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abril 25, 2021
Raul Mourão na Nara Roesler NY, EUA
Nara Roesler tem o prazer de anunciar Empty Head, primeira individual de Raul Mourão em sua sede em Nova York e que estará em exibição de 26 de abril a 19 de junho de 2021. A exposição traz uma seleção de trabalhos recentes do artista capazes de sintetizar e conectar sua abordagem formal com um discurso político engajado com a atualidade.
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Em Empty Head, Nara Roesler apresenta duas séries de esculturas criadas por Mourão durante o período de isolamento social, devido à pandemia do covid-19. A primeira série, intitulada Rebel, reúne três esculturas realizadas em aço corten com peso aproximado de 1 tonelada, que foram criadas em homenagem à casa de música experimental Audio Rebel, no Rio de Janeiro. Segundo o artista, essa produção recente se aproxima de uma gramática maquínica, com mais peso e matéria, capazes de criar maior embaralhamento visual e tom mais ameaçador.
Mourão ressalta que muito mais do que trabalhos cinéticos, esses são objetos interativos, cuja dinâmica depende do toque e da interação do público. Para o artista, o engajamento do observador é uma metáfora de seu próprio engajamento na sociedade. Ele acredita que a confusão visual criada pelo movimento das esculturas nos convoca a refletir sobre o desnorteamento experienciado em cenários que se alteram constantemente, devido à aceleração e à saturação de informações. O peso das peças nos faz pensar não só na gravidade como força física, mas nos leva a refletir sobre relações de movimento e estabilidade, peso e leveza, violência e cuidado, e, por fim, vida e morte.
Em oposição às esculturas em grande escala da série Rebel, o artista apresenta também um conjunto de obras cinéticas mais frágeis e delicadas, realizadas em vidro e aço. Ao incorporar objetos do cotidiano como bases de suas estruturas pendulares, Mourão reafirma a ironia e o nonsense como elementos da sua poética artística.
Também integra a mostra The New Brazilian Flag #3, trabalho que reelabora e ressignifica a bandeira do Brasil e que teve início em uma ação realizada durante o carnaval de 2018, no Rio de Janeiro. Durante a festividade, Mourão fotografou uma bandeira do país em que se encontravam subtraídos o círculo no centro, com as estrelas representativas dos estados e o lema positivista “ordem e progresso”. O trabalho havia sido disposto pelo artista nos Arcos da Lapa, cartão postal da cidade e tradicional bairro boêmio, cenário de acontecimentos artísticos e políticos. Nos anos seguintes, Mourão desdobrou o motivo em diferentes composições e arranjos, atualizando o trabalho de acordo com o contexto político atual e o modo como o Brasil enfrenta a crise sanitária.
No vídeo Bang Bang (2017), uma sequência de esculturas do artista feitas com garrafas de vidro e estruturas de metal são destruídas por um atirador profissional em um estúdio de tiro. A produção cuidadosa nos leva a refletir sobre a violência, seja em sua forma institucional generalizada, seja de modo mais específico, pelo atual contexto de sistemático ataque às manifestações artísticas no Brasil. As construções visuais de Mourão têm a capacidade de nos levar a refletir sobre o sistema das artes, assim como a sociedade em um sentido mais amplo, resultando em críticas diretas atreladas à possibilidades de se imaginar o futuro.
Nara Roesler is pleased to announce Empty Head, Raul Mourão’s first solo exhibition in its New York gallery, from April 27 until June 19, 2021. The presentation includes recent works that synthesize and connect Mourão's formal investigations to a political critique of contemporary issues.
Empty Head showcases two series of sculptures created by Mourão during the social isolation period due to the Covid-19 pandemic. The first series, titled Rebel, brings together three sculptures made of corten steel that weigh approximately 1 ton each. They were created in honor of the experimental music venue Audio Rebel, in Rio de Janeiro. According to the artist, the recent works are closer to a machinic grammar that brings in more weight, uses more material, and generates greater visual shuffling, as well as a more intimidating tone.
Mourão argues that the works are more than kinetic sculptures, positing them as interactive objects whose dynamism depends on the audience’s touch and interaction. For Mourão, public engagement with the sculptures is a metaphor for his own engagement with society. He believes that the sculptures’ movements might instigate a consideration about the bewilderment, we experience when facing a constantly changing reality, that is accelerated and saturated with information. The sculptures’ weight, while making use of gravity as a physical force invite the audience to ponder about movement and fixity, weight and lightness, violence and care, and ultimately life and death.
In opposition to the large-scale sculptures of the Rebel series, the artist also presents a set of more fragile and delicate kinetic works, made of glass and steel. By incorporating everyday objects as the bases of his pendular structures, Mourão reaffirms the irony and the nonsense as structural elements in his practice.
The New Brazilian Flag #3, a work that resignifies the Brazilian flag, is also part of the exhibition and was created during the 2018 Rio de Janeiro carnival. At the festivity, Mourão displayed the country’s flag without its central starry blue circle, which represents the federations and holds the inscription ‘order and progress.’ The work was first installed at Arcos da Lapa, one of Rio de Janeiro’s postcards, a traditional bohemian neighborhood, and the scenario of several artistic and political events. In the following years, the artist unfolded the same motif into different compositions and arrangements, which updated the work vis-à-vis the actual political context and how Brazil is dealing with the sanitary crisis.
In the video Bang Bang (2017), a sequence of glass bottles and metal sculptures are destroyed by a firearm in a training facility. The work’s careful production invites us to think of violence, be it in a broad institutional sense or more specifically, connected to the systematic attack on arts and culture in Brazil. Mourão’s visual constructions seek to breed reflections on the art system and society as a whole. They also pose poignant criticism tied to new ways of imagining the yet-to-come.