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outubro 7, 2021

Rochelle Costi na Oswald de Andrade, São Paulo

Rochelle Costi apresenta projeto inédito no espaço Oficinas Oswald de Andrade

Rochelle Costi apresenta A Terceira Margem, sua primeira exposição no espaço da Oficina Oswald de Andrade, em São Paulo. O projeto traz o resultado de um desdobramento de pesquisa da artista, realizada a partir de viagens pela região amazônica. Ao todo, são três grandes instalações compostas por fotografias impressas em tecido, que nos colocam diante de narrativas de histórias reais, que enaltecem principalmente a resistência dos povos das florestas e, por consequência, as problemáticas de negligência, desconhecimento e descomprometimento com as riquezas culturais e naturais daquela região.

A viagem de A Terceira Margem teve início de barco a partir da pequena cidade de Jordão (à Oeste do Acre), com destino a uma das terras indígenas Huni Kuin, onde encontram-se 36 aldeias, conhecidas pela organização e culto à ancestralidade através da flora, cantos míticos, desenho e, em aulas escolares ministradas tanto na língua nativa quanto em português. Nas fotos que compõe o projeto pode-se ver o registro de obras dos coletivos culturais Mahku e Kayatibu. Paradoxalmente, também no Acre, cruzando a ponte que separa Brasil e Bolívia, encontra-se a Vila Evo, pequeno povoado que tira seu sustento a partir de um comércio voltado quase que exclusivamente a venda de produtos chineses que ali chegam através do Peru e no Peru pelo Oceano Pacífico. A estética indígena se mistura à dos produtos industrializados sem qualquer compromisso ecológico e social, atraindo pelas cores fortes (como as da natureza) e por estampas de animais selvagens.

Cada uma das três instalações é formada por quatro imagens, dispostas de forma a criar espaços de experiências sensoriais e contextuais, não apenas pela poética de sua composição formal, mas ainda por posicionar o público diante da natureza e da realidade dos Huni Kuin, um povo indígena organizado, engajado e politizado, com um profundo domínio dos saberes de sobrevivência. As situações da atualidade no Brasil e as condições a que estão expostos deixam ainda mais evidente a força desse povo em defender a terra, além da debilidade das populações brasileiras em assimilar isso.

Projeto realizado através do Edital ProAC Expresso Lab 2020. Secretaria da Cultura e Economia Criativa - Governo de São Paulo / Lei Aldir Blanc - Governo Federal.

Biografia

1961, Caxias do Sul, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Rochelle Costi trabalha a memória, essa que normalmente levanta a poeira do nosso subconsciente, acionada por um dispositivo: a imagem. Sua pesquisa parte de seu próprio repertório imagético, para então ser formalizada através da técnica apurada da fotografia, vídeos e instalações. O colecionismo e a fotografia não apenas se complementam, como também se fundem, levando o espectador a um confronto íntimo com esse universo, que passa a ser comum a todos.

Formação em Comunicação Social pela PUC-RS e cursos pela Saint Martin School of Art e Camera Work, em Londres. Dentre as instituições em que apresentou mostras individuais estão: Museu de Arte Moderna - MAM, São Paulo (2010), Centro Cultural São Paulo – CCSP, Brasil (2009) Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Brasil (2008) e Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2005). Entre as exposições coletivas mais significativas estão Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil (2020), III Beijing Photo Biennial, Beijing, China (2018), Museu de Arte de São Paulo - MASP, Brasil (2018), Bienal de la Paiz, Guatemala (2016), Somerset House, Londres, Inglaterra (2012), a 11th International Architecture Exhibition, Veneza, Itália (2008), 24a Bienal de São Paulo, Brasil (2010 e 1998), Bienal de Cuenca, Equador (2009), XXVI Bienal de Pontevedra, Espanha (2000), Centro de Arte Reina Sofia, Madri, Espanha (2000), II Bienal do Mercosul, Porto Alegre (1999), 6ª e 7ª Bienal de Havana, Cuba (1997 e 1999), II Tokyo Photography Biennial, Japão (1997). Seus trabalhos fazem parte de acervos como Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA), Instituto Inhotim (BRasil), MASP (Brasil), MAM-SP/RJ (Brasil), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil) e Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig (Austria), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 5:47 PM