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junho 6, 2021

Marco A. Castillo na Nara Roesler, São Paulo

Nara Roesler São Paulo tem o prazer de anunciar Propiedad del Estado, primeira individual do artista cubano Marco A. Castillo no Brasil. A mostra é um desdobramento de seu icônico projeto The Decorator’s Home, apresentado na 13ª Bienal de Havana (2018), em Cuba, e no UTA Artist Space (2019), em Los Angeles, nos Estados Unidos. A exposição fica aberta para visitação na Nara Roesler São Paulo de 10 de junho a 24 de julho de 2021. Simultaneamente, do dia 9 ao 13 de junho, a galeria participa do Online Viewing Room da SP-Arte, onde irá apresentar uma seleção de trabalhos do artista exclusiva para a feira online.

[scroll down for English version]

Marco A. Castillo é um dos membros fundadores, junto a Alexandre Arrechea e Dagoberto Rodríguez Sánchez, do coletivo cubano Los Carpinteros. Sua carreira solo, por sua vez, baseia-se na pesquisa da história de Cuba, com foco nas mudanças sociais e culturais ocorridas no país após a revolução. Castillo tem realizado uma ampla investigação sobre os campos da arquitetura, do design e da escultura, linguagens fundamentais presentes em sua prática artística. Sua produção se dá nos meios da instalação, do desenho e da esculturas, estabelecendo uma estreita relação com o espaço contextual e físico em que se inserem a partir de uma negociação entre o funcional e o não funcional.

Propiedad del Estado traz ao público brasileiro a mais recente pesquisa de Castillo. Os trabalhos expostos são resultado de seu interesse pela utopia dos designers e arquitetos do movimento modernista em Cuba, em atuação desde a década de 1950, anos iniciais da Revolução Cubana. Nesse período, esses profissionais desenvolveram projetos responsáveis por instaurar uma verdadeira revolução estética no país. Eles atuaram na produção de novos espaços que deveriam se adequar e moldar a vida do “homem novo”, alcunha dada ao indivíduo que, ao estabelecer novas relações com o trabalho, construiria uma nova sociedade, com um novo modo de produção e uma nova moral. Suas criações, em design e arquitetura, caracterizavam-se pelo desenho austero, capaz de entrelaçar referências que abrangem desde o passado aborígene às influências nórdicas e africanas, resultando em uma linguagem própria.Contudo, na década de 1970, o projeto é abandonado, devido à falta de compreensão institucional que o estigmatizou como sendo uma manifestação de “gosto burguês”.

Castillo tem atuado de modo a recuperar essa tradição, lançando sobre ela novas abordagens e perspectivas. O artista tem realizado uma extensa pesquisa de recuperação do vocabulário formal e técnico do período, voltando-se para figuras chaves daquilo que ficou conhecido como ‘geração esquecida’, tais como os designers Gonzalo Córdoba, María Victoria Caignet e Rodolfo Fernández Suárez, e o arquiteto Walter Betancourt, entre outros. Esses nomes aparecem como referências diretas nos títulos dos trabalhos de Castillo, tornando-se uma homenagem que evita o completo apagamento de toda uma geração de criadores.

Uma das obras centrais da exposição é o vídeo Generación (2019), feito em colaboração com o cineasta cubano Carlos Lechuga. O curta participou das mostras do 41o Festival internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana (2019) e do Vancouver Latin American Film Festival (2020). Os personagens do filme são artistas, fotógrafos, escritores, arquitetos e curadores que compõem a atual cena intelectual cubana e que, juntos, são capazes de incorporar o espírito criativo da geração da década de 1970. Essa conexão com o passado não se dá em uma única via, na realidade, o artista nos apresenta as complexidades presentes nas relações temporais em que o passado influencia o presente pela tradição e este renova o primeiro, recuperando-o e transformando-o a partir de novas proposições.

Por outro lado, as esculturas e trabalhos em papel apresentados na Nara Roesler São Paulo, combinam elementos tanto do vocabulário modernista cubano, quanto do design soviético, deixando a tradição cubana transparecer nas técnicas, como a treliça, e nos materiais, como o mogno. Ao justapor elementos históricos e políticos com técnicas artesanais, Castillo estabelece um processo artístico capaz de entrelaçar diferentes narrativas e formas, a partir de um ponto de vista pessoal que nos apresenta novas interpretações do modernismo cubano, assim como das trajetórias sociais, políticas e econômicas do país.


Nara Roesler São Paulo is pleased to announce Propiedad del Estado, artist Marco A. Castillo’s first solo exhibition in Brazil. The exhibition develops from his iconic presentation titled The Decorator’s Home, showcased on the occasion of the 13 Bienal de Havana (2018), in Cuba and subsequently at UTA Artist Space (2019), in Los Angeles, USA. The exhibition will be open to the public at Nara Roesler São Paulo from June 8th until July 31st, 2021.

Marco A. Castillo is a founding member of the cuban collective, Los Carpinteros, alongside Alexandre Arrechea and Dagoberto Rodríguez Sánchez. In his career as a solo artist, Castillo has focused on a body of work that engages with Cuban history, concentrating on the social and cultural shifts that occurred in the country following the revolution. The artist has undertaken an ample investigation in the fields of architecture, design, and sculpture, which have come to form the core of his practice. Castillo’s artistic production consists of installations, drawings and sculptures, which establish an intricate relationship with space - both contextual and physical - and occupy a liminal area between the functional and non-functional.

Propiedad del Estado, will present Castillo’s most recent investigations. The works exhibited result from the artist’s interest in the utopic universe of Cuba’s modernist designers and architects at work in the 1950s, in the early years of the Cuban revolution. During this period, these professionals developed a series of projects that would later be part of an aesthetic revolution in the country. Their work notably consisted of creating new spaces meant to accommodate and mold the life of the ‘new man’, words used to describe an individual who could build new relations towards working life, and thus construct a new society, with new modes of production and morals. The design and architecture produced during this time, were characterized by austere designs that intertwined references ranging from the aboriginal past, to nordic and african influences, resulting in a unique visual lexicon. However, in the 1970s, the aesthetic project was abandoned due to the new government denouncing it as being derived from ‘bourgeois taste.’

Castillo has worked to recover and revive the tradition, developing new approaches and perspectives for it. He has therefore undertaken extensive research with the aim of retrieving formal and technical vocabulary of the time, engaging with key figures of a ‘forgotten generation’, including individuals such as Gonzalo Córdoba, María Victoria Caignet, Rodolfo Fernández Suárez, and architect Walter Betancourt, amongst others. Castillo notably makes direct reference to these figures by naming many of his works after them, making each piece a homage that also prevents an entire generation of creators from being forgotten.

One of the main works of the exhibition is a short-film titled Generación (2019), created in collaboration with the film director Carlos Lechuga. The video was shown on the occasion of the 41st Festival internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana (2019) and of the Vancouver Latin American Film Festival (2020). The film includes fictional characters enacted by artists, photographers, writers, architects and curators, who make up today’s Cuban intellectual scene. As they embody the 1970s state of mind, the metrage establishes a time ellipse between Cuba’s past and present contexts. The connection established between the past and the present foregrounds the complexities that underlie temporalities, revealing how the past may influence the present through tradition, while the present may also renew the past, recovering and transforming it with new propositions.

In addition, the exhibition at Nara Roesler São Paulo will include a series of sculptures and works on paper, which entwine elements of both, the Cuban modernist and Soviet designs, all while including aspects of Cuban tradition through the use of latticework, or of rattan. In juxtaposing historical and political components, with artisanal techniques of production, Castillo establishes an artistic process capable of weaving together different narratives and forms. His propositions are imbued with his own personal perspective, which put forward new interpretations of Cuban modernism, and of its social, political and economic trajectories.

Posted by Patricia Canetti at 6:17 PM