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julho 11, 2021

12 artistas+edições na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

A partir do dia 8 de junho, a Galeria Mercedes Viegas apresenta, por meio de visitas agendadas, a exposição coletiva 12 artistas + edições. Combinando obras de artistas representados pela galeria e obras do acervo, a mostra inclui esculturas, gravuras a bico de pena, impressões, fotografias e lightboxes. Com foco em trabalhos de edição limitada, ou múltiplos, a exposição reúne diferentes gerações de artistas: aqueles que pertenceram a vanguarda dos anos 60, como Adalberto Mecarelli, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Cildo Meireles e Waltercio Caldas; os que iniciaram suas produções nos anos 80, como Ana Linnemann, Daniel Senise e Regina de Paula; os que se estabeleceram nos anos 90, como José Damasceno e Marcia Thompson; e Maria Baigur, a mais jovem artista da mostra, que começa a expor em 2015—quase todos com inserção no mercado internacional.

“Para uma Cenografia de Hamlet” (1985), do italiano Adalberto Mecarelli, é um conjunto de nove impressões em água-tinta sobre papel de algodão, baseadas na cenografia desenvolvida por Adalberto para uma montagem de “Hamlet”, em 1985, no Théâtre des Quartiers d’Ivry, em Paris, com direção de Catherine Dasté. A montagem excursionou por vários teatros franceses e europeus. Nascido em Terni, Itália, em 1946, Adalberto Mecarelli vive e trabalha em Paris há 50 anos e é representado pela Galeria Mercedes Viegas no Brasil. Escultor de matriz construtiva-abstrata que se notabilizou por seu trabalho de luz e sombra, e registros da luz solar, Mecarelli apresenta seu trabalho em diversos espaços públicos na França, Itália e Alemanha desde a década de 60. Em 2019, a Galeria Mercedes Viegas apresentou a primeira exposição individual do artista no Brasil, "Luz +”, com curadoria de Elisa Byington.

A artista Ana Linnemann participa da exposição com o trabalho “O mundo como uma laranja (Eu e você, você e eu)”, de 2012. Nascida no Rio de Janeiro em 1958, Ana Linnemann produz esculturas e instalações. Formada em Design pela PUC-RJ, recebeu o mestrado em Escultura pelo Pratt Institute, em Nova York, onde residiu até 2006. Suas obras já foram apresentadas em importantes instituições como o Centro Cultural Maria Antônia, o Oslo Kunstforening (Oslo), o Museu Imperial de Petrópolis, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Museo del Barrio (Nova York), o MALBA (Buenos Aires) e o Pivô (SP). Ana Linneman foi representada pela Galeria Mercedes Viegas, durante 10 anos aproximadamente, quando realizou duas exposições intitucionais no Paço Imperial: “O Beijo”, de 1998, coletiva com os artistas Daniel Feingold, Elisa Bracher e Jose Resende, com curadoria da galerista; e em 2021 a galeria coordenou e produziu a exposição individual da artista intitulada “Pedras Bordadas Espaços Vestidos”. Ana realizou também, a última individual “O mundo como uma laranja” na galeria em 2005.

Já “6+6+6”, de Anna Maria Maiolino, foi exibido pela primeira vez na Galeria Mercedes Viegas em 1999, com montagem feita pela própria artista—a mesma apresentada hoje na galeria. No texto que acompanha o trabalho, Maiolino nos conta que “estes desenhos são registros dos percursos do deslizar da gota de tinta sobre o papel enquanto o seguro entre minhas mãos, movimentando-o no ar. A gota responde as minhas pulsões espalhando-se ou precipitando- se atraída pela força da gravidade.” Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália, 1942) é uma gravadora, pintora, escultora, artista multimídia e desenhista italo-brasileira com importância histórica na arte conceitual e minimalista brasileira. Em 2002, realizou no The Drawing Center, Nova York, uma exposição retrospectiva que abarcou quase 35 anos de carreira, acompanhada da publicação de “A Life Line/Vida Afora”, da crítica Catherine de Zehgher. Anna Maria Maiolino começou a sua parceria com a Galeria Mercedes Viegas em 1996, quando esta ainda se chamava Escritório de Arte Mercedes Viegas. Além da participação em diversas exposições coletivas e do lançamento do álbum de serigrafias “6+6+6”, realiza, em 2004, a exposição de desenhos à nanquim da série “Vestígios". Em 2005, decide mudar-se para São Paulo, deixando a galeria, mas mantendo a amizade.

O trabalho sem título de Antonio Dias, datado de 1968, é o mais antigo da exposição. Um dos primeiros múltiplos realizados pelo artista, ele se distingue dos outros nove trabalhos da série por uma incisão única. Antonio Dias (Campina Grande, PA, 1944 - Rio de Janeiro, 2018) foi autor de uma obra ampla e radicalmente diversa que navegou por tendências do Neo-Figurativismo e da Pop Art Brasileira, enquanto também dialogava com a herança do Neo-Concretismo brasileiro do início dos anos 60. Hoje, Antonio Dias é reconhecido como um dos maiores expoentes da arte contemporânea brasileira. Tendo participado de quatro edições da Bienal de São Paulo, sua obra ainda esteve presente na 39ª Bienal de Veneza e na 8ª Bienal de Paris, quando ganhou o prêmio de pintura. Seus trabalhos atualmente integram as coleções do Museum of Modern Art – MoMA (EUA) e da Daros Foundation (Alemanha), entre outras.

Datando de 2003, a gravura “Metros” é um múltiplo do artista Cildo Meireles que trabalha uma figura recorrente na obra do artista, a régua, ou o metro. Nascido no Rio de Janeiro em 1948, Meireles é um herdeiro do movimento Neo-Concretista que redefiniu a dimensão política da arte conceitual brasileira através de trabalhos que explicitavam não só as relações entre o público e o espaço de exibição, mas também entre público, o mercado e o aparato ideológico. Em 1999, Meireles teve uma retrospectiva de seu trabalho exibida no The New Museum of Moderna Art de Nova York. A exposição então viajou para o Brasil e passou pelo Museu de Arte Moderna do Rio e o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 2008, Meireles se tornou o segundo brasileiro a receber uma retrospectiva no Tate Modern de Londres.

Para o backlight em exposição de Daniel Senise, o artista manipulou uma fotografia tirada nos anos 50 por seu pai, então piloto profissional, de nuvens avistadas durante um de seus vôos. Décadas depois do registro, durante um vôo feito pelo artista, Daniel fotografou o negativo da foto das nuvens, agora re-inserindo-o em um novo contexto de nuvens. Daniel Senise (Rio de Janeiro, 1955) participou de diversas bienais, incluindo as edições de 1985, 1989, 1998 e 2010 da Bienal de São Paulo, a Bienal de Havana em 1986 e a Bienal de Veneza em 1990.

Os dois backlights de Eduardo Coimbra que participam da exposição pertencem a série “Asteróides”, de 1999, onde ilhas levitantes são construídas a partir de recortes de fotografias de montanhas cariocas. Eduardo Coimbra nasceu em 1955, no Rio de Janeiro. Participou da 29ª Bienal de São Paulo, Brasil (2010) e da 3ª Bienal do Mercosul, Brasil (2001), assim como de exposições coletivas no MAM Rio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) (2018), na Caixa Cultural (2017), em São Paulo e no Museum Beelden aan zee (2016), em Haia, Países Baixos. Suas obras fazem parte de importantes coleções institucionais, como: Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil. Eduardo Coimbra foi representado pela Galeria Mercedes Viegas entre 2003 e 2005, onde realizou a exposição individual “Superfícies Líquidas”, em 2004, e uma exposição com a artista Amália Giacomini intitulada “Sobre espaços”, em 2006.

José Damasceno, artista nascido no Rio de Janeiro em 1968, participou de cinco bienais de arte, incluindo a Bienal de Veneza (2007), a Bienal de Sydney (2006) e a 25ª Bienal de São Paulo (2002). Realizou mostras individuais em importantes centros culturais como o Palais de Tokyo, Paris (2003), o Museum of Contemporary Art, Chicago (2004) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2019). Suas obras integram acervos importantes como os do Tate Modern, Londres e do Museum of Modern Art, Nova York. 12 artistas + edições exibe o seu objeto “Carimbo”, de 2013.

Marcia Thompson participa da mostra com três pequenas esculturas realizadas durante a pandemia, em 2020. Nascida no Rio de Janeiro no fim da década de 60, Marcia desenvolve seu trabalho entre o minimalismo e a pintura expandida, manipulando as formas da tinta até chegar a obras tridimensionais. O currículo de Marcia conta com exposições individuais na Dinamarca e na Suécia, e com participações em coletivas na Alemanha e na Inglaterra. Marcia é representada pela Galeria Mercedes Viegas ha 10 anos, onde realizou 3 exposições individuais: “O particular coletivo”, em 2005; “Marcia Thompson”, em 2011 e “Chromes”, em 2014, além de ter participado de diversas coletivas. Marcia tem trabalhos nas coleções Museo Reina Sofia Museum (Espanha), Patrícia Phelps de Cisneros (Venezuela), Brazilian Embassy (Inglaterra) e Gilberto Chateaubriand - MAM (RJ, Brasil), entre outras. Em 2018, Marcia foi indicada ao Prêmio PIPA.

Maria Baigur nasceu em Salvador, em 1981. Artista visual representada pela galeria, cursou a PUC RJ e EAV do Parque Laje e apresenta nesta mostra a sua primeira gravura realizada desde o início da pandemia, “Dragõ es (da série “Bichos”), de 2020. Com a instalação “à toa”, de 2016, foi vencedora do II Prêmio Reynaldo Roels Jr. realizado pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e pela EAV. Em 2019, foi selecionada para o 10o prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, realizado no estado do Pará com a série “Angelus”, esta exibida pela primeira vez na mostra individual homônima realizada na Galeria Mercedes Viegas em 2018.

“Cubo de areia” (2016), da artista Regina de Paula, é uma gravura de relevo seco produzida em edição de duas unidades. Regina de Paula (Curitiba, 1957) é artista e professora. Mestre em Artes pela Columbia University (NY/USA), doutora em Artes Visuais pela EBA/UFRJ e professora adjunta do Instituto de Artes /UERJ, Regina recebeu os prêmios Brasília de Artes Visuais, VI Salão da Bahia e Programa de Bolsas RioArte, dentre outros. Em 2005, foi artista residente do Centro d’art Passerelle, em Brest, França. Em 2011, foi indicada ao Prêmio PIPA. A artista é representada pela Galeria Mercedes Viegas, onde realizou duas individuais: “Tratado elementar de arquitetura”, em 2012; “E fiquei de pé sobre a areia” , em 2014. Em 2015 participou da Trio Bienal (RJ) e da Bienal do Mercosul (Porto Alegre), em 2016 realizou uma grande exposição no Paço Imperial do Rio de Janeiro onde lançou o livro Regina de Paula: diante dos olhos os gestos, organizado pela artista e pelo historiador da arte e curador Marcelo Campos. Seus trabalhos integram várias coleções públicas como MAR (Museu de Arte do RJ), Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador e Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; e algumas coleções privadas como Coleção Joaquim Paiva; e Coleção Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, ambas no Rio de Janeiro. Regina trafega por diversas mídias: fotografia, vídeo, instalação, desenho e pintura.

12 artistas + edições também apresenta uma pequena escultura de Waltercio Caldas intitulada de “Quebra”, de 2013. Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, 6 de novembro de 1946) é escultor, desenhista, artista gráfico e cenógrafo. Um grande renovador das diretrizes Neo-Concretistas, Waltercio recebe, em 1993, o Prêmio Mário Pedrosa, da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Em 2007, representa o Brasil na 47a Bienal de Veneza e participa da 1a Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre. Em 2007, participa da 52a Bienal de Veneza, expondo no Pavilhão Itália, a convite do curador geral da bienal, Robert Storr.

Posted by Patricia Canetti at 12:31 PM