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junho 16, 2021
Thiago Rocha Pitta na Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de anunciar Nigredo, primeira exposição individual de Thiago Rocha Pitta na galeria. A mostra, que conta com texto curatorial de Pedro Cesarino, reúne a produção multimídia e mais recente do artista.
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Thiago explora através de vídeos, esculturas e pinturas a relação do homem com a natureza e o tempo. Sempre de maneira meditativa, o artista parece querer capturar fenômenos naturais por meio de técnicas e gestos simples e, ao mesmo tempo históricos, a exemplo de seus afrescos e aquarelas. Desde o início de sua carreira, Thiago explora as questões relativas ao surgimento do homem. Em suas obras iniciais, apresentava e trabalhava as células de cianobactéria, já havia uma busca pela origem da vida, um questionamento sobre processos, mas que, com o passar do tempo, se tornaram atualmente intenso e caótico. Thiago parece se encontrar neste momento, explora o caos após o surgimento da vida.
Nesta individual na Casa Triângulo, Thiago questiona todo o processo até aqui. As obras expostas incitam uma ação, o artista fornece os materiais primários para que o espectador tome a frente. Fósforo, madeira, portais e eclipses parecem direcionar este que observa a tomar uma decisão e, consequentemente, agir sobre o que lhe é proposto. Uma mudança parece estar iminente. Outras obras, ao mesmo tempo, evidenciam algo que já acontece, sem que precisemos fazer qualquer escolha, aqui somos apenas observadores. Em Nigredo temos o sentimento de que algo pode acontecer e, ao mesmo tempo, já está acontecendo e é justamente isso que sentimos ao adentrar o universo do artista nesta mostra.
Em obras como Phosphorum Amplificatio e Portal Noturno, o artista parece fornecer os materiais que irão transformar o momento atual, transcender o tempo e lugar em que vivemos. O instante póstumo à ação é visível em outros trabalhos como Grande monumento alquímico e Incêndio no museu, onde uma ação se desenrola livremente e, curiosamente, alimenta-se dos materiais fornecidos pelo artista em outras produções. Já Retorno do Bendegó e Suplício de Cabral nos permitem presenciar o começo de um fim. A mudança do que foi e a promessa do que virá a ser.
Os eclipses retratados pelo artista podem representar, também, um ponto de mutação. Como no caso da obra Eclipse da Lua; 27 de julho de 2018 que pode ser percebido como um prenúncio do incêndio que atingiu o Museu Nacional em setembro do mesmo ano. Outro trabalho, Eclipse do Sol de 2 de julho de 2019 também parece anunciar o período desafiador que viria à frente no mesmo ano. Tais coincidências permeiam o trabalho do artista que irá inaugurar a exposição no dia 19 de junho e, dois dias depois, no dia 21, completa 20 anos de carreira e, não obstante, a data marca também o início do solstício de inverno.
A promessa do novo e a premissa de um futuro se encontram nos registros do artista e em toda a sua produção que aparenta aprisionar um momentum. O tempo, como tido pela fenomenologia, é singular e pessoal, mas aqui em Nigredo, há uma socialização deste. Nascemos e estamos, todos, no mesmo barco em chamas ou até mesmo, observamos este incêndio acontecer - como no caso do Museu Nacional, a que a vídeo instalação The cloopen door faz referência - juntos.
Através dos trabalhos apresentados, o artista estimula o espectador a tomar frente em relação às situações que lhes são expostas. O tempo é paralisado durante a exposição, cabe àquele que observa decidir o caminho a ser tomado. A dualidade das escolhas também faz-se presente durante todo o percurso. O que pode salvar é também o que pode iniciar o fim.
Thiago Rocha Pitta [Tiradentes, 1980. Vive e trabalha em Petrópolis] recebeu em 2009 o Prêmio Open Your Mind da Fundação St. Moritz Art Masters, da Suíça, e em 2004 o Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas. Entre suas exposições individuais destacam-se: Noite de Abertura, Projeto Intervenções, curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil [2020]; O Primeiro Verde, Galeria Millan, São Paulo, Brasil [2018]; The First Green, Marianne Boesky Gallery, Nova York, EUA [2017]; Mapas temporais de uma terra não sedimentada, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil [2016]; Temporal Maps of a Non-Sedimented Land, Marianne Boesky Gallery, Nova York, EUA [2015]; L’Eremo e Il Campo Accampa, Gluck50, Milão, Itália [2013]; Nostalgia of Pangea, Andersen’s Contemporary, Copenhague, Dinamarca [2012]. Participou de diversas exposições coletivas como: Heritage, Waterloo Billboard Commission, parte da exposição Among the Trees, Hayward Gallery, Londres, Reino Unido; FOR aig veit existen af vorld, Hå Gamle Prestegard, Hå, Noruega [2020]; Hugo França & Thiago Rocha Pitta: Tropical Molecule, organizado por Melanie Kress, Nova York, EUA; Oito décadas de abstração informal, curadoria de Lauro Cavalcanti e Felipe Chaimovich, Instituto Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro, Brasil; Passado/Futuro/Presente, curadoria de Vanessa Davidson e Cauê Alves, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil e 16th Instanbul Biennial, Istanbul Foundation for Arts and Culture, Istambul, Turquia [2018]; 30 a Bienal de São Paulo – A Iminência das Poéticas, curadoria de Luis Pérez-Oramas, São Paulo, Brasil [2012]. As obras do artista estão presentes em coleções públicas como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão; Museum of Modern Art - MoMa, Nova York, EUA; Maison Européenne de la Photography, Paris, França; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, entre outras.
Casa Triângulo is pleased to announce Nigredo, Thiago Rocha Pitta's first solo exhibition at the gallery. The exhibition, which has a curatorial text by Pedro Cesarino, gathers the artist's most recent multimedia production.
Thiago explores through videos, sculptures and paintings the relationship between man, nature and time. Always meditatively, the artist seems to want to capture natural phenomena by simple techniques and gestures, and at the same time historical, such as his frescoes and watercolors. Since the beginning of his career, Thiago explores issues related to the human being advent. In his early works, he presented and worked on cyanobacteria cells, there was already a search for the origin of life, a questioning about processes, but which, over time, have now become intense and chaotic. Thiago seems to find himself at this moment, exploring the chaos after the emergence of life.
In this individual at Casa Triângulo, Thiago questions the entire process so far. The works presented incite an action, Pitta provides primary materials for the spectator to take lead. Phosphorus, wood, portals and eclipses seem to direct the observer to make a decision and, consequently, to act on what is proposed to him/her. A change appears to be imminent. Other works, at the same time, show something that is already happens, without the necessity of we have to do any choice, here we are just observers. In Nigredo, we have the feeling that something can happen and, simultaneously, it is happening already and that is exactly what we feel when we enter the artist's universe in this exhibition.
In works such as Phosphorum Amplificatio and Night Gate, the artist seems to provide the materials that will transform the current moment, to transcend the time-space in which we live. From the posthumous moment to action is visible in other works such as Great Alchemical Monument and Fire in the museum, in which an action is freely revealed and, curiously, feeds themselves from the materials provided by the artist in other productions. The return of Bendegó and Cabral’s torment allow us to witness the beginning of an end. The change from what it was and the promise of what will become.
The eclipses depicted by the artist can also represent a turning point. As in the case of the work Lunar eclipse of 27th july of 2018, which can be seen as a pressage of the fire that hit the Museu Nacional in September of the same year. Another work, Solar eclipse of 2nd july of 2019 also seems to herald the challenging period that would lie ahead in the same year. Such coincidences permeate the work of the artist who will open the exhibition on June 19th and, two days later, on June 21st, he completes 20 years of career and, nevertheless, the date also marks the beginning of the Winter solstice.
The promise of the new and the premise of a future are found within the artist's work and at his entire production, which seems to imprison a momentum. Time, as seen by the phenomenology, is unique and personal, but here in Nigredo, there is a socialization of it. We are all born and we are all in the same burning-boat, and even, we watch this fire happen - as in the case of the Museu Nacional, which the video installation The Cloopen Door makes reference to - together.
Through the works presented, the artist encourages the viewer to face up to situations that are exposed to themselves. The time is paralyzed during the exhibition, it is up to the observer to decide the path to be taken. The duality of choices is also present throughout the journey. What can save is also what can start the end.
Thiago Rocha Pitta [Tiradentes, 1980. Lives and works in Petrópolis] received in 2009 the Open Your Mind of St. Moritz Art Masters Foundation award, at Switzerland, and in 2004 the CNI-SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas award. Among his individual exhibitions, the following stands out: Noite de Abertura, Projeto Intervenções, curated by Fernando Cocchiarale and Fernanda Lopes, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brazil [2020]; O Primeiro Verde, Galeria Millan, São Paulo, Brazil [2018]; The First Green, Marianne Boesky Gallery, New York, USA [2017]; Mapas temporais de uma terra não sedimentada, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brazil [2016]; Temporal Maps of a Non-Sedimented Land, Marianne Boesky Gallery, New York, USA [2015]; L’Eremo e Il Campo Accampa, Gluck50, Milan, Italy [2013]; Nostalgia of Pangea, Andersen’s Contemporary, Copenhagen, Denmark [2012]. He took part in several group exhibitions such as: Heritage, Waterloo Billboard Commission, part of the exhibition Among the Trees, Hayward Gallery, London, United Kingdom; FOR aig veit existen af vorld, Hå Gamle Prestegard, Hå, Norway [2020]; Hugo França & Thiago Rocha Pitta: Tropical Molecule, organized by Melanie Kress, New York, USA; Oito décadas de abstração informal, curated by Lauro Cavalcanti and Felipe Chaimovich, Instituto Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro, Brazil; Passado/Futuro/Presente, curated by Vanessa Davidson and Cauê Alves, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil and 16th Instanbul Biennial, Istanbul Foundation for Arts and Culture, Istanbul, Turkey [2018]; 30 a Bienal de São Paulo – A Iminência das Poéticas, curated by Luis Pérez-Oramas, São Paulo, Brazil [2012]. His works are part of collections such as: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil; Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo, Japan; Museum of Modern Art - MoMa, New York, USA; Maison Européene de la Photography, Paris, France; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil, among others.