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abril 27, 2021
Yuli Yamagata no MAC, Niterói
Yuli Yamagata abre exposição inteira feita especialmente para o Museu de Arte Contemporânea de Niterói
No dia 20 de março, a partir das 10h, o MAC Niterói abre a exposição “Nervo”, da artista Yuli Yamagata, que já foi indicada ao prêmio PIPA 2018 e 2019. Conversando com a bela vista da varanda para a Baía de Guanabara e também se contrapondo a ela, as obras se relacionam tanto a um estado psicológico, quanto a um elemento anatômico de humanos e animais. A curadoria é assinada por Raphael Fonseca.
São cerca de 25 trabalhos, todos inéditos, feitos exclusivamente para o MAC, que demonstram um desejo da artista de dissecar corpos e apresentá-los de forma híbrida, pendendo mais para o inominável do que para o humano. “Há uma expressão em inglês que dialoga com o título desta exposição ‘you’ve got a nerve’, que poderíamos traduzir por algo como ‘você tem nervos de aço’. A frase é usada comumente para expressar que alguém tem a audacidade de realizar esta ou aquela ação”, destaca o curador.
“A exposição passou por vários momentos, uma vez que há trabalhos que eu fiz antes da pandemia e outros que fiz durante a quarentena. Talvez um ponto em comum entre eles seja um sentimento de ‘tá tudo bem, mas tá estranho’. Agora, não há como dizer que ‘alguma coisa’ está chegando porque ‘alguma coisa’ realmente está aqui, seja ela gigante como a pandemia ou discreta como o medo de abraçar um amigo. Há diversos tipos de sentimentos que acabaram saindo na exposição como raiva, angústia, esperança, medo, alegria e frustração, isso me ajudou a digerir um pouco esse momento estranho que estamos passando e espero que possa ajudar também de alguma forma a quem for visitar”, diz Yuli Yamagata.
Esta produção recente de Yuli – que nasceu em Florianópolis, mas mora em São Paulo desde o início de sua graduação, em 2008 – demonstra a antítese ‘rigidez’ e ‘leveza’. Um polvo, uma língua, intestinos, uma cobra, pés, mãos e um milho que tem não apenas um pé, mas também um olho que lacrimeja, são exemplos disso. “Seus trabalhos em pintura e desenho aqui mostrados, onde a anatomia é apresentada de forma dilacerada – alguma hecatombe se sucedeu, mas a tragédia sempre pode ser maquiada com um tom tutti-frutti de desenho animado. Olhando para estes personagens criados por ela, há algo em sua apresentação que remete à certa ansiedade, já que todas essas figuras parecem estar prestes a realizar uma ação – caminhar, se quebrar, chorar, pingar, lamber”, explica Raphael.
As obras da artista mostram a força por detrás destes objetos banais. A violência impressa não é mera coincidência com o período atual de pandemia. Afinal, quem não precisou e ainda precisa de nervos de aço par enfrentar este momento difícil?
Protocolos sanitários
Para garantir a segurança e a saúde dos visitantes e funcionários, por conta da pandemia da Covid-19, são seguidos protocolos sanitários como a higienização das mãos com álcool em gel (na entrada dos banheiros), totem de álcool em gel – acionado pelo pé – em pontos estratégicos, tapetes sanitizantes na entrada do Museu, aferição de temperatura no pátio, obrigatoriedade do uso de máscaras e controle de acesso. A recepção possui um painel de acrílico para proteção dos visitantes e funcionários.