|
setembro 24, 2021
Rubens Ianelli na Contempo, São Paulo
Curadoria de Daniela Bousso traz a público a recente produção do artista, exibindo pinturas em óleo e têmpera sobre tela, além de desenhos e azulejo inéditos
A Galeria Contempo inaugura no dia 28 de setembro de 2021, terça-feira, a mostra do artista brasileiro Rubens Ianelli, exibindo 9 pinturas em têmpera sobre tela, 3 em óleo, além de 6 desenhos e 3 painéis em azulejo, selecionados pela curadora Daniela Bousso. A individual Delicadeza e Resistência fica em cartaz de 29 de setembro a 23 de outubro de 2021 no espaço da galeria no Jardim América, em São Paulo.
A presente seleção de obras de Rubens Ianelli é um convite a se compreender o entrelaçamento de aspectos biográficos do artista, partindo da sua infância cercada de artistas e as situações históricas e culturais por que ele passou como militante político e médico radicado no Acre. “O resultado destes deslocamentos é uma visualidade que remete ao geometrismo indígena, aos símbolos de civilizações arqueológicas e à figuração pré-colombiana. Seu imaginário também é fruto de observações nos anos 70, quando entra em contato com a Geometria Sensível”, escreve Daniela Bousso em texto de apresentação da individual.
Para a curadora, o hibridismo da linguagem de Rubens alia as abstrações orgânicas e geométricas do modernismo brasileiro e europeu às tradições ancestrais de povos ameríndios, operando um resgate da memória latino-americana de maneira dialética, onde se entreveem as influências de artistas como Joan Miró e Paul Klee e grafismos indígenas. Sob esse aspecto, Daniela evidencia o aspecto decolonial inaudito e precoce do repertório visual do artista, que “constela ecos dos tempos modernos no presente”, sobretudo nas delicadas têmperas de cromatismos básicos do mural italiano, com evocações das civilizações pré-colombianas.
“Dos quadrados e triângulos vem as cidades, acesas por uma luminosidade ora velada, ora animada por laranjas e amarelos. Dos povos indígenas vem as setas, a compor ficções que aludem a civilizações de outrora. E dos mares vem as ondas, que se esvaem nas brumas dos movimentos fluidos. Tudo sob o trato sensível de mini pinceladas. Afinal sensibilidade é política de resistência, pois refaz em pequenas narrativas uma história fora do eixo”, escreve a curadora.
A Galeria Contempo foi criada em 2013 por Márcia e Monica Felmanas e para reúne o melhor da produção artística contemporânea brasileira, representando artistas emergentes, jovens e promissores talentos. Ao reunir distintas linguagens e estéticas, a galeria transita do universo da pintura, do desenho, da gravura, do tridimensional e da fotografia, aproximando-se, ainda de “lugares” não tão “visitados”, como a arte de rua.