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fevereiro 25, 2021
Marina Saleme na Luisa Strina, São Paulo
Em instalação composta por 1.000 obras entre desenhos, pinturas e colagens sobre papel, papel 100% algodão, lona, papel arroz, Marina Saleme apresenta uma filosofia da espera e da solidão
Esta é a sétima exposição individual de Marina Saleme na Galeria Luisa Strina. Conhecida pelas pinturas de grandes dimensões de fatura complexa, a artista optou, na presente mostra, por criar uma instalação com obras de pequeno formato que, juntas, compõem uma pintura monumental e fragmentada, mostrando uma mesma figura feminina sentada na mesma posição, sempre à espera, não se sabe de quê. A série Apartamento s (2019-2021) dialoga com a série Garotas (As descabeladas), de 2013, que também foram apresentadas em exposição individual na galeria, em montagem de grandes grupos de obras de pequenas dimensões, configurando uma narrativa. O mesmo acontece com Apartamento s.
Tadeu Chiarelli, historiador da arte e curador, que assina o ensaio crítico da mostra, afirma que a artista vivenciou, durante a produção da série “foi um jogo: repetia e repetia o desenho sempre de olho na matriz – ‘quando às vezes, acho que o lápis está sabendo onde ir, eu faço uma foto de celular e inverto, e recomeço, atenta a cada linha’ – produzindo sempre algum tipo de ação sobre ele: modificava o fundo com cores ou gestos, descaracterizava as linhas que contornam a imagem, apagava o rosto da figura, cobrindo-a com a ação violenta do grafite sobre ele até quase mutilar o suporte para, num próximo desenho, trazer a imagem de volta, revelando-a a partir de outros modos de representa-la, em um vai e vem aparentemente infinito.” (ler texto completo de Tadeu Chiarelli)
SOBRE A ARTISTA
Marina Saleme (São Paulo, 1958) concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado em 1982. Nos primeiros anos a artista trabalhava principalmente com manchas tonais, sem referência à figura humana, utilizando formas compostas por linhas ou grids. No entanto, como afirma a artista: “Meus trabalhos nunca são totalmente abstratos”. Já a partir da metade da década de 1990, sua produção passa a ganhar alusões figurativas a pessoas, chuva, flores, nuvens, muitas vezes indicadas nos próprios títulos. Na década seguinte sua linha se torna sinuosa e se curva desenhando arabescos que por vezes estão parcialmente encobertos por outras imagens, em outros momentos são evidenciados na camada mais superficial.
Destacam-se as exposições individuais e coletivas no Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto (2019); Paço Imperial, Rio de Janeiro (2017); Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (2008); Paço das Artes, São Paulo (2003); Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo (2001); Centre D’Art Contemporain De Baie-Saint-Paul, Canadá (2004); Palácio das Artes, Belo Horizonte (1996); Embaixada do Brasil na França, Paris (1989); entre outras.
Coleções das quais seus trabalhos fazem parte incluem: Coleção Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; Embaixada do Brasil em Roma; Instituto Cultural Itaú, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo.