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outubro 11, 2020
Clube de Colecionadores do MAM Rio lança nova edição na ArtRio 2020
Coleção traz foto-performances de Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heráclito, Paula Scamparini e Rafael Bqueer; Luiz Zerbini e Marcos Chaves mostram novos múltiplos de tiragem reduzida
No dia 14 de outubro de 2020, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) lançará a 7ª edição do Clube de Colecionadores em seu estande na ArtRio. O novo conjunto (R$ 12 mil) apresenta quatro foto-performances de Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heráclito, Paula Scamparini e Rafael Bqueer, impressas em papel algodão. As quatro imagens capturam momentos em que os corpos dos artistas transformam a paisagem em espaço de performance.
Pela primeira vez, o museu lançará simultaneamente duas edições especiais, com tiragem de 30 exemplares cada: uma fotolitografia de Luiz Zerbini (R$ 12 mil), na qual o artista experimenta com a impressão direta de folhas, frutas, cascas e espinhos; e um ready-made de Marcos Chaves (R$ 7 mil), que explora o tema da polarização no Brasil atual.
Criado em 2004 pelo MAM Rio, o Clube de Colecionadores é uma oportunidade de aquisição de obras exclusivas de artistas visuais brasileiros, com tiragem limitada. A renda arrecadada a partir da venda dos conjuntos é integralmente revertida para os projetos de arte, cultura e educação do museu. “Há 16 anos, o Clube fomenta o colecionismo, difunde a arte contemporânea e incentiva a produção artística“, afirma Fabio Szwarcwald, diretor-geral do museu carioca.
Ana Beatriz Almeida explora como tema o sacrifício ritual e o corpo feminino negro no Brasil; Ayrson Heráclito faz um “exorcismo” na Casa da Torre dos Garcia d’Ávila, na Bahia, relacionada ao tráfico atlântico de escravos e à colonização. Paula Scamparini coloca sua imagem multiplicada na condição de carregadoras de bananas. Rafael Bqueer reinterpreta o abre-alas da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, de 1991, que teve o enredo crítico "Alice no Brasil das maravilhas", de Joãosinho Trinta.
Por ocasião da ArtRio, o MAM organizou duas edições especiais, com uma fotolitografia do paulista Luiz Zerbini e um ready-made de Marcos Chaves, que explora o tema da polarização no Brasil atual.
Sobre a obra Semente Vermelha, 2019, de Luiz Zerbini (R$ 12 mil)
Em 2016, Zerbini foi convidado a realizar um trabalho nas instalações do Instituto Inhotim. Em resposta ao convite, o artista levou uma prensa do Rio de Janeiro a Minas Gerais e passou uma semana produzindo impressões a partir de folhas, flores e sementes, que selecionava e recolhia dos jardins de Inhotim. Desde então, as séries de monotipias que Zerbini vem produzindo se tornaram peças relevantes dentro de sua produção.
Tecnicamente, os elementos e cores escolhidos para uma impressão são pressionados pelo cilindro metálico contra o papel de algodão. No entanto, as escolhas dos elementos e cores de uma monotipia se tornam marcas para as impressões seguintes. Por isso, o processo de produção de uma monotipia é tão revelador e surpreendente.
A gravura produzida para o Clube de Colecionadores do MAM Rio é o resultado de uma monotipia produzida por Luiz Zerbini em 2019, transformada em fotolitogravura e reproduzida artesanalmente pelo Estúdio Baren.
Sobre a obra Brasis, 2020, de Marcos Chaves (R$ 7 mil)
Duplas de objetos já haviam aparecido no trabalho de Marcos Chaves, na série Hommage aux Mariages (1989). Ele já havia também conectado vassouras (sem o cabo) em Irene ri (1994), que tem como título o palíndromo de Caetano Veloso, da música composta por saudade da irmã caçula durante sua prisão na ditadura militar.
Desta vez, pouco antes da pandemia da Covid-19, Chaves voltou a pesquisá-las. Na fábrica Vassouras Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, se deparou com a beleza das piaçavas e cerdas coloridas, e descobriu caixas com as vassouras da marca Brasil. Trouxe algumas para o ateliê, estudou a resistência do encaixe sem fixação e desenvolveu três maneiras de pendurar o objeto: horizontal na parede, vertical na parede ou pendurado pelo teto.
"Esse encaixe do trabalho é o que seria o encaixe das polaridades no Brasil do momento. Ele é colorido; a gente é cheio de vida; os Brasis são cheios de vida. Essas cores são a estrutura da peça. Dois pólos que existem porque se sustentam", diz o artista.
CLUBE DE COLECIONADORES MAM RIO #7
• Lançamento: 14 de outubro (quarta-feira), na ArtRio 2020
• Artistas convidados: Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heráclito, Paula Scamparini e Rafael Bqueer
• Artistas convidados da edição especial: Luiz Zerbini e Marcos Chaves.
• Valores de adesão:
- Clube de Colecionadores #7: R$ 12 mil
- Edição especial Luiz Zerbini: R$ 12 mil
- Edição especial Marcos Chaves: R$ 7 mil
>> Só é possível comprar o conjunto completo: as obras não são vendidas separadamente.
EDIÇÃO 7
Tiragem: 100 + 6 PAs
Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heráclito, Paula Scamparini e Rafael Bqueer
EDIÇÃO ESPECIAL
Tiragem: 30 + 4 PAs
Luiz Zerbini e Marcos Chaves
• Informações pelo tel: (21) 3883-5625 ou através do e-mail clube.colecionadores@mam.rio
www.mam.rio/amigos-e-parceiros/clube-de-colecionadores
ARTRIO 2020
• Data: 15 a 18 de outubro (quinta-feira a domingo)
• Preview – 14 de outubro (quarta-feira)
• Venda de ingressos: www.artrio.com
• Ingressos: R$ 100 / R$ 50
• Horários:
14 a 17 de outubro – das 13h às 21h
18 de outubro – das 12h às 20H
• Local: Marina da Glória - Av. Infante Dom Henrique, S/N – Glória
ARTISTAS E OBRAS
Ana Beatriz Almeida (Niterói, RJ, 1987)
Ana Beatriz Almeida é artista visual e historiadora da arte, e o seu trabalho tem foco nas manifestações africanas e da diáspora africana. Mestre em História e Estética da Arte pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), é também curadora e cofundadora da plataforma de arte 01.01. Curadora convidada no Glasgow International 2020/2021, fez residência curatorial em Gana, Togo, Benin e Nigéria, por meio da qual conseguiu se reconectar à parte de sua família que retornou ao Benin durante a escravidão. Trabalhou como pesquisadora na UNESCO.
Como artista, desenvolveu ritos em homenagem àqueles que não conseguiram sobreviver à jornada atlântica do comércio de escravos. Usou a técnica N'Gomku, que desenvolveu em cinco anos de pesquisa pela UNESCO sobre as tradições das comunidades baianas de Babá Egum e Irmandade da Boa Morte.
Apresentou performances no Centro Cultural São Paulo, Itaú Cultural, SESC Ipiranga e Casa de Cultura da Brasilândia, em São Paulo; e na Bienal do Recôncavo, Bahia. Lecionou curso de verão de sua técnica de performance na Goldsmiths University, em Londres, Inglaterra; participou da Residência Can Serrat, Barcelona, Espanha. Sua mais recente performance, Sobre o Sacrifício Ritual, é baseada na ritualística do sacrífício e o corpo feminino negro no Brasil. Foi uma dançarina butô durante 13 anos e dedicou os últimos 11 anos a pesquisar rituais fúnebres na região do Recôncavo Baiano e suas relações com as culturas da África ocidental. Atualmente vive em São Paulo.
Sobre a obra Onira, 2015
Onira é uma foto-performance da série de foto-rituais Kalunga, que busca materializar existências afrodescendentes que foram assassinadas pelo Estado ditatorial dos anos 1960/70. O título da obra, Onira, faz um trocadilho com o apelido Nira, forma carinhosa pela qual os familiares chamavam Helenira Resende. Única estudante negra da Faculdade de Letras, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), envolvida na resistência de guerrilha e morta pelo governo militar no Araguaia nos anos 1970, quando estava à frente de um grupo de mulheres camponesas. Onira é uma divindade por si só em território Iorubá; no Brasil, ela é uma qualidade de Iansã, próxima de Oxum; simbolizada por uma borboleta, relaciona-se com a alma dos heróis mortos em campo de batalha.
Ayrson Heráclito (Macaúbas, Bahia, 1968)
Ayrson Heráclito é um Ogã Sojatin de um Humpame de Jeje Mahi no subúrbio de Salvador, professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), na cidade de Cachoeira, artista visual e curador. Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Suas obras de instalações, performances, fotografias e audiovisuais lidam com elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões entre a África e a sua diáspora na América. Participou da Trienal de Luanda em Angola, em 2010; Bienal de fotografia de Bamako, Mali, em 2015; e da 57ª Bienal de Veneza, Itália, em 2017.
Obras suas fazem parte dos acervos de instituições como Weltkulturen Museum em Frankfurt, Alemanha; Museu de Arte do Rio (MAR); Museu de Arte Moderna da Bahia; Videobrasil e Coleção Itaú, em São Paulo.
Heráclito foi um dos curadores-chefes da 3ª Bienal da Bahia; curador convidado do núcleo “Rotas e Transes: Áfricas, Jamaica e Bahia” no projeto Histórias Afro-Atlânticas, no Museu de Arte de São Paulo (MASP); e recebeu o prêmio de Residência Artística do Sesc_Videobrasil, na Raw Material Company, em Dacar, Senegal.
Sobre a obra Sacudimento da Casa da Torre, 2015
O Sacudimento da Casa da Torre é um “exorcismo” de um grande monumento arquitetônico ligado ao tráfico atlântico de escravos e à colonização. A fotografia é um still do filme da performance realizada na Bahia, como uma proposta de intervenção em um grande monumento arquitetônico associado ao antigo sistema colonial português, no caso da Casa da Torre dos Garcia d’Ávila.
"Quando pensei a performance, perguntava-me como poderia retomar criticamente o passado colonial e o escravismo para refletir sobre as condições históricas e sociais do presente na margem atlântica americana, ou seja, quais as consequências duradouras da colonização e do escravismo para a África e para o Brasil", disse o artista.
Paula Scamparini, Araras, SP, 1980
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ
Artista multimídia, Paula Scamparini é graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, e obteve os títulos de Mestre e Doutora pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuou como diretora de arte para teatro e audiovisual. Foi professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, e atualmente leciona na UFRJ.
Paula Scamparini desenvolve projetos em que investiga questões culturais e identitárias suas e do país. Em seu processo de trabalho artístico, adota paisagens culturais como elemento disparador de análises, encontros e inquietações. Investiga o universo da imagem a partir de explorações com a linguagem fotográfica, escultórica, instalativa e performática. Sua criação de espaços ficcionais possibilita um diálogo entre construções narrativas tanto imaginárias como factuais.
Realizou exposições individuais nas seguintes instituições: Sesc Carmo, em São Paulo; Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro; Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, Portugal; IBEU, Rio de Janeiro; GEDOK München, Munique, Alemanha; Casa de Cultura da América Latina, Brasília.
Participou de exposições coletivas no Museo de Arte Moderno Jesús Soto (Bienal del Sur), Ciudad Bolívar, Venezuela; Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, Rio Grande do Sul; Projeto A MESA, Rio de Janeiro; Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal; Rathaus Galerie München, Munique, Alemanha; Kunstlerhaus Wien, em Viena, Áustria; Fuorifestival, Pesaro, Itália; Bienal de Cerveira, Portugal; e Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro.
Realizou residências em: Quase Galeria e Museu Nacional Soares dos Reis, Oficinas do Convento, Carpe Diem Arte e Pesquisa e Bienal de Cerveira, em Portugal; GEDOK München, Munique, Alemanha; e LaCourDieu, La Roche-en-Brenil, Borgonha, França.
Obras suas fazem parte das coleções da Fundação Vera Chaves Barcellos, Rio Grande do Sul; Galeria IBEU e Biblioteca José de Alencar, Rio de Janeiro; Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, e Bienal de Cerveira, Portugal; LaCourDieu, França.
Sobre a obra Carregadoras (P.S. 02)
A obra é uma foto-performance da série Carregadoras, cuja pesquisa segue em andamento. A artista explora o ato feminino de carregar de maneira performativa com registro em fotografia. A primeira referência da série são as carregadoras do período colonial brasileiro, mulheres africanas antes escravizadas que, segundo historiadores, alforriadas, passaram a comercializar frutas e outros alimentos em tabuleiros, exercendo importante e polêmico papel no comércio e na economia.
Rafael Bqueer (Belém, PA, 1992)
Vive e trabalha em São Paulo
As práticas performáticas de Rafael Bqueer partem de investigações sobre arte política, gênero, sexualidade, afrofuturismo, decolonialidade e interseccionalidade. Drag queen e ativista LGBTQI+, Bqueer tem um trabalho que dialoga também com vídeo e fotografia, utilizando de sátiras do universo pop para construir críticas atentas às questões da contemporaneidade. Já participou de exposições nacionais e internacionais, entre elas a coletiva “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”, na Anya & Andrew Shiva Gallery, em Nova York (2020), e fez a individual “UóHol” no Museu de Arte do Rio (2020). Foi premiadx no 7º Prêmio Foco Art Rio (2019).
Graduou-se em Licenciatura e Bacharelado no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
Obras suas fazem parte das coleções do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio).
Sobre a obra Alice e o chá através do espelho, 2014
Alice e o chá através do espelho é uma série de ações realizadas desde 2014, onde Bqueer resgata a imagem da Alice personificada pelo ator Jorge Lafond no abre-alas da escola de samba Beija-flor de Nilópolis em 1991, no desfile "Alice no Brasil das maravilhas".
Rafael Bqueer busca a narrativa crítica do carnavalesco Joãosinho Trinta, 23 anos depois, para refletir sobre as zonas de exclusão social e racial da cidade do Rio de Janeiro. Da vivência com outras corpas negras e LGBTQ’s nos barracões das escolas de samba e das violências sofridas diariamente em uma cidade marcada pelas contradições e pela necropolítica.
O ato performático da montação como afronto às normatividades que reproduzem padrões coloniais hegemônicos. Reexistir em espaços públicos, com registros em vídeo e fotografia que criam uma cartografia sobre distopias. O lixo como metáfora e reflexo do contemporâneo, um imaginário repleto de subjetividades e estratégias políticas de sobrevivência.
Luiz Zerbini (São Paulo, SP, 1959)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
Iniciou sua atividade artística no final dos anos 1970. Expoente da chamada Geração 80, Luiz Zerbini é conhecido por fazer pinturas em grande escala de colorido exuberante, em geral figurativas e com incursões no abstracionismo geométrico. Complexas e às vezes quase teatrais, suas composições incluem a paisagem e as formas da natureza. Sua obra transita entre pintura, escultura, instalação, fotografia, produção de textos e vídeos.
Luiz Zerbini é também integrante do Grupo Chelpa Ferro, com o escultor Barrão e o editor de cinema Sérgio Mekler. O Chelpa Ferro está em atividade desde 1995 produzindo trabalhos com sons e imagens, entre eles objetos, instalações, performances, shows e CDs.
Entre as exposições realizadas por Zerbini destacam-se individuais na South London Gallery, Londres; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Paço Imperial, Museu da República, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Oi Futuro e Casa Daros, no Rio de Janeiro; Inhotim, Brumadinho, MG; Centro Universitário Maria Antonia e Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; e Museu de Arte Moderna da Bahia.
Entre as coletivas de que participou estão 19ª e 29ª edições da Bienal Internacional de São Paulo; Nous les Arbres, Fondation Cartier, Paris; Dreaming Awake, House for Contemporary Culture, Maastricht, Holanda; Troposphere: Chinese and Brazilian Contemporary Art, Beijing Minsheng Art Museum, China; 10a. Bienal do Mercosul, Porto Alegre; Artistas Comprometidos? Talvez, Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; Inventário da Paixão, Museu Histórico Nacional; Histórias Mestiças, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Como Vai Você, Geração 80?, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro.
Obras do artista estão na Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Inhotim, Brumadinho, MG; Instituto Itaú Cultural e Museu de Arte Moderna de São Paulo; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Sobre a obra Semente Vermelha, 2019
Em 2016, Luiz Zerbini foi convidado a realizar um trabalho nas instalações do Instituto Inhotim. Em resposta ao convite, Zerbini levou uma prensa do Rio de Janeiro a Minas Gerais e passou uma semana produzindo impressões a partir de folhas, flores e sementes, que ele selecionava e recolhia dos jardins de Inhotim. Desde então, as séries de monotipias que Zerbini vem produzindo se tornaram peças relevantes dentro de sua produção.
Tecnicamente, os elementos e cores escolhidos para uma impressão são pressionados pelo cilindro metálico contra o papel de algodão. No entanto, as escolhas dos elementos e cores de uma monotipia se tornam marcas para as impressões seguintes. Por isso, o processo de produção de uma monotipia é tão revelador e surpreendente.
A gravura produzida para o Clube de Colecionadores do MAM Rio é o resultado de uma monotipia produzida por Luiz Zerbini em 2019, transformada em fotolitogravura e reproduzida artesanalmente pelo Estúdio Baren.
Marcos Chaves (Rio de Janeiro, RJ, 1961)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
Marcos Chaves se apropria de imagens e objetos cotidianos encontrados em suas constantes andanças pelo Rio de Janeiro, e com eles realiza combinações inesperadas ou promove deslocamentos de sentidos. Observador agudo da cidade, frequentemente injeta uma dose de paródia em seus trabalhos, que podem aparecem em forma de fotografias, vídeos, objetos ou instalações.
O artista é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula (RJ) e fez cursos de arte no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Fez exposições individuais no Paço Imperial, Museu de Arte do Rio (MAR), Fundação Eva Klabin no Rio de Janeiro, MAC Niterói, Paço das Artes em São Paulo, Museu da Imagem e do Som (MIS - SP) e Centro Cultural São Paulo, entre outras instituições e galerias de arte no Brasil, na Europa e nos EUA.
Participou da Manifesta 7, na Itália; 25ª Bienal Internacional de São Paulo; 1ª e 5ª Bienais do Mercosul, em Porto Alegre; 17ª Bienal de Cerveira, Portugal; 4ª Bienal de Havana, Cuba; e em outras coletivas em instituições como o Mori Art Museum, Tóquio; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Martin-Gropius-Bau, Neuer Berliner Kunstverein (NBK), Berlim, e Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Iziko South African National Art Gallery; Jim Thompson, Bangkok, Tailândia; Centro per l’Arte Contemporanea Luigi Pecci, Prato e Milão, Itália.
Obras suas fazem parte das coleções do MAM Rio; Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre; Itaú Cultural, São Paulo; The Ella Fontanals-Cisneros Collection, Miami; Centro de Arte de Caja de Burgos, Espanha; e Centro per l'Arte Contemporanea Luigi Pecci, Prato, Itália, entre outras.
Sobre a obra Brasis, 2020
Duplas de objetos já haviam aparecido no trabalho de Marcos Chaves, na série Hommage aux Mariages (1989). Ele já havia conectado também vassouras, só que sem o cabo, em Irene ri (1994), que tem como título o palíndromo de Caetano Veloso da música composta por saudade da irmã caçula durante a sua prisão na ditadura militar. Desta vez, pouco antes da pandemia do Covid-19, Chaves voltou a pesquisá-las. Na fábrica Vassouras Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, se deparou com a beleza da fábrica, com piaçavas, cerdas coloridas, e descobriu caixas com as vassouras da marca Brasil. Trouxe algumas para o ateliê, estudou a resistência do encaixe sem fixação e desenvolveu três maneiras de pendurar o objeto: horizontal na parede, vertical na parede ou pendurado pelo teto. "Esse encaixe do trabalho é o que seria o encaixe das polaridades no Brasil do momento. Ele é colorido; a gente é cheio de vida; os Brasis são cheios de vida. Essas cores são a estrutura da peça. Dois pólos que existem porque se sustentam", diz o artista.