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agosto 6, 2021

Sergio Augusto Porto na Central, São Paulo

A Central Galeria tem o prazer de apresentar Sergio Augusto Porto: de dentro para fora, da experiência à imagem. Essa é a primeira individual de Porto em São Paulo, um dos pioneiros no Brasil dos desdobramentos da arte conceitual no campo ampliado da escultura, do site-specific e da land art. A exposição aborda questões fundamentais do pensamento e das experimentações do artista, calcados na radicalização do espaço da experiência, e reúne desde trabalhos seminais da década de 1970 até a produção mais recente, além de peças reeditadas especialmente para a ocasião. A curadoria, assinada por Diego Matos, demarca três instâncias que se coadunam conceitualmente: a explosão escalar das radicais produções da virada dos anos 1960 para os anos 1970; a problematização da escultura contemporânea e de seu diálogo com a arquitetura; e a subversão da noção de paisagem, aqui constantemente reinventada.

[scroll down for English version]

Sergio Augusto Porto é parte de uma geração de artistas conceituais que rompeu com os paradigmas do projeto modernista no Brasil. Ao lado de nomes como Alfredo Fontes, Cildo Meireles, Guilherme Vaz, Luiz Alphonsus, Thereza Simões e Umberto Costa Barros, Porto destaca-se no início dos anos 1970 ao se afastar de uma arte confinada pelo espaço do ateliê e pelos condicionamentos das categorias clássicas da arte para ir em direção a uma prática ambiental, experimental e participativa. Diego Matos analisa que “é na virada dos anos 1960 para os anos 1970, em pleno recrudescimento da ditadura civil-militar brasileira, que a arte experimental realiza um movimento conceitual e material de dentro para fora da prática artística que, em seguida, retorna ao espaço expositivo como registro ou ficção”. À medida que as proposições dessa geração ganham escala urbana, Porto passa a realizar intervenções efêmeras na paisagem que, por sua vez, desdobram-se em instalações, fotografias e objetos. São formuladas situações efêmeras de ação e convívio que podem eventualmente ser documentadas de modo poético em fotografia. “Revela-se aí, por exemplo, o desejo de pensar a escultura por meio do estudo fotográfico”, define Matos.

Após uma passagem intensa pelo circuito de exposições da época – tendo participado da Bienal de São Paulo (1973), do Panorama (1975) e da Bienal de Veneza (1976), entre outras –, Porto afasta-se parcialmente da cena no final da década de 1980, mas jamais para de produzir. A presente exposição, portanto, perpassa uma trajetória de mais de cinquenta anos para revelar um artista ainda em plena atividade, reintroduzindo sua obra para uma nova geração . A seleção de obras contempla pontes possíveis entre as intenções do passado e as urgências do presente de sua atuação artística.

“Sergio Augusto Porto desenvolve um pensamento sobre paisagem, calcado nas vivências em contextos urbanos em ampla mutação (Rio de Janeiro e Brasília) e na procura por locais limítrofes entre o natural e o construído”, discorre o curador. “Aqui, uma conexão com o que se propunha de mais radical na arte brasileira e estrangeira se faz presente. Em certo sentido, trata-se da problematização da paisagem como uma zona de contaminação da experiência do que se vê, do que é e foi vivido e de sua impermanência.”

Sergio Augusto Porto nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Estudou Arquitetura na Universidade de Brasília (1967-1970). Em 2012 mudou-se para Salto, interior de São Paulo, onde atualmente vive e trabalha. De sua profícua atividade na década de 1970, destacam-se as participações no 4º Salão de Verão, MAM Rio de Janeiro (1972), recebendo o prêmio de viagem à Europa; na 12ª Bienal de São Paulo (1973), que lhe rendeu o Grande Prêmio Latino-Americano da mostra; no 7º Panorama da Arte Atual Brasileira (1975), ocasião na qual recebeu o Prêmio-Estímulo/Objeto; e na 37ª Bienal de Veneza (1976), quando integrou a Representação Oficial do Brasil. Mais recentemente, seu trabalho também foi incluído em exposições como Mitologias por procuração, MAM-SP (São Paulo, 2013); Brasília - Síntese das Artes, CCBB (Brasília, 2010); Arte como Questão: Anos 70 , Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007); Situações: Arte Brasileira Anos 70, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2000).


Central Galeria is pleased to present Sergio Augusto Porto: de dentro para fora, da experiência à imagem (Sergio Augusto Porto: from the inside out, from experience to image). This is Porto’s first solo show in São Paulo, one of the pioneers in Brazil of the developments of conceptual art in sculpture’s expanded field, site-specific and land art. Curated by Diego Matos, the exhibition addresses issues that are pivotal to the artist’s thinking and to his experimentations, built upon the radicalization of spaces for experimentation. It gathers works that range from seminal pieces from the 1970s to his most recent production, alongside artworks that have been re-edited for the occasion. Three instances are linked by the curatorship to devise this exhibition: the scalar surge of radical productions from the turn of the 1960s/1970s; the problematization of contemporary sculpture and its dialogue to architecture; and the disruption of the notion of landscape, constantly reinvented here.

Sergio Augusto Porto belongs to a generation of artists who broke away from the paradigms of modernist conception in Brazil. Next to people like Alfredo Fontes, Cildo Meireles, Guilherme Vaz, Luiz Alphonsus, Thereza Simões and Umberto Costa Barros, Porto stood out in the early 1970s as he moved away from an art confined in studio settings and conditioned to art’s classical divisions to go towards an environmental, experimental and participative practice. Diego Matos argues that “at the turn of the 1960s/1970s, during a full recrudescence of the Brazilian civil-military dictatorship, experimental art made a conceptual and material move from the inside out of the art practice, which soon afterwards returns to the exhibition space as testimony or fiction.” As this generation’s propositions gained urban scale, Porto went on to carry out ephemeral interventions on landscape, which, for their part, have developed into installations, photographs and objects. “It’s thus revealed there, for instance, the yearning to think sculpture through photography studies,” defines Matos.

After an intense journey through the itinerary of exhibitions of the period – having participated in Bienal de São Paulo (1973), Panorama (1975) and the Venice Biennale (1976) –, Porto partially withdrew from the scene in the late 1980s, but he has never stopped working. The current exhibition thus goes over a 50+ year long journey to reveal an artist who is still fully active, reintroducing his work to a new generation. The selection of works comprises potential links between the intentions of the past and the emergency of the present of his art practice.

“Sergio Augusto Porto develops a reflection on landscape built upon experiences in widely changing urban contexts (Rio de Janeiro and Brasilia) and upon the search for borderline places between what’s natural and what’s engineered,” analyzes the curator. “A connection to what was devised as most radical in both Brazilian and foreign art makes itself present. In a sense, it’s about the problematization of landscape as a zone of contamination of the viewing experience, of what is and has been experienced and its impermanence.”

Sergio Augusto Porto was born in Rio de Janeiro, in 1946. He has studied Architecture in Universidade de Brasília (1967-1970). In 2012, he has moved to Salto, in the countryside of São Paulo state, where he currently lives and works. His prolific activity in the 1970s include participations in the 4th Salão de Verão, MAM Rio de Janeiro (1972), receiving the European Travel Award; in the 12th Bienal de São Paulo (1973), which granted him the show’s Grand Latin-American Prize; in the 7th Panorama da Arte Atual Brasileira (1975), in which he was awarded Incentive Award/Object; and in the 37th Venice Biennale (1976), where he was part of Brazil’s Official Representation. His work has recently been featured in exhibitions such as: Mitologias por procuração, MAM-SP (São Paulo, 2013); Brasília - Síntese das Artes, CCBB (Brasília, 2010); Arte como Questão: Anos 70 , Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007); Situações: Arte Brasileira Anos 70, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2000).

Posted by Patricia Canetti at 11:48 AM