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maio 25, 2021

Enciclopédia Negra na Pinacoteca, São Paulo

Pinacoteca de São Paulo inaugura exposição sobre personalidades negras invisibilizadas na história do Brasil

Pela primeira vez, a exposição Enciclopédia negra torna pública as 103 obras realizadas por artistas contemporâneos para um livro homônimo de autoria dos pesquisadores Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz e do artista Jaime Lauriano

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, reitera o compromisso com a visibilidade e a pluralidade de histórias e movimentos que se propõe a contar por meio da arte e inaugura Enciclopédia negra. Pela primeira vez, a exposição torna pública as 103 obras realizadas por artistas contemporâneos para um livro homônimo de autoria dos pesquisadores Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz e do artista Jaime Lauriano, publicado em março de 2021 pela Companhia das Letras. A mostra é um desdobramento da publicação e também se conecta com a nova apresentação da coleção do museu que se apoia em questionamentos contemporâneos e reverbera narrativas mais inclusivas e diversas.

No livro, estão reunidas as biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos. Muitos desses personagens tiveram as suas imagens e histórias de vida apagadas ou nunca registradas. Para interromper essa invisibilidade, 36 artistas contemporâneos foram convidados a produzir retratos dos biografados. São eles: Amilton Santos, Antonio Obá, Andressa Monique, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Bruno Baptistelli, Castiel Vitorino, Dalton Paula, Daniel Lima, Desali, Elian Almeida, Hariel Revignet, Heloisa Hariadne, Igi Ayedun, Jackeline Romio, Jaime Lauriano, Juliana dos Santos, Kerolayne Kemblim, Kika Carvalho, Lidia Lisboa, Marcelo D’Salete, Mariana Rodrigues, Micaela Cyrino, Michel Cena, Moisés Patricio, Mônica Ventura, Mulambö, Nadia Taquary, Nathalia Ferreira, Oga Mendonça, Panmela Castro, Rebeca Carapiá, Renata Felinto, Rodrigo Bueno, Sonia Gomes e Tiago Sant’Ana.

A exposição Enciclopédia negra apresenta todos os 103 trabalhos inéditos, sendo que alguns deles já fizeram parte do caderno de imagens do livro. As obras especialmente produzidas para o projeto foram doadas ao museu pelos artistas e integrarão a coleção da Pinacoteca de São Paulo, criando uma importante intervenção no que diz respeito à busca por maior representatividade.

Diferente da organização alfabética da publicação, a mostra está dividida em 6 núcleos temáticos: Rebeldes; Personagens atlânticos; Protagonistas negras; Artes e ofícios; Projetos de liberdade; e Religiosidades e ancestralidades. Esses núcleos misturam biografias de tempos históricos diversos, nas quais ressaltam aspectos em comum. Há registros de quem liderou movimentos de resistência; negociou condições de emprego e de vida; das mulheres que tiveram de ser separadas de seus filhos; das que, com seu trabalho, conseguiram comprar as alforrias; dos mestres curandeiros, dos professores, advogados, artistas, entre outros.

Sinergia com a coleção

Além dos núcleos temáticos, Enciclopédia negra se integra a nova apresentação da coleção da Pinacoteca. O visitante poderá conferir 10 obras em cartaz na exposição Pinacoteca: Acervo que dialogam com as questões abordadas na mostra temporária. Isso ocorre em obras de nomes como Arthur Timóteo da Costa e Heitor dos Prazeres, fundamentais para o repertório da Enciclopédia.

Para as salas da mostra temporária também foram deslocadas três obras que já eram do acervo: Estudos para imolação, de Sidney Amaral; uma obra sem título do Mestre Didi; e Objeto emblemático 4, de Rubem Valentim. Há ainda o caso de Baiana, famosa pintura com autoria desconhecida do Museu Paulista da Universidade de São Paulo em comodato com a Pinacoteca.

Revisar narrativas consolidadas na história social e institucional, no que se refere a representatividade de gênero e raça, tem sido uma das principais missões da Pinacoteca atualmente. Na nova apresentação do acervo, por exemplo, o número de obras de artistas negros mais do que triplicou se comparado com a exposição anterior. Antes eram 7 e agora são 26. A chegada da Enciclopédia negra gera um grande aporte nesse processo, que passará de 26 para 129 obras.

Patrocínio

A exposição Enciclopédia negra tem patrocínio de Vivo (Cota Platinum), BNY Mellon (Cota Ouro), Mattos Filho (Cota Prata), Allergan (Cota Prata) e Havaianas (Cota Bronze). A mostra ocupa 3 salas no segundo andar da Pina Luz e segue até novembro de 2021.

O projeto Enciclopédia negra é uma parceria com a Companhia das Letras e conta com o apoio do Instituto Ibirapitanga e com a colaboração do Instituto Soma Cidadania Criativa.

Posted by Patricia Canetti at 9:31 AM