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julho 9, 2021
Confinamentos no Videobrasil Online
Videobrasil Online prorroga exposição ‘Confinamentos’ até o dia 11 de julho com curadoria assinada pela escritora Juliana Borges
Uma questão cronicamente desafiadora - e que ganha contornos inesperados em tempos de pandemia - fundamenta a seleção criada pela escritora Juliana Borges para a Videobrasil Online. Em ‘Confinamentos’, que foi prorrogada e fica disponível para o público até 11 de julho, mostra lança um olhar abrangente para três décadas de acervo histórico da plataforma, selecionando obras que põem em pauta as diversas formas de cerceamento físico e psicológico a que estamos submetidos, indo do encarceramento em massa aos interditos do racismo, da ideia de manicômio às prisões políticas, da criminalização da homossexualidade à perversidade do monitoramento digital.
Composta por obras de personalidades como Coco Fusco, Frente 3 de fevereiro, Kiko Goiffman, Megan-Leigh Heilig, Lucila Meirelles, Juvenal Pereira e Alyona Larinokova, programação inclui documentários, intervenções performáticas, vídeo-montagem fotográfica e uma série de narrativas visuais que somam uma ampla gama de indagações ao tema da política criminal, campo de especialização da curadora e foco de seus livros ‘Encarceramento em Massa (2019) e ‘Prisões: Espelhos de Nós’ (2020). “Como pensar nas condutas criminalizadas e nos corpos marcados por essa criminalização? O que configura um sujeito suspeito e o outro cidadão de bem? Quais são as variáveis possíveis de confinamento? Não apresentamos respostas, mas antes um ponto de reflexão e inflexão para superarmos as fronteiras e os muros das verdades relativas, construídas por interesses alheios aos direitos inalienáveis que nos são usurpados cotidianamente. Esse é um convite para nos olharmos no espelho, romper silêncios e preconceitos, superar confortos e ser ponto fora do lugar”, ela ressalta na apresentação.
O resultado, para Solange Farkas, diretora do Videobrasil, desenha um exemplo acabado de como uma questão contemporânea pode ser iluminada por um acervo histórico e vice-versa. “É importante destacar que se nos vemos hoje em um ambiente pouco propício à expansão das parcerias e dos projetos culturais marcados pela defesa da diversidade, da liberdade, do pensamento comunitário e da ampliação das consciências, por outro nunca tivemos tanta certeza da importância de manter vivo – e ativo – um dos acervos mais significativos da produção em vídeo do Sul geopolítico do mundo. Que é, ainda, uma fonte inestimável de pesquisa sobre uma produção artística que tem como marca fundadora e traço recorrente justamente um uso político, combativo e libertário do vídeo”.
Os potentes trabalhos de Caco Souza, Erin Coates, Fernanda Gomes, Luciana Barros, Marcello Mercado, Maria de Oliveira, Marta Nehring e Nilson Araújo também estão na exposição.
Mini biografia dos artistas
Alyona Larionova (Moscou, Rússia, 1988)
Artista formada e baseada em Londres, cria vídeos, instalações, esculturas e peças sonoras que questionam o papel das narrativas nas relações humanas e as estratégias que usamos para nos proteger do imprevisto. Participou da Bienal Videobrasil (2017), da Moscow International Biennale for Young Art (2010) e do 35º Kasseler Dokfest, Kassel (2018).
Caco Souza (São Paulo, Brasil, 1961)
Cineasta e documentarista, dirigiu longas como Quatrocentos contra um: história do comando vermelho (2010), e o recente Alípio (2021), sobre o padre português Alípio de Freitas, que lutou por justiça social no Brasil da ditadura, premiado pelo 13ª Los Angeles Brazilian Film Festival. Foi codiretor de Eliane (2002), Amor é Um Lugar Vazio (2001) e Tereza (1992).
Coco Fusco (Nova York, EUA, 1960)
Escritora e artista multidisciplinar baseada em Nova York, é mestre em pensamento moderno e literatura e doutora em artes e cultura visual. Combinando performance e meios digitais, seus trabalhos tratam do estranhamento entre culturas, de racismo e da violência política. Participou das bienais de Veneza, do Whitney Museum (NY) e de Xangai, entre outras mostras.
Erin Coates (Albany, Austrália, 1977)
Artista visual, sua pesquisa explora as relações entre corpo e espaço. Trabalha com vídeo, escultura, desenho e instalação, explorando mesclas de linguagens. Suas obras foram vistas em exposições individuais no Perth Institute of Contemporary Arts, na Austrália (2014), seu país de origem, e no Museu de Arte Contemporânea de Hiroshima, Japão (2018), entre outros espaços.
Fernanda Gomes (Belo Horizonte, Brasil, 1975)
Artista, pesquisadora e professora, mostrou instalações, performances e vídeos em eventos e espaços como MECAD/Barcelona (2002), European Media Art Festival (2003), Videobrasil e Parque Laje, Rio de Janeiro (2010). Integra o grupo de pesquisa Arte, Arquitetura e Sociedade Digital, ligado à Universidade de Barcelona, e dirige a Fabric, com projetos de criação em mídias contemporâneas.
Frente 3 de fevereiro
Grupo transdisciplinar de pesquisa e ação direta criado em 2004 em São Paulo, tem como alvo o racismo estrutural brasileiro. Alinhado a uma vertente histórica de interação entre espaço urbano e resistência negra, participou de exposições no IMS/SP (2020), Galpão Videobrasil (2017) e Museo Universitario Arte Contemporáneo, Cidade do México (2014), entre outras.
Geraldo Anhaia Mello (São Paulo, Brasil, 1955-2010)
Jornalista, artista, agitador cultural e performer, formou-se na School of Visual Arts, em Nova York. Trabalhando com vídeo a partir do início dos anos 1980, criou obras que questionavam os limites entre arte e reportagem, vistas em festivais e mostras no Brasil e no exterior. Suas experiências com vídeo-reportagem ajudaram a renovar a linguagem do telejornalismo comercial brasileiro.
Juvenal Pereira (Romaria-MG, Brasil, 1946)
Fotojornalista com passagem pelos principais veículos de comunicação do país, sua produção cobre uma ampla gama de temas e personagens. Expôs em instituições brasileiras e em Moscou, Washington e São Francisco. Sua obra integra coleções como MASP-Pirelli. Pioneiro no ensino da fotografia contemporânea, fundou o núcleo que organiza o Mês Internacional da Fotografia em São Paulo.
Kiko Goifman (Belo Horizonte, Brasil, 1968)
Artista, cineasta e diretor de TV, dirigiu os longas 33 (2004), Atos dos homens (2006), Filmefobia (2008), Olhe Pra Mim de Novo (2011), Periscópio (2013) e Bixa Travesty (2018), exibidos e premiados em festivais como Nantes, Locarno, Rio e Berlim. Participou com instalações, performances e web arte das bienais de São Paulo e do Mercosul, entre outras mostras.
Luciana Barros (Bambuí-MG, Brasil, 1977)
Realizadora independente, trabalha com documentário e experimentais. Derivado de minha beleza, parceria com Fernanda Gomes, recebeu o prêmio da crítica no Festival de Internacional de Curtas do Rio de Janeiro e participou do 1º Festival Internacional de Belém.
Lucila Meireles (São Paulo, Brasil, 1953)
Artista, performer e curadora, tem uma produção pioneira de videoarte. Dedicou sua pesquisa de mestrado ao trabalho de José Roberto Aguilar e à arte conceitual dos anos 1970. Recentemente, dirigiu Rito de Amor Selvagem (2019), documentário experimental sobre o espetáculo homônimo de José Agrippino de Paula e Maria Esther Stockler, marco da contracultura no fim dos anos 1960.
Marcello Mercado (Córdoba, Argentina, 1963)
A relação entre biologia, tecnologia e arte está na base da extensa obra interdisciplinar do artista, que transita entre pintura, videoarte, objeto, instalação, robótica e arte sonora. Participou de festivais internacionais como Videobrasil, Videoformes e Melbourne International Film & Video Festival, e expôs na Bienal de Veneza e no Museo Nacional y Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.
Maria de Oliveira (São Paulo, Brasil)
Maria de Oliveira Soares was born in São Paulo and has worked as an advertising producer. She is the co-director and one of the characters of 15 filhos. She currently resides in New York.
Marta Nehring (São Paulo, Brasil, 1964)
Roteirista e diretora de documentários, é mestre em teoria literária e doutora em cinema pela USP. Roteirizou e dirigiu a série documental A Batalha do Cerrado (TV Brasil, inédita), foi premiada pelo roteiro do documentário Eu eu eu José Lewgoy (2011), e integrou a equipe de texto da novela Tititi.
Megan-Leigh Heilig (Nelspruit, África do Sul, 1993)
Artista visual sul-africana, utiliza múltiplas linguagens para abordar questões sociopolíticas a partir de sonhos, lembranças e histórias pessoais. Participou da Bienal de Kampala (2016) e de festivais de cinema e vídeo em países como Camarões, Espanha, Inglaterra e Japão.
Nilson Araújo (Brasília, Brasil)
Documentarista, interessa-se sobretudo pelas dinâmicas sociais brasileiras. Em 1988, ano do centenário da abolição da escravatura, dirigiu Raça Negra, sobre a condição do negro no Brasil contemporâneo, documentário que ainda hoje é referência nos debates sobre o assunto. Também é autor de Como era velha a Nova República, de 1987, e Brasileiros em Nova York, de 1998.
Sinopses das obras
15 filhos
Maria Oliveira, Marta Nehring, 1996
Vídeo, 18’42”
Filhos e filhas de mortos ou desaparecidos na ditadura militar brasileira relatam lembranças e sentimentos de revolta e indignação. Mostra o impacto do cárcere na vida de sujeitos/as políticos: mais do que dos corpos torturados fisicamente, estamos diante de psicologias e subjetividades violentadas. Os quinze relatos oferecem um espectro de enfoques dos quais podemos extrair reflexões profundas sobre essa tecnologia de repressão em franca expansão. Fazem pensar se haveria, por exemplo, diferença entre presos políticos e comuns: quais são as violações de direitos e atravessamentos psíquicos nas crianças nascidas nos presídios brasileiros e separadas das mães? O vídeo recebeu menção honrosa na 11ª edição do Videobrasil.
Bare Life Study #1
Coco Fusco, 2005
Performance, 14’09”
Inspirada pelas torturas impostas pelo exército norte-americano na Base Naval de Guantánamo, Cuba, a performance mostra como as prisões são espaços de disciplinamento dos corpos encarcerados, expondo uma rotina militarizada, abusiva e humilhante, de controle absoluto de movimentos e pensamentos. Reflete sobre a necessidade de confrontar uma dinâmica autoritária e hierárquica, que violenta pessoas e comunidades ao dizimar pertencimentos e identidades. Uma das performances comissionadas pelo 15º Videobrasil, foi realizada em frente ao consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Derivado da minha beleza
Fernanda Gomes, Luliana Barros, 2004
Vídeo, 7’18”
Famoso nos anos 1970, o travesti Cintura Fina faz parte da história de Belo Horizonte. Ao mergulhar em seu universo, o vídeo apresenta as derivações de uma vida de precariedades, e o cárcere como espaço de aprofundamento de violações de direitos. O trajeto do personagem é um exemplo do processo de construção das “classes perigosas”, cujo combate é uma política constante no Brasil.
Nove
Fábio Almeida, Juvenal Pereira, 1994
Vídeo, 6’15”
Emblemático, lida com um dos episódios mais criminosos de violação de direitos humanos da história do país: o massacre policial que matou 111 detentos do Pavilhão 9, no presídio do Carandiru, São Paulo, em outubro de 1992. Suscita reflexões sobre o ambiente de pânico, sufoco, angústia e dor das prisões, a luta dos familiares de pessoas em situação prisional, as chacinas e as políticas de morte.
Pivete
Lucila Meirelles, Geraldo Anhaia Melo, 1987
Vídeo, 5’40”
Gravado na extinta Febem do Tatuapé, então maior complexo de detenção de menores de idade em São Paulo, mostra os meninos se expressando livremente. A linguagem poética, que valoriza gestos e olhares, tenta romper com a perspectiva institucional sobre o jovem infrator, e lança outro olhar sobre a nocividade do cárcere. Visto hoje, o vídeo lembra que, mais que buscar novas nominações para adolescentes em conflito com a lei e os cárceres destinados a eles – “reeducandos”, “sistema socioeducativo”, “retenção” –, cabe refletir sobre o engano dos modelos que preterem a mediação de conflitos com reconhecimento, responsabilização, reparação e, mais importante, garantia de direitos. Obra premiada na 5ª edição do Videobrasil.
Politik
Marcello Mercado, 2001
Performance, 14’08”
É possível falar em politização do cárcere? A política criminal punitiva e repressora é produto político, social e econômico de Estados violentos e sociedades altamente hierarquizadas. Cárcere é, também, uma tecnologia autoritária que tem a tortura no cerne. O artista argentino coloca o corpo no centro de uma discussão sobre manipulação, vigilância e violência, aludindo à tortura da ditadura argentina e suscitando reflexões sobre a imposição do medo e a relação entre confinamento físico e simbólico. Obra apresentada na 13ª edição do Videobrasil.
Raça negra
Nilson Araújo, 1988
Vídeo, 22’25”
Políticos, estudiosos e pessoas comuns falam de escravidão, discriminação e racismo em documentário que investiga a condição do negro no Brasil no centenário da abolição da escravatura. Mostra como, em um país constituído pela escravização e pela racialização hierárquica de povos inteiros, não há como pensar prisões e encarceramento sem debater o racismo estrutural. Ligado ao processo de marginalização do negro na sociedade brasileira e às tecnologias e políticas de controle da população negra e periférica, o sistema de justiça criminal opera como um dos mecanismo mais importantes para a manutenção das desigualdades baseadas em hierarquias raciais no país.
Senhora liberdade
Caco Souza, 2004
Vídeo, 18’6”
Em um longo depoimento no presídio de Ilha Grande, William da Silva Lima fala do Comando Vermelho, potência do crime organizado carioca que ajudou a fundar. O filme oferece a ótica da pessoa em situação prisional sobre questões como as dinâmicas internas da prisão, a garantia da segurança interna nesse ambiente e o surgimento de facções. Uma discussão sobre um sistema retroalimentado, no qual o Estado garante o “público” que servirá de bases a novas facções.
Stultifera Navis
Clodoaldo Lino, Eduardo Medrado, 1987
Vídeo, 38’20”
O que é o louco? Por que ele é posto à margem? Como se percebe e como é percebido? Com o nome de um capítulo de História da loucura, de Michel Foucault, o documentário reflete sobre a colônia psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, ouvindo internos, filósofos, psiquiatras e psicanalistas. Em pleno fortalecimento da luta anti-manicomial, no ano da criação do Movimento Nacional por uma Sociedade sem Manicômios, discute as vozes autorizadas a determinar o normal, o controle pela medicalização, o disciplinamento pela norma e a padronização das formas de viver. Obra premiada na 5ª edição do Videobrasil.
Tereza
Caco Souza; Kiko Goifman, 1992
Vídeo, 16’
Os múltiplos sentidos do nome Tereza estão entre as revelações que os presidiários fazem no documentário, entremeadas com textos de Jean Genet, Percival de Souza e outros. A partir de cenas gravadas em duas prisões paulistas, revela múltiplas faces do cárcere, discutindo aspectos como disputas internas, a invenção como sobrevivência, leis e linguagem próprias e populações LGBTQ. Obra premiada na 10ª edição do Videobrasil.
Across Lips
Alyona Larinokova, 2016
Vídeo, 11’9”
Como levar a discussão sobre confinamento além do campo prisional? Como se aprimoram as tecnologias da punição? Como pensar as prisões na era digital, com sistemas cada vez mais sofisticados de monitoramento, vigilância e coleta de informação, inclusive biológica? E como pensar o acesso aos nossos dados como um direito humano? O vídeo propõe a improvisação característica do jazz como metáfora da presença hegemônica dos sistemas de guarda, organização e troca de informação na vida social e subjetiva. Mostra como estamos presos pela dinâmica da era digital – encarcerados, pela algoritmização da vida, em bolhas cada vez mais emaranhadas.
Driving to the Ends of the Earth
Erin Coates, 2016
Vídeo, 11’22’’
A artista e seu cão fazem uma longa viagem de carro. Ambos parecem ignorar a sucessão de cenários catastróficos que veem pelos vidros. Nessa viagem fictícia e cômica rumo a um fim de mundo imprevisível, o que importa é seguir, mesmo que isso implique ignorar muita coisa. O vídeo nos provoca a pensar sobre como moldamos nossa experiência, como nos submetemos a confinamentos, por quais lentes vemos o mundo. Estaria a dinâmica do “seguir em frente” das sociedades ocidentais e ocidentalizadas nos limitando a nos relacionar segundo lógicas hegemonizadas, como a cultura masculinizante do automóvel, que deteriora o direito à cidade?
Racismo policial
Frente 3 de fevereiro, 2004
Vídeo, 14’51”
Na zona sul de São Paulo, perto do batalhão de polícia mais violento da cidade, os coletivos Frente 3 de Fevereiro e A Revolução Não Será Televisionada distribuem cartazes com a pergunta: “Racismo policial – Quem policia a polícia?”. Parado em frente a uma delegacia, o artista Daniel Lima desafia o conceito de “atitude suspeita”, segunda maior causa de morte de civis por policiais militares. A ação ostensiva da Polícia Militar nas periferias brasileiras, diretamente relacionada ao encarceramento, serve-se de parâmetros e conceitos obscuros: o que determina quem deve ser abordado? O que é perfil ou conduta suspeita? Alimenta, assim, estereótipos que ajudam a criminalizar grupos sociorraciais, tornando-os inimigos penais a ser combatidos em guerras internas – que estabelecem a violência como gramática do cotidiano em territórios majoritariamente negros e indígenas.
The politics of choice and the possibility of leaving
Megan-Leigh Heilig, 2018
Vídeo, 15’
A artista documenta os dias que precederam sua viagem da África do Sul à Bélgica, onde iria viver. Sua namorada, por sua vez, depois de anos vivendo na África do Sul, teria de voltar a seu país natal, a Namíbia, onde a homossexualidade é criminalizada. Tratando dos confinamentos e fronteiras estabelecidas a partir da sexualidade, em uma situação de norma hetero-cis-gênera imposta como padrão, a obra faz pensar na realidade sufocante de milhões de pessoas impedidas de viver a plenitude da existência. Como discutir esse confinamento a padrões e a possibilidade de construir vidas em liberdade? A abolição de modelos impositivos e punitivos recai sobre os que são diretamente impactados por políticas limitadoras, mas, sem dúvida, libertaria a todos nós também.