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setembro 16, 2021
(de)morar na Referência, Brasília
Em seu primeiro trabalho como curador, Vinícius Brito faz uma incursão ao acervo da galeria e apresenta uma mostra que aborda a imprevisibilidade dos encontros e como os atravessamentos de mundos oferecem novas possibilidades de leituras das obras de arte
De 16 de setembro a 6 de novembro, a Referência Galeria de Arte apresenta a mostra (de)morar, uma coletiva de gravuras produzidas por 15 artistas brasileiros entre os anos 1980 e 2020. A exposição marca a estreia de Vinícius Brito na curadoria, que em seu primeiro trabalho realizou uma pesquisa no acervo da galeria para abordar a experimentação e a exploração das possibilidades que a gravura oferece para além da imagem. Com entrada gratuita e livre para todos os públicos, a visitação da mostra acontece de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado das 10h às 15h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte, Bloco B Sala 11 – Subsolo, Brasília- DF. Telefone: (55 61) 3963-3501 e Wpp (55 61) 98162-3111.
A mostra (de)morar traz gravuras de Alfredo Volpi, Arcangelo Ianelli, Arthur Piza, Carlos Vergara, Eduardo Sued, Elyeser Szturm, Helena Lopes, Leda Catunda, Lêda Watson, Luiz Dolino, Manabu Mabe, Roberto Burle Marx, Rubem Valentim, Siron Franco e Tomie Ohtake. “Durante a pesquisa de acervo da galeria para organização da exposição, antes mesmo de escolhê-las pelo nome do artista, eu me demorava nas obras, colocando-me sob-risco, sendo atravessado por essas linguagens (daí o nome da exposição). Fui sendo levado por essa narrativa, um fio condutor, não uma mensagem, posto que todos os artistas da mostra se afastam da figuração, apesar de muitos deles possuírem trabalho no que podemos denominar como representação”, diz o curador Vinícius Brito.
O recorte do acervo promove um processo dissonante que esfacela a figuração a partir das obras de artistas brasileiros. Composições artísticas que, apesar de muitas vezes produzidas em épocas e países diferentes, são permeadas de experimentações, sendo a abstração o elemento que talvez mais aponte para uma convergência em suas teorias e diretrizes, além do suporte gravura.
Para construir o corpo da mostra (de)morar, o curador retoma a trajetória da gravura contemporânea Brasileira a partir de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, inaugurado em 1950. Mesmo sendo uma instituição recém-inaugurada, foi palco da então mais recente produção artística ao realizar mostras de arte como a abstrato-geométrica. Desde então, a vertente abstrata, como a concreta e neoconcreta, são centrais nos estudos artísticos mundiais, sobretudo no cenário nacional, ocupando seu devido espaço também através de cursos, palestras, exposições, dentro e fora das universidades brasileiras.
Vinícius ressalta que as obras que compõem o acervo da galeria, incluindo as que estão na mostra, promovem um atravessamento cuja mediação é direta, entre a obra e o espectador, permitindo interpretações, sensações mesmo, que cabe apenas a quem se demorar perante ela. A experiência do contato com a obra no contexto de uma exposição, mediada por um processo de curadoria é diferente de ter contato com a obra em uma reserva técnica, por exemplo. “Uma exposição é sempre uma chance de entrar em contato com a obra, de ser reapresentado, promovendo um outro diálogo, exatamente pela inserção nesse novo contexto, nessa outra narrativa”, diz. E completa: “A proposta da mostra não é guiar o visitante por meio de um fio condutor das gravuras que compõem a exposição, mas pô-lo sob-risco. Tecer uma abertura sobre a democratização da arte contemporânea abstrata mediante o suporte gravura, que impõe uma mudança na linguagem, longe de serem projetadas como simples artigos comerciais”.
Visitas mediadas e encontros com o curador
Durante o período da mostra (de)morar, o curador Vinícius Brito realizará visitas mediadas e conversas sobre os temas que cercam a produção de gravuras no Brasil. Os encontros acontecem aos sábados das 11h às 13h. Em setembro, as visitas e conversas acontecem no dia 18. No mês de outubro, será nos dias 2, 16 e 30. E em novembro, acontece no dia 6, último dia da mostra. “A temática é livre e a proposta é que os visitantes se deparem com as obras e, a partir desse encontro, estabelecermos uma conversa sobre a gravura”, afirma o curador. A participação do público nas visitas mediadas e dos encontros com o curador devem ser agendadas pelo telefone (55 61) 3963-3501 ou pelo Wpp (55 61) 98162-3111. Devido à continuidade da pandemia, a lotação máxima da galeria é de 10 (dez) visitantes ao mesmo tempo.
Visibilidade para o Distrito Federal e o Centro-Oeste
Como parte da proposta de ampliar a visibilidade dos profissionais que fazem parte da cadeia produtiva das artes visuais no Distrito Federal e do Centro-Oeste, a Referência Galeria de Arte convidou o curador Vinícius Brito para pensar a mostra coletiva de gravuras que agora abre ao público. A galerista Onice Moraes, sócia da Referência, ressalta a importância de abrir cada vez mais espaço para os novos agentes do sistema da arte. “Esta é uma construção coletiva, em que cada um de nós desempenha um papel importante no desenvolvimento de profissionais e de toda uma cadeia produtiva especializada formada por artistas, iluminadores, montadores, produtores, pintores e também curadores”, ressalta Onice. “Estes últimos, são os responsáveis por apresentar e mediar o diálogo entre instituições e artistas com o público, orientar a formação de coleções privadas e públicas, lançando novas leituras sobre a produção de arte contemporânea. Sendo uma galeria comercial, um dos papéis que a Referência se atribui é de fomentar o trabalho desses profissionais e apresentá-los ao público”, completa.
Sobre o curador
Vinícius Brito (Brasília - 1995) é bacharel em Teoria, Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília - UnB. Produtor cultural e arte-educador, desde 20218, atua na Referência Galeria de Arte na produção de exposições, atendimento ao público e elaboração de projetos. Foi produtor executivo e assistente de coordenação educativa do evento BsB Plano das Artes (2018-2020). Trabalhou como produtor executivo e gestor administrativo do Mercado Mundi 2018, projeto realizado via Lei de Incentivo à Cultura – DF. Atuou como assistente de produção e supervisão de ações educativas do Programa Educativo CCBB DF, na mostra 100 Anos de Athos Bulcão (16/01 a 01/04 de 2018). Estagiou em gerenciamento de equipe, supervisão de ações educativas, desenvolvimento e aplicações de atividades pedagógicas, ambientação e direcionamento estético/visual do Programa Educativo CCBB DF (2016 – 2017) nas exposições Mondrian e o Movimento De Stijl, DIVERSOM, Zeitgeist, Horizontes da América Latina, Los Carpinteros, Cícero Dias: Um Percurso Poético, Erwin Wurm, Entre Nós - MASP, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica: DISRUPTIVA, Dragão Floresta Abundante e Museu Banco do Brasil.