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junho 11, 2021
Ana Teixeira na Mário de Andrade, São Paulo
“Cala a boca já morreu!”, de Ana Teixeira, na Biblioteca Mário de Andrade - A intervenção fica exposta na fachada e a parte sonora acontece todos os dias, das 10h às 18h
Uma biblioteca como a Mário é muito mais do que um lugar onde se guardam livros. Ela é um espaço público que participa da vida da cidade, interferindo no cotidiano das pessoas que o frequentam ou mesmo que passam em frente às suas instalações.
Com isso em mente, a partir da próxima segunda, dia 14, o espaço da biblioteca é tomado pela intervenção “Cala A Boca Já Morreu!”, de Ana Teixeira, que inaugura um novo ciclo na Mário.
No projeto de Ana, que acontece desde 2019 em espaços públicos como ruas, praças e outros ambientes de convivência, a artista conversa com mulheres, individualmente ou em grupo, fazendo-lhes a pergunta: “O que você não quer mais calar?”. Desses diálogos são recolhidas frases que explicitam as demandas e desejos dessas mulheres, fotografadas, em seguida, com um cartaz contendo a resposta de cada uma delas.
Durante 2019, foram cento e uma mulheres fotografadas, em São Paulo e fora do país. Grande parte dessas fotos foram transformadas em desenhos, que entre 2019 e 2020, foram expostos no Centro Universitário Maria Antonia e no MAB-FAAP–Museu de Arte Brasileira.
Agora na Mário, o projeto inicial se desdobra em uma intervenção sonora e visual, estampando a frase “Cala A Boca Já Morreu!” nos vidros da fachada e instalando caixas de som no jardim. Nesse ambiente, ecoam as frases das cento e uma mulheres que conversaram com a artista em 2019, entoadas pelas vozes de outras cento e uma convidadas. As gravações aconteceram durante a pandemia.
Paralelamente à intervenção, a artista Ana Teixeira estará fazendo uma pesquisa no acervo da biblioteca, atualmente com acesso restrito ao público. A pesquisa tem como foco livros de temática feminista escrito por mulheres, dos quais serão retirados trechos que abordem o silenciamento feminino. Como o acervo é muito amplo, fez-se necessário um recorte temporal que vai de 2010 a 2020.
O objetivo final é produzir uma publicação com excertos dessas obras, que contará ainda com resumo do projeto original e um texto crítico de Galciani Neves, professora e curadora do Museu Brasileiro de Escultura. O volume, então, será doado à biblioteca, servindo como um índice remissivo sobre o tema a ser consultado pelos visitantes.
Ana Teixeira é artista visual, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestra em Poéticas Visuais pela mesma escola. Participou de programas de residência artística no Brasil, Alemanha, Chile, Dinamarca e Canadá, e de exposições em diferentes partes do mundo. Seu trabalho transita por diferentes meios, com interesse particular pelo desenho e pelas intervenções em espaços públicos, tendo a literatura e o cinema como suas principais referências. Grande parte de sua produção nos últimos vinte anos faz da cidade e seus habitantes/passantes elementos substanciais.
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