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maio 27, 2021
Alex Cerveny e Efrain Almeida na Carpintaria, Rio de Janeiro
A Carpintaria tem o prazer de apresentar sua nova exposição, um diálogo entre Alex Cerveny (São Paulo, 1963) e Efrain Almeida (Ceará, 1964). O interesse por narrativas do corpo, da natureza e de origem mitológica ou sacra é um dos pontos de conexão mais evidentes entre as obras dos artistas. Em pinturas, aquarelas, esculturas e bordados, Cerveny e Almeida conjugam referências históricas de origens diversas a narrativas biográficas. A interlocução costura-se tanto através de obras recentes quanto da presença pontual de trabalhos dos anos 1990 e 2000, evidenciando em ambas produções um apreço pelo labor manual, uma fatura essencialmente marcada pelas mãos dos artistas -- seja nas minúcias das pinturas de Cerveny ou nos detalhes das esculturas de Almeida.
Em sua obra, Alex Cerveny dá conta de referências que vão da iconografia à narrativas mitológicas, de elementos cotidianos a referências contemporâneas - eruditas ou prosaicas. Suas pinturas situam-se suspensas no espaço-tempo, habitadas por figuras humanas que transcendem o plano físico, por vezes materializando-se enquanto presenças espirituais, cósmicas. O habitat destes seres são cenários de tintas apocalípticas, onde a representação da natureza muitas vezes aparece envolta por fogo e fumaça, no desejo figurativo de uma espécie de “terra arrasada”.
Já na obra de Efrain Almeida, a representação visual de animais como beija-flores é imbuída de uma alta carga simbólica, tema recorrente na obra do artista. Aqui, seus colibris reaparecem tanto sobrevoando os campos geométricos de cor das aquarelas da série Prisma (2021) quanto arquitetando voos escultóricos em Flying (2021), escultura em bronze. O artista investiga a cor a partir do fenômeno da iridescência destes animais, uma vez que suas penugens coloridas revelam-se a partir – e apenas – da reflexão da luz do sol. A autorrepresentação do corpo, outra temática frequente de sua produção, também aparece no conjunto. Ao esculpir sua própria imagem em Autorretrato (2014-2020) o artista faz referência aos ex-votos, típicos das igrejas católicas do Nordeste do país, evidenciando a dimensão biográfica de sua obra.
A proposição de uma conversa entre as produções artísticas desses dois artistas reforça a vocação da Carpintaria em estimular exercícios amplos de pensamento entre diferentes autores, formas de expressão e linguagens.
Sobre os artistas
Alex Cerveny [São Paulo, Brasil, 1963. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Dentre suas exposições individuais nos últimos anos, destacam-se: Todos os Lugares, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil; Palimpsesto, uma retrospectiva de sua obra gráfica no Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil (2019); Glossário dos Nomes Próprios, Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Casa Triângulo, São Paulo, Brasil (2015) e a III Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2012). Dentre as exposições coletivas nos últimos anos, destacam-se: Nous Les Arbres, Fundação Cartier, Paris, França (2019); Da Tradição à Experimentação, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil (2019) e Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil (2018).
Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem (Ceará, 1964) e vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre suas exposições recentes, destacam-se: Uma pausa em pleno voo, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2015); Lavadeirinhas, SESC Santo Amaro (São Paulo, 2015); O Sozinho, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2013); 29. Bienal de São Paulo (2010); 10. Bienal de Havana (2009); Marcas, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2007). Sua obra está presente em diversas coleções públicas e privadas do Brasil e do mundo, entre as quais: MoMA (Nova York), MAM São Paulo, Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha), Toyota Municipal Museum of Art (Toyota, Japão), Pinacoteca do Estado (São Paulo), entre outras.