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maio 3, 2021
Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes no Correios, Rio de Janeiro
Obra de Murilo Mendes é inspiração para a exposição “Sentado à Beira do Tempo”, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro
O Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, abre, no dia 05 de Maio , das 16h às 19h, a exposição Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes, do Acesso Arte Contemporânea, que está na sua 7a edição, e é formada pelos curadores Marilou Winograd, Gilda Santiago e Aline Toledo. Petrillo é o artista /curador convidado desta edição para os artistas mineiros. O texto critico é do escritor e ensaísta Silviano Santiago.
Participam da exposição 57 artistas do Rio de Janeiro, de Juiz de Fora, de Belo Horizonte, de Curitiba, de São Paulo, de Porto Alegre e de Lisboa para apresentarem, na mostra, 64 obras bi e tri dimensionais – entre pinturas, desenhos, gravuras, fotos, colagens, esculturas, objetos, vídeos e performances – que estabelecem um diálogo com a poética de Murilo Mendes (1901 – 1975).
Cada artista escolheu um poema/aforismo/verso para contextualizar, através da sua poética pessoal, o pensamento muriliano no seu trabalho visual.
“A proposta curatorial é romper os limites, ampliando à escolha temática um desafio ao diálogo, ao contato, às interseções e às correspondências entre as obras. Ao propor uma referência para o criar, a exposição transforma-se em espelho facetado do tema, onde as imagens compõem um caleidoscópio de significados e questionamentos, explica Marilou Winograd.
“A mostra provoca questionamentos e reflexões sobre um poeta irrequieto e, ao mesmo tempo, demonstra como os artistas contemporâneos reagem a essa reflexão, além de revelar ao público uma outra dimensão da arte, por meio da poesia”, destaca Gilda Santiago.
“Sentado à beira do tempo | Olhando o meu esqueleto | Que me olha recém-nascido |Tenso espírito do mundo, vai destruir e construir | Até retornar ao princípio. | O motor do mundo avança.” Os versos premonitórios de Murilo Mendes, poeta brasileiro e expoente do surrealismo no movimento modernista brasileiro, parecem prever o momento de pandemia do novo coronavírus.
O planeta está Sentado á Beira do Tempo, imobilizado Olhando meu esqueleto¨, Que me olha recém-nascido, enquanto o ¨Tenso espirito do mundo, vai destruir e construir ¨. ¨Até retornar ao principio¨. Tempo que não volta, ¨o motor do mundo avança¨...
Sentado À beira do tempo¨, presente na obra de Murilo Mendes, em uma analogia com o momento presente. Não é interior e nem exterior. É um lugar limite.
“A mostra não poderia ser mais atual. É também uma ação política, um ato artístico. Murilo Mendes sempre teve uma relação tão intrínseca com as artes plásticas como nenhum outro, além de ser um crítico de arte e grande colecionador de obras”, explica Aline Toledo.
“Murilo anuncia, em 1934, que seus versos passam a ser escritos por ‘um novo olhar’. Olhar que vem a ser outro pela presença fulgurante em sua vida do artista plástico Ismael Nery. Uma pequena parcela do mundo, o transitório, é suplementada pela totalidade do mundo, o essencial.”, comenta o escritor Silviano Santiago. Um encontro entre a poesia e as artes visuais.
Ao longo dos anos, o Acesso Arte Contemporânea escolheu, como tema para cada exposição, obras/artistas, que deslocaram o fazer artístico para uma área do pensamento mais instigante e ousada. Um projeto baseado em pesquisa e informação.
A exposição segue em itinerância para o Museu De Artes Murilo Mendes, em Juiz de Fora, MG.
Segundo o artista plástico Ricardo Cristofaro, Superintendente do Museu de Artes Murilo Mendes – MAMM, “na obra de Murilo Mendes, as associações entre poesia e artes visuais são de grande amplitude e evidenciam-se, sobretudo, nas analogias entre procedimentos próprios a cada uma das linguagens, na organização e na inclusão de elementos gráficos para a construção de certos poemas. Além disso, é importante destacar que foi através da visão que Murilo Mendes estruturou grande parte de seu universo poético, manifestando grande interesse pelas questões da visualidade”.
Sobre Acesso Arte Contemporânea
Acesso Arte Contemporânea nasceu, em 2012, da preocupação das artistas visuais, Lúcia Avancini e Marilou Winograd, em ocupar espaços para reunir em um mesmo evento diversas linguagens e expressões artísticas, em clima lúdico e de total liberdade.
Esta prática de ocupação, um exercício experimental de extrema liberdade, produz sua própria potência transformadora, necessária a novas ideias, significados e suas relações com as instituições e com o próprio pensamento.
Uma ação política, um ato artístico
A proposta do Acesso é romper os limites, ampliando à escolha temática um desafio ao diálogo, ao contato, às interseções e às correspondências entre as obras. Ao propor uma referência para o criar, a exposição transforma-se em espelho facetado do tema, onde as imagens compõem um caleidoscópio de significados e questionamentos.
Homenagem a Lucia Avancini (in memoriam)
“Conviver com a artista Lúcia Avancini foi penetrar nos questionamentos da arte e da vida, mergulhar na ousadia e se superar em criatividade. Lúcia foi um ser político, engajada em seu tempo, irrequieta, buscava o novo, o audacioso e vivia na arte toda sua metamorfose. Transitou na multiplicação de olhares do cenário artístico, da pintura figurativa ao videoarte, passando pelas artes gráficas, construindo objetos e montando instalações, usando o corpo como suporte e como ação, tudo para ecoar sua fala, sua força e sua arte”. (Acesso Arte Contemporânea)