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julho 31, 2013
Alejandro Ros e Roberto Jacoby - Abertura na Baró, São Paulo
Pop, arte e paradoxos contemporâneos
A partir de 3/8, Roberto Jacoby e Alejandro Ros mostram sete obras inéditas na Baró Galeria
Alejandro Ros e Roberto Jacoby - Abertura, Baró Galeria, São Paulo, SP - 06/08/2013 a 06/09/2013
Um dos principais artistas da cena argentina desde os anos 60, Roberto Jacoby se uniu a Alejandro Ros, importante desenhista gráfico do rock e do pop, para criar a mostra Abertura, que entra em cartaz na Baró Galeria a partir de 3/8. Na exposição, uma instalação sonora, um vídeo e várias obras de parede convidam a reflexões sobre o mundo atual, a arte contemporânea e seus paradoxos.
O argentino Roberto Jacoby trabalha desde os anos 1960 no que então se chamava “arte dos meios”, ou “arte desmaterializada”. “Algo como o que hoje se chama arte conceitual”, explica. Na década de 1970, abandonou a arte para se dedicar à investigação social. Durante a ditadura argentina, escreveu letras que foram cantadas pelo influente grupo de pop-rock Vírus ao longo de dez anos. Nesse tempo organizava também festas públicas como parte do que chamou “estratégia da alegria”. Sua produção jamais foi individual: “Sempre trabalhei com outras pessoas, uma, duas, vinte ou seiscentas”, comenta.
Na última década, Jacoby promoveu redes de contato entre artistas e não-artistas, tanto virtuais quanto cara-a-cara. Fez parte da equipe curatorial da Bienal do Mercosul e expôs com um coletivo artístico na Bienal de São Paulo em 2010. Também em 2010, o museu Reina Sofia de Madrid organizou una retrospectiva de sua obra.
A exposição Abertura dialoga com as tensões do mercado de arte e convida a uma reflexão sobre o mundo atual. Jacoby e Ros se dedicaram durante um ano à concepção e à realização das obras mostradas pela primeira vez em seu conjunto nesta exposição. São sete trabalhos inéditos, feitos em diferentes mídias e com materiais diversos. Os materiais vão de facas a rochas, passando por taças, manequins, relógios, tapetes e xícaras de café. “Estamos muito entusiasmados de mostrar esses trabalhos no Brasil. Todas as peças foram pensadas especialmente para esta mostra. Também levamos em conta o espaço da Baró”, ressalta Jacoby.
Para saber mais sobre os artistas:
www.jacoby.org.ar
www.alejandroros.com.ar
Felipe Ehrenberg - Apocalipstick na Baró, São Paulo
Individual do artista mexicano abre no sábado 3/8; mostra reúne inéditos dos últimos três anos
Felipe Ehrenberg - Apocalipstick, Baró Galeria, São Paulo, SP - 06/08/2013 a 06/09/2013
A partir de sábado (3/8), o mexicano Felipe Ehrenberg ocupa a Baró Galeria com a individual Apocalipstick, reunindo trabalhos inéditos produzidos ao longo dos últimos três anos. Com mais de 50 anos de carreira, o artista adota uma abordagem especial nesta exposição, que tem o formato de um eclético e agorafóbico gabinete de curiosidades.
Aos 70 anos de idade, Ehrenberg é referência da arte latino-americana no mercado internacional, mas ainda é pouco conhecido no Brasil, país onde chegou como adido cultural, há 14 anos. Apocalipstick é uma oportunidade singular para descobrir seu diálogo provocativo com o entorno social, em uma mostra especialmente convidativa para aqueles que farão seu primeiro contato a obra do artista.
“Preocupa-me muito que o público não compreenda a arte contemporânea. Foco no contato com as pessoas que sabem pouco do mundo labiríntico e quase fechado da arte plástica atual. Há tempos procuro criar obras menos herméticas. A idade nos dá experiência e isso traz vantagens, como uma medida saudável de ceticismo frente à ostentação. Gosto combinar isso ao humor. O humor quebra barreiras para compartilhar verdades,” afirma o artista, que nos anos 1970 integrou o movimento Fluxus, quando morou na Inglaterra.
Entre os cerca de 50 trabalhos que integram Apocalipstick, há peças agigantadas, de dois metros de altura, e outras de poucos centímetros. Para criá-las, Ehrenberg percorre processos distintos e aplica diferentes técnicas, do digital à pintura e à escultura. Materiais como metal e papel se mesclam e se alternam com plástico e madeira, em um contínuo questionamento sobre o tempo presente. Na produção, o artista vivencia etapas conceituais (como na quase esquecida arte postal) e artesanais simultaneamente. “Sou considerado um artista de vanguarda, mas me acho conservador, talvez porque faço tudo a mão. Penso com a mente e com o coração, mas sobretudo, com as pontas dos dedos”, diz.
Neste curioso e “abigarrado” gabinete há obras feitas com celulares embutidos em cimento, e talhas de concreto que eternizam os falsos sorrisos tão constantes nas redes sociais. Montagens de figuras em madeira que misturam motivos pré–colombianos sobre impressões digitais aproximam passado e presente. Metros cúbicos de terra deslocados de três diferentes regiões de São Paulo compõem uma metáfora refinada da especulação imobiliária. Um dos destaques é um portal detector de metais construído com madeira antiga, cujo ruído redimensiona a tensão das passagens de controle de segurança contemporâneas. Há ainda desenhos e livros de artista.
Vanguarda e manutenção se aproximam na obra de Ehrenberg, tornando perene um estado de inovação. A exposição Apocalipstick proporciona um contato envolvente com a produção de um vanguardista pioneiro na arte latino-americana e internacional. Imperdível.
julho 28, 2013
Mônica Piloni - Ímpar, Ambas na Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
Mônica Piloni abre primeira individual na Galeria Laura Marsiaj onde apresenta esculturas produzidas com as medidas do próprio corpo
Mônica Piloni - Ímpar, Ambas, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, RJ - 31/07/2013 a 31/08/2013
Sempre com provocações em suas obras, a artista plástica Mônica Piloni recorre ao corpo humano, à psique e ao universo proibido dos desejos para compor seus trabalhos.
Paranaense formada pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 2002, Mônica se destaca pela habilidade de dosar sensualidade, fetiche e um certo mistério surreal em suas esculturas, que sempre despertam uma sensação diferente no público.
Influenciada por Damien Hirst, Louise Bourgeois e Jung, Mônica Piloni é uma das novas promessas da arte brasileira. A artista possui trabalhos em importantes coleções como o Instituto Inhotim; Instituto Figueiredo Ferraz; Coleção Alexandre Herchcovich e Coleção Marton & Marton.
Em sua primeira individual na Galeria Laura Marsiaj, que acontecerá a partir do dia 30 de julho, a artista mostra um par de esculturas, denominadas Ímpar, uma de bronze e a outra de resina, produzidas baseadas em suas próprias medidas. Na sala anexa serão exibidos dois vídeos, um deles com o título de 16B e outro também com o título de Ímpar que criará a atmosfera para esta série em que a artista está absorvida desde 2008.
Mônica Piloni é uma artista plástica que coloca em sua obra a sensualidade do corpo humano em objetos tridimensionais, fazendo aversão aos sentidos e provocando pela visão e tato. A arte dessa curitibana tem muito de sexualidade, banalizando o que para muitos soa tão íntimo. Mistura o profano, coloca o erotismo em teste, ao fetiche.
Segundo palavras dela, que acredita que a arte está diretamente ligada a significados psicológicos, devida à forte atração e ligação que tem com a psicanálise, a sexualidade está presente em suas obras pois nossa psique está enclausurada na mais amável das prisões, a anatomia. A perversidade e a questão da sexualidade que aparecem nos trabalhos é a consequência da digestão de todos os conceitos psicanalíticos sobre o inconsciente e o consciente que envolvem as pulsões, o desejo, culto da vontade, que impulsionam a humanidade a preservar sua existência dentro desse ecossistema, nosso mecanismo mais sofisticado e complexo que do resto dos animais”, finaliza Monica.
julho 26, 2013
Artista Convidado do Ateliê de Gravura: Nuno Ramos na Iberê Camargo, Porto Alegre
Nuno Ramos é o Artista Convidado do mês de julho no programa no Ateliê da Gravura
Um dos importantes artistas contemporâneos do país estará na Fundação Iberê Camargo entre os dias 24 e 27.
Neste mês, a Fundação Iberê Camargo recebe um dos mais importantes artistas contemporâneos do país. Nuno Ramos participa do programa Artista Convidado do Ateliê da Gravura e trabalhará com a prensa alemã que pertenceu a Iberê Camargo. Ele se dedicará a criações entre 24 e 27 de julho. No sábado, às 17h, vai apresentar as peças produzidas, durante uma conversa com o público, no auditório da Fundação.
Nuno é um artista que envolve-se nas atividades de pintor, desenhista, escultor, compositor, cineasta e escritor. Nascido no ano de 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha até hoje, formou-se em Filosofia pela USP, em 1982. Iniciou na pintura em 1984, quando criou o grupo de artistas do ateliê Casa 7 e, desde então, seu trabalho ganhou notoriedade no Brasil e no exterior. Participou da Bienal de Veneza de 1995 e das Bienais Internacionais de São Paulo nos anos de 1985, 1989, 1994 e 2010. Entre suas exposições individuais, destaca-se a produzida em 2010 na Gallery 32, em Londres, Inglaterra; em 2012, "Ai, pareciam eternas!", na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte; e "O Globo da morte de tudo" (em parceria com Eduardo Climachauska), na Galeria Anita Schwartz, no Rio de Janeiro. Publicou, em 2011, o seu oitavo livro, “Junco”, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2006, recebeu, pelo conjunto da obra, o Grant Award da Barnett and Annalee Newman Foundation. Este ano, Nuno irá expor desenhos da "Série Anjo e Boneco", na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, no mês de agosto, e em dezembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, onde apresentará um trabalho inédito. Em breve, uma obra de sua autoria integrará o acervo do novo museu Thyssen Bornemisza Art Contemporary (TBA 21), em Viena, e é grande a probabilidade de que Nuno tenha um pavilhão no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), um dos principais espaços de arte contemporânea no país.
Será a primeira vez que Nuno trabalhará com gravuras em metal e, para ele, a oportunidade tem um sabor especial. “É uma certa aventura, por ser algo inédito, um novo desafio”, diz. Ele acredita que todo o artista sempre carrega consigo um repertório poético de inspirações, mas entre tantas possibilidades que a técnica oferece, ainda não definiu que linha seguirá.
O Ateliê de Gravura
Desde 1999, o Ateliê de Gravura da Fundação recebeu mais de 70 artistas de diferentes lugares e linguagens – independentemente da técnica e suporte mais utilizados em sua produção – para experimentar o método utilizado por Iberê Camargo durante toda sua vida. Das matrizes em metal produzidas, metade da tiragem das cópias fica com o artista e a outra metade passa a constituir a coleção de gravuras da Fundação Iberê Camargo). Também é realizado um encontro aberto ao público, em que os artistas apresentam a sua produção e falam sobre a experiência de passar uma semana no Ateliê de Gravura. O espaço desenvolvido, em 2008, para a nova sede da Fundação, foi pensado pelo arquiteto Álvaro Siza especialmente para receber os equipamentos e estrutura para o trabalho em gravura que já existia no ateliê do artista. Já passaram pelo programa artistas como Amilcar de Castro, Arthur Piza, Jorge Macchi, Maria Bonomi, Nelson Felix, Waltercio Caldas, Tomie Ohtake e Xico Stockinger.
julho 22, 2013
Omar Salomão – O que pensei até agora e o que ainda falta pensar na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas Arte Contemporânea inaugura dia 24 de julho, às 19h, para convidados, e no dia seguinte para o público, a exposição “Omar Salomão – O que pensei até agora e o que ainda falta pensar”, com trabalhos inéditos e recentes do artista e poeta nascido no Rio, em 1983. Omar Salomão irá mostrar fotografias, desenhos, cadernos, livros, objetos e poesia, em nove trabalhos e propostas instalativas. O texto crítico que acompanha a exposição é do filósofo e ensaísta Frederico Coelho.
O título da exposição remete a “uma relação de busca, de procura”, diz o artista. “Poesia para mim é sair da rotina, olhar com olhos novos para tudo que faz parte do mundo: a morte de um amigo, inseguranças, angústias, e dentro delas, a fragilidade, a delicadeza e as pequenas coisas. Não se trata de olhar só para coisas singelas, mas também, e até mesmo, em alguns momentos, ir de encontro a elas”, afirma Omar Salomão.
Em “Apagar ou como guardar um cubo de gelo para sempre”, uma série de nove fotografias mostra um cubo de gelo começando a derreter enquanto é envolvido por silver tape, na “tentativa de ser guardado”. Ao seu lado estará “De gelo”, em que a bola feita de silver tape com gelo dentro está colocada diretamente na parede. Também é um acontecimento recorrente do cotidiano que ganha destaque em “Gota”, em que uma série de quatro fotografias se constrói a partir de quatro momentos distintos em que uma gota escorre pelo vidro em um dia nublado, com uma frase poética, escrita à mão, unindo as superfícies fotográficas. E, ainda, “Out of the blue”, que revela, entre o azul do céu e o azul do rio, um fusca rebocando um barco do Rio São Francisco à noite.
Em alguns trabalhos, Omar Salomão trata fotografias, desenhos e poemas como peças ou pedaços que, durante o processo de montagem diretamente na parede, vão sendo colocados em relação e a partir dessa experiência, construindo significados possíveis entre eles. Esses desenhos, fotografias e poemas em grande parte deixam de lado molduras e incorporam rasuras e rabiscos.
Este é o caso de “Som e Vento”, que forma um conjunto com desenhos e textos ao redor de um guardanapo preso em uma das pontas com um alfinete, em que a sentença “uma hemorragia já controlada”, em escrita à caneta, se espalha por todos os lados. Em “Obs.”, o ponto de partida é o obituário do poeta Ericson Pires, amigo de Omar Salomão, morto há pouco mais de um ano, publicado em um jornal. Na obra, a página foi grudada em um vidro úmido, onde Omar Salomão interferiu com desenho e escrita, em parte deformados pela umidade. A fotografia registra as camadas do trabalho.
A partir dessa dinâmica estão estruturados também os trabalhos “Papéis Cruzados”, “Cadernos” e “Mercador de Nuvens – livro de luz”, considerado por Omar Salomão seu terceiro livro. Diferente de um livro convencional, este estará montado em uma das paredes da galeria, e irá reunir, em uma caixa de luz de acrílico, 25 folhas em papel vegetal, com desenhos, poemas e fotos. Essas páginas podem ser combinadas e colocadas – em conjuntos de até quatro sobreposições – na parte da frente da caixa, formando, em backlight, o que seria a capa do livro. A mistura de conteúdos revela diferentes possibilidades de imagens.
“Eu entro nas artes visuais a partir da poesia, buscando maneiras de sair do papel, da ideia fechada de livro, querendo explorar outros sentidos de montagem e visualização para além da folha de papel. Talvez toda a exposição seja um grande livro de poemas”, explica Omar Salomão.
OMAR SALOMÃO (Rio de Janeiro, 1983)
Poeta e artista visual, escreveu os livros “Impreciso” (Dantes, 2011) e “À Deriva” (Dantes, 2005). Participou das mostras coletivas “Gil70” (Centro Cultural dos Correios, Rio, 2012), “Coletiva 11” (Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio, 2011) e Vitral (Escola Livre da Palavra, Rio, 2011), entre outras, além das exposições individuais “Turbulências são apenas nuvens no caminho” (Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio, 2011) e “Impreciso” (SESC Barra Mansa, Rio, 2010). Lançou em 2012, com À Colecionadora, de Luiza Marcier, uma linha de lençóis com poemas e desenhos. Em setembro de 2012, fez com Leo Cavalcanti e Paulo Mendel, espetáculo multimídia para o projeto “Palavras Cruzadas”, no Oi Futuro, com coordenação geral de Marcio Debelian. Em 2010 desenvolveu o Projeto Lavanderia, com Daniel Castanheira e Ericson Pires, misturando poesia e música eletrônica. De 2004 a 2009, integrou a banda VulgoQinho&OsCara. Participou como apresentador dos programas Oncotô, comandado por Jorge Mautner na TV Brasil, e Quarto Mundo, do Multishow. Foi curador com Heloisa Buarque de Hollanda e Bruna Beber da exposição BLOOKS – letras na rede, sobre literatura na internet, no Espaço Cultural Oi Futuro, em 2007, e da exposição “Periferia.com”, com Marcos Teobaldo, na Biblioteca de Manguinhos e no Parque Lage, em agosto de 2011. Foi assistente de curadoria de Luciano Figueiredo na exposição “Waly Salomão: Babilaques”, em 2007, no Oi Futuro (Rio), e 2008, no Sesc Pinheiros (SP). Para saber mais sobre o artista, visite o site: www.bomleao.com.
Fabricio Lopez - Várzea na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre a partir do dia 24 de julho de 2013, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Fabricio Lopez – Várzea” com trabalhos inéditos do artista paulista que oferece novas dimensões à prática de gravura em madeira. A mostra, que segue até o dia 24 de agosto, apresenta três xilogravuras de grandes proporções, gravuras menores, matrizes pintadas e ainda duas pinturas.
Nascido em Santos, no Estado de São Paulo, o artista busca na peculiar paisagem de sua cidade natal – que funde uma urbanidade antiga com a natureza bravia do litoral paulista – os estímulos visuais para imprimir as imagens de suas obras. Nas andanças pelo centro histórico, com suas velhas fábricas de café e zona portuária, ou no passeio de caiaque pelos canais da região, de onde observa serra e mar, o artista faz suas anotações, esboços e assimila as informações que depois serão os temas de sua poética visual.
Essas imagens geradas pelo impulso de capturar uma cena ou um cenário do lugar em que trabalha e vive são retrabalhadas e transformam-se em matrizes agigantadas em madeira. Mas a criação do artista só começa aí. Em seguida ele recombina essas matrizes, compondo imagens em camadas, o que o artista chama de “imagens não programadas”, em que o objetivo é deixar que o acaso também determine qual será o efeito final.
Nesta combinação quase aleatória, pode-se encontrar a obra “Oco”, em que vemos a paisagem exterior, as folhagens da mata atlântica, sobreposta a uma construção antiga em ruínas, provavelmente um casarão da época áurea da indústria da região. Outro exemplo é “Várzea”, em que a paisagem de fundo se mistura com as sóbrias linhas que delineiam um barco, as asas de uma imensa borboleta e há um transeunte de chapéu e guarda-chuva caminhando em primeiro plano sobre o emaranhado de cores. Em uma xilogravura seguinte a enorme borboleta já ganha um outro significado, sobreposta ao que parece ser uma caixa toráxica humana estilizada. Fabricio usa tinta gráfica que oferece cores sem transparência, saturadas e vivas: vermelho, azul, verde, marrom, preto, laranja etc. Essas três obras estarão na exposição na Mercedes Viegas e suas matrizes são talhadas em pranchas de cerca de 1,70m x 1,30m.
A impressão de xilogravura nesse tipo de formato – algumas obras de Fabricio Lopez chegam a medir 5m x 3m – exige um processo delicado e vigoroso do artista que trabalha sozinho, diariamente, em seu ateliê no centro histórico de Santos. Embora a técnica de gravura seja uma atividade milenar e tradicional, incluindo a prática de gravuras gigantes que no passado eram chamadas de “afrescos dos pobres”, Fabricio Lopez teve que desenvolver sua própria estratégia, para “vencer o papel” como ele diz. “Para realizar a impressão, eu tenho que estar dentro do papel, deito, ajoelho, piso, o papel sofre e no final ficam as marcas do processo também”. Por conta disso, o artista também desenvolveu uma técnica de colagem das gravuras baseadas na experiência de colar cartazes na rua, os conhecidos cartazes lambe-lambe. Fabricio prende as gravuras em paredes ou em superfícies lisas, o que permite a melhor exposição de duas obras, ou como comenta “a total apresentação da imagem conquistada”. A camada de cola por cima das xilogravuras cria o que o artista conta ser uma “segunda pele que faz brilhar a imagem”, uma película que faz desaparecer as interferências e devolve o desenho da xilogravura integralmente para o observador. Ele utiliza uma cola reversível que possibilita a retirada da imagem e sua “recolagem” em outro lugar ou suporte. Distinto de outros gravuristas, Fabricio não faz tiragem das gravuras, sendo cada peça única, como se fosse sempre a prova do artista.
Fabricio conta que o interesse por gravura foi um “transbordamento da pintura” adicionado a sua vontade de trabalhar com madeira. Logo, nada mais natural do que a produção de matrizes pintadas, ou seja, pinturas feitas em relevos talhados. Para o artista as pranchas de madeira que, recombinadas, geram as mais diversas gravuras possuem uma vida útil. Em certo momento ele isola a matriz e decide que não vai mais usá-la, pois a peça já carrega uma série de resíduos das impressões. Então o artista as retrabalha adicionando cor e transformando-as em pinturas em relevo que contém a memória das diversas imagens que já fizeram, resquícios de papel e tinta. “Elas não são mais matrizes, são pinturas, como superfícies que carregam fantasmas das impressões”, diz o artista.
SOBRE O ARTISTA
Fabricio Lopez, nascido em 1977, em Santos, São Paulo, já realizou diversas exposições individuais, no Brasil e no exterior. Seu trabalho já integrou muitas mostras coletivas, como as recentes Gravure Extrême / Europalia Brésil, Bruxelas, e The Dirty and The Bad – from São Paulo to Svendborg, Dinamarca, em 2011. No mesmo ano, foi o artista convidado do Programa de Exposições 2011, da III Mostra Centro Cultural São Paulo. Fabricio Lopez também participou de residências artísticas incluindo Rumos Itaú Cultural em Valparaíso no Chile, em 2012 e o Atelier Engramme, Quebec, no Canadá, em 2007. Suas obras fazem parte da coleção dos seguintes museus e acervos públicos: Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea Dragão do Mar, Fortaleza; Pinacoteca da Cidade de São Paulo (prêmio aquisição do Programa de Exposições CCSP); Ministério das Relações Exteriores, Brasília (1º prêmio obras em papel do programa de aquisições do Itamaraty); Secretaria de Cultura de Santos e Casa do Olhar de Santo André (prêmio Cidade de Sto André – Bienal de Gravura).
O artista é mestre em Poéticas Visuais pela a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado. Foi membro fundador do Ateliê Espaço Coringa (1998-2009), e da Associação Cultural Jatobá (2004). Foi no Ateliê Espaço Coringa que começou o trabalho como gravurista em 2000. Primeiro conquistou uma certa familiaridade com a madeira, ao decidir confeccionar sozinho os móveis do lugar, a partir daí transbordou a sua pintura também para a madeira. Com seus parceiros de ateliê também criou o projeto lambe-lambe no qual mandavam imprimir milhares de xilogravuras nas gráficas de cartazes e colavam espaço público. Pelo projeto passaram mais de 50 artistas que prenderam cartazes-obras-de-arte por todo o país. Depois de uma temporada em que viveu em São Paulo, voltou a morar em Santos, onde nasceu, e em 2007 estabeleceu o Ateliê Santos.
Rafael Assef - João-ninguem na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho apresenta, de 23 de julho a 17 de agosto, as individuais “Contratempo” de Lia Chaia [salas 1 e 2], e “João-ninguem” de Rafael Assef [sala 3]. Com essas aberturas a galeria, inaugurada em 2002, chega à sua centésima exposição. Ainda no dia 23, o Tijuana, projeto dedicado a criação, apresentação e comercialização de livros de artista, publicações e múltiplos, inaugura seu novo espaço expositivo. Instalado no pátio da galeria, o novo projeto combina banca de jornal a espaço expositivo, reafirmando a característica inovadora do projeto criado em 2008 pela Vermelho.
Rafael Assef - João-ninguem, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 24/07/2013 a 17/08/2013
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Rafael Assef tem se destacado no panorama da arte atual por conta de obras que refletem os limites do corpo, por meio do registro de intervenções na própria pele ou na de voluntários que revelam trajetórias, marcos e marcas pessoais.
Na individual “João-ninguem”, Assef apresenta elementos de sua mais recente pesquisa. No conjunto, a exposição parece sugerir que o interesse de Assef deixou de revelar o particular, o individual que aparecia em séries anteriores como “Amigos Azuis”, 1998, ou “Cartografia”, 2004, e passou a retratar questões mais universais que dizem respeito àquilo possível de ser identificado em todo individuo.
Entretanto, a tatuagem, instrumento utilizado por Assef para ressaltar particularidades, reaparece no políptico “Quadrados na Cor da Pele”. Para cria-lo, o artistas convidou nove pessoas que tatuaram sobre partes de seus corpos quadrados preenchidos com tinta similar a cor da pele dessa pessoa. Posteriormente, Assef fotografou as nove tatuagens. Quase invisíveis e apresentadas lado a lado, a imagens dessas tatuagens apontam não mais para aquilo que em obras anteriores distinguia o individuo. Ao contrário, elas revelam o que cada um tem em comum.
A mesma característica pode ser percebida nas séries “Branding (os Nomes de Artistas, Nomes de Moda e Nomes de Hashi)”, 2013. Os três conjuntos tecem um comentários acerca de escolhas coletivas, de especificidades de determinados grupos. Embora desprovidas da presença humana, o conjunto dessas obras reafirma o interesse de Assef em questões relacionadas ao individuo.
Rafael Assef: seleção de exposições individuais - Jogo de Dados, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil [2008]; Do Corpo à Paisagem, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2006]; 2 Gritos, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil [2005]; Coleção Itaú de Fotografia Brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2013]. Seleção de exposições coletivas - Eloge du vertige: photographies de la Collection Itaú,Maison Européenne de la Photographie, Paris, França [2012]; Jogos de Guerra, Caixa Cultural RJ, Rio de Janeiro, Brasil [2011]; Atenção: Estratégias Para Perceber a Arte, Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brasil [2011]; MAM (NA) OCA, OCA, Parque do Ibirapuera, São Paulo, Brasil [2006]
From July 23 to August 17, Galeria Vermelho is presenting the solo shows Contratempo by Lia Chaia [halls 1 and 2], and João-ninguem by Rafael Assef [hall 3]. With these openings the gallery, inaugurated in 2002, has hit the 100th exhibition milestone. Also on July 23, Tijuana – a project dedicated to the creation, release and commercialization of artist’s books, publications and multiples – is inaugurating its new exhibition space. Installed in the gallery’s patio, the new project combines a newspaper stand with the exhibition space, reaffirming the innovative character of the project created in 2008 by Vermelho.
Rafael Assef - João-ninguem, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 24/07/2013 til 17/08/2013
Rafael Assef has distinguished himself in the current art scene by his works that reflect the limits of the body, by means of the recording of interventions experienced on his own skin or on that of volunteers, which reveal paths, marks and personal marks.
In the solo show João-ninguem [John Nobody], Rafael Assef presents elements of his most recent research. All together, the works featured in the exhibition seem to suggest that Assef’s interest has ceased to reveal the particular, the individual, as in previous series such as Amigos Azuis [Blue Friends] 1998, or Cartografia [Cartography] 2004, to now portray more universal questions that talk about things individuals share in common.
Nevertheless, the tattoo, an instrument used by Assef to underscore particularities, reappears in the polyptych Quadrados na Cor da Pele [Squares in the Color of Skin]. To create this work, the artist invited nine people to tattoo various parts of their bodies with squares filled with ink similar to the color of their skin. Later, Assef photographed the nine tattoos. Nearly invisible and presented side-by-side, the images of these tattoos no longer point to what in previous works distinguished the individual. Rather, they reveal what each individual shares in common with others.
The same characteristic can be perceived in the series Branding (os Nomes de Artistas, Nomes de Moda e Nomes de Hashi) [Branding (Names of Artists, Names of Fashion, and Names of Hashi)], 2013. The three sets weave commentaries about collective choices, about specificities of determined groups. Although lacking human presence, the new series reaffirms Assef’s interest in the questions of the representation of the body, particularly in relation to the use of photography.
Rafael Assef: selected solo shows - Jogo de Dados, Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil [2008]; Do Corpo à Paisagem, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil [2006]; 2 Gritos, Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil [2005]; Coleção Itaú de Fotografia Brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil [2013]. Selected group shows - Eloge du vertige: photographies de la Collection Itaú,Maison Européenne de la Photographie, Paris, France [2012]; Jogos de Guerra, Caixa Cultural RJ, Rio de Janeiro, Brazil [2011]; Atenção: Estratégias Para Perceber a Arte, Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brazil [2011]; MAM (NA) OCA, OCA, Parque do Ibirapuera, São Paulo, Brazil [2006].
Lia Chaia - Contratempo na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho apresenta, de 23 de julho a 17 de agosto, as individuais “Contratempo” de Lia Chaia [salas 1 e 2], e “João-ninguem” de Rafael Assef [sala 3]. Com essas aberturas a galeria, inaugurada em 2002, chega à sua centésima exposição. Ainda no dia 23, o Tijuana, projeto dedicado a criação, apresentação e comercialização de livros de artista, publicações e múltiplos, inaugura seu novo espaço expositivo. Instalado no pátio da galeria, o novo projeto combina banca de jornal a espaço expositivo, reafirmando a característica inovadora do projeto criado em 2008 pela Vermelho.
Lia Chaia - Contratempo, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 24/07/2013 a 17/08/2013
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“Contratempo” apresenta uma série de novos trabalhos criados a partir de 2012, que se desdobram em desenhos, fotografias, esculturas, vídeo e instalações. A princípio distintas, essas obras tecem entre si um único discurso que reafirma a questão do conflito entre natureza e civilização, tema recorrente na obra da artista. O corpo surge mais uma vez como elemento questionador das obrigatoriedades do cotidiano.
Vulnerável às múltiplas indicações de direção, “Contratempo” revela o individuo acuado em busca de saídas. Essa ideia aparece na instalação “Curva de Jardim”, 2013, criada por Chaia para a fachada da Vermelho, e que reaparece miniaturizada na sala 2 da galeria. Criada com módulos de ferro dobrado, montados lado a lado formando uma cerca, “Curva de Jardim” restringe a mobilidade dos visitantes, determinando, portanto, seu deslocamento e apreensão da exposição como um todo.
Conteúdo semelhante aparece em “Lança”, 2013. Instalada no hall de entrada da galeria, a colagem reproduz grades de ferro na forma de lanças pontiagudas. Chaia emprega o desenho original desses objetos, normalmente utilizadas em casas e edifícios como forma de proteção contra presenças nem sempre bem vindas, com o objetivo de questionar sua eficiência.
No caso de “Alambrado”, 2011-2013, que emprega telas de proteção também utilizadas para proteger propriedades, a trama de arame e a dureza do metal transformam-se em uma rede maleável. Assim, a função da tela protetora, cuja função é excluir é colocada em questão.
A percepção aguçada de Chaia do caótico cenário urbano ressurge em “Escrita”, 2013. A instalação, composta por fios elétricos manipulados pela artista, lembra pichações típicas da cidade de São Paulo. Fios elétricos reaparecem na série de fotografias “Fiação”, 2012-2013. Sobre essas imagens fotográficas que lembram os “gatos” de qualquer poste da cidade de São Paulo, Chaia apresenta imagens de um céu cinza, rasuradas com ponta seca e cortadas por fiações elétricas. Essa série possui uma luz soturna e enfatiza o vazio e a fragilidade do cenário urbano.
Na obra “Folha-leito”, 2013, a fotografia é utilizada como instrumento documental, criando um comentário sobre a passagem do tempo que aponta para a transitoriedade do humano e do orgânico. Já em “Quadrada”, 2013, folhas verdes perdem seus contornos orgânicos, adquirindo ângulos retos, indicando a versatilidade inata de todo organismo em se adequar a lógica da convivência.
“A queda”, 2013, recupera a imagem das folhas caídas e esparramadas pelo chão. Para cria-la, Chaia fotografou o processo de deterioração das folhas, ou seja, a passagem das folhas verdes para folhas secas.
Completa a individual o vídeo “Aleph”, 2013. Captado numa das várias regiões áridas da cidade de São Paulo, o vídeo sobrepõe centro e periferia, e aparece numa pequena esfera de vidro que desliza no braço de uma mulher.
No seu fazer artístico, Lia Chaia opera com paradoxos, sendo relevante aquele que reúne potência poética e visão trágica do mundo. Rearticulando constantemente seus temas e priorizando novas pesquisas de linguagem, Lia Chaia, lança um olhar crítico e ao mesmo tempo poético sobre as circunstâncias atuais.
Lia Chaia: seleção de exposições individuais - Anônimo- Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil [2010]; Rodopio, Centro Cultural Mariantonia, São Paulo, Brasil [2009]; Pelos Tubos, Ateliê Aberto, Campinas, Brasil [2007]; Entre Vias, Museo Laboratorio di Arte Contemporanea dell'Università di Roma, Roma, Itália [2006]; Experiências com o Corpo, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2002]. Seleção de exposições coletivas - Circuitos Cruzados: o Centre Pompidou encontra o MAM, Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brasil [2013]; 11ª Bienal de la Habana: Praticas Artisticas e Imaginários Sociales, Havana, Cuba [2012]; Os Primeiros Dez Anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2011]; Rhodislândia, Hélio Oiticica - Museu é o Mundo, Itaú Cultural, São Paulo, Brasil [2010]; Brazil Contemporary, Nederlands Fotomuseum, Rotterdam, Holanda [2009]; GLOW - Fórum of Light in Art and Architecture, Eindhover, Holanda [2008].
From July 23 to August 17, Galeria Vermelho is presenting the solo shows Contratempo by Lia Chaia [halls 1 and 2], and João-ninguem by Rafael Assef [hall 3]. With these openings the gallery, inaugurated in 2002, has hit the 100th exhibition milestone. Also on July 23, Tijuana – a project dedicated to the creation, release and commercialization of artist’s books, publications and multiples – is inaugurating its new exhibition space. Installed in the gallery’s patio, the new project combines a newspaper stand with the exhibition space, reaffirming the innovative character of the project created in 2008 by Vermelho.
Lia Chaia - Contratempo, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 24/07/2013 til 17/08/2013
Contratempo [Setback] presents a series of new works created from 2011 onward, which are unfolded in drawings, photographs, sculptures, videos and installations. Made initially as distinct works, they nevertheless weave among themselves a unique discourse that reaffirms the question of the conflict between nature and civilization, a recurring theme in the artist’s oeuvre. The body arises once again as an element for the questioning of everyday imperatives.
Vulnerable to the multiple indications of direction, Contratempo reveals the repressed individual in search of escape. This idea appears in the installation Curva de Jardim [Garden Curve], 2013, created by Chaia for Vermelho’s façade, and which reappears miniaturized in the gallery’s Hall 2. Created with modules of bent iron, mounted side-by-side to form a fence, Curva de Jardim restricts the mobility of the visitors, therefore determining their movements and their understanding of the exhibition as a whole.
Similar content appears in Lança [Spear], 2013. Installed in the gallery’s entrance hall, the collage reproduces iron gratings in the form of sharp spears. Chaia uses the original design of these objects, normally used in houses and buildings as a form of protection against not-always-welcome presences, as a way of questioning their effectiveness.
Alambrado [Wire Fence], 2011–2013, uses mesh fencing likewise used to protect properties, though here the wire mesh and the hardness of the metal are transformed into a malleable network. Thus, the function of the protective fence – to exclude – is brought into question.
Chaia’s keen perception of the chaotic urban scene reemerges in Escrita [Writing], 2013. This installation, composed of electrical wires manipulated by the artist, recalls the typical graffiti “tagging” seen on walls in the city of São Paulo. Electrical wires reappear in the series of photographs Fiação [Wiring], 2012–2013. Above these photographic images that recall the tangle of wires often seen on electrical power poles in the city of São Paulo, Chaia presents images of a gray sky, scratched with a printmaker’s drypoint and cut by electrical wires. This series has a gloomy light and emphasizes the emptiness and fragility of the urban scenario.
In the works Folha-leito [Leaf-Bed] and A queda [The Fall], 2013, photography is used as a documental instrument, creating a commentary on the passage of time that points to the fleetingness of the human and the organic. In Quadrada, 2013, green leaves lose their organic outlines, acquiring right angles, indicating the innate versatility of every organism to adapt itself to the logic of living together with its environment.
The solo show is capped off with the video Aleph, 2013. Recorded in one of the various barren regions in the city of São Paulo, the video overlays the downtown to the city’s periphery, as it appears in a small glass sphere that slides on a woman’s arm.
In her artistic practice, Lia Chaia operates with paradoxes, blending poetic power with a tragic view of the world. Constantly re-articulating her themes and prioritizing new researches involving language, Lia Chaia offers a critical and simultaneously political look at current circumstances.
Lia Chaia: selected solo shows – Anônimo, Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil [2010]; Rodopio, Centro Cultural Mariantonia, São Paulo, Brazil [2009]; Pelos Tubos, Ateliê Aberto, Campinas, Brazil [2007]; Entre Vias, Museo Laboratorio di Arte Contemporanea dell'Università di Roma, Roma, Italy [2006]; Experiências com o Corpo, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil [2002]. Selected group shows - Circuitos Cruzados: o Centre Pompidou encontra o MAM, Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo, Brazil [2013]; 11ª Bienal de la Habana: Praticas Artisticas e Imaginários Sociales, Havana, Cuba [2012]; Os Primeiros Dez Anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil [2011]; Rhodislândia, Hélio Oiticica - Museu é o Mundo, Itaú Cultural, São Paulo, Brazil [2010]; Brazil Contemporary, Nederlands Fotomuseum, Rotterdam, The Netherlands [2009]; GLOW - Fórum of Light in Art and Architecture, Eindhover, The Netherlands [2008].
julho 18, 2013
Lançamento de Julio Plaza – Poética | Política na FVCB e MASP
Julio Plaza – Poética | Política, cuidadosa publicação da FVCB contemplada no Projeto Conexão Artes Visuais Minc/Funarte/Petrobras 2012, terá lançamento em julho em Porto Alegre, no Santander Cultural, e em São Paulo, no MASP. O lançamento será precedido das palestras de Inês Raphaelian, artista plástica, curadora independente, gestora e produtora cultural, professora do Curso de Artes Plásticas da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e Omar Khouri, poeta, artista gráfico, editor, historiador e crítico de linguagens, professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".
Julio Plaza – Poética | Política é a primeira publicação no Brasil dedicada ao artista e reúne textos assinados por artistas e pesquisadores como Alexandre Dias Ramos, o poeta Augusto de Campos, Cristina Freire, o filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño, Regina Silveira, Vera Chaves Barcellos, além de um artigo de apresentação assinado pelo próprio Julio Plaza (1938-2003).
Espanhol radicado em São Paulo desde 1973, Julio Plaza engajou-se em praticamente todos os desenvolvimentos tecnológicos das artes, do videotexto, à holografia, à arte digital, pioneiro que foi em várias dessas experiências, envolvendo novos suportes e novas mídias. O livro inclui imagens de suas obras, desde as primeiras criações nos anos 1960, na Espanha, até suas últimas produções no Brasil com cronologia do artista. O livro traz encartado um DVD com o documentário “Julio Plaza - o poético e o político”, de 30min. A presente publicação visa suprir uma lacuna na quase inexistente bibliografia disponível sobre Julio Plaza, cuja obra permanece credora de estudo e pesquisa.
A artista Regina Silveira (companheira de Julio Plaza entre 1967 e 1987) recupera em depoimento memórias pessoais da convivência nos primeiros anos de Julio Plaza no Brasil e de suas experiências na Universidade de Porto Rico. Vera Chaves Barcellos faz referência ao curso Proposições Criativas, realizado por Plaza, em 1971, em Porto Alegre, junto a um grupo de alunos do Instituto de Artes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Cristina Freire tece um panorama da arte no Brasil, onde insere Julio Plaza, vindo de uma tradição construtivista espanhola dos anos 1960, e destaca sua afinidade com o Concretismo brasileiro. A obra construtivista de Julio é abordada em texto produzido na década de 60, ainda em época anterior a sua vinda para o Brasil, cujo autor é o então jovem poeta e filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño. O poeta Augusto de Campos narra como foi seu encontro artístico com Julio Plaza, e como dele resultaram as obras em parceria como os célebres poemas-objeto POEMÓBILES, e também CAIXA PRETA e REDUCHAMP, livros de artista que brincam com os limites de texto e imagem, arte e literatura. A publicação contém também um extrato do depoimento do próprio artista sobre sua obra e trajetória, por ocasião de sua apresentação como candidato a professor assistente na ECA, USP, em 1994. O último capítulo é assinado por Alexandre Dias Ramos e destaca a exposição Julio Plaza: Construções Poéticas realizada em 2012, na Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos.
A publicação é acompanhada pelo vídeo “Julio Plaza - o poético e o político”, com direção de Hopi Chapman e Karine Emerich, da Flow Films, e foi produzido pela FVCB com apoio do MAC/USP, para a exposição realizada em 2012 na Sala dos Pomares. O documentário em média-metragem gravado na Espanha e no Brasil, traz depoimentos de artistas e intelectuais que conviveram com Julio Plaza.
Compondo um interessante mosaico sobre a personalidade artística e a abrangente obra de Plaza, o documentário reconstitui sua trajetória desde as primeiras exposições, como a do grupo de vanguarda e novas tendências, Grupo Castilla 63 (realizada em 1963 na Espanha), sua vinda em 1967 ao Brasil, integrando a representação espanhola para a 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e sua transferência em 1969 para Porto Rico, onde organiza uma das primeiras mostras de arte postal das Américas e também inicia sua atividade de professor, na qual permaneceria, posteriormente, no Brasil, até o fim de sua vida, ligado a ECA/USP, FAAP, PUC/SP e UNICAMP, formando e influenciando gerações de artistas.
Vera Chaves Barcellos gravou pessoalmente em Madrid os testemunhos de Luis Lugán, precursor da arte tecnológica espanhola; de Julián Gil, veterano artista expoente do concretismo espanhol e Ignacio Gómez de Liaño, escritor e filósofo, todos, de uma maneira ou outra, vinculados à arte experimental e às vanguardas poéticas espanholas da década de 1960. No Brasil, foram gravados depoimentos das artistas Regina Silveira, Lenora de Barros, e Inês Raphaelian além do fotógrafo gaúcho Clóvis Dariano. E ainda Cristina Freire, pesquisadora e vice-diretora do MAC-USP, Gabriel Borba, artista e professor de artes da USP, Martin Grossman, pesquisador e diretor do IEA-USP e Ana Tavares, artista e professora da ECA-USP, além de Augusto de Campos.
Julio Plaza, Poética | Política, tem projeto gráfico da Roka Estúdio, versões em inglês e espanhol com tiragem e distribuição dirigida e limitadas.
julho 16, 2013
Marcos Cardoso - Arquitetura de Vidro no MAM, Rio de Janeiro
Lançamento do catálogo* em 20 de julho, às 16h, e conversa com artista e curadores
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Petrobras, Light e a Organização Techint, apresentam, de 4 de maio a 21 de julho de 2013, a exposição “Marcos Cardoso – Arquitetura de Vidro”, com 37 obras inéditas, produzidas pelo artista entre 2012 e 2013, especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra ocupará um espaço de 600 metros quadrados, no terceiro andar do Museu.
As obras apresentadas nesta exposição fazem parte de uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo há cerca de 20 anos, através da manipulação artesanal de objetos da indústria. Inicialmente ele fazia trabalhos com pontas de cigarro e depois com plásticos e rótulos com mensagens de marketing. Nesta exposição, ele mostrará obras de sua mais recente pesquisa feita com tiras de borracha e palitos de fósforos.
Em uma das salas do terceiro andar do Museu, onde não há paredes e sim janelas de vidro, o artista apresentará uma grande instalação, com 30 metros de comprimento por 3,50m de altura, feita com tiras de chinelos de borracha, que formam uma espécie de rede, e que cobrirá toda a janela. Esta obra foi a inspiração para o nome da exposição: “Arquitetura de vidro”. “Depois de longa trajetória de expor em paredes, fui surpreendido por uma das salas onde não havia parede e sim um imenso vidro, separando a área externa da área interna da arquitetura. Este trabalho foi pensado para este espaço, um espaço de transparências e luminosidades”, diz o artista.
Nesta mesma sala estarão 22 esculturas da série “Maquete Visual”, feitas com palitos de fósforos, medindo 1,50m X 0,85m X 0,45m cada. “São tramas tridimensionais onde palitos de fósforo encaixados uns aos outros criam uma espécie de arquitetura ou alegorias do espaço urbano, como um parque de diversão”, explica Marcos Cardoso.
A exposição terá, ainda, seis obras da série "Jackson Pollock do Pandeiro", feitas com dez mil pares de tiras de chinelos de borracha. “Na pintura exploro de novo o dinamismo da indústria em sua multiplicação, utilizando pares de chinelos de borracha, fazendo das tiras, com suas maravilhosas cores, a matéria-tinta”, diz o artista.
Marcos Cardoso trabalha há bastante tempo com gravura, mas os trabalhos nesse suporte nunca foram mostrados ao público. Na exposição, serão apresentadas quatro xilogravuras da série “Pau e Pedra”. Essa pesquisa é “voltada para a pré-indústria, na sua construção física, espaço arquitetônico, onde uso como matriz ordinárias madeiras usadas na construção civil, chamadas tábua de trinta utilizando a técnica de xilogravura”, conta.
“Desde a década de 1990 venho desenvolvendo algumas pesquisas junto à indústria (não preocupado com a logística de produção, mas fazendo uso do seu produto final). No início era ponta de cigarro, depois plásticos de todas as formas, tanto os rótulos quanto as embalagens. Agora me debruço mais diretamente nos tradicionais meios de expressão plástica: a gravura, a escultura e a pintura”, ressalta Marcos Cardoso.
* Catálogo da mostra, com 48 páginas, em formato 21x10,5cm, texto de Luiz Camillo Osorio e fotos de Eduardo Camara e Jaime Acioli.
SOBRE O ARTISTA
Marcos Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, em 1960. Graduou-se em 1992 em Educação Artística (Desenho Geométrico) pela Faculdade de Belas Artes da UFRJ. Frequentou a Faculdade de Educação da mesma universidade e o Ateliê de Gravura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Recebeu os seguintes prêmios: Prêmio IBEU-RJ/Melhor exposição do ano de 2002; Segundo prêmio na II Bienal Internacional de gravura da Espanha, em Santiago de Compostela, Espanha, em 1991; Prêmio Pró-Labore no X Salão Arte Pará, em Belém, PA, em 1990, e Menção Honrosa no Salão Cândido Portinari, no Rio De Janeiro, em 1996.
Possui obras em importantes coleções públicas e privadas, no Brasil e no exterior, tais como: Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Coleção Esther Emílio Carlos/ MAM Rio; Coleção João Sattamini/MAC-Niterói; Museu Nacional De Belas Artes; Fondation Cartier Pour L’art Contemporain, em Paris, França; Museu da Gravura de Orense, em Santiago de Compostela, Espanha; Universidade de Málaga, na Espanha; Cia. de Cigarros Souza Cruz, no Rio De Janeiro e em Londres, Inglaterra; Instituto Brasil Estados Unidos (IBEU), entre outros.
Zoè Gruni - Boitatá na Progetti, Rio de Janeiro
Zoè Gruni - Boitatá, Galeria Progetti, Rio de Janeiro, RJ - 23/07/2013 a 24/08/2013
Ser lendário do folclore brasileiro, Boitatá dá título à exposição da artista italiana Zoè Gruni, que ocupa a Galeria Progetti, no Centro, a partir do dia 20 de julho às 18h. Termo Tupi-Guarani, o Boitatá é uma serpente de fogo que nascido na água do rio, usa os olhos de fogo para defender os campos dos homens que querem destruí-los.
Em uma das histórias, conta-se que houve um dilúvio e todos os animais da floresta morreram, apenas Boitatá conseguiu sobreviver permanecer escondido em uma gruta. Ao sair do esconderijo, ele começou a comer os olhos dos outros animais para ter luz no corpo. Tendo origem nos “fogos fáctuos”, resultado de uma reação química que acontece durante a decomposição das carcaças, Boitatá representa uma encarnação do medo.
Com o tema “Boitatá”, a exposição contará com sete desenhos, feitos com carvão sobre papel, remetendo a partes do ser lendário, uma escultura do Boitatá, um vídeo e fotos.
A artista prepara ainda uma performance, que será realizada pela dançarina Euritmia Marcia Ferreira, e com o acompanhamento musical de Tek Tek Gerbelier & Spitz , com a “escultura de vestir”, feita de borracha, material extraído das árvores seringueiras no Amazonas e primeiro motivo de conquista do país. A borracha foi reutilizada de câmaras de ar de bicicletas, fazendo uma referência à reciclagem.
Em suas pesquisas, Zoè Gruni busca a exploração escultural da corporeidade por meio da criação de esculturas que podem ser vestidas e vividas. Estas esculturas são figuras híbridas de seres humanos e personagens folclóricas da cultura onde a artista está imersa, e, geralmente, são feitas com materiais produzidos pela economia local.
No tempo em que viveu em Los Angeles, a artista desenvolveu o projeto Urban Jackalope, uma escultura da lendária criatura americana feita com fibras de palmeira, com a qual ela fez várias aparições performáticas nas ruas da Califórnia.
Vivendo no Brasil há mais de um ano, a artista finalizou “Boitatá” durante sua residência artística na FAAP em São Paulo, entre abril e junho 2013. O “Boitatá” foi apresentado na Kunsthalle São Paulo, onde foi apresentado um vídeo com as aparições performáticas do Boitatá em vários locais de São Paulo, realizadas pela dançarina de Euritmia Marcia Ferreira, e com o acompanhamento musical de Tek Tek Gerbelier & Spitz com instrumentos especialmente desenvolvidos para o projeto.
Zoè Gruni (Pistoia - Italy, 1982), vive e trabalha entre Florença, Los Angeles e Rio de Janeiro. Formada em Pintura pela Academia de Belas Artes de Florença, dedica-se à arte plástica desde 2001. Suas obras multimídia foram exibidas em diversas exposições e festivais de vídeo-arte na Itália, França, Inglaterra, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e Brasil.
Rommulo Vieira Conceição na Casa Triângulo, São Paulo
Objetos, desenhos e uma grande instalação desafiam o visitante a alternar a leitura de tipologias conhecidas, formas e cores improváveis.
Rommulo Vieira Conceição - Qualquer lugar, Casa Triângulo, São Paulo, SP - 23/07/2013 a 17/08/2013
A galeria Casa Triângulo inaugura no dia 20 de julho, sábado, a mostra “Qualquer lugar” do artista Rommulo Vieira Conceição. Em sua primeira individual em galeria em São Paulo, o artista apresenta uma grande instalação da série “Estruturas Dissipativas”, um objeto de chão e outro de parede, quatro desenhos monocromáticos e três desenhos em tinta acrílica sobre papel vegetal.
A série “Estrutura Dissipativas” é resultante dinâmica de uma discussão filosófica e existencial que o artista desenvolve a partir do arranjo de tipologias de cômodos de casas e de outros estabelecimentos na composição de instalações de grandes dimensões, onde as formas e cores conduzem o observador a um impasse. “É um convite a uma batalha constante: a forma, a cor e seus respectivos significados entram em conflito nessa obra”, afirma o artista.
Iniciada em 2009, a série dos desenhos monocromáticos é intitulada “Linha desenhada em água”, curioso nome que é a tradução livre da expressão finlandesa (Vedessä Piirretty Viiva), usada para se referir às discussões inócuas em que os argumentos dos participantes são os mesmos. Quase imperceptíveis, os desenhos do artista demandam um olhar atento. São representações individualizadas dos elementos de uma casa: as calhas são alaranjadas, os pisos são roxos, as paredes são amarelas e as janelas e portas são marrom.
Nos três desenhos sobre papel vegetal e tinta acrílica da série “Representatividade: o óbvio”, Rommulo problematiza a história da representação ao usar simultaneamente diferentes soluções técnicas, desde a japonesa, que coloca o maior na frente e o menor atrás; a clássica, que trabalha com ponto de fuga; até as limitações dos programas de computador que, segundo ele, distorcem a perspectiva clássica para tornar os objetos mais reais do que eles de fato são.
O objeto de chão, por sua vez, é apenas um ícone. Apoiadas sobre um granito preto, as duas pias verdes desse objeto têm o interior azul, que referencia uma lâmina d’água. Elas apontam para a base do trabalho do artista, que é o estudo da relação entre forma e cor a partir de sua articulação improvável na recriação e recomposição de elementos da vida cotidiana.
Rommulo Vieira Conceição
É um artista visual que trabalha com diversos meios, como instalação, objetos, escultura, desenho e fotografia, explorando a percepção do espaço contemporâneo e as relações do homem no espaço. Nasceu em 1968, em Salvador/Bahia, onde começou seus estudos em artes sob a orientação da artista Célia Prata, no atelier da artista. Desde 2000 reside em Porto Alegre/RS, onde teve orientação artística de Jailton Moreira, no Espaço Torreão; e onde desenvolveu seu mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Desde 1998 vem realizando exposições individuais e coletivas, além de residências artísticas no Brasil, na Argentina, na Austrália, no Japão e na Finlândia. Em 2006 participou do Rumos Itaú Cultural com o trabalho Quarto-Cozinha (2005/2006; em 2009, realizou uma exposição individual em Ekenäs, na Finlândia, onde iniciou uma série de desenhos monocromáticos. Em 2011 Participou da 8ª Bienal do MERCOSUL, ano em que participou da exposição “Agora/Ágora”, no Santander Cultural de Porto Alegre, com o trabalho “SuperCinema”. Entre os anos 2009 e 2010 fez parte do grupo “Pessoal”, com artistas do Chile e Argentina. Ganhou os prêmios: Rumos Itaú Cultural (2006); FUNARTE (2009 e 2012); PIPA (2010, 2011).
julho 15, 2013
Fábio Carvalho, Sérgio Sister e Suzana Queiroga na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
Três é demais! Mostras de Sérgio Sister, Suzana Queiroga e Fábio Carvalho
Artur Fidalgo apresenta a próxima Dose tripla feita de cores, dimensões, nuvens e cowboys. No espaço principal, Fidalgo recebe o artista paulistano Sérgio Sister. Nesta individual, Sister mostra uma série de objetos pictóricos tridimensionais e duas pinturas, intercalando cores, textura e vazio. Enquanto isso, Suzana Queiroga propõe uma ocupação temporária na sala de reunião de Artur, marcando com sua "Semeadura de Nuvens" o espaço livre para voar na nova casa. No Armazém Fidalgo, Fábio Carvalho faz uma instalação com o vídeo “Frequently Secretly”, parte de sua série “Cowboys and Angels”, onde mostra a fragilidade do homem bruto, sua memória e seus brinquedos.
SÉRGIO SISTER pinta dimensões
O artista que já expôs em duas Bienais de São Paulo, e que já participou de mostras no Rio de Janeiro no MAM e no Paço Imperial, volta à cidade a convite de Artur Fidalgo. Com suas “Caixas” -- pinturas feitas em tábuas verticais dispostas sobre uma estrutura de madeira semelhante a de uma caixinha de frutas -- ele vai além da matéria: as cores não apenas atuam entre si, como interagem com o fundo branco da parede, com as sombras e com outras tabuinhas colocadas na parte posterior da obra. O espectador pode mergulhar na cor e na ausência, na luz e na sombra, para dentro ou além das margens e das bordas. Entre a pintura e a escultura, ele abre área para o tom do fundo, destacando-o como parte essencial da obra. “Devo apresentar uma caixas maiores, também derivadas de caixas de frutas, que permitem criar mais uma camada de profundidade, um terceiro fundo”, acrescenta Sister. Ele vem ainda com seus pontaletes (ver em texto em anexo) e pinturas.
SUZANA QUEIROGA esculpe nuvens Céu azul!
A artista carioca pinta, esculpe e inaugura seu novo tempo. Para sua chegada surpreendente na galeria, a artista que marca a geração dos pintores e escultores contemporâneos brasileiros, aterrissa com delicada força e sonho para alçar vôos livres e mergulhos profundos. Nesta participação extra-especial, Queiroga vem para dar boas-vindas e deixar um aperitivo do que vem por aí. É uma sua ocupação temporária na sala de reunião de Artur onde ela pinta uma parede de azul profundo e, dentro deste céu, inscreve uma nuvem delicada que transborda. A artista esculpe o sublime e convida o público para flutuar. Fica o gostinho de quero mais e Fidalgo terá, mas sobre isso os dois ainda mantêm segredo! Além da instalação na parede, Fidalgo deixará três desenhos selecionados que podem ser vistos sob pedido.
FÁBIO CARVALHO desvela a intimidade do cowboy
“Frequently Secretly” é uma instalação criada especialmente para o Armazém Fidalgo, que parte do vídeo de mesmo nome criado por Fábio Carvalho no final de 2012. Neste vídeo, de aproximadamente 3 minutos, vemos em close-up um ambiente que parece íntimo, talvez um quarto de dormir. Um sujeito vestido como cowboy entra, acende o abajur, deposita seu chapéu sobre o aparador, apanha o pequeno baú, que na verdade é uma caixa de música. Ele dá corda e abre a caixinha, que ao invés da tradicional bailarina, há um pequeno cowboy branco, que executa sua “dança” até a corda acabar. A música tocada é “Cowboys Are Frequently Secretly (Fond of Each Other)“ [Cowboys Frequente e Secretamente (sentem afeição uns pelos outros)], de Ned Sublette. Além do vídeo em “loop”, vemos um ambiente similar ao retratado no vídeo que nos permite observar o que se passa lá dentro, transforma o observador em voyeur.
Gui Mohallem - Tcharafna na Emma Thomas, São Paulo
Emma Thomas exibe nova série de Gui Mohallem, resultado de residência de seis semanas no Líbano: Beleza e horror coabitam em vídeos, fotografias e objetos
Gui Mohallem - Tcharafna, Galeria Emma Thomas, São Paulo, SP - 07/06/2013 a 18/07/2013
São Paulo, maio de 2013 – No dia 06 de junho, a Emma Thomas abre a exposição “Tcharafna”, individual de Gui Mohallem, na qual o artista apresenta um total de 13 obras, entre vídeos, fotografias e objetos. Esses trabalhos são fruto de uma estada no Líbano, terra-natal dos pais de Mohallem.
A série exibida na mostra aborda, ao mesmo tempo, questões relativas a conflitos históricos e fortes traços de uma cultura local. Nas obras coexistem, de maneira intrínseca e complexa, a beleza e o horror. “Nessa etapa de minha pesquisa, busco uma relação não idealizada com o outro”, explica o artista.
“Tcharafna” dá sequência à série “Welcome Home”, tendo nesta um ponto de partida para uma nova busca. “Após a experiência da série ‘Welcome Home’, procurei encontrar um caminho novo, mais complexo, em que o lugar de pertencimento não é visto como um paraíso. Depois de encontrar um lugar para chamar de casa num santuário pagão, conquistei o chão para tomar o passo mais importante: o de investigar as raízes culturais da família”, analisa Mohallem.
O título da série atual é um termo de cumprimento similar a quando dizemos “Prazer em conhecê-lo”. A palavra “tcharafna”, contudo, está relacionada à honra, sendo que a tradução literal seria “Estamos honrados”. A presença de sentimentos profundos dentro de um universo cotidiano e corriqueiro se reflete nesses trabalhos de Mohallem, marcados pelo sangue, símbolo, ao mesmo tempo, dos laços familiares e da violência.
Nessa exposição, o artista mineiro mescla um conjunto de vídeos e fotografias provenientes do imenso acervo de imagens coletadas ao longo de sua estadia na vila Fakiha, local de origem de sua família, no nordeste libanês. Continuação de sua pesquisa sobre pertencimento, “Tcharafna” não compõe uma única narrativa linear. Assim como seus trabalhos anteriores, a nova série traz uma postura envolvida e emocionalmente conectada.
Gui Mohallem
Natural de Itajubá, no sul de Minas Gerais, Gui Mohallem se formou em cinema pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Em 2011, ganhou segundo lugar no prêmio Conrado Wessel, um dos maiores do Brasil, e foi selecionado para o programa “Descubrimientos”, no Photoespaña, em Madri. O artista é um dos selecionados, ao lado de nomes de todo o mundo, para a 18ª edição do festival Vídeo Brasil, que acontece entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014.
Arte Addictus, o Clube de Colecionadores da galeria Laura Marsiaj
O Arte Addictus, o Clube de Colecionadores da Galeria Laura Marsiaj é uma ação inovadora que visa estimular a formação de novos colecionadores e promover aquisição de obras de arte contemporânea.
Esta ação se dará ao longo do ano com cursos, palestras, visitas especializadas a exposições institucionais, visitas a atelier de artistas, viagens temáticas, além de descontos e vantagens na forma de pagamentos, a possibilidade de first choice em todas as exposições da galeria.
Público Alvo: Arte Addictus destina-se a pessoas interessadas em aprimorar seus conhecimentos de arte, desenvolver um olhar e um gosto próprio para desenvolver sua coleção de arte contemporânea.
Principais benefícios:
- 15% de desconto na aquisição de obras das galerias filiadas;
- Parcelamento em até 5 vezes;
- Direito ao First Choice;
- Visita ao acervo e exposições das galerias;
- Palestras e debates com curadores, críticos de arte e artistas;
- Visitas mediadas às exposições da galeria;
- Visitas mediadas a exposições institucionais;
- Visitas a atelier de artistas;
- Convite para feiras.
Lançamento do livro Palácio: Alvaro Seixas, Hugo Houayek, Rafael Alonso na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas Arte Contemporânea lancará no dia 18 de julho de 2013 o livro Palácio: Alvaro Seixas, Hugo Houayek, Rafael Alonso e será realizada uma sessão de autógrafos com os artistas. Na noite do evento será feita também uma mostra-relâmpago com obras dos três artistas. Alvaro Seixas é representado pela galeria, tendo realizado mostra individual no ano passado nesse espaço.
Palácio foi uma exposição que ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2012, no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, com obras de Alvaro Seixas, Hugo Houayek e Rafael Alonso. Foram apresentados trabalhos concebidos especificamente para o mezanino do edifício, pensa¬dos para estabelecerem um diálogo entre si e o prédio. A exposição resultou de projeto concebido pelos três artistas, contemplados com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011 Projéteis Funarte de Artes Visuais Rio de Janeiro.
Alvaro Seixas expôs a série “Pinturas Sem Título [Grandes Quadrados]”, 18 telas-objetos de grande formato, pintadas à mão – grande parte delas dotadas de estruturas de ferro aparentes. Hugo Houayek apresentou o trabalho “Queda” e a série “Bancos“. “Queda”, obra de grandes dimensões, era constituída de 400 metros quadrados de lona plástica. Rafael Alonso apresentou uma massiva estrutura em forma de cubo, recoberta com adesivos que reproduziam um impactante padrão ótico.
O livro tem 176 páginas, e consiste não apenas de um catálogo que documenta e investiga exaustivamente a mostra em questão, mas explora também as produções individuais dos três artistas, a partir de imagens de algumas de suas mais significativas obras anteriores e de entrevista realizada com os artistas pelo crítico e curador de arte Felipe Scovino e pelo artista e crítico de arte Fernando Gerheim. A publicação conta com as versões em inglês dos textos originais em português.
Alvaro Seixas (Rio de Janeiro, 1982) é artista visual. Atualmente cursa doutorado em Linguagens Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes na Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela qual é Mestre, na mesma linha de pesquisa. Graduou-se em Pintura na mesma instituição. Em suas obras e escritos explora principalmente as noções de “pintura”, “abstração” e “apropriação”. Em 2011, publicou o livro Sobre o Vago - Indefinições na Produção Artística Contemporânea, pela editora Apicuri. O website do artista: http://www.alvaroseixas.com/.
Hugo Houayek (Rio de Janeiro, 1979) é artista visual com mestrado em Linguagens Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes na Universidade Federal do Rio de Janeiro, graduado em Pintura na mesma instituição. Desenvolve uma pesquisa artística sobre o campo pictórico, suas margens e limites, en-tendendo a pintura, em suas próprias palavras, “como um corpo que nos olha incessantemente”. Publicou em 2011 o livro Pintura como Ato de Fronteira – o confronto entre a pintura e o mundo, também pela Editora Apicuri. O website do artista: www.dripbook.com/houayek.
Rafael Alonso (Niterói, 1983) é artista visual. Cursa o mestrado em Linguagens Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduou-se em Pintura na mesma instituição.
Em seus trabalhos, propõe negociações entre a pintura e o cotidiano. O website do artista http://www.rafaelalonso.net/.
A Editora Apicuri publica livros de ficção e não ficção que contribuem para a circulação de textos de novos autores e de origem acadêmica. A “Coleção Pensamento em Arte” busca expandir o canal de diálogo e discussão sobre o potencial do pensamento em arte, através da publicação de textos de artistas, críticos, teóricos e historiadores; oriundos ou não da pesquisa acadêmica. Dentre os alguns dos títulos publicados estão Hugo Houayek - Pintura como ato de fronteira e Alvaro Seixas - Sobre o vago.
Palácio: Alvaro Seixas, Hugo Houayek, Rafael Alonso
Editora Apicuri – Coleção Pensamento em Arte, 2013.
Brochura. 22x28x1,8cm, 176 págs.
Idiomas: português / inglês
Preço: R$ 60,00
RioJovem na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage – vinculada à Secretaria de Estado de Cultura – recebe a exposição RioJovem, que apresenta 80 fotografias de alunos do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, da UERJ. A abertura será no dia 29 de junho (sábado), às 17h.
As imagens traçam um perfil expressivo dos hábitos, das sociabilidades e dos sentimentos do jovem carioca. A mostra tem curadoria do professor Andreas Valentin, com participação de Karin Scarpa e Hevelin Costa.
Desde 2009, alunos de fotografia do CAp/UERJ direcionam suas câmeras para um universo que lhes é íntimo: a juventude no Rio de Janeiro.
O projeto RioJovem promove ainda, no dia 18 de julho (quinta), o debate “Formação do olhar: práticas pedagógicas no ensino da fotografia para jovens”, com mediação de Andreas Valentin e participação de Tatiana Altberg (Projeto Mão na Lata), Joana Mazza (Imagens do Povo) e Denise Cathilina (EAV Parque Lage).
O RioJovem integra o FotoRio, Encontro Nacional de Fotografia, que acontece até o dia 21 de julho.
julho 3, 2013
Processos Colaborativos: cinema e artes visuais na Galeria Mamute, Porto Alegre
Esta exposição apresenta quatro trabalhos audiovisuais produzidos através de um processo de colaboração entre diretores de cinema e artistas visuais. São obras realizadas em processo criativo por meio do diálogo entre liberdades de universos que resultam desta união e complementaridade. A aproximação deste cruzamento de linguagens carrega conteúdos comuns e não comuns, explorados e inexplorados por meio desta comunhão do cinema com as artes visuais. Conteúdos, formas, objetos resultados, significados e significantes em uma ampliação que se complementa e se faz complementada. Ultrapassado o processo esta aproximação cristaliza o diálogo ampliado e constrói uma expressão enriquecida, que transpõe conceitos como autoria, indivíduos, cinema e artes visuais, atingindo o espaço da transversalidade e da verdadeira autonomia das obras de arte.
A Mamute é um estúdio-galeria destinado à criação, produção e circulação de obras que dialogam com a tecnologia digital, com foco de pesquisa na imagem-movimento, vídeo. Tem compromisso com a prática e a reflexão artísticas nas artes visuais e seus entrecruzamentos, promovendo mostras audiovisuais e oferecendo orientação individual em vídeo, oficinas, cursos, ciclo de palestras, seminários, intercâmbios e residências artísticas.
ARTISTAS E DESCRIÇÃO DAS OBRAS
RAFAEL FERRETTI em colaboração com TÚLIO PINTO
TRANSPOSIÇÃO, videoarte, 42', HD, 2012
Vídeo realizado pelo diretor Rafael Ferretti com base no projeto homônimo do artista Túlio Pinto, no qual se estabelece um diálogo entre dois espaços públicos da cidade de Porto Alegre - a Galeria Augusto Meyer da Casa de Cultura Mário Quintana e aproximadamente 20 m² da Praça da Alfândega no centro da cidade. Os dois lugares são conectados pelo atravessamento entre as linguagens da escultura, performance, instalação e fotografia em uma ação de 20 dias de duração. O vídeo registra o trabalho do artista, criando diferentes blocos de momentos do processo que, a maneira da transposição dos tijolos, foram se encaixando em um outro suporte, o videográfico, e gerando uma narrativa com início, muito meio e o fim esperado pelo projeto, completar o chão da galeria, e para o video, revelar a invisível rotina da produção artística.
ANDREIA VIGO em colaboração com ADRIANA TABALIPA
SONHOPICNIC, videoarte, 14', HD, 2012
Vídeo realizado pela diretora Andreia Vigo com base na performance homônima da artista Adriana Tabalipa, cujo ponto de partida e final é uma imagem fixa, que vai evoluir para ápices de movimento e quase paroxismo. O convite a um motivo tão clássico da pintura (picnic) converte-se em uma trama complexa com momentos de antropofagia e meditação, simbologia feminina crítica e gravitacional perceptiva do ambiente. Performance e vídeo realizados na abertura do projeto “The End Factory Project”, que percorreu as galerias da Caixa Cultural no ano de 2012 nas cidades de Curitiba, São Paulo, Salvador e Brasília.
MARTA BIAVASCHI em colaboração com EDUARDO HAESBAERT
A CASA DA CASA, videoinstalação, 6', loop, HD, 2011
Composta a partir do universo do artista Eduardo Haesbaert, a videoinstalação dirigida por Marta Biavaschi consta de um díptico, em projeção frontal, e de uma projeção no chão do espaço; Na janela 1, encontramos vestígios do processo do artista nas paredes de seu ateliê. Rastros, memória de seus trabalhos realizados ali; Na janela 2, uma casa vazia onde a arquitetura desaprumada e a luz que se desenha no espaço revelam a memória de um espaço vazio. Na projeção do chão, o caderno de esboços do artista em diálogo com as formas projetadas no ateliê e na casa.
LUIZ ROQUE em colaboração com GUSTAVO SPOLIDORO
INÍCIO DO FIM, curta-metragem, 7', 35mm, 2005
Um homem desiste.
Curta-metragem no qual o artista Luiz Roque colabora com o diretor Gustavo Spolidoro assinando a direção de arte do filme. Selecionado para Sundance e Rotterdam. Vencedor de 16 prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, Melhor Direção de Arte (Luiz Roque), na Mostra Gaúcha do 33º Festival de Gramado.
CURRÍCULOS DOS ARTISTAS
Adriana Tabalipa nasceu em Curitiba em 1972. Artista visual radicada no Rio de Janeiro, iniciou sua trajetória artística no final dos anos 1980. Desde então, sua poética perpassa performances, objetos, pinturas, gravuras e desenhos, apresentados em exposições no Brasil e em outros países. Seus trabalhos revelam objetos e lugares do cotidiano, além de aludirem diretamente à relação entre eles e o corpo humano. A artista faz uso de peças do vestuário e materiais como algodão, feltro e tecido, e, com freqüência, utiliza-os como suporte de impressões à maneira de gravura.
Andreia Vigo nasceu em 1975 e vive em Porto Alegre. É diretora de cinema, artista visual, curadora, produtora e gestora de projetos de arte e cultura. Formada em Rádio e Televisão pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), tem mais de 15 anos de atividades em curtas e longas-metragens, documentários, vídeos, festivais de cinema, exposições de arte, instalações e eventos multimídia. É pós-graduanda em História da Arte Moderna e Contemporânea pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Eduardo Haesbaert é artista plástico. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Última Cena, 2011, Bolsa de Arte de Porto Alegre; Próximo Plano, 2011, Pinacoteca da Feevale de Novo Hamburgo e Trabalhos Recentes, 2007, Bolsa de Arte de Porto Alegre. Suas obras fazem parte do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Aldo Malagoli (MARGS) e do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC/RS). Foi assistente de Iberê Camargo trabalhando como gravador e impressor de suas gravuras entre 1990 e 1994. Coordena o ateliê de gravura e o acervo da Fundação Iberê Camargo, desde 1994. Participou de diversas mostras coletivas como as mais recentes, em 2011, Do Ateliê ao Cubo Branco, no MARGS, e em 2012, O Triunfo do Contemporâneo, no Santander Cultural de Porto Alegre.
Gustavo Spolidoro nasceu em Porto Alegre em 1972. É formado em Comunicação Social e atualmente finaliza seu Mestrado na PUC/RS. Desde 1998 realizou 17 curtas e médias e 3 longas, tendo recebido mais de 70 prêmios e participado de festivais como Berlim, Rotterdam e Sundance. Dirigiu os longas "Ainda Orangotangos" (2007), "Gigante - como o Inter Conquistou o Mundo" (2007) e "Morro do Céu" (2009). Atualmente finaliza o longa "Errante - Um Filme de Encontros", projeto do seu mestrado. Desde 2003, é também um dos organizadores do festival "Cine Esquema Novo". E desde 2006 é professor do Curso Superior de Tecnologia em Produção Audiovisual (TECCINE) na PUC/RS, em Porto Alegre.
Luiz Roque nasceu em Cachoeira do Sul em 1979. Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em Artes Visuais pela UFRGS, trabalha com filme, vídeo e fotografia, além de atuar como diretor de arte em cinema. Seu trabalho tem sido mostrado individualmente em lugares como Paço das Artes (Temporada de Projetos, São Paulo, 2008) e Ateliê Subterrânea (Porto Alegre, 2009) e em coletivas como "Abre Alas 6" (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2010) e "Video Links Brazil" (Tate Modern, Londres, 2007). Seu vídeo "Projeto Vermelho" foi exibido na 12a.Biennnial de L'imageenMouvement (CIC, Genebra, 2007) e foi incluído na seleção LÚCIDA, um panorama sobre a videoartelatino americana veiculado na televisão argentina (canal (à) em 2007) além de excursionar para o festival FIFA em Montreal e para o Centro Atlántico de Arte Moderno nas Ilhas Canárias (ambos em 2009). Em 2010 participa da mostra inaugural da Fundação Vera Chaves Barcellos, "Sussurros & Silêncios" (Viamão RS) e do projeto "ConstructionsViews: experimental film&video from Brazil" no New Museum (Nova York).
Marta Biavaschi atua como diretora e produtora de cinema, televisão e artes visuais, desde 1990.Seus principais trabalhos como diretora são: A CASA DA CASA (2011, videoinstalação); A DANÇA DO PENSAMENTO (2008, 52 min, HD); MINHA MÃE (2007, 27 min, HD), baseado na obra “O Ponto Cego” de Lya Luft; Mestres em Obra (2008, 30 min, HD) documentário que mostra a criação e construção da Fundação Iberê Camargo pelo arquiteto Álvaro Siza; Iberê Camargo: Matéria da Memória (2003, 21min, digital) documentário sobre a obra do artista plástico Iberê Camargo; As Parceiras (2002, ficção, 28min, digital), baseado na obra homônima de Lya Luft; Bola de Fogo (1997, ficção, 45min, 16mm). Desde 1999, é diretora de documentários e de ficção para séries de televisão, especialmente para a RBS TV. Atua ainda como produtora executiva e produtora de mostras de cinema como Narrativas e Subjetividades e a itinerância do Indie12 – Mostra de cinema mundial, realizadas em Porto Alegre.
Rafael Ferretti é diretor de cinema, publicidade e televisão há mais de 20 anos. Formado em Publicidade e Propaganda pela UFRGS, com extensão em Cinema. Entre alguns dos seus trabalhos, estão as séries Talentos do Sul e Sapore D'Italia, dirigidos para a RBS TV. Em 2011 realizou o videoteaser da exposiçao Parte Súbita, registrando as pinturas De Pablo Ferretti e Federico Olivari, na qual acompanhou o processo de produção dos dois artistas, video que acabou lhe rendendo o convite para registrar o trabalho de Tulio Pinto, TRANSPOSIÇÃO.
Túlio Pinto nasceu em Brasília em 1974. É formado em Artes Visuais com habilitação em escultura pela UFRGS (2009). Vive e trabalha em Porto Alegre onde écofundador e integrante do Atelier Subterrânea.
julho 1, 2013
Waldemar Cordeiro no Itaú Cultural, São Paulo
Waldemar Cordeiro e sua arte de extrema vanguarda são tema de mostra retrospectiva no Itaú Cultural
Cerca de 250 obras ocupam os três pisos do espaço expositivo do instituto em mostra que reúne, pela primeira vez, as principais obras do artista e perpassa o seu processo criativo – da pintura, o Concretismo e o Movimento Ruptura, nos anos 50, ao pioneirismo na arte computacional na década de 70 – com a exibição de obras inéditas, passando por seus projetos urbanísticos e de paisagismo
Waldemar Cordeiro - Fantasia exata, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, SP - 04/07/2013 a 22/09/2013
“Tenha certeza de que essa exposição é o lançamento de um artista histórico.” Com esse entusiasmo Analivia, uma das duas filhas do artista, define Waldemar Cordeiro: Fantasia exata. A exposição mais completa que o artista ganhou até hoje abre no Itaú Cultural no dia 3 de julho, para convidados, e permanece em cartaz para o público a partir do dia seguinte e até 22 de setembro.
Com curadoria de Arlindo Machado e Fernando Cocchiarale, a mostra traça em cerca de 250 obras o percurso criativo desse artista visionário, arquiteto urbanista e paisagista, que atuou no movimento Concreto, engendrou o Ruptura, nos anos 50, e deu um largo passo, na década de 70 ao mergulhar na arte computacional – ou arteônica, segundo definição do próprio artista.
Ela ocupa os três andares do espaço expositivo do Itaú Cultural – um deles reservado para exibir a arte computacional, da qual Cordeiro foi pioneiro no Brasil e um dos primeiros a usar esta linguagem no plano internacional até a interrupção de sua produção pela morte prematura há exatos 40 anos. Reproduções de algumas de suas obras podem, ainda, ser apreciadas e manuseadas na exposição virtual criada pelo Núcleo Inovação do instituto. Fora da instituição, uma recriação ao natural de uma de suas criações paisagísticas, pode ser apreciada ao ar livre, ao lado do Auditório Ibirapuera.
Nascido em Roma em 1925, o artista veio viver no Brasil com pouco mais de 20 anos, em 1946. Trabalhou como jornalista, crítico e ilustrador para jornais. A sua arte produzida nos anos 50 reúne atributos de arte concreta nos materiais e processos usados e na linguagem em busca de uma redução nas formas de expressão. Seguindo o conceito do grupo Ruptura, e formado por outros artistas como Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto e Judith Lauand em 1952, a sua produção se caracteriza pelo abstracionismo geométrico e pelo uso de materiais industriais. Em paralelo, o artista desenvolveu trabalhos urbanísticos e de paisagismo.
Ao desembocar na arteônica nos anos 70, em um tempo em que os equipamentos eletrônicos eram rudimentares, ele projetou internacionalmente a cultura artística brasileira. Morreu em junho de 1973, deixando dezenas de projetos em andamento. Analivia, ainda sem saber o que viriam a representar, os guardou em tubos de papel cartão e só os abriu passados quase 40 anos, quando começou a preparar esta exposição com os curadores e o Núcleo de Artes Visuais do Itaú Cultural. O instituto trabalha em parceria com a família, viabilizou o restauro de um grande conjunto de obras de arte, entre telas, objetos, estudos e desenhos, contratou uma pesquisadora para levantar a produção textual e fazer a catalogação das obras, e em 2014 lançará um livro com a organização de sua produção de textos publicados como jornalista e crítico desse singular artista.
A exposição
Waldemar Cordeiro: Fantasia exata passa por todas essas fases do artista, incluindo sua verve crítica, política e social, formando um painel abrangente de sua obra, além de estudos e desenhos inéditos. Aprofunda, assim, a compreensão do pensamento e o processo criativo do artista.
Começa pelo piso 1M – um acima do piso de entrada – com obras do Ruptura, tanto de Cordeiro, quanto de outros artistas do grupo. Além dos acima citados, estão Lothar Charoux, Judith Lauand e Hermelindo Fiaminghi. Fotos representam obras originais perdidas de Leopoldo Haar e também de Kazmer Féjer, que não deve ser exposta por necessidade de restauro. Logo na entrada, o visitante avista o importante Manifesto Ruptura, escrito por Cordeiro em 1952, assim como o artigo publicado por ele sobre o tema, no ano seguinte, no jornal Correio Paulistano.
Ainda neste andar, além das obras representativas deste movimento, o público já começa a entrar no universo criativo do artista podendo apreciar outros trabalhos, e em vitrines que também abrigam desenhos, objetos e fotos – algumas pessoais e de seu cotidiano.
Outros textos de Cordeiro permeiam os três andares. Ele era altamente teórico e embasava o seu ponto de vista social, patente em toda a obra, escrevendo para delinear a arte que ia produzindo. Os escritos, no entanto, surgem no espaço expositivo como fio condutor para os visitantes. “Esta é uma exposição pensada como um roteirista pensa no filme”, conta Cocchiarale. “A imagem prevalece.”
Acompanhando o processo de maturação do artista, mas não necessariamente em ordem cronológica, o andar seguinte – o 1S, um abaixo do piso de entrada –, apresenta as obras produzidas unicamente por ele antes da arte computacional. Elas apontam, segundo Cocchiarale, inflexões essenciais pelas quais o trabalho do artista passou entre 1962 e 1969: abandono dos princípios concretistas nas pinturas feitas com jatos de tinta e nas pinturas gestuais com colagens; uma caracterização da construção de obras a partir da apropriação de objetos (arte concreta semântica), também chamados popcretos por Augusto de Campos. Entre elas, Cor-relação e Quadrados Concêntricos.
Por fim, o 2S, logo abaixo, está inteiramente reservado para a arte computacional. “Muito cedo, Cordeiro se deu conta de que as formas artesanais de arte iriam sofrer um impacto sem precedentes com o advento das novas tecnologias (do computador principalmente), a absorção de processos industriais e a incorporação de novos circuitos de difusão”, observa Machado.De acordo com ele, especialista em arte eletrônica, embora a maior parte dos pioneiros da computerart, nos anos 1960 e 1970, tenha sido europeia e norte-americana, Waldemar Cordeiro não apenas descentrou esse movimento, deslocando-o para fora do Primeiro Mundo, como também deu uma dimensão crítica a essa corrente artística, acrescentando às imagens o comentário político-social.
Um exemplo é A Mulher que Não É BB (Brigite Bardot), a última realizada por ele. Em um tempo em que não existia computação gráfica nos moldes facilitadores de hoje, a obra reproduz graficamente, pontilhada com todas as nuances do preto ao branco em um computador IBM 360, o rosto da pequena vietnamita atingida por essa terrível bomba de Hiroshima, jogada sobre a aldeia que lhe dá nome, e cuja foto correndo nua e desesperada, rodou e chocou o mundo dos anos 70.
Exposição virtual e jardim
O Núcleo Inovação, do Itaú Cultural, recria virtualmente alguns trabalhos do artista. Um computador instalado no espaço expositivo abre caminho para acessar Parque Infantil do Clube Esperia, projeto de paisagismo apresentado em 3D. Por ali mesmo, o visitante acessa, via menu, a visualização de outras obras que formam a Exposição Virtual, igualmente criada por esta equipe. Na mesma linha, no Piso 2S é apresentado Beabá, programa que cria e imprime poemas formados por palavras geradas de forma aleatória, assinado por Cordeiro e Giorgio Moscati. Nesse caso, o computador imprime os poemas seguindo muito de perto o código original de Moscati e o público tem como disparar uma nova impressão.
Com concepção e adaptação de André Vainer, o instituto reproduz ao natural, ainda, ao lado do Auditório Ibirapuera, no Parque Ibirapuera, uma das obras paisagísticas realizadas por Cordeiro – esta para a residência Keutenedijan.