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julho 31, 2020
MAM São Paulo inaugura mostra online inédita de Antonio Dias no museu e no Google Arts & Culture
MAM São Paulo inaugura mostra online inédita de Antonio Dias
Exposição traz ao público uma prévia da retrospectiva do artista que será inaugurada na reabertura do Museu. Mostra integra programação especial de aniversário de 72 anos do MAM
A partir de 27 de julho, o público poderá conferir na página do Museu de Arte Moderna de São Paulo no Google Arts & Culture, um recorte inédito virtual da exposição Antonio Dias: derrotas e vitórias. A prévia online integra a programação especial de aniversário de 72 anos do MAM São Paulo e é uma das diversas iniciativas online do Museu que, desde o início da pandemia, promove tours virtuais, lives, quizzes, conteúdos inéditos e cursos online em seus canais digitais.
No período da inauguração online, de 27 a 31 de julho, o Museu promoverá em suas redes sociais conteúdos e atividades inéditas relacionadas à mostra, são experiências poéticas e narração de histórias ao vivo no Instagram, ambas propostas pelo MAM Educativo, e ainda uma conversa transmitida ao vivo no Youtube entre Felipe Chaimovich, curador da mostra, e Cauê Alves, curador do MAM.
Acesse a prévia da exposição no perfil do mam no Google Arts & Culture
Figura de singular trajetória na arte contemporânea brasileira, Antonio Dias (1944 – 2018) é autor de uma obra multimídia, carregada de engajamento social e político, e de ironia e sensualidade. O público poderá conferir de perto suas instalações, pinturas, filmes e trabalhos em outros suportes na exposição inédita Antonio Dias: derrotas e vitórias, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Com curadoria de Felipe Chaimovich e patrocínio do Credit Suisse, a mostra reúne obras emblemáticas, muitas delas raramente exibidas, todas advindas do acervo pessoal do artista. “Ao falecer, em agosto de 2018, Antonio Dias reunira uma coleção das próprias obras que recobria toda sua trajetória artística. O conjunto compunha-se tanto de peças de que ele nunca havia se separado, como de outras recompradas de terceiros para quem tinham sido vendidas. Tratava-se, pois, de uma representação de si mesmo intencionalmente construída, mantida e guardada”, explica o curador.
Paraibano de Campina Grande, Dias aprendeu técnicas de desenho com seu avô paterno. No final da década 1950, trocou sua cidade natal para viver no Rio de Janeiro e lá trabalhou como artista gráfico. Frequentou a Escola Nacional das Belas Artes e foi aluno do artista Oswaldo Goeldi (1895-1961), quem lhe ensinou os processos da gravura. Ainda que ao passar dos anos tenha se afastado das composições figurativas com fundo negro, características explícitas nas obras de Goeldi, o artista conservou consigo os trabalhos de seu período de formação.
Entre experimentações, Antonio Dias solidificou sua pesquisa estética na década de 1960, quando decidiu explorar novos meios e suportes. Como muitos artistas de sua geração, tocados pela efervescência política e cultural desses anos, encarnou uma resistência não apenas à opressão política, mas também às tradições de pintura da época. São obras que, permeadas por elementos do grafismo das histórias em quadrinhos da Pop Art, lhe renderam o rótulo de representante da Nova Figuração brasileira e o conduziram à IV Bienal de Paris (1965). Sua prática, no entanto, estabelece um diálogo com a Nova Objetividade Brasileira e com o impulso revolucionário da Tropicália.
Discussões políticas são traços marcante nas obras de Antonio Dias, a exemplo dos trabalhos gráficos, produzidos entre 1964 e 1968. Tomado pela urgência de se opor à Ditadura Militar, o artista participou da coletiva Opinião 65, icônica mostra organizada em 1965, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, pela jornalista Ceres Franco e pelo galerista Jean Boghici, que estabelecia contraponto entre a produção nacional e estrangeira a partir de pesquisas recentes em torno das novas figurações.
Uma rede cultural foi se desenvolvendo naquele momento e culminou na exposição Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1967. A mostra foi um encontro da vanguarda artística do país e trouxe novos paradigmas para as artes visuais. Entre os marcos do período estão a superação do quadro de cavalete, um maior posicionamento sociopolítico nas obras, a participação do espectador e uma tendência para iniciativas coletivas. “Dias teria sido o responsável por introduzir, nessas investigações da vanguarda, uma agenda de questões éticas, sociais e políticas que conduziram toda uma geração a se reposicionar em função da realidade de seu tempo e lugar”, afirma Chaimovich.
Nos anos 1970, Antonio Dias mudou-se para Milão, após afastar-se da figuração em Paris. Na cidade italiana, se aproximou de expoentes da chamada arte povera (arte pobre, em português) e do conceitualismo europeu. Os traços dessas vanguardas registravam mudanças em seus trabalhos. Logo, as imagens viscerais foram substituídas por obras rígidas, quase sempre em preto e branco, que intensificavam seu carácter enigmático.
O título da exposição – Antonio Dias: derrotas e vitórias – remete à gravura que o artista criou para os 20 anos do Clube de Gravura do MAM, em 2006, e deriva de imagens de um filme homônimo. As pinturas, desenhos, instalações e filmes que compõem a mostra revelam, também, temas existenciais recorrentes na pesquisa do artista e conferem o caráter testemunhal à sua obra. “Portanto, a coleção que ele formou de si mesmo é uma síntese única, tanto pelo percurso que organiza ao longo das várias fases, como pela declaração dos valores éticos norteadores de sua arte”, conclui o curador.
Na ocasião da abertura acontece o lançamento do catálogo da exposição. A publicação compila as obras da mostra e conta com textos do curador Felipe Chaimovich, do crítico de arte Sérgio Martins e do historiador de arte Roberto Conduru. Ao longo do período expositivo, o setor Educativo do MAM desenvolverá atividades abertas ao público que ampliam a experiência da exposição.
Material de imprensa realizado por Ane Tavares - a4&holofote comunicação