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maio 26, 2021
Electric Dreams na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Mostra coletiva com curadoria de Raphael Fonseca reúne obras de artistas de diferentes gerações na Nara Roesler Rio de Janeiro
Electric Dreams reflete sobre a importância da imaginação e do sonho no momento em que as incertezas do isolamento parecem raptar nossa capacidade de projetar um futuro
Nara Roesler Rio de Janeiro apresenta a exposição coletiva Electric Dreams, com curadoria de Raphael Fonseca. A mostra apresenta um grupo de dez artistas de diferentes gerações e regiões do país, cujos trabalhos trazem em seu cerne a dimensão do estímulo sensorial, remetendo-nos à fisicalidade e ao corpo humano, ao mesmo tempo em que evocam uma atmosfera onírica.
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O título da exposição, Electric Dreams – ‘sonhos elétricos’, em português – faz referência a duas fontes que encontram-se estreitamente relacionadas. A primeira, é o filme de ficção científica de mesmo título, dirigido por Steve Barron. O longa, lançado em 1984, narra a rivalidade entre um arquiteto e seu computador, ambos apaixonados pela moradora do apartamento de cima. A segunda, é a música composta especialmente para o filme,Together in Electric Dreams, de Giorgio Moroder e Philip Oakey, intérprete e vocalista da banda The Human League.
Como uma máquina poderia experimentar o amor, o prazer e o sexo se ela não possui um corpo humano? Para Fonseca, o dilema dessa narrativa cinematográfica se complementa com a canção que, segundo o curador, “nos convida a dançar e lembrar das dádivas que são a vida e a capacidade de sonharmos”. O sonho torna-se, então, o espaço de encontros que nos parecem impossíveis, o lugar onde vivenciamos experimentações sensoriais movidas pelo desejo, sem limitações da matéria.
A exposição Electric Dreams, por sua vez, aborda essa ideia ao apresentar uma diversidade de práticas artísticas capazes de evocar diferentes sensações. Para isso, os artistas se valem das mais diversas estratégias, principalmente o uso de cores vibrantes, como nos trabalhos de J.Cunha, Thiago Barbalho e Victor Arruda; ou pela atmosfera de dissolução das formas, encontrada nas obras de Ana Almeida e Cristina Canale, em que a expressividade das manchas e dos gestos parecem escapar de qualquer vontade figurativa; ou ainda os mecanismos de repetição de imagens, de serialidade de um mesmo objeto, em Lia Menna Barreto, ou da variação incessante de um mesmo tema, em Renato Pera e Virgílio Neto; por fim, o próprio corpo como tema, mas transformado, seja nas figurações oníricas de Kauam Pereira, ou no grotesco de Maya Weishof.
O corpo, lembra Fonseca, aparece não só como tema nos desenhos, pinturas e instalações que ocupam a galeria, mas também como indício de um gesto criador, da fatura que passa pela mão, que demanda negociações entre dois corpos, o do artista e o do suporte. Nesse contexto, as imagens apresentadas tornam-se potenciais materializações dos sonhos dos artistas, carregando traços de individualidade que não deixam de convocar o público a partilhar delas, a sonhar junto.
Electric Dreams nos conduz a refletir sobre a importância da imaginação e do devaneio no momento em que as incertezas do isolamento parecem raptar nossa capacidade de projetar um futuro ao mesmo tempo em que reduzem os estímulos físicos à repetição do cotidiano, transformando o corpo em uma espécie de máquina. Nesse sentido, sonhar torna-se não um escape da realidade, mas um modo de resistir à crueza do cotidiano e de gerar encontros.
Electric Dreams faz parte do Roesler Curatorial Project, iniciativa que, sob direção de Luis Pérez-Oramas, reafirma o compromisso da galeria com projetos inovadores e experimentais, estimulando o diálogo entre diferentes agentes do circuito artístico. A exposição é a segunda mostra curada por Raphael Fonseca na galeria: a primeira, Sobre os ombros de gigantes, inaugurou o calendário expositivo de 2021 em São Paulo e será apresentada na Nara Roesler Nova York em junho deste ano.
Group exhibition curated by Raphael Fonseca brings together works by artists from different generations at Nara Roesler Rio de Janeiro
Electric Dreams reflects on the importance of imagination and dreams at a time when the uncertainties of isolation seem to prohibit us from projecting a future
Nara Roesler Rio de Janeiro is proud to announce the opening of the exhibition Electric Dreams, curated by Raphael Fonseca, on May 29 2021. The presentation includes works by ten artists of different generations and from different regions of Brazil, whose works converge in their engagement with sensorial stimulation, physicality and the human body, while also evoking the oneiric realm.
The title of the exhibition, Electric Dreams, is derived from two intricately related sources. On one hand, it refers to a fiction film of the same title directed by Steve Barron and released in 1984 that narrates the rivalry between an architect and his computer, both passionately taken by the upstairs neighbor. Electric Dreams also refers to the music created specifically for the film titled Together in Electric Dreams, composed by Giorgio Moroder and Philip Oakey, best known for being the lead singer of the band The Human League.
How can a machine experience love, pleasure and sex, without a human body? According to Fonseca, the music complements the dilemma embedded in the cinematographic plot of the film, which he says "invites us to dance and remember the gift that is life and our capacity to dream." The dream is thus a space of seemingly impossible encounters, a place where we undergo sensorial experiences shaped by desire, and free of the limitations imposed by matter.
The exhibition engages with this idea in showcasing an array of different artistic practices, all of which are able to evoke different sensations. Each artist has developed their own strategies in the strive to achieve such effects, notably including the use of vibrant colors, as is the case in the work of J.Cunha, Thiago Barbalho and Victor Arruda; or the dissolution of forms, as can be seen in the work of Ana Almeida and Cristina Canale, where the expressivity of the strokes and gestures seem to escape figurative intentions; or even techniques of image repetition, of seriality, in the work of Lia Menna Barreto, and of incessant variations within a same theme, in that of Renato Pera and Virgílio Neto; or finally, in engaging with the body as a theme, transforming it through oneiric figures as did Kauam Pereira, or through the grotesque as did Maya Weishof.
Fonseca notes that the body not only emerges as a theme in the drawings, paintings and installations exhibited in the gallery, but also as evidence of the creative gesture, of the handmade, which requires a negotiation between two bodies, that of the artist and of the medium. In this sense, the works presented take on the potential of embodying the artists' dreams, carrying traces of individuality that simultaneously invite the public to join in, to dream together.
Electric Dreams encourages us to reflect on the importance of imagination and reverie, in times where the uncertainty of isolation seems to forbid us from projecting the future, while also reducing our physical stimuli to the repetition of an everyday routine, transforming the body into somewhat of a machine. In this sense, dreaming becomes an escape from reality, a form of resisting the cruelty of the quotidian, and of generating new encounters.
Electric Dreams is part of the Roesler Curatorial Project, directed by Luis Pérez-Oramas, which asserts the gallery's commitment to supporting innovative and experimental projects, stimulating the dialogue between different agents of the artistic circuit. The exhibition is curator Raphael Fonseca's second presentation at Nara Roesler, following On the shoulders of giants, which kicked off the gallery's 2021 exhibition program in São Paulo and will continue on to Nara Roesler New York in June 2021.