|
outubro 4, 2021
Marina Saleme na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
Artista paulistana apresenta obras de pequena dimensão em galeria no Leblon, com um olhar intimista sobre a série de desenhos utilizada em instalação monumental no CCBB Rio no mesmo período
A Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, inaugura a exposição “Partes”, da artista paulistana Marina Saleme. A mostra traz cerca de 60 obras em pequenos formatos pinçadas de uma numerosa série de desenhos e pinturas feitas por ela ao longo dos últimos três anos. Por conta da pandemia, a inauguração da mostra será feita em dois dias: 7 e 8 de outubro (quinta e sexta-feira). O encerramento está marcado para 3 de dezembro de 2021. A entrada é franca.
A série de desenhos de Marina Saleme é o resultado de um obsessivo esforço de investigação da artista sobre uma mesma imagem: uma mulher sentada, encolhida, de cabeça baixa, numa atitude profundamente ensimesmada e impactante. De 2019 a 2021, a artista desenhou a mesma figura mais de 1.500 vezes, com tintas, cores, traços e suportes diferentes. A mostra da Mul.ti.plo reúne parte desse trabalho.
“Partes” apresenta-se também como um recorte intimista da grande instalação que Marina Saleme apresenta no CCBB do Rio, no mesmo período, chamada “Apartamento s”. Os nomes remetem tanto a um espaço físico como a um espaço emocional: o sentimento de estar sozinho, apartado, sensação intensificada pela pandemia. Com dimensão máxima de 25cm X 35cm, os desenhos exibidos na Mul.ti.plo utilizam materiais como giz de cera, tinta a óleo, tinta acrílica e caneta sobre papel e tela.
Segundo Marina Saleme, as duas mostras são complementares e propõem formas diferentes de ver o mesmo trabalho. “A instalação no CCBB faz um olhar panorâmico sobre a solidão escondida na cidade. A multidão de pessoas sozinhas nos apartamentos. A montagem na Mul.ti.plo, ao contrário, convida ao particular, a um olhar mais concentrado, mais intimista, mais próximo e acolhedor”, explica a artista. A última exposição dela na Mul.ti.plo foi em 2016 e 2017, também como uma paralela de uma grande mostra no Paço Imperial, no mesmo período.
SOBRE A ARTISTA
Marina Saleme (São Paulo, 1958) concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado, em 1982. Nos primeiros anos, a artista trabalhava principalmente com manchas tonais, sem referência à figura humana, utilizando formas compostas por linhas ou grids. No entanto, como afirma a artista: “Meus trabalhos nunca são totalmente abstratos”. Já a partir da metade da década de 1990, sua produção passa a ganhar alusões figurativas a pessoas, chuva, flores, nuvens, muitas vezes indicadas nos próprios títulos. Na década seguinte, sua linha se torna sinuosa e se curva desenhando arabescos que por vezes estão parcialmente encobertos por outras imagens, em outros momentos são evidenciados na camada mais superficial.
Destacam-se as exposições individuais e coletivas no Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto (2019); Paço Imperial, Rio de Janeiro (2017); Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (2008); Paço das Artes, São Paulo (2003); Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo (2001); Centre D’Art Contemporain de Baie-Saint-Paul, Canadá (2004); Palácio das Artes, Belo Horizonte (1996); Embaixada do Brasil na França, Paris (1989); entre outras.
Coleções das quais seus trabalhos fazem parte incluem: Coleção Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; Embaixada do Brasil em Roma; Instituto Cultural Itaú, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro.