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outubro 10, 2020
Artur Barrio e Galeria Millan na Frieze Masters 2020
Para a Frieze Masters 2020, a Galeria Millan apresenta uma seleção de obras de Artur Barrio. Nascido em Portugal e radicado no Rio de Janeiro, o artista pertence a uma geração que atinge sua maturidade na contracultura do final dos anos 60, momento em que o pensamento crítico atingia seu caráter mais rebelde. Desde então, esta característica tem se mostrado notável em seu trabalho como prática política, juntamente com uma forte preocupação em evidenciar fragmentos de ações que deixamos para trás. Inspirada por Dada, Situationistas, Actionistas Vienenses e o grupo japonês Gutai, a geração Barrio conclamou a chamada Arte Concetual e seus derivados em vídeo, performance e instalação, cujas reminiscências ainda permeiam práticas posteriores.
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Pode-se dizer que os trabalhos de Barrio têm como objetivo o questionamento sobre aquilo que resta nos fins dos acontecimentos. Isto é o que pode ser visto quando nos deparamos com o uso extensivo de materiais simbolicamente desdenhados, baratos e degradáveis, em oposição aos caros com pretensões de permanência – usualmente valorizados. Nesse sentido, sua produção incita uma atividade sensorial através de uma conexão de atos, ideias e comportamentos, associados à criação de experiências efêmeras capazes de perturbar os aspectos e dinâmicas do cotidiano, como na série Situações, executada em espaços públicos. Selecionamos obras representativas da produção do artista, como A partida de tênis (1982), CadernosLivros (1973-2008), 6 movimentos (1974), Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)... (1981) e o Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO (1970).
Uma vez que não há possibilidade de registrar eventos que estabelecem seu próprio tempo e espaço, Barrio está sempre registrando e descrevendo suas experiências: ideias, eventos cotidianos, movimentos, que se desdobram ora juntos, ora de forma independente. Sua série de registros, na qual podemos observar as obras A partida de tênis, 6 movimentos, e Puídas... Esgarçadas... Rotas...(os)..., aparece como evidência de algo intangível, obras que preenchem o sentido oposto do que seria o paradigma do registro, reafirmando a natureza transitória do trabalho do Barrio.
Outro suporte para esses registros são as folhas de um caderno. CadernosLivros, trabalho icônico no qual o artista inclui todo o processo de elaboração de sua poética nômade, transita entre os espectros da documentação coletada e do trabalho de arte. Barrio refere-se a eles como "o trabalho embrião, quase em estado cru, a germinação de ideias para suas consequentes realizações".
Os Manifestos são obras nas quais o artista reitera a essência do objeto de arte como realidade e não como representação. Nestes escritos, Barrio defende o papel do artista e da obra de arte como o principal meio de desencadear a ruptura com o status quo. Indo além da crítica dos processos canônicos de produção das obras de arte e da interação entre espectador e obra, a força motriz do neoconcreto - movimento do qual o artista teve notável proximidade -, a obra Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO revela uma preocupação não apenas com o que restou da experiência, mas até mesmo com o que não é vivenciado, o que acontece longe de nossa consciência, como interpretado por Agnaldo Farias.
Nas palavras do artista:
“... O meu trabalho está ligado à situação subjetiva / objetiva - mente / corpo. Considero esta relação uma coisa só, pois é ela que vai deflagrar as situações psico-orgânicas do envolvimento do espectador, conduzindo-o a participar mais plenamente da proposta apresentada, seja nos seus aspectos tátil, olfativo, gustativo, visual e auditivo, seja nas implicações de prazer ou repulsão ... ”
For Frieze Masters 2020, Galeria Millan presents a selection of works by Artur Barrio. Born in Portugal and based in Rio de Janeiro, the artist belongs to a generation of that came of age in the counterculture of the late 1960’s, when critical thinking reached its most rebellious character. Since then, this feature has shown itself to be outstanding in his work, as political practice, along with a strong concern with the evidence of fragments we leave behind. Inspired by Dada, Situationists, Viennese Actionists and the Japanese group Gutai, the Barrio generation has conjured up the so called Conceptual Art and its derivatives in video, performance and installation, whose reminiscences are still among us.
One may say that Barrio’s works aimes to question briefly about the scraps that which remains in the ends. This is what can be seen when we come across their extensive use of symbolically disdained, cheap and degradable materials, as opposed to expensive ones with permanence pretensions. In that sense, Barrio’s production incites sensorial ability through a connection of acts, ideas and behaviors, associated with ephemeral experiences capable of disrupt the standard regards and dynamics of everyday life, as the Situações series executed in public spaces. We have selected representative works of the artist production, such as A partida de tênis (1982), CadernosLivros (1973-2008), 6 movimentos (1974), Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)... (1981) and the Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO (1970).
Once there is no possibility of recording events that establish their own time and space, Barrio is always recording his experiences, describing how everything happens in life: ideas, daily events, movements, they unravel themselves sometimes together, sometimes in an independent way. His Registros series, in which we can observe the Works A partida de tênis, 6 movimentos, e Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)..., appears as an evidence of something intangible, works that fulfill the opposite sense of what would be the paragon of the register, reaffirming the transitory nature of Barrio’s work.
The notebook happens to be another support for the artist’s recordings. CadernosLivros, iconic works in which the artist includes the entire process of elaborating his nomad poetics, transits between the spectra of the collected documentation and the artwork. Barrio refers to them as “the embryo’s work, almost in a raw state, the germination of ideas for their consequent achievements”.
The Manifestos are works in which the artist reiterates the essence of the art object as reality rather than representation. In these writings, Barrio champions the role of the artist and the artwork as the principal means of triggering the rupture with the status quo. Going beyond the critic of the canonic processes of artworks’ production and the interaction between spectator and work, the driving force of the neoconcrete - a movement to which he participated closely -, Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO reveals a concern not only with what remained from experience, but even with that which is not experienced, that which happens far from our awareness, as interpreted by Agnaldo Farias.
Artist's quotes:
"...My work is linked to subjetive/objective situation -:- mind/body, I consider this relation one thing only, as it it that will deflagrate the psycho-organic situations of the involvement of the spectator, leading him/her to participate more fully in the proposal presented, whether in its tactile, olfactory, gustative, visual and auditory aspects, or in implications of pleasure or repulsion…"