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setembro 14, 2010

Caio Reisewitz + Delson Uchôa na Luciana Brito, São Paulo

Caio Reisewitz na Luciana Brito Galeria

Na Galeria I, a exposição Esqueceu de beber água agora morre de sede, reúne 7 fotografias da produção mais recente de Caio Reisewitz, artista de crescente renome no cenário artístico nacional e internacional. Entre os trabalhos apresentados estão imagens da série “Iguaçu” e novas fotomontagens em formato inédito.

Composta por fotografias de aprox. 220 x 180 cm, a série “Iguaçu” foi realizada no início do ano (2010), na região Sul do Brasil, durante uma temporada de chuvas fortes que resultou em uma vasta destruição na região. Diferentemente do quevemos na maioria das imagens que retratam as cataratas de Foz do Iguaçu, as fotografias de Reisewitz apresentam uma paisagem quase onírica, imersa em uma luz difusa e aveludada, em que os detalhes tornam-se inapreensíveis.

Esse ambiente enevoado, que absorve e atrai de maneira poderosa, perturba o espectador por seu mistério, como se não fosse possível penetrar nesse lugar em que o ar parece rarefeito. A escolha de um ponto de vista aéreo e as impressões em grande formato contribuem para conferir à paisagem fotografada uma monumentalidade épica.

O olhar sensível do fotógrafo faz com que as imagens carreguem de maneira quase física o barulho ensurdecedor das águas volumosas despencando em direção as corredeiras, as gotículas suspensas no ar que tocam a pele, ou ainda o aroma da umidade tomando a mata que cerca o lugar.

Caio Reisewitz desenvolveu uma poética com traços peculiares. A força de suas composições reside justamente na dicotomia entre o real que estamos acostumados a ‘ver’, e imagens de um ambiente idílico ou de composições geométricas, que muitas vezes confundem nossa percepção do real.

Além da série “Iguaçu”, o artista irá apresentar pela primeira vez duas fotomontagens em grande formato: “Joaçaba” e “Paretinga”. Na construção desses trabalhos, Reisewitz recusa-se a utilizar a fotografia digital ou a manipular imagens através de computador. As imagens finais são obtidas através da montagem física de recortes de fotos, sejam elas apropriadas ou efetivamente tomadas, em uma evidente analogia à ação humana nas paisagens naturais.

“As fotomontagens são feitas com recortes em ampliações grandes, coladas e depois refotografadas e ampliadas em forma menor para dar uma riqueza de detalhes. O antiphotoshop – tudo feito com mão, tesoura e cola – é o que interessa nesses novos trabalhos.”, afirma Reisewitz.

Sobre o artista

Uma das figuras mais representativas da fotografia brasileira contemporânea, Caio Reisewitz (São Paulo, 1967) trabalha em suas fotografias com uma gama de questões estéticas e técnicas que lidam com a representação na arte contemporânea, concentrando seu foco em assuntos como a paisagem, tanto rural quanto urbana, e os interiores de edifícios.

Graduado em Comunicações Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado, freqüentou no início dos anos 90 a Fachoberschule für Gestaltung de Darmstadt e se formou na Kunstakademie Mainz.

Seu trabalho foi mostrado na 26a Bienal Internacional de São Paulo, em 2004 e, no ano seguinte, representou o Brasil na 51a Bienal de Veneza. Participou das exposições: Retratos de Villes: Brasília, Chandigarh, Le Havre, Musée Malraux, Le Havre, França; GK Collection # 1, Stary Browar, Poznan, Polônia; e Beyond Delirious: Architecture in Selected Photographs from the Ella Fontanals Cisneros Collection, Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; e, recentemente das individuais Maracutaia (2009), na Fundação RAC, Pontevedra, e Fundación Pedro Barrie de la Maza, Vigo, ambas na Espanha; Parece Verdade, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; e das coletivas 50 Anos de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Construções de Brasília, Instituto Moreira Salles, Brasília e São Paulo; Museu de Arte Contemporânea, Niterói; Novos Mundos Novos, Centro Cultural Santander, Recife, no Brasil.

Recebeu os prêmios de aquisição durante o 4o. e o 6o. Salão do Museu de Arte Moderna da Bahia, em 1997 e 1999, e o Prêmio Sérgio Motta, em 2001. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas nacionais e internacionais: Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; Colecção Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal; Coleção Itaú Cultural, São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outros.

Ainda esse ano, irá participar de uma Residência Artística em Benjin e Guilin, além de apresentar seus trabalhos na Bienal de Nanjing, na China.

O artista vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Delson Uchôa na Luciana Brito Galeria

Na Galeria II, Delson Uchôa apresenta uma nova série de pinturas em grande formato especialmente criadas para a ocasião. Em “O Dia” e “A Noite”, títulos que contribuem para o nome da exposição, as alegorias criadas pelo artista polarizam a luz orgânica da região Nordeste do Brasil, em uma trama de cores quentes, delineadas por delicadas linhas retas e curvas que, abrigadas sob resina lisa, tecem o corpo e o brilho dos trabalhos.

Das telas de intrincadas construções cromáticas, “Aguapé” e “Igarapé” emanam tons amarelos, azuis e verdes que remetem às paisagens brasileiras que beiram rios e mares.

Para Moacir dos Anjos, crítico de arte e um dos curadores da 29ª. Bienal de São Paulo, “as pinturas maduras de Delson Uchoa são clarões: primeiro cegam, depois iluminam”. São permanentes celebrações da cor em trabalhos de dimensões monumentais, que não são apreciadas exclusivamente pelos olhos, mas por todo o corpo.

“No início trabalhava com áreas de cores primárias, escuras, e buscava a vibração, a contraposição de uma cor e outra. Com o tempo minha preocupação principal passou a ser o processo de iluminar, e comecei a pensar em como desmaterializar a cor, transformando-a em luz”, conta Uchôa.

Profundo conhecedor de movimentos como o construtivismo ou a arte óptica, Delson Uchöa não restringe o campo das suas referências: ao fazer uso de tecidos e flertar com o kitsch, instaura em sua obra um diálogo com suas raízes sem perder a capacidade de ultrapassar fronteiras, tornando sua arte única. “A arte de Delson Uchôa afirma ser latina, brasileira, nordestina e alagoana, sem contudo restringir-se a provincianismos ou alegar estéticas puras”, declara o crítico Agnaldo Farias.

Pela riqueza de detalhes, uma obra leva anos para ser dada como concluída, ou melhor, passa a ser considerada acabada apenas quando o artista não tem mais acesso a ela. Esse trabalho contínuo, a relação quase carnal com as telas, transparece na pele dos quadros de Delson Uchôa, que carregam em muitos casos as marcas de acréscimos, junções e sobreposições de suportes, sejam eles recentes ou antigos.

Sobre o artista

Reconhecido tanto no Brasil como fora do país, Delson Uchôa (Maceió, 1956) realizou sua primeira exposição individual em 1980, em Maceió. Em 2009, foi escolhido para representar o país na Bienal de Veneza, na Itália, e na Bienal de La Habana, em Cuba.
Recentemente, sua obra foi exibida na mostra Contraditório - Panorama de Arte Brasileira 2007, no Museu de Arte Moderna de São Paulo; Sala Alcalá 31, Madrid, Espanha. No Brasil, Delson Uchôa participou de importantes exposições coletivas, como a XXIV Bienal Internacional de São Paulo, Brasil (1998); Onde Está Você, Geração 80?, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Recife; 80/90 Modernos, Pós-Modernos, etc, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo); e Paralela (São Paulo). Ainda esse ano, irá participar da Bienal do Cairo, Egito.

Seu trabalho figura em importantes coleções como a do Centro de Arte Contemporânea Inhotim, do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Museu Nacional de Belas Artes. Seu trabalho foi analisado por renomados críticos e curadores de arte como Moacir dos Anjos, Paulo Herkenhoff, Agnaldo Farias, entre outros.

O artista vive e trabalha em Maceió, Brasil.

Posted by Cecília Bedê at 5:00 PM

setembro 10, 2010

Rumos Cinema e Vídeo 2009/2011 - Linguagens Expandidas no Itaú Cultural, São Paulo

Rumos Cinema e Vídeo 2009/2011 - Linguagens Expandidas

Programação
15/9 às 20h - Abertura - Para convidados

Documentários para web
Sala Itaú Cultural (O público terá acesso a eles simultaneamente no site www.itaucultural.org.br, onde permanecerão na pasta Rumos)
- O Vôo de Tulugaq (André Guerreiro Lopes, SP, 8’)
- Satélite Bolinha (Bruno Vianna, RJ, 8’)
- Som do Tempo (Petrus Cariry, CE, 8’)
- O Céu Nos Observa (Daniel Lima, SP, 8’)
- Sinfonia (Aline Portugal, João Costa, Julia De Simone e Julia Mariano, RJ, 7’32’’)
- Polivolume: Conexão Livre (Claudia Afonso, Gabriel Gutierrez, Pedro Vieira, SP, 2010, 8’)

Exposição
De 16 a 26/9

Filme e vídeo experimental, Evento multimídia e Documentário para web

Primeiro Mezanino
- Cidades Visíveis (LAT-23,SP)
- Travelling Zona Norte (produção do Grupo Nós do Morro, concepção de Gustavo Melo ,RJ)
- 0fps: Southbank (Gabriel Menotti,ES)
- Plataforma (Cinemata, formado por Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado MG, 26’)
- Museu dos Corações Partidos (Inês Cardoso, SP,15’)

Mostra de filmes e vídeos experimentais
De 16 a 19/9

Sala Itaú Cultural, às 20h

16/09
Redação Proibida (Andréa Midori, Simão, Thiago Faelli, SP, 26’30”)
Casa – Construção (Katia Maciel, RJ, 15’)
A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho (Alessandra Colasanti e Samir Abujanra, RJ,15’)
17/9
Enquadro epoisódio 2: Tiaguinho da Conceição (Casadalapa, SP, 26’)
Cellphone (Daniel Lisboa, BA)
Museu dos Corações Partidos (Inês Cardoso, SP,15’)
18/9
Alquimia da Velocidade (Arthur Omar, RJ, 55’)
19/09
Desassossego (Filme das Maravilhas), (Felipe Bragança, Marina Meliande, RJ, 54’)

Performances
De 24 a 26/9

Sala Itaú Cultural, às 20h

24/09
Sequenze, de Raimo Benedetti., SP,
25/09
Storm, de Luiz duVa, SP
26/09
Pelas Fendas, de Sandro Canavezzi de Abreu, MG

Sobre o evento
Todas as artes se encontram nos filmes selecionados no Rumos Cinema e Vídeo

O Itaú Cultural apresenta os 22 trabalhos contemplados entre 662 projetos inscritos na sexta edição do programa neste segmento; resultado se estende para além das telas e é contaminado por todas as outras formas de expressão; traz nomes como Alessandra Colasanti, Katia Maciel e Cinhtia Marcelle; além de Arthur Omar, que exibe Alquimia da Velocidade, prêmio especial da comissão de seleção como mérito pelo conjunto da obra do artista e pela vitalidade deste seu novo trabalho

A apresentação, de 16 a 26 de setembro, dos 22 trabalhos selecionados no Rumos Cinema e Vídeo 2009/2011 – Linguagens Expandidas se esparrama pelo palco, a tela de cinema, o espaço expositivo e a internet do Itaú Cultural. Cinco deles são expostos como instalações no primeiro mezanino, durante todo o período; oito são exibidos na mostra audiovisual, de 16 a 19; três são apresentados como performances no palco (de 24 a 26). No dia 15, data do coquetel de abertura para convidados, são projetados seis dos sete documentários para web (o sétimo faz parte da exposição). O público terá acesso a eles simultaneamente pelo site www.itaucultural.org.br, onde permanecerão no arquivo do Rumos.

O programa Rumos neste segmento mantém o objetivo de fomentar e difundir a produção do audiovisual contemporâneo, mas nesta sexta edição expandiu a sua área de ação para além do campo do documentário, único contemplado nas edições anteriores. Foram inscritos 662 projetos, e selecionados, entre eles, 22 trabalhos em três categorias: Filmes e Vídeos Experimentais; Eventos Multimídia e Documentários para Web.

Nas palavras de Roberto Cruz, gerente do Núcleo Audiovisual do Itaú Cultural, responsável pelo programa Rumos nesta área, as obras compõem um panorama coerente das muitas possibilidades de se expressar por meio da linguagem do audiovisual, a qual não se traduz mais de forma pura e modelar. “O audiovisual é contaminado por todas as outras formas de expressão: cinema-dança, cinema-teatro, cinema-pintura, cinema-literatura, cinema-cinema”, diz ele.

Em sua opinião, o desafio desta edição era exatamente o de dar conta desta pluralidade, multiforme e heterogênea. “Mais que a possibilidade de se contar uma história e convencer por meio da analogia e dos efeitos do realismo cinematográfico, estas realizações extrapolam e exploram a materialidade do suporte fotoquímico e digital; trabalham as características descontínuas do processo da montagem; enfatizam a sensorialidade visual da imagem em movimento; transformam o espaço-tempo da exibição no espaço-tempo da criação”, observa ele.

Documentário para web na rede
No dia 15 (quarta-feira) entram no site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) seis dos sete filmes selecionados nesta categoria, onde permanecem na pasta Rumos. O Vôo de Tulugaq, de André Guerreiro Lopes, é um misto de documentário e poema visual, que registra um momento no silêncio de uma tarde de outono no Alasca. Em Satélite Bolinha, Bruno Vianna mostra o uso por brasileiros de satélites militares norte-americanos para bater papo.

Petrus Cariry traz, em O Som do Tempo, o concreto e os sons da cidade que avançam contra dona Maria Fátima, enquanto ela segue em frente impassível. O Céu Nos Observa, de Daniel Lima, cria interferências em uma imagem de São Paulo captada por satélite, propondo uma discussão sobre a capacidade de interferir coletivamente nas estruturas de controle e vigilância de escala global. O resultado é um processo poético de criação de ruídos na representação da metrópole

Sinfonia, de Aline Portugal, João Costa, Julia De Simone e Julia Mariano, trata de ruídos gravados na memória e que nascem como música. Finalmente, Polivolume: Conexão Livre, de Claudia Afonso, Gabriel Gutierrez e Pedro Vieira, cria no espaço urbano e em seu esvaziamento, uma escultura cinética que pode e deve ser tocada e joga com diferentes tempos de percepção no cotidiano da cidade.

Todos os filmes citados têm oito minutos e tratam de forma geral da questão do ruído e da velocidade da informação, tema proposto pelo Itaú Cultural para esta categoria.

Instalações no espaço expositivo
De 16 a 26 de setembro, o instituto apresenta permanentemente no espaço expositivo do primeiro mezanino obras selecionadas nas categorias Filme e vídeo experimental; Evento multimídia e Documentário para web, que se traduzem como instalações.

Ao invés de usar câmeras nas mãos, em Cidades Visíveis, o grupo LAT-23 – formado por Cláudio Bueno, Denise Agassi, Marcus Bastos e Nacho Duran –, propõe filmes potenciais, montados cada vez que o usuário clica em play. As seqüências disparadas não se repetem, nem podem ser previstas.

Travelling Zona Norte, produzido pelo grupo Nós do Morro e dirigido por Gustavo Melo, joga poesia e experimentação no subúrbio do Rio de Janeiro. Este trabalho utiliza ferramentas da técnica cinematográfica, como o travelling (carrinho sobre trilhos que transporta a câmera e o operador) e projetores para mostrar um pouco daquela realidade.

Em forma de um díptico Gabriel Menotti apresenta 0fps: Southbank. Trata-se também de uma obra que traz fragmentos de imagens em uma sequência de frames. A mesma paisagem aparece em dois regimes de tempo e espaço, evidenciando diferenças entre suportes de imagem analógicos e digitais.

Os filmes Plataforma, de Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado, que formam o Cinemata,e Museu dos Corações Partidos, de Inês Cardoso. foram selecionados na categoria Filme e vídeo experimental. O primeiro faz parte da série Unus Mundus, que investiga, desde 2004, a relação entre acontecimentos isolados e ocorrências múltiplas. Esta história se desenrola às vésperas de um feriado, no saguão de uma rodoviária. Os viajantes vão aparecendo aos poucos e começam a descer as escadas a partir das chamadas de embarque. No entanto, deixam as suas bagagens para trás em um rastro devastador de malas.

Inês Cardoso fala de rompimentos amorosos em Museu dos Corações Partidos. Ela criou este espaço museográfico na rede e se dedicou a coletar depoimentos de anônimos via Skype, As conversas tornaram-se matéria poética para o desenvolvimento do filme, uma verdadeira cartografia amorosa. O museu apresenta também imagens de outros artistas convidados, como José Roberto Aguilar, Cão Guimarães, Cris Bierrenbach e Jac Lerner, criando uma iconografia de desilusões amorosas.

Filmes na sala Itaú Cultural

De16 a 19 de setembro, sempre às 20h, o instituto apresenta os oito filmes selecionados na categoria Filmes e vídeos experimentais. A abertura, dia 16 (quinta-feira), corre por conta de A Redação, de Andréa Midori Simão, Thiago Faelli. O filme traz a história de uma jovem roteirista e diretora de cinema, que descobre os prazeres e perigos de escrever sobre si mesma, sobre seu relacionamento amoroso e sobre sua família. Em Casa-Construção, Kátia Maciel apresenta diálogos e, sobretudo, não-diálogos de um casal em uma casa em construção.

Em A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho, Alessandra Colasanti e Samir Abujanra apresentam um documentário ficcional com locações em Paris Nova York e Rio de Janeiro. O filme aborda de forma irônica e bem humorada a história de uma dançarina de um dos quadros de Edgar Dégas. Ela abandona a tela, ganha o mundo e desaparece no carnaval carioca; mistura universo acadêmico, arte de vanguarda e submundo do sexo.

A primeira obra a ser exibida no dia 17 (sexta-feira), é Enquadro episódio 2: Tiaguinho da Conceição. Realizado pelo grupo Casadalapa, faz parte de uma série que retrata um drama representativo da vida de um personagem e de seu espaço. Neste filme específico, é revelado o que acontece a Tiaguinho, depois de abandonar a mãe, Domingas. A criação desse rapaz está diretamente ligada a um lugar: o barracão de uma pequena escola de samba, localizado embaixo de um viaduto no bairro Itaim Paulista, zona Leste da cidade. O grupo trabalhou, gravou e grafitou com a participação dos moradores e artistas da região.

Ainda neste dia é apresentado Cellphone. O filme de Daniel Lisboa demonstra que por trás de todo numero telefônico existem palavras que movimentam situações específicas. Fechando a programação deste dia, é apresentado Museu dos Corações Partidos, de Inês Cardoso (obra também apresentada no espaço expositivo).

Alquimia da Velocidade, de Arthur Omar, ocupa toda a projeção do dia 18 (sábado). O filme recebeu o prêmio especial da comissão de seleção, considerando o mérito pelo conjunto da obra do artista e pela vitalidade deste seu novo trabalho. Ele começou a trabalhar este filme em 2002 no Afeganistão, durante uma viagem à zona de guerra. Ele apresenta cenas do violento jogo do buskashi, em que dois grupos de cavaleiros combatem pela posse de uma carcaça de bode decepado. As imagens foram captadas com uma câmera amadora de baixa definição e têm seu tempo dilatado até o limite da imobilidade, em que a luta dos corpos fica suspensa no ar.

No dia 19, Desassossego (Filme das Maravilhas), de Felipe Bragança e Marina Meliande, encerra a mostra. Nele, uma carta de amor e raiva, escrita por Bragança em 2007, foi enviada a 14 cineastas, como Karim Ainouz, que formaram o Grupo do Desassossego e dirigiram dez fragmentos do filme. O mote são as sensações que fazer cinema despertam atualmente no Brasil.

Performances

Três performances ocupam o palco da sala Itaú Cultural de 24 a 26 (sexta-feira a domingo). No primeiro dia, Raimo Benedetti apresenta Sequenze, concerto audiovisual em que as interpretações do olhar do autor se encontram com a obra do compositor italiano Luciano Berio.

No sábado Luiz DuVa sobe ao palco com Storm, um espetáculo inédito de improvisação multimídia que tem como tema o embate do ser humano com o desconhecido, seus limites e tentativas de transposição.

Fechando toda a programação, no domingo, Pelas Fendas, de Sandro Canavezzi de Abreu. A performance traz um situação absurda em que perfis falsos criados em fóruns, comunidades virtuais, sites de relacionamento se tornam independentes e passam a vagar pela internet.. O artista recria continuamente o trabalho, com base em sua reprogramação. A plateia assiste à fusão entre imagens e sons e à própria interface de programação que os geram.

Posted by Cecília Bedê at 11:12 AM