Antonio Caro reconhece o indiscutível impacto que, entre os anos 1960 e 1970, o Pop europeu e norte-americano tiveram na arte colombiana. “Nos diferentes cenários latino-americanos, muitos artistas se interessaram por ressignificar os ícones pop da sociedade de consumo para deixar descoberto seu reverso ideológico, ou para buscar seus heróis à margem da sociedade e da história oficial, ou para identificar e valorizar outros repertórios do vernáculo extraídos das idiossincrasias locais, incluindo não somente o urbano, mas também o suburbano e as tradições nativas, rurais e indígenas”.
“Do pop, procede a obsessão pelos processos da cultura da comunicação e pela produção, reprodução e circulação massiva. A repetição se tornou parte da estratégia conceitual de Caro, que diz que ao longo do tempo foi um ‘trabalhador de textos’”, explica.
OBRAS NA EXPOSIÇÃO
A seguir, o curador comenta algumas obras em exposição.
“Homenaje a Manuel Quintín Lame” (Homenagem a Manuel Quintin Lame), 1972 – Desenho feito com urucum in situ. Tamanho a ser definido na hora pelo artista.
Numa conjunção do experimento conceitualista e da resistência política, Antonio Caro se apropriou da assinatura de Manuel Quintín Lame (1880-1967), líder indígena, advogado autodidata, que dedicou toda sua vida a lutar pelos direitos do povo Paéz e de outras comarcas na Colômbia. Soube do líder quando, há quarenta anos, quase por acaso, leu seu livro Las enseñanzas del indio que se educó en la selva (Os ensinamentos do índio que se educou na floresta). Apesar de sua importância, Quintín Lame continua insuficientemente reconhecido, pertence à periferia da história ou, como diz Morais, à contra-história, ela mesma constituída de obras inacabadas, inconclusas. Desde 1972, toda vez que Caro pinta com urucum essa assinatura, reivindica a história do cacique e lhe rende homenagem. Sendo assinaturas “efêmeras”, ao não se poder “possuir” – disse o artista – são portadoras de uma delicadeza ética muito significativa.
“En 1978 Todo está muy Caro” (Em 1978 Tudo está muito Caro)
Cartaz feito em 1978 por ocasião do XXVII Salão Nacional da Colômbia. Coleção do
artista.
O cartaz “Todo está muy Caro” é um de seus trabalhos mais conhecidos, que vem sendo repetido desde 1978 em incontáveis variações, atualizações de ano e lugar, quase como uma confirmação de que as coisas – infelizmente – não mudaram tanto ao longo das últimas quatro décadas, e de que nos encontramos diante de um artista tão obstinado quanto consequente e íntegro com relação às ideias que defende.
“Aquí no cabe el arte” (Aqui não cabe a arte), 1972
Tinta sobre papel, 100cm x 1120cm. Coleção do artista
No Salão de Artistas Nacionais, em 1972, Caro apresentou AQUINOCABEELARTE (AQUINÃOCABEAARTE), uma obra de mais de 11 metros de comprimento, explicitamente política em mais de um sentido. Com feitura e materiais precários, a obra se apresentava como crítica institucional manifestada ao Salão que fazia parte de um circuito artístico dominado pela ortodoxia acadêmica e por um mercado complacente. Nesse contexto, realmente, o tipo de arte que Caro propunha “não cabia”, pois trazia não apenas um questionamento formal, mas sobretudo uma mudança de atitude em relação à finalidade da prática artística. Debaixo de cada letra lia-se o nome de estudantes e ativistas indígenas assassinados, com informações detalhadas.
“Colombia”, 1976 / 2010
Esmalte poliuterano sobre metal. Coleção Daros Latinamerica, Zurique.
Em 1975, Caro se apropria do design das caixas de cigarro Marlboro, nas quais insere a palavra “Colombia”. Um ano depois, recorre ao logotipo da Coca-Cola para novamente escrever “Colombia”, desta vez com letras brancas sobre um suporte de lata esmaltada em vermelho brilhante. Referindo-se a “Colombia-Coca-Cola”, conclui que a arte é, simplesmente, uma questão de enfrentar ou não o branco, e que foi por essa obra que “transcendeu as fronteiras do mundinho da arte”. Como não conseguiu terminar seus estudos na universidade, a considera algo assim como “seu trabalho de conclusão de curso”.
“Maiz” (Milho), 1993
Serigrafia (baseada em selo postal)
56,3cm x 75,9 cm
Coleção do artista
“Maiz” (Milho), 1981
Serigrafia sobre papel de algodão
80 x 60 cm
Edição de 100 nº 36/100
Col. Particular
Há no trabalho de Antonio Caro também uma certa afinidade gráfica com o pop que, por exemplo, lhe permitiu transformar a imagem do pé de milho em um elemento emblemático de seu trabalho, que lhe dá uma marca pessoal, ao mesmo tempo em que exalta uma tradição alimentar que remonta à época pré-hispânica e alcança toda a América Latina.
Artista Convidado do Ateliê de Gravura: José Patrício na Iberê Camargo, Porto Alegre
O Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo recebe José Patrício
O artista contemporâneo participa do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura entre os dias 05 e 10 de agosto
O artista pernambucano José Patrício é o convidado do mês de agosto do Ateliê de Gravura, espaço que em julho recebeu Nuno Ramos. A movimentação efervescente de artistas no universo de Iberê Camargo faz com que sua linguagem, já registrada em Catálogo Raisonné, de 500 páginas e 329 gravuras, lançado em 2006, se mantenha viva. Entre os dias 5 e 10 de agosto, Patrício participa do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura, da Fundação Iberê Camargo. Ele se dedicará à gravura em metal para criar trabalhos inéditos, que serão apresentados ao público, no sábado (10/08), às 11h, com entrada gratuita.
O artista contemporâneo já teve suas obras expostas nas bienais de São Paulo, em 1994, do Mercosul, em 2001, e de la Habana (Cuba), em 2003. Entre os locais que receberam exposições individuais do pernambucano, estão o Paço Imperial do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Projeto Octógono Arte Contemporânea, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Abbaye de Silvacane, Aix-en-Provence, França e Pharos Centre for Contemporary Art, Nicósia, Chipre.
Patrício já foi chamado de “o artista do número”, pelos trabalhos em que utiliza jogos de dominó e dados, quebra-cabeças ou grandes quantidades de objetos como botões para criar uma linguagem própria sobre como a matemática organiza a vida contemporânea. Outra marca de sua obra é o desafio de manter um caráter experimental, presente na série 112 Dominós, que evidencia a reprodutibilidade da arte e as possibilidades de sua multiplicação.
O Ateliê de Gravura
Desde 1999, o Ateliê de Gravura da Fundação recebeu mais de 80 artistas de diferentes lugares e linguagens – independentemente da técnica e suporte mais utilizados em sua produção – para experimentar o método utilizado por Iberê Camargo durante toda sua vida. Das matrizes em metal produzidas, metade da tiragem das cópias fica com o artista e a outra metade passa a fazer parte da coleção de gravuras da Fundação Iberê Camargo. Também é realizado um encontro aberto ao público, em que os artistas apresentam a sua produção e falam sobre a experiência de passar uma semana no Ateliê de Gravura. O espaço foi criado em 2008 pelo arquiteto Álvaro Siza, especialmente para receber os equipamentos e estrutura para o trabalho em gravura que já existia no ateliê do artista. Já passaram pelo programa artistas como Amilcar de Castro, Arthur Piza, Jorge Macchi, Maria Bonomi, Nelson Felix, Waltercio Caldas, Tomie Ohtake e Xico Stockinger.
agosto 2, 2013
Artur Lescher - Pensamento Pantográfico na Nara Roesler, São Paulo
Dez obras inéditas do escultor paulistano serão exibidas na Galeria Nara Roesler. Feitas em madeira, basalto, aço e latão, as obras remetem – física ou conceitualmente – ao pantógrafo (expansível e retrátil) e à sua função (ampliação ou redução)
Em 10 de agosto, sábado, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler inaugura a exposição Pensamento pantográfico de Artur Lescher. A mostra reúne a produção recente do artista, apresentando dez obras inéditas, sendo algumas delas concebidas especialmente para o espaço da galeria. Feitas em madeira, basalto, aço e latão as obras – física ou conceitualmente – apresentam as capacidades de avanço e recuo sobre si mesmas.
As esculturas, instalações e objetos têm capacidade de extensão e contração por meio de suas juntas e dobradiças – característica física também do pantógrafo (do grego pantos= tudo + graphos= escrever), aparelho articulado capaz de copiar, ampliar ou diminuir desenhos mecanicamente.
Não é somente por esse motivo que o paralelogramo articulado dá nome à exposição. Apesar de nem todas as obras guardarem uma relação direta com a forma do aparelho, todas possuem intrinsecamente um princípio pantográfico, já que têm a capacidade de articular ideias e/ou imagens de expansão e retração. Sendo assim, as peças são simpáticas a esse princípio.
“O título alude também à capacidade de escrever/descrever ou, mais propriamente, de ‘desenhar’ que as obras possuem”, comenta Lescher. Trabalhando com madeira, Lescher criou peças em jacarandá com articulações metálicas que sugerem interpretações mínimas e verossímeis de livrosa partir da mais simples dobradura.
A recém-criada série de obras “telescópicas” em alumínio ganha aprofundamento na mostra. São peças que, novamente, remetem à expansão e à retração, cabendo em si mesmas – como os telescópios. Uma delas se abriga dentro da parede da sala de exibição, podendo ser acionada pelos visitantes, reiterando a discussão sobre o dentro e o fora.
Com poética e proporções similares, Ou ou (2013), pêndulo usinado em latão, apresenta uma sequência progressiva de esferas, tendo cada esfera que o forma sido proporcionalmente diminuída (ou aumentada) em relação à anterior.
Faz parte da exposição Pensamento pantográfico uma obra em latão de cerca de cinco metros de altura que retoma pesquisas iniciadas em 2006 pelo artista. Estruturas pontiagudas, similares a agulhas, parecem sair do teto, invertendo os sentidos. “É uma peça sinalizadora, que aponta em direção ao piso, ao concreto em oposição à cúpula”, ressalta.
As questões que se apresentam nesta exposição são desdobramentos de mostras anteriores, como Metaméricos(2008) ou Meta Métricos (2011), e ainda sofrem efeito de Inabsência, sua última exposição individual na cidade de São Paulo, ocorrida em outubro de 2012 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. “Percebo que existem infiltrações de questões que ainda não consegui dominar completamente e escapam neste momento. Na verdade, a exposição é um momento no qual este jogo pode ser esclarecido.”
A exposição na Galeria Nara Roesler fica em cartaz de 12 de agosto a 21 de setembro de 2013.
sobre o artista
Nascido em São Paulo em 1962, Artur Lescher participou da Bienal de São Paulo, nas edições de 1987 e 2002, e da Bienal do Mercosul, Porto Alegre, em 2005, todas no Brasil. Participações em exposições coletivas recentes incluem: Circuitos cruzados, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013); Paisagem Incompleta, no Centro Cultural da Usiminas, Ipatinga (2010); Ponto de equilíbrio, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2010); Memorial Revisitado – 20 anos, no Memorial da América Latina, São Paulo (2009); Quase líquido, no Itaú Cultural, São Paulo (2008) e 80|90 Modernos Pós-Modernos etc., no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo(2007). Sua mais recente exposição individual foi realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Inabsência. São Paulo, 2012). Tem obras em importantes coleções públicas como: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, todas estas em São Paulo, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, na Argentina; Houston Museumof Fine Arts e Philadelphia MuseumofArt, ambos nos Estados Unidos.
sobre a galeria
Há mais de 35 anos, Nara Roesler promove arte contemporânea junto a um conjunto nacional e internacional de colecionadores, curadores e intelectuais. Em 1989, fundou a Galeria Nara Roesler em São Paulo, como um espaço para expandir as fronteiras da prática artística no Brasil e fora dele. Representando alguns dos mais interessantes artistas da atualidade, a galeria direciona seu interesse à justaposição de trabalhos dos anos 60 em diante e suas ramificações contemporâneas, representando nomes históricos ao lado de um seleto grupo de artistas em ascensão.
Em 2012, a galeria teve seu espaço expositivo dobrado, totalizando uma área 1600m² e revitalizou o projeto curatorial Roesler Hotel, iniciado em 2006, com propostas inovadoras como as mostras coletivas Lobueno y lo malo, sob curadoria de Patrick Charpenel (diretor da Fundacción/ColecciónJumex), e Buzz, mostra dedicada à opart idealizada por Vik Muniz com obras de Bridget Riley, Josef Albers, Marcel Duchamp e YayoiKusama.
agosto 1, 2013
Noite Cine Privê na Nara Roesler, São Paulo
No próximo dia 7 de agosto (quarta-feira), Domenico Lancellotti se apresenta, na Galeria Nara Roesler, com entrada gratuita. Para a apresentação em São Paulo, Domenico convidou a artista Lucia Koch a instalar a luz e o ambiente do show. Juntos criaram a Noite Cine Privê, ocupando vários espaços da galeria, e transmitindo ao vivo o show para a sala de vídeo ao lado, num experimento conduzido por Leticia Ramos, artista que colabora também na criação desta noite única. O registro da experiência será exibido ali nos dias seguintes ao evento.
A turnê do Cine Privê passará ainda, em agosto e setembro, pelo Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Goiânia.
Patrocínio: Vivo, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro
Realização: Benguela Produções Artísticas e Galeria Nara Roesler
Produção: Rinoceronte Produções
Domenico Lancellotti (Niterói, 1972) é músico e compositor. Formou com Kassin e Moreno a banda +2, com 5 discos lançados, e é sócio-fundador da Orquestra Imperial. Em Cine Privê é acompanhado por uma superbanda formada por Pedro Sá (guitarra), Alberto Continentino (baixo), Stephane San Juan (bateria) e Claudio Andrade (teclados). No repertório, músicas do novo disco, como “Cine Privê”, “Hugo Carvana”, “Pedra e Areia”, além das canções de seu primeiro CD “Sincerely Hot” (2003), como “Aeroporto 77” e “Alegria, vai lá”.
www.domenicolancellotti.com.br
Lucia Koch (Porto Alegre,1966) faz intervenções operando com equipamentos e filtros de iluminação para cinema, material que usou em projetos como Turkish Delight, apresentado na Bienal de Istambul; Correções de Luz, no Centro Universitario Mariantonia e Fundação Ibere Camargo; Externa/Dia/Praia, instalado nas praias urbanas de Natal; ou Conversion, na Bienal de Sharjah.
Leticia Ramos (Santo Antonio da Patrulha,1976) cria aparatos para a captação e reconstrução do movimento em video e fotografia. Em séries como ERBF, Escafandro e Bitacora, desenvolve romances geográficos em diferentes mídias. Participante do “Islan Session - visitas a ilha", 9º Bienal do Mercosul, atualmente trabalha no projeto “Vostok" (filme, livro e disco), viagem ficcional a um lago submerso na Antártida.
Abraham Palatnik na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Abraham Palatnik, Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio de Janeiro, RJ - 08/08/2013 a 13/09/2013
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 7 de agosto de 2013 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição panorâmica do artista Abraham Palatnik, reconhecido internacionalmente como um dos pioneiros da arte cinética. A mostra ocupará todo o espaço expositivo da galeria com obras produzidas desde a década de 1950 até hoje, sendo a maioria delas inédita, pois grande parte das obras antigas nunca foi mostrada ao público. Os trabalhos históricos não serão vendidos. Haverá, ainda, quatro trabalhos novos, produzidos especialmente para esta exposição.
“Palatnik afirmou que era essencialmente um pintor. Coloca-se, portanto, uma das questões mais pertinentes em sua obra: propor ao espectador que ele está diante de uma pintura sem anular a ideia da escultura, principalmente nos casos dos “Aparelhos Cinecromáticos” (produzidos a partir de 1951) e dos “Objetos Cinéticos” (produzidos a partir de 1964). Sua obra órbita em um limite, uma linha tênue entre esses dois suportes”, diz o crítico de arte Felipe Scovino, que escreve o texto que acompanha a exposição.
A mostra terá cerca de 25 obras recentes e históricas, de diferentes fases da trajetória do artista. Muitos desses trabalhos são desconhecidos do público, como uma série de pinturas em vidro da década de 1950. Haverá, ainda, quadros com objetos em relevo, da década de 1960, e trabalhos feitos com corda, produzidos entre 1980 e 2000. Além disso, também serão apresentados trabalhos emblemáticos do artista, como “Objetos Cinéticos” e “Progressões”. Aos 85 anos, ainda muito ativo, Palatnik está produzindo quatro novas obras especialmente para esta exposição. São trabalhos feitos com ripas de madeira, que medem 1,10m x 1,70m.
No contêiner, que fica no terceiro andar da galeria, será apresentado um “Cinecromático”, um de seus trabalhos mais importantes, criado na década de 1950, que projeta cores e formas que se movimentam acionadas por motores elétricos. “Provavelmente por conta de seus estudos envolvendo mecânica e física assim como as aulas de arte (todos desenvolvidos na Palestina) e da qualidade típica de inventor, Palatnik começa a produzir uma das obras mais importantes da arte cinética: o ‘Aparelho Cinecromático’”, explica Scovino. “A obra expõe claramente os caminhos que adotaria: mesmo partindo de uma forma tridimensional, o artista nunca deixou de pensar como um pintor; o movimento, a dinâmica e o deslocamento tanto do objeto quanto do espectador são características centrais de sua obra, que mais do que entreter, nos ‘hipnotiza’ com os desenhos no espaço que são construídos por elas e, em particular nos ‘Objetos Cinéticos’, o ritmo – quase como uma dança – embalado pelo ruído da passagem de tempo emitido pelos seus mecanismos interno”.
“É importante ressaltar que a obra do artista obteve um lugar importante na passagem da modernidade para a contemporaneidade no país, no âmbito de suas pesquisas envolvendo pintura, tecnologia, escultura e design. Embora estivesse no seio da discussão sobre a chegada e, anos mais tarde, a maturidade da abstração geométrica (inclusive participando do Grupo Frente), Palatnik sempre quis se manter à margem de qualquer manifesto ou participação mais ‘política’”, afirma Scovino.
SOBRE O ARTISTA
Abraham Palatnik nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 1928, oriundo de uma família de judeus-russos. Muda-se ainda criança para Tel-Aviv, Israel, onde ingressa na Escola Técnica Montefiori. Entre 1943 e 1947, dedica-se aos estudos de pintura, desenho, história da arte e estética, no Instituto Municipal de Arte de Tel-Aviv. De volta ao Brasil, em 1950, usando seus conhecimentos de mecânica e física, desenvolve seus dois primeiros "aparelhos cinecromáticos", que projetam cores e formas que se movimentam acionadas por motores elétricos. Um ano mais tarde, cria polêmica ao participar da I Bienal de São Paulo com esses trabalhos. Por não se enquadrar em nenhuma das categorias da premiação, terminou por ganhar uma menção honrosa depois de muita discussão do júri.
A partir de 1964, desenvolve os "objetos cinéticos", como um desdobramento dos "cinecromáticos". Começa a trabalhar também na realização dos seus "relevos progressivos" em superfícies bidimensionais, trabalhando com a noção de cinetismo virtual e utilizando-se do recurso de composição serial de lâminas de madeira. O rigor matemático é uma constante em sua obra, atuando como importante recurso de ordenação do espaço. Com o decorrer dos anos, o artista passa a empregar sucessivamente três novos materiais: nos anos 1970, a resina de poliéster, nos anos 1980, cordas sobre telas, nos anos 1990 um composto de gesso e cola.
Depois disso, realiza trabalhos em papel-cartão e pinturas com cordas utilizando pela primeira vez linhas diagonais e cores mais vibrantes como o laranja.