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outubro 19, 2020
Ivan Serpa no CCBB, Rio de Janeiro
“Nunca há nada de realmente novo. O novo é algo do passado que foi escolhido outra vez.
O que existe, sempre, é uma retomada de posição.”
Ivan Serpa
Últimas semanas para visitar a exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira, aberta ao público do CCBB-Rio, até o dia 26 de outubro, adaptada às novas medidas de segurança sanitária. O acesso ao prédio do CCBB e à exposição é gratuito, de quarta a segunda, de 9h às 17h, exclusivamente por meio de agendamento prévio online.
O CCBB-Rio passou por diversas adaptações para que pudesse receber o público de acordo com todos os protocolos de segurança para prevenção contra o novo coronavírus.
O público carioca poderá visitar esta importante exposição ambientada no primeiro andar do CCBB-Rio, que foi fechada por conta da pandemia do covid-19, dez dias depois de inaugurada, em 4 de março de 2020.
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A exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto apresenta mais de 200 trabalhos, de diversas fases do artista que morreu precocemente (Rio de Janeiro, 1923/1973), mas deixou obras que abrangem uma grande diversidade de tendências, utilizando várias técnicas, tornando-se uma referência para novos caminhos na arte visual nacional.
A mostra percorre a rica trajetória de Ivan Serpa, expoente do modernismo brasileiro através de obras de grande relevância selecionadas em diversos acervos públicos e privados.
Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e de Hélio Márcio Dias Ferreira, a exposição apresenta obras de todas as fases e técnicas utilizadas pelo artista: concretismo / colagem sob pressão e calor / mulher e bicho / anóbios (abstração informal) / negra (crepuscular)/ op-erótica / anti-letra / amazônica / mangueira e geomântica.
A pluralidade criativa e suas expressões ratificam o importante papel de Ivan Serpa na arte moderna brasileira, na criação e liderança do Grupo Frente (Lygia Clark, Lygia Pape, Franz Weissmann, Abraham Palatnik, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão), e através de seu projeto de difundir e motivar as novas gerações para a arte, com suas aulas para crianças e adultos no Museu de Arte Moderna.
Ivan Serpa: a expressão do concreto resume a essência da obra desse artista que, apesar de ser mais conhecido pelo Concretismo, também se aventurou pela liberdade do expressionismo, sem nunca perder contato com a ordem e a estrutura. Trata-se de uma exposição única, de um artista complexo, definitiva para reascender a memória sobre esse operário da arte brasileira.
“Ivan Serpa surpreende até hoje por sua extrema sensibilidade, pelo seu permanente compromisso com a liberdade que alimenta a verdadeira criação artística. Enquanto críticos e teóricos cobravam do artista uma coerência estética, veiculando-a a uma determinada escola artística, Serpa respondia com a ousadia e o desprendimento característico dos verdadeiros criadores. Entre tantos ensinamentos, a lição que Serpa nos lega é essa ânsia, esse compromisso permanente com a liberdade e a ousadia que transforma a aventura humana em algo sublime e transformador. Por isso, hoje e sempre, é preciso manter contato com a produção desse artista exemplar que transforma formas e cores num caleidoscópio mágico, múltiplo e íntegro em sua linguagem expressiva”, diz Marcus de Lontra Costa, um dos curadores da exposição.
“Agradecemos a Ivan Serpa pelo seu legado, que deixou um rastro de liberdade na arte brasileira, da modernidade aos nossos dias. Lembremos que, na sua relativamente curta trajetória, ansioso por viver e trabalhar, desde pequeno viveu sob a ameaça da morte, mas encontrou tempo para ensinar aos outros o poder da arte”, complementa Hélio Márcio Dias Ferreira, pesquisador especialista na obra de Ivan Serpa.
“Trajetórias corajosas, como as de Ivan Serpa, acentuam a importância da ação artística como instrumento de definição das identidades culturais comuns, mas, também, como agente de questionamento e subversão. No mundo contemporâneo é preciso sempre estar atento e forte, e se alimentar de saberes oriundos do passado recente, para que possamos enfrentar os dilemas e desafios do presente e do futuro. Por isso o desafio maior da arte contemporânea é o enfrentamento, e exemplos como o de Ivan Serpa, nos dão a régua e o compasso e nos ensinam a superar e vencer os dragões da maldade”, complementa Marcus de Lontra Costa.
A mostra permanece no Rio de Janeiro até 26 de outubro de 2020 e segue ainda este ano para o Centro Cutural Banco do Brasil Belo Horizonte com inauguração prevista para 10 de novembro. Em 2021 a exposição seguirá para os Centros Culturais do Banco do Brasil de São Paulo e Brasília.
Os curadores
Marcus de Lontra Costa - ex diretor na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, realizou entre outras exposições a histórica mostra “Como Vai Você Geração 80”. Em 1990 assume a direção curatorial do MAM RJ. Implantou o MAMAM-Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife. Já realizou inúmeras exposições no Brasil e no exterior tais como Niemeyer: Invenção do Tempo e Oscar Niemeyer 100 anos, e de grandes artistas como Athos Bulcão, Celeida Tostes, Tomie Ohtake, Franz Kracjberg etc. assim como a Coleção Gilberto Chateaubriand. Convidado pelo governo da França para integrar a equipe de curadores do Centre Georges Pompidou e da Fondation Cartier, em Paris.
Em 2018 a exposição da Amélia Toledo – Lembrei que Esqueci, no CCBB São Paulo, sob sua curadoria ganhou o prêmio da ABCA e da Associação Paulista de Críticos. Atualmente é curador do Prêmio Industria Nacional - Marcantônio Vilaça SESI/CNI.
Hélio Márcio Dias Ferreira - professor da Escola de Teatro da Unirio. Mestre em História da Arte pela UFRJ e doutor em Educação pela UFF, com parte dos estudos realizada na Universidade Paris III – Sorbonne (França), é autor de Uma história da arte ao alcance de todos e Ivan Serpa: o expressionista concreto, entre outros livros de arte.