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fevereiro 26, 2021
Paul Setúbal na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Bronze, Couro, Ouro, sangue, primeira individual do artista Paul Setúbal na galeria.
O corpo é uma dimensão constantemente explorada na produção de Paul Setúbal. Além de um importante suporte material, social e geográfico de discussões que permeiam momentos de conflito, o artista também o explora como modo de vivenciar e testar seus limites físicos, ou como forma de transmutar relações de poder. Com texto de Priscyla Gomes, curadora associada do Instituto Tomie Ohtake, a mostra reúne um conjunto de obras, entre vídeo, instalações e esculturas, que destacam a pluralidade do artista.
Nascido em Goiás, um dos Estados mais violentos do Brasil, Paul viu desde cedo relações que transpõem a força e o autoritarismo. Logo, sua moradia passou a transitar entre São Paulo, Brasília e Goiânia - regiões fronteiriças onde conflitos territoriais se mostram presentes, seja na capital, interior ou metrópole. "Minha pesquisa é dedicada às experiências que o corpo tenta ressignificar. Muitas vezes começa a partir de um acontecimento pelo qual fui impactado ou que não pude compreender em um primeiro momento. Então essas situações passam a se tornar assuntos na minha produção", comenta o artista.
Em cartaz na Casa Triângulo a partir de 27 de fevereiro, a mostra originalmente concebida para setembro de 2020, foi adiada em virtude da pandemia e abre agora o ciclo de exposições de 2021. Bronze, Couro, Ouro, sangue faz alusão aos elementos que compõem as principais obras realizadas para a mostra, atribuindo significados a componentes cruciais à formação da história de um país marcado pela promessa de um progresso e, principalmente, pela violência. Em Sinapses [2015-2020], conjunto de telas feitas com o sangue próprio do artista, folha de ouro e terra vermelha, fala-se de uma camada visceral da vida, da morte e da dor.
No conjunto de trabalhos expostos, há uma constante referência a circunstâncias decorrentes de traumas e choques, universo corriqueiro em contextos sociais dominados pelo abuso de poder e violência. Em seus trabalhos, o artista se apropria e manipula símbolos de poder, como se fosse possível transformar tal energia. "Meu interesse é apresentar um conjunto de obras que dialoguem com a contemporaneidade, onde o corpo é uma estrutura frágil, mas que possui a capacidade de suportar a todo tipo de pressão", explica o artista. A radicalidade da obra de Paul Setúbal também pode ser vista em Duplo [2020], esculturas em bronze que não só evidenciam objetos e ações de coerção, como sugerem ainda terem sido construídas a partir de um imaginário da dominação.
Com uma pesquisa que se desenvolve em diversas plataformas, ao longo da exposição ele aborda as problemáticas e simbologias do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de resistência, abuso e poder.
PAUL SETÚBAL [1987, Aparecida de Goiânia, Brasil]. Vive e trabalha em São Paulo. É doutor e mestre em Arte e Cultura Visual e licenciado em Artes Visuais pela UFG. Recebeu em 2019 o prêmio SP-Arte Delfina Foundation (Londres, Inglaterra), onde esteve em residência. Em 2019, participou da residência artística Despina, no Rio de Janeiro. Em 2018 ganhou o Prêmio Foco ArtRio. Também na 14 Edição da SP-Arte, apresentou a performance "Compensação por Excesso". Entre suas exposições individuais, destacam-se: “Corpo Fechado” na C Galeria, no Rio de Janeiro, em 2018, “Dano e Excesso” na Andrea Rehder Arte Contemporânea, em São Paulo, em 2016 e “Aviso de Incêndio”, no Elefante Centro Cultural, em Brasília, em 2015. Participou de diversas coletivas como: “No presente a vida (é) política”, na Central Galeria, em São Paulo, no ano de 2020. Em 2019, esteve em “Aparelho”, Maus Hábitos, em Porto, em Portugal, “36 Panorama da Arte Brasileira: Sertão”, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo e “29 Edição do Programa de Exposições do Centro Cultural de São Paulo (CCSP). Em 2018, participou da mostra “Demonstração por Absurdo”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, “Arte, democracia, utopia: Quem não luta, tá morto!, no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro, entre outras. Já no ano de 2017, esteve presente em outras coletivas, entre: “Osso”, no Instituto Tomie Ohtake e “Videografias Performativas”, no Dragão do Mar, em Fortaleza. Suas obras estão presentes em coleções institucionais como MAR, Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Contemporânea, em Goiânia e Fundação Romulo Maiorana, em Belém do Pará.