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fevereiro 22, 2021

Pinacoteca de São Paulo divulga programação de 2021

Em 2021, Pinacoteca de São Paulo exalta artistas negros, relaciona arte e atividade industrial e inaugura mostras individuais sobre Rosângela Rennó e José Damasceno

A programação conta com 9 novas exposições que poderão ser visitadas pelo público no Edifício da Pina Luz e na Pina Estação

Em 2021, a Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, investiga as relações entre arte e indústria. Essa combinação marca a exposição A máquina do mundo que examina as várias formas pelas quais a atividade industrial, desde o século XX, atravessa o pensamento da arte feita no Brasil. O tema também norteia as mostras sobre os artistas José Damasceno, John Graz, Rosângela Rennó e na que marca o centenário de nascimento de Fayga Ostrower. Outro grande destaque da programação é uma mostra coletiva que se integra ao projeto Enciclopédia Negra, onde 100 retratos de personalidades negras da história do Brasil serão produzidos por 35 artistas negros contemporâneos, uma colaboração com a Companhia das Letras, o Instituto Ibirapitanga e o Instituto Soma Cidadania Criativa. A programação conta com 9 novas exposições que poderão ser visitadas pelo público na Pina Luz e na Pina Estação.

A temática deste ano é inspirada na noção de que arte e produção estão intimamente mais relacionadas do que imagina o senso comum. O termo “arte” corresponde ao grego “techné”, técnica, no sentido de uma atividade destinada à elaboração de conhecimento por meio da associação entre o fazer, ou fabricar, e o pensamento ou poieis. “De maneira geral, artistas chegam a soluções para suas questões materiais e expandem as possibilidades das várias linguagens artísticas. Eles e elas o fazem a partir de descobertas da ciência e da indústria – ou então terminam inventando, eles e elas mesmos, tais procedimentos e recursos”, ressalta o diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo, Jochen Volz.

Em A máquina do mundo, com curadoria de José Augusto Ribeiro, os trabalhos abordam a arquitetura, o maquinário das fábricas, a produção em série, o trabalho do operário, os padrões, os modelos e as logomarcas dos objetos da indústria, entre outras. A seleção das obras incorpora peças emblemáticas de arte moderna brasileira, pinturas de Tarsila do Amaral, imagens feitas pelo fotógrafo alemão Hans Gunter Flieg em indústrias brasileiras, entre 1940 e 1980, e filmes que documentam a vida dos trabalhadores de fábricas em São Paulo no começo da década de 1980, entre eles, o ABC da Greve e Chapeleiros, dos cineastas Leon Hirszsman e Adrian Cooper, respectivamente. O título da exposição é inspirado em um poema, de 1951, de Carlos Drummond de Andrade.

As mostra individuas de Rosângela Rennó, curadoria de Ana Maria Maia, e José Damasceno, com curadoria de José Augusto Ribeiro, na Pina Estação, oferecem ao público uma seleção de obras dos últimos 30 anos desses artistas que permite elaborações sobre as diferentes fases de suas trajetórias. No tocante a José Damasceno, a variedade de linguagens em cerca de 70 trabalhos chama a atenção, são esculturas, fotografias, desenhos e instalações, que por sua vez reportam ao cinema, à música, ao teatro, à arquitetura e à história da arte. Nos trabalhos de Rosângela Rennó, o visitante pode verificar que a fotografia sempre tem um pretexto, uma finalidade maior que vai além da visibilidade da imagem. Para esta mostra, foram encomendados projetos inéditos e comissionados para o contexto específico do Museu.

Em mais uma mostra individual da programação 2021, o museu celebra o centenário de nascimento de Fayga Ostrower, com Fayga Ostrower–Imaginação Tangível, uma das pioneiras da gravura abstrata no Brasil. A seleção de obras conta com 130 trabalhos que relacionam a proximidade da artista com os mais diversos materiais e a sua capacidade inovadora na apropriação de técnicas tradicionais, como gravura em metal, xilogravura e serigrafia. Além disso, um recorte especial da artista é a produção de estamparias, momento de sua trajetória que estará presente na mostra que tem curadoria de Carlos Martins.

Representatividade

Recentemente, a Pinacoteca de São Paulo inaugurou a mais a nova apresentação da coleção do Museu com cerca de mil obras de mais de 400 artistas, com narrativas mais diversas e inclusivas. Um retrato disso foi o crescente número de obras de artistas do sexo feminino e de artistas negros na mostra. As artistas mulheres passaram de 17 para 95, e os artistas negros de 7 para 26 na comparação com a antiga exposição do acervo. A representatividade norteia as escolhas da instituição que após inaugurar, em 2020, Véxoa: Nós Sabemos, dedicada à arte contemporânea indígena com curadoria indígena de Naine Terena, apresenta uma mostra coletiva dedicada às personalidades negras que marcaram a história do Brasil, ao todo 100 retratos serão produzidos por 35 artistas negros contemporâneos.

A iniciativa se integra ao projeto Enciclopédia Negra, organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz. A primeira etapa é a edição de um livro que será lançado pela Companhia das Letras, em 2021, com 300 verbetes sobre personalidades negras que se destacaram ao longo de quase quatrocentos anos de história do Brasil. Junto a tais biografias, a obra contém os retratos comissionados a 35 artistas negros contemporâneos, entre os quais Antonio Obá, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Castiel Vitorino, Dalton Paula, Daniel Lima, Desali, Igi Ayedun, Juliana dos Santos, Moisés Patricio, Mônica Ventura, Nadia Taquary, Panmela Castro, Paulo Nazareth, Rebeca Carapiá, Renata Felinto, Rodrigo Bueno, Sônia Gomes e Tiago Sant’Ana.

A exposição será a primeira visualização pública do resultado do projeto, que depois irá percorrer outros espaços. Os retratos integrarão à coleção da Pinacoteca de São Paulo, criando uma importante intervenção no que diz respeito à busca por maior representatividade de artistas negros no museu.

Continua em 2021

A exposição OSGEMEOS: Segredos, primeira mostra panorâmica dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, continua até 22 fevereiro de 2021. Véxoa: Nós Sabemos, primeira mostra da Pinacoteca dedicada à arte contemporânea indígena, pode ser visitada até 22 de março de 2021 e a nova apresentação da coleção do museu é permanente. Na Pina Estação, acontecem os últimos dias de Hudinilson Jr.: Explícito que segue em cartaz até 04 de janeiro de 2021, já Joan Jonas: Cinco Décadas, primeira exposição individual na América do Sul da pioneira da videoarte e da performance, permanece um pouco mais até 08 de fevereiro de 2021.

Dentro do museu, todos os protocolos de segurança sanitária continuam inalterados, assim como o estacionamento e a bilheteria física permanecem fechados. Reserva de ingressos e mais informações em www.pinacoteca.org.br.

PROGRAMAÇÃO 2021

Pinacoteca Luz

Enciclopédia Negra (nome provisório da exposição)
Curadoria: equipe do projeto Enciclopédia Negra e da Pinacoteca de São Paulo
De 11.04.21 a 11.10.21

A exposição se integra ao projeto Enciclopédia Negra, organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz. A primeira etapa é a edição de um livro que será lançado pela Companhia das Letras, em 2021, com 300 verbetes sobre personalidades negras que se destacaram ao longo de quase quatrocentos anos de história do Brasil. Na mostra, 100 retratos de personalidades negras da história do Brasil serão produzidos por 35 artistas negros contemporâneos, uma colaboração com a Companhia das Letras, o Instituto Ibirapitanga e o Instituto Soma Cidadania Criativa. Dentre os artistas estão Antonio Obá, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Castiel Vitorino, Dalton Paula, Daniel Lima, Desali, Igi Ayedun, Juliana dos Santos, Moisés Patricio, Mônica Ventura, Nadia Taquary, Panmela Castro, Paulo Nazareth, Rebeca Carapiá, Renata Felinto, Rodrigo Bueno, Sônia Gomes e Tiago Sant’Ana.

Os retratos integrarão à coleção da Pinacoteca de São Paulo, criando uma importante intervenção no que diz respeito à busca por maior representatividade de artistas afrodescendentes no museu. A mostra coletiva será a primeira visualização pública do resultado do projeto, que depois irá percorrer outros espaços.

A máquina do mundo
Curador responsável: José Augusto Ribeiro
De 23.10.21 a 07.02.22

A exposição A máquina do mundo examina as várias formas pelas quais a atividade industrial, desde o século XX, atravessa o pensamento da arte feita no Brasil. Na mostra estarão obras sobre arquitetura e o maquinário das fábricas, a produção em série, o trabalho do operário, os padrões, os modelos e as logomarcas dos objetos da indústria, entre outras.

O título da exposição é inspirado em um poema do Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1951, e, com isso, toma também a própria arte como máquina de interpretação e produção de sentidos a respeito das coisas do mundo e de como elas funcionam.

Ninguém teria acreditado
Curadores responsáveis: Fernanda Pitta, Laurens Dhaenens (Netwerk Aalst, Bélgica)
De 13.11.21 a 11.04.22

Para marcar os 70 anos da morte de H.G. Wells (Herbert George Wells) e os 110 anos do falecimento de Henrique Alvim Corrêa (Rio de Janeiro, 1876 – Bruxelas, 1910), a exposição propõe a quatro artistas contemporâneos repensar o legado desses autores. O visitante será desafiado a refletir sobre a natureza da experiência humana em meio aos desenvolvimentos tecnológicos do passado, presente e futuro.

Em uma constextualização histórica, em 1906, Henrique Alvim Corrêa (Rio de Janeiro, 1876 – Bruxelas, 1910), artista brasileiro que vivia e trabalhava em Bruxelas, ilustrou uma edição de luxo d’A Guerra dos mundos, de H. G. Wells. As ilustrações criaram a imagem pungente para a história futurista que aborda a invasão da terra por uma sociedade mais avançada tecnologicamente, a dos extraterrestres. Alvim Correa criou um repertório de criaturas, máquinas e paisagens provocadoras que tornaram,-se paradigmas do imaginário da ficção científica.

Pinacoteca Luz – Espaço Octógono

André Komatsu [ainda sem título]
Curadora responsável: Ana Maria Maia
De 20.03.21 a 16.08.21

Ainda sem título, o projeto site-specific que o artista concebeu para o Octógono apresenta-se como uma estrutura que demarca o espaço com ambivalências entre liberdade e controle, possibilidade e restrição. A instalação será composta por 53 hastes de 4m de altura cada, fincadas no chão em um gride ortogonal. O público poderá circular entre essas estruturas e, só ao olhar para cima, vislumbrar elementos espetados em seu topo, longe, portanto, do alcance das mãos. Entre livros, porções de terra, água e revestimento em folhas de ouro, esses elementos simbolizam bens que, embora devessem ser garantidos enquanto direitos básicos, permanecem inacessíveis para grande parte da população, sobretudo em contextos de crise e agravamento das desigualdades sociais, como o atual.

Lais Myrrha
O condensador de futuros
Curadora responsável: Ana Maria Maia
De 18.09.21 a 07.02.22

A peça de Lais Myrrha (Belo Horizonte, 1974), O condensador de futuros , é construída a partir da redução da cúpula do Senado Federal, que vai aparecer como se estivesse “presa” no octógono a 1,30m de altura. A intervenção terá um significado indefinido entre abrigo/esconderijo e armadilha; e o público, se assim desejar, poderá atravessar ou adentrar o espaço. O trabalho de Lais Myrrha é marcado por reflexões sobre os territórios, a história, a memória e a política.

Pina Estação

José Damasceno: Moto contínuo [título de trabalho]
Curador responsável: José Augusto Ribeiro
De 13.03.21 a 26.07.21

A exposição prevê a reunião de cerca de 70 obras do artista José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968), produzidas ao longo de 30 anos, desde o final da década de 1980 até hoje. A seleção dos trabalhos leva em consideração a variedade de linguagens que compõem a obra e os campos de interesse de Damasceno, a fim de colocar, lado a lado e sem progressão cronológica, esculturas, fotografias, desenhos e instalações, que por sua vez reportam ao cinema, à música, ao teatro, à arquitetura e à história da arte. A maioria das obras pertence a algumas das mais prestigiosas coleções públicas e particulares de várias partes do Brasil e do mundo.

Rosângela Rennó [ainda sem título]
Curadora Responsável: Ana Maria Maia
De 28.08.21 a 07.03.22

A mostra individual de Rosângela Rennó (Belo Horizonte, 1962) reunirá um panorama de obras de diferentes momentos de sua trajetória. Não será exatamente uma retrospectiva, mas uma seleção dos trabalhos que revelam ecos e persistências no decorrer de quase 30 anos de produção. Na exposição, haverá obras seminais, do acervo da Pinacoteca, mas também de outras coleções, além de projetos inéditos e comissionados para o contexto específico do museu.

Fayga Ostrower: Imaginação tangível
Curadoria: Carlos Martins
De 30.01.21 a 31.05.21

A exposição celebra o centenário de nascimento da Fayga Ostrower (1920-2001), artista bem atuante na segunda metade do século XX. Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, Fayga Ostrower chegou ao Rio de Janeiro em 1934, acompanhada de seus pais e mais três irmãos, a família fugia das perseguições nazistas na Alemanha.

Dedicada às artes plásticas e também a disseminação das artes, numa vocação educacional, além de lecionar em várias universidades brasileiras, chegou a dar aulas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Spellman College, em Atlanta, EUA, na Slade School da Universidade de Londres, Inglaterra. Em sua trajetória também se destacam os prêmios: Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo, o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza e o Grande Prêmio nas bienais de Florença, Buenos Aires, México, Venezuela. Esta exposição abordará uma parcela da produção dessa artista, incluindo os tecidos estampados.

John Graz
[ainda sem título]
Curadora responsável: Valeria Piccoli
De 26.06.21 a 21.02.22

A exposição enfatiza a atuação singular do artista John Graz (Genebra, 1891 — São Paulo, 1980) nas artes decorativas no Brasil. O conjunto de obras doado pelo Instituto John Graz à Pinacoteca de São Paulo será o núcleo central da mostra que ainda inclui empréstimos de outras instituições e coleções privadas, permitindo uma ampliação do olhar sobre a trajetória do artista.

John Graz tinha uma atuação versátil, era artista plástico, ilustrador, designer e decorador. Expôs pinturas na Semana de Arte Moderna de 1922 ao mesmo tempo que realizava projetos de decoração de residências para os quais criou móveis, ferragens, luminárias, tapetes, afrescos e até o desenho do piso em jardins.

Exposições que continuam em 2021

OSGEMEOS: Segredos

Primeira mostra panorâmica dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo continua no edifício Luz até 22 de fevereiro de 2021. A exposição OSGEMEOS: Segredos conta com mais de 1000 itens do rico imaginário dos dois artistas. O duo apresenta pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções site specific, desenhos e cadernos de anotações. Esses últimos, da fase ainda adolescente e apresentados ao público pela primeira vez, antecedem os famosos personagens amarelos, abrindo caminho para a compreensão da raiz de seu surgimento. As obras ocupam as sete salas de exposições temporárias do primeiro andar, um dos pátios, diversos espaços internos e externos, além de uma instalação, concebida especialmente para o Octógono. Os ingressos apenas pelo site (www.pinacoteca.org.br), bilheteria física e estacionamento permanecem fechados. Aos sábados, a entrada é gratuita, mas é preciso reservar também pela internet.

Posted by Patricia Canetti at 11:19 AM