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agosto 29, 2021
Mostra Acervo na Roberto Marinho, Rio de Janeiro
Casa Roberto Marinho apresenta nova mostra de acervo com pinturas de Di Cavalcanti, Guignard, Portinari, Pancetti e outros expoentes da arte brasileira
A Casa Roberto Marinho, que prepara para outubro uma grande exposição em torno da obra de Burle Marx, com clássicos e inéditos, abre nova mostra de acervo no dia 28 de agosto. Na apresentação, o visitante encontrará pinturas de vertentes e períodos variados de Alberto da Veiga Guignard, Antonio Bandeira, Candido Portinari, Carlos Scliar, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, José Pancetti, Lasar Segall e Manabu Mabe.
Entre as 22 obras selecionadas para ocupar o térreo do casarão até setembro estão alguns destaques da Coleção Roberto Marinho, como Espantalho (1940) e Santa Cecília (1954), de Portinari, e Flores com fundo azul (1950), de Guignard. Especializado em modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940, e abstração informal dos anos 1940 ao final do século XX, o conjunto reunido ao longo de seis décadas soma cerca de 1.400 peças.
De acordo com o diretor do instituto, o arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti, Pancetti, Guignard, Lasar Segall, Portinari e Di Cavalcanti firmaram, cada um a seu modo, uma linguagem moderna na pintura brasileira: “Os dois últimos alinhados a uma agenda fundada no uso de estruturas não acadêmicas, cores e temas ‘nacionais’; Segall incorporou a luz dos trópicos a uma base expressionista europeia oriental; já Pancetti e Guignard, com suas doces obsessões particulares de água e ar, permanecem atuais até hoje”, analisa o diretor.
Ainda segundo Cavalcanti, Carlos Scliar pertence a uma geração mais recente que a dos artistas já citados. Seu trabalho - em voga entre os anos 1960 e 1980, mas pouco visto atualmente - merece uma revisão com olhos generosos. As pinturas Vista do canal, Cabo Frio, RJ (1963) e Garrafa azul, pêra, etc. (1980) provocarão a curiosidade dos visitantes a respeito de sua extensa trajetória. “Nossa era convida a revisões de muitos julgamentos e há aqui uma oportunidade de redescoberta”, comenta Lauro. “Em tempos críticos, conta muito o estabelecimento de uma poética da arte que, ainda que individual, possa estimular o imaginário de mais pessoas”.
A antiga sala de jantar da família Marinho exibe pinturas de Antonio Bandeira, Iberê Camargo e Manabu Mabe, representantes do abstracionismo não geométrico.
Através de mostras de acervo periódicas, a Casa Roberto Marinho reafirma-se como um centro ativo de referência e pesquisa em modernismo brasileiro, permitindo ao público reconhecer a diversidade de repertórios de alguns dos nomes mais relevantes do movimento cultural que transformou a linguagem artística do país.