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fevereiro 27, 2021
Um lugar lugar nenhum: Paisagens contemporâneas na Marilia Razuk, São Paulo
Exposição coletiva na Galeria Marília Razuk reflete sobre o gênero da paisagem na pintura
Com curadoria de Rodrigo Andrade, exposição propõe diálogo a partir da linguagem pictórica entre sete artistas de trajetórias e pesquisas diversas
A paisagem como um tema e como força atemporal da arte é fio que conduz a exposição Um lugar lugar nenhum: Paisagens contemporâneas, coletiva em cartaz a partir de 4 de março, na Galeria Marília Razuk. Com curadoria do artista Rodrigo Andrade - um dos principais nomes da pintura contemporânea brasileira -, a mostra reúne nomes de diferentes gerações e trajetórias, todos conectados pela linguagem pictórica.
São artistas como o mineiro Alexandre Wagner, autor de uma sólida pesquisa pictórica; o brasiliense David Almeida, artista que investiga múltiplas linguagens, do desenho a instalações, com interesse especial pela pintura; o artista e poeta Evandro César, cujas raízes provém do slam, da arte urbana e do pixo da Cidade Tiradentes, região da Zona Leste de São Paulo, onde nasceu e vive até os dias atuais; Joaquim Pinkalsky, artista paulistano que desenvolve seu trabalho a partir da aquarela, da gravura e da escultura; Link Museu, artista que carrega influências do pixo e da arte urbana de sua região natal, o bairro de Cidade Tiradentes, no leste de São Paulo; a multiartista paulistana Maria Andrade; e Mariana Serri, artista mineira que pesquisa por meio da pintura questões históricas-filosóficas e as semelhanças entre a cor e a linguagem.
Em um ato que remete aos primórdios da pintura moderna, quando os artistas pintavam ao ar livre, diante da natureza e do mundo, o curador propôs uma espécie de ateliê aberto no Luau dos Loucos, uma horta urbana situada entre um riacho que separa os distritos de Cidade Tiradentes, Guaianases e Itaquera. É a partir destas paisagens e de momentos de troca entre os artistas que nascem as 35 telas que compõem a mostra.
“Sete pintores de São Paulo às voltas com um gênero tradicional que está na origem da arte moderna, enfrentando um contexto contemporâneo complexo, problemático e travado, ainda que potencialmente libertário. Juntos, trazem paisagens imaginárias e paisagens pintadas in locu, ao ar livre, formando um conjunto heterogêneo de pinturas que, não obstante, dialogam entre si”, reflete Rodrigo Andrade. “É a paisagem como um tema quase não tema, um pretexto para pintura. Atemporal”, completa.
Artistas participantes: Alexandre Wagner, David Almeida, Evandro César, Joaquim Pinkalsky, Link Museu, Maria Andrade e Mariana Serri.
Sobre os artistas
Alexandre Wagner (1985) – Nascido em Belo Horizonte, atualmente vive e trabalha em São Paulo. Cursou artes visuais pela UFMG com Habilitação em pintura, em 2011. Desde 2013 participou de diversas exposições coletivas, destacando-se a 11ª edição do Abre Alas, na Galeria Gentil Carioca, Rio de Janeiro, com curadoria de Lívia Flores, Michelle Sommer e Daniel Steegmann Mangrané, a coletiva Oito Artistas na Galeria Mendes Wood DM com curadoria de Lucas Arruda e Bruno Dunley, e Um desassossego, na galeria Estação. Em 2018 fez suas duas primeiras exposições individuais: Sol da Noite Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre e Pequenos Formatos na Baró Galeria, São Paulo.
David Almeida (1989) - Nasceu em Brasília e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Sua pesquisa se desenvolve por meio de múltiplas linguagens como desenho, objeto, fotografia, instalações, performance e, sobretudo, a pintura. Sua produção tem como eixo principal as problemáticas do espaço e do corpo em percurso, explorando a visualidade do território íntimo, do ateliê, da cidade e da paisagem natural. No espaço pictórico, investiga os limites entre presença e ausência, através de elementos da pintura e de sua semântica narrativa.
Formado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, realizou a mostra individual A task of wonders, durante a residência no Espronceda Art Center, em Barcelona, Espanha (2020). Premiado em 2013 e 2015 no 12º Salão de Arte de Jataí, em 2014 pelo 20º Salão Anapolino de Arte e em primeiro lugar no I Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea em 2016, participou de mostras coletivas como Segunda Naturaleza, Fernando Pradilla, Madrid, Espanha (2020); Triangular - Arte desse século, Casa Niemeyer, Brasília, DF (2019); e UNS, Library of Love, Contemporary Art Center, Cincinatti, EUA (2017).
Evandro César (1988) – Nasceu em São Paulo e vive e trabalha na cidade. Artista, poeta e produtor cultural, é fundador do coletivo Instituto Du gueto (2016), idealizador da exposição Retrato Falado, no salão do CFCCT (2017). Em 2018 se formou em iluminação cênica pela PRONATEC. Em 2018, produziu o roteiro do espetáculo PAPO DE BOTECO e da direção da FLICT (Festa Literária da Cidade Tiradentes). Em 2019, participou do Monólogo rua ZÉ NINGUÉM. Desde 2018 é membro do coletivo SLAM CT.
Joaquim Pinkalsky (1987) – Nasceu em São Paulo e cresceu num ateliê de gravura e escultura, onde teve contato com diversas mídias e técnicas, a partir de 2013 trabalhou na Graphias ateliê de gravura) onde conheceu Rodrigo Andrade, e passou a ser seu assistente em 2015, tendo um contato maior com a pintura a óleo. Sua obra apresenta influências de seus trabalhos anteriores com game design (pixel art) e da pintura moderna. Entre as coletivas e individuais que participou, destacam-se Encontros e Parcerias, Graphias Casa da gravura (2015), 7th KIWA Exhibition, Kyoto Municipal Museum of Art (2016), e Osten Biennial of drawing ,Macedonia Skopje (2016).
Link Museu (1986) – Nasceu em São Paulo e vive e trabalha na cidade. É fundador do Sarau Luau dos Loucos e responsável pela Horta Urbana Cidade Tiradentes. Artista, poeta, grafiteiro, pichador, pintor. Fundador e coordenador de atividades do Ateliê Um Bom Lugar, ateliê fundado em 2020 pelos coletivos ali:leste, Instituto du Gueto e Luau dos Loucos. Professor do projeto Mais-educa na Escola Estadual Escritor Juan Carlos Onetti. Organizador do Encontro de Grafite no Cohab Fazenda do Carmo.
Maria Andrade (1967) – Nascida em São Paulo, vive e trabalha na cidade. É artista plástica, musicista, compositora e estilista. Desde 1992 participa de mostras individuais e coletivas expondo pinturas à óleo abstratas e figurativas, além de esculturas de zinco e lata. Entre as individuais, destacam-se Cerrado, na Boiler Galeria, com texto do curador e crítico Tiago Mesquita, e A diferença entre as coisas (2019) na Galeria Vírgilio, com texto de Vania Reis. Dentre as coletivas, estão Um desassossego, na Galeria Estação (2016), BR (2016) e 3 Marias (2018), ambas na Galeria Virgílio.
Realizou ilustrações para as revistas Capricho e Veja, elaborou e dirigiu animações para a MTV e, entre 2004 e 2005, publicou semanalmente histórias em quadrinho de seu personagem Brux no jornal Folha de São Paulo. Como coordenadora de oficinas educativas, atuou na Oficina de Esculturas em Metal no MAM (1998-2003), Oficina de Esculturas em Lata, no Sesc Ipiranga, em comunidades no interior de Minas Gerais e em oficinas de tapeçaria com artesãs na cidade de Morro da Garça (MG).
Mariana Serri (1982) - Nascida em Belo Horizonte, atualmente mora e trabalha em São Paulo. Artista plástica formada pela FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado, em 2005. Em 2013 apresentou a exposição individual Áporo na Galeria Marília Razuk, em homenagem ao poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade, e também à esta palavra Expôs em diversas exposições coletivas, dentre as quais se destacam: Além da Forma, com curadoria de Cauê Alves no Instituto Figueiredo Ferraz; Os Primeiros dez anos, no Instituto Tomie Ohtake em 2012, com aproximadamente 50 artistas contemporâneos; Paisagens à margem, no Programa de Exposições do Paço das Artes em 2011, com Lucas Arruda, Mariana Galender e Mariana Tassinari; 37ºAnual de Artes da FAAP, na qual recebeu prêmio pela obra Domingo, 2005, (vídeo, 13’31’’). De agosto de 2000 a julho de 2001 cursou o 3º ano do Ensino Médio com habilitação em Artes-Plásticas na Escola De Wijnpers, em Leuven, na Bélgica.
Sobre o curador
Rodrigo Andrade (1962) nasceu em São e atualmente vive e trabalha na cidade. A materialidade da tinta e referências sobre a história da pintura permeiam todo seu trabalho. Sua gestualidade vibrante manifesta-se sobretudo na pintura, mas também transita por suportes como desenho, gravura e objeto. Nos anos 1980, o artista integrou o grupo Casa 7 e, sob a influência do neoexpressionismo alemão, sua obra é apresentada em grandes formatos, com pinceladas expressivas e cores fortes. Na década seguinte, alternou trabalhos figurativos e abstratos e, a partir de 1999, passou a criar obras em que espessas massas de tinta a óleo, em formas geométricas, são aplicadas sobre a tela.
Realizou mostras em importantes instituições nacionais e internacionais. Entre as individuais recentes, destacam-se Estação Pinacoteca, São Paulo, SP (2017); e Pinturas: Seleção 99-06, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, MG (2006); entre as coletivas, estão Oito décadas de abstração informal, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP e Cependant, la peinture: Rodrigo Andrade, Fabio Miguez, Paulo Monteiro, Sérgio Sister, Galerie Emmanuel Hervé, Paris, França (2018); Troposphere, Beijing Minsheng Art Museum, Pequim, China (2017); 30ª Bienal, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP (2013); e 29ª Bienal de São Paulo, SP (2010). Sua obra integra importantes coleções públicas, como Instituto Cultural Itaú, São Paulo, SP; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de outras coleções particulares.