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agosto 11, 2021
Lia Menna Barreto no MARGS, Porto Alegre
A mostra traz a público a produção e trajetória de uma das mais notáveis artistas entre a chamada Geração 80 no Rio Grande do Sul, e desde os anos 1990 nome destacado e com ampla inserção no circuito de arte contemporânea brasileira e mesmo internacional.
A exposição apresenta dezenas de obras, que totalizam centenas de peças em exibição, traçando um panorama da trajetória de mais de 30 anos de uma produção pautada pela liberdade de trânsito e contaminações entre múltiplas linguagens e materiais, na intersecção entre arte, vida e cotidiano.
Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Fernanda Medeiros, curadora-assistente, esta é a maior mostra já realizada da artista e a primeira a reunir um conjunto de obras tão extenso e abrangente de sua carreira.
Lia Menna Barreto: A boneca sou eu — Trabalhos 1985-2021 traz a público objetos, esculturas, sedas, instalações, pinturas e desenhos realizados desde 1985, além de documentos e registros visuais que complementam e ampliam a experiência. Junto a obras do acervo do MARGS, a mostra conta com empréstimos da Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB), do Museu de Arte Contemporânea do RS (MAC-RS) e de coleções particulares.
Um dos destaques é um trabalho em site specific de grande escala e inédito (5 metros de altura por 11 de largura), composto por centenas de peças e objetos. Intitulado “Colar” e instalado na galeria central das Pinacotecas, foi realizado especialmente para a exposição.
Nas Salas Negras, é apresentado “Ratão” (1993), uma das obras mais emblemáticas do acervo do MARGS, junto a “Diário de uma boneca” (1998), conjunto de mais de 400 pequenas bonecas feitas em costura de trouxas de pano, restos de tecido e pedaços de outras bonecas. A primeira delas, a artista fez para a filha de então 3 anos; as demais foram surgindo uma a cada dia, sem que falhasse um dia sequer ao longo de mais de um ano, como um registro da condição da maternidade.
Já na Sala Aldo Locatelli, a série “Ordem noturna” (1996) ganha um resgate histórico com a exibição pela primeira vez de boa parte do conjunto das obras integrantes.
E no foyer à entrada do Museu, o público poderá conferir durante o período expositivo o processo de desenvolvimento do trabalho “Máquina de bordar” (1997), que consiste em um sistema de produção de bordado a partir do plantio e germinação de sementes de milho. Colocadas sobre tecido úmido, dentro de bandejas e sendo regadas, as sementes brotam com o passar dos dias, iniciando-se um bordado a partir das raízes. Semanas depois, com as plantas e raízes desenvolvidas, inicia-se o processo de secagem, e a parte bordada é retirada da bandeja e armazenada ao lado. E em seguida o processo recomeça, dando início a um novo bordado.
Como parte da exposição, o MARGS realizou um programa público com atividades envolvendo a mostra física e ações virtuais nos perfis do Museu nas redes sociais.
Lia Mascarenhas Menna Barreto (Rio de Janeiro, 1959)
É bacharel em Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1985). No mesmo ano, realizou no MARGS, em Porto Alegre, a sua primeira exposição individual. Em 1988, participou do 10º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Fundação Nacional de Arte – Funarte, no Rio de Janeiro, no qual foi contemplada com o Prêmio Aquisição. Entre 1993 e 1994, viveu em São Francisco, nos Estados Unidos, e estudou na Stanford University, com bolsa concedida pelo programa International Fellowship in the Visual Arts, da American Arts Alliance. Em 1997, expôs trabalhos na 6ª Bienal de Havana, na Bienal de Los Angeles e na 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, da qual volta a participar, em 2003, em sua 4ª edição. Atualmente, vive e trabalha em Eldorado do Sul – RS.