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junho 16, 2021
Alvaro Seixas na Cavalo @ Espaço C.A.M.A., São Paulo
O Espaço C.A.M.A apresenta as exposições: 'The Artworld Will Never End' de Alvaro Seixas e 'Lazy Bones' de Toby Christian.
Nos dias 18 e 19 de junho abre para visitação a exposição ‘The Artworld Will Never End’ de Alvaro Seixas no Espaço C.A.M.A. Em sua primeira individual em São Paulo, o artista carioca apresenta uma nova série de pinturas iniciada durante o período da pandemia. Alvaro continua sua pesquisa crítica e humorada sobre temas como a espetacularização do mercado de arte, a indústria cultural, e o fenômeno de celebridade, confrontando imagens apropriadas de mídias sociais com tradições como a ‘Dança da Morte’, gênero artístico-literário medieval. O evento é uma iniciativa da galeria carioca Cavalo e acontece na casa da vila modernista Flávio de Carvalho compartilhada por galerias de diferentes cidades.
As alegorias de ‘Dança da Morte’ (ou ‘Dança Macabra’) possuem figuras animadas de esqueletos humanos personificando a morte e costumavam atentar para a efemeridade da vida. Produzidas sob o impacto da Peste Negra na Europa do século XIV, podem ser encontradas também em túmulos de figuras ilustres como lembrança de que a morte une todas as camadas sociais. Nesse sentido o título da exposição, ‘The Artworld Will Never End’ (ou ‘O sistema de arte nunca irá acabar’, em tradução livre), traz certa ambiguidade. Por um lado há a confiança esperançosa de que a humanidade não acabará apesar das crises futuras, mas atenta, em compensação, para o fato de que o meio artístico continuará a perpetuar fugacidades oportunistas e estimular a desigualdade entre seus membros.
Críticas jocosas às instituições de arte são frequentes em obras recentes de Alvaro Seixas. Com referências eruditas e vocabulário pop, o pintor e professor universitário satiriza em desenhos, telas e instalações as ambições de estrelato de jovens artistas, curadores, coletivos de arte e galeristas. “A arte faz parte de um sistema, não está isolada do mundo” constata Alvaro. “Minha postura tem sido elaborar a pintura como avatar de questões críticas, criar imagens e objetos que representem e critiquem a si mesmos.”
Uma das obras fundamentais para o gênero ‘Dança da Morte’ é uma série homônima de gravuras do artista alemão Hans Holbein, O Jovem. Produzidas no século XVI em Basel, cidade que hoje sedia a mais prestigiada feira de arte mundial, essas imagens aparecem redimensionadas na exposição no formato de posters, que dão fundo e dialogam com as pinturas coloridas e matéricas de Alvaro. Nas pinturas individuais há também citações a cânones da arte moderna como a brasileira Tarsila do Amaral e o belga James Ensor, gestos derivados do expressionismo abstrato, piadas provocativas e personagens cartunescos.
Em um momento de reflexão coletiva sobre a iminência da morte, o artista responde com humor ácido às angústias do período pandêmico. Alvaro se apropria de recursos fúnebres da história da arte como Vânitas e Memento Mori para debater as políticas de poder dentro do sistema cultural e noções de sucesso e espetáculo. ‘The Artworld Will Never End’ permanece até o dia 24 de julho. Para mais informações contate a galeria em info@galeriacavalo.com ou (21) 99206-4944.
Alvaro Seixas. (Rio de Janeiro, 1982). Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutor em Linguagens Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Desde 2009 é professor da Escola de Design da Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Em 2005 realizou sua primeira exposição individual, na Galeria de Arte do SESC Niterói. Em 2008, em Belém do Pará, recebeu o Prêmio SIM de Artes Visuais e participou da coletiva Janelas Para o Mundo no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. Em 2009, o artista foi premiado pelo Instituto Itaú Cultural e participou da quinta edição da exposição coletiva Rumos Itaú Cultural Artes Visuais – Trilhas do Desejo (Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro). Foi contemplado, juntamente com os artistas Rafael Alonso e Hugo Houayek, com o Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea – Rio de Janeiro, resultando na exposição coletiva Palácio, realizada no Mezanino da Funarte do Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro.