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outubro 14, 2020
Maxwell Alexandre na Fundação Iberê, Porto Alegre
Depois de passar pelo Museu de Arte Contemporânea de Lyon, exposição de Maxwell Alexandre sobre o cotidiano na Rocinha chega à Fundação Iberê
A Fundação Iberê abre no dia 17 de outubro a exposição “Pardo é Papel”, do jovem artista carioca Maxwell Alexandre. A mostra – promovida pelo Instituto Inclusartiz, de Frances Reynolds – foi inaugurada com sucesso em novembro de 2019, no MAR (Rio de Janeiro), onde alcançou o feito de receber mais de 60 mil visitantes. Aos 29 anos, Maxwell retrata em sua obra uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.
“Ao visitar a exposição de Maxwell Alexandre no MAR, tive a certeza da importância de “Pardo é Papel” em Porto Alegre pela visão social de sua obra e, também, pela oportunidade de abrir nossas portas à nova geração de artistas que se destacam internacionalmente”, destaca Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê.
Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, o artista carioca apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França. Resultado de uma residência na Delfina Foundation promovida pelo Instituto Inclusartiz, em Londres, a mostra tem patrocínio do Grupo PetraGold.
A sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro
O início de ‘Pardo é Papel’ remete a maio de 2017, quando o artista pintou alguns autorretratos em folhas de papel pardo perdidas no ateliê. Nesse processo, além da sedução estética potente, ele percebeu o ato político e conceitual que está articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude.
“O desígnio pardo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidades de negros do passado, foi necessário para o processo de redenção, em outras palavras, de clareamento da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com a internet, os debates e tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a exercer sua voz, a se entender e se orgulhar como negro, assumindo seu nariz, seu cabelo, e construindo sua autoestima por enaltecimento do que é, de si mesmo. Este fenômeno é tão forte e relevante, que o conceito de pardo hoje ganhou uma sonoridade pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema, afinal, Pardo é Papel”, ressalta Maxwell.
“Tenho o enorme prazer e orgulho de apresentar este jovem talento. Maxwell é um líder natural, tem grande capacidade de atrair jovens de outras linguagens, conseguindo aglutinar as forças e todas as novas experiências dos jovens que são o futuro do Brasil. A belíssima obra de Maxwell marca uma sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro. A mostra teve um impacto importantíssimo na cidade, assim como em todo o país e também no mundo. Ela foi inaugurada durante um período crítico de crise econômica no Rio de Janeiro e da tentativa do fechamento do museu. O resultado foi a visitação de um público amplo e diverso, incluindo muitas pessoas que não tinham o hábito de frequentar museus”, analisa Frances Reynolds, presidente e fundadora do Instituto Inclusartiz, que busca trazer um diálogo entre todos os segmentos da sociedade e os artistas, especialmente os jovens, fomentando a sua carreira e os apoiando estrategicamente no âmbito internacional.
“Quando fomos convidados a apoiar o projeto não tinha ideia do quanto ia me encantar. Estamos muito felizes por participar deste momento”, celebra Eduardo Wanderley, presidente do Grupo Petra Gold.
Sobre o Instituto Inclusartiz
Criado no Rio de Janeiro, em 1997, por Frances Reynolds, o Instituto Inclusartiz – que até 2005 chamava-se Fundação Arte Viva – é uma iniciativa de fomento à arte, cultura e educação no Brasil e no mundo. Idealizada com o propósito de tornar a arte mais acessível a todos, a organização desenvolve exposições e projetos educacionais com o intuito de promover vínculos socioculturais e a troca de conhecimento.
Em 2000, após diversas iniciativas de sucesso em seu país de origem, o Instituto ampliou suas fronteiras para Buenos Aires e, dois anos depois, expandiu para Madri, com uma série de mostras, sempre acompanhadas de programas educativos. A partir de 2005, a sede brasileira do Instituto Inclusartiz acrescentou às suas atividades o programa internacional de residências artísticas, que recebe artistas, escritores, intelectuais e curadores internacionais, ao longo de temporadas no Rio de Janeiro, para a realização de estudos e pesquisas, além da produção de novos trabalhos.