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julho 11, 2021
Rumos Itaú Cultural:Brígida Baltar lança site com criações catalogadas
Site reúne filmes digitalizados e obras catalogadas da artista visual Brígida Baltar
Selecionado pelo Rumos Itaú Cultural, o projeto Brígida, realizado pela artista em parceria com o produtor Jocelino Pessoa, organizou o conjunto de sua obra fílmica, guardado em sua mapoteca, contendo também imagens inéditas. A pesquisa resultou, ainda, em um livro inédito – sem previsão de lançamento – com bastidores e detalhes dos filmes da artista
Após três anos de pesquisa em torno da sua obra, a artista visual Brígida Baltar, junto ao produtor Jocelino Pessoa, lança no dia 1 de julho site com todas as suas criações catalogadas. Todo o processo foi realizado dentro do projeto Brígida, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, que também possibilitou a digitalização de mais de 30 filmes dela, sendo 12 inéditos, criados a partir de imagens encontradas em sua mapoteca. Diante da riqueza que emergiu deste levantamento, posteriormente também será lançado um livro com bastidores e detalhes das obras audiovisuais de Brígida.
A iniciativa de fazer esse arquivamento na web tornou-se ainda mais importante depois do incêndio que, em abril, atingiu o galpão que mantinha obras de diversas galerias de São Paulo, ocasionando a perda de parte da obra da artista, que agora poderá ser vista exclusivamente no site. Para marcar o lançamento, às 19h do mesmo dia, Brígida e Pessoa realizam live no endereço que entrará no ar: https://brigidabaltar.com/. Participam do bate-papo os curadores consultores Giorgio Ronna, Luísa Duarte e Marcio Doctors, a editora Fernanda Bastos e o designer Lucas Bevilacqua, que colaboraram para o projeto.
O desejo de Brígida de organizar fitas e filmes com registros de seu trabalho é antigo. Foi o que impulsionou a realização do projeto, iniciada com o levantamento das mídias: 70 fitas MiniDV, 22 VHS-C, oito fitas VHS, três beta digitais, uma Beta-SP pequena, uma fita beta digital grande e oito rolos de 16 mm. Depois da avaliação e da limpeza mecânica do material, feita por dois estúdios de cinema do Rio de Janeiro, houve a digitalização de todo o conteúdo. Dezenas de horas de gravações vieram à tona para tomarem a forma de filmes, pelas mãos da artista.
Entre os títulos guardados em sua mapoteca estavam alguns conhecidos, como Maria Farinha Ghost Crab e Coletas e outros que foram exibidos apenas como fotografias ou projetados em slides, como Torre, Abrigo, Abrindo a janela e Os 16 tijolos que moldei. Ainda, diante do material digitalizado, foi possível realizar filmes com imagens inéditas do arquivo para marcar esta organização. Assim, surgiram A geometria das rosas, A pergunta de Simone, Casa cosmos, Despercebida, Enterrar é plantar, Lentos frames de maio, O azul profundo e a música que o Matias fez com a Camille, O corvejo, O refúgio de Giorgio, Os mergulhos de, Sem escuridão e Um sopro.
“Brígida é muito atenta ao tempo e à poética própria da tecnologia de captura dos seus filmes”, comenta Pessoa. “Por isso, nesse processo, as películas foram mantidas para garantir a sua exibição projetada. Assim, ela também propõem um debate em torno do digital x analógico.”
Para evidenciar todo o percurso, ela optou pela fidelidade às versões originais, evitando como efeito colateral um indesejado revisionismo. Os que foram apenas recapturados ou sofreram pequenos ajustes de cor e som não tiveram sua ficha técnica modificada. Nesses casos, foi mantida a data original e foram registradas no histórico da obra as pequenas intervenções.
Em raras vezes, Brígida recorre a algum efeito de pós-produção, embora o momento de organizar tenha sido conveniente também para a remasterização – usando recursos inexistentes à época dos filmes –, e para concluir trabalhos inacabados. Neles, foram efetuadas as revisões das datas e dos créditos. “Para mim, sempre serão filmes, independentemente dos modos de capturas e do tempo de duração”, afirma Brígida.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Na edição de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.