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março 9, 2020
Inauguração nova sede do IAC, São Paulo
Com a inauguração interrompida pela pandemia, a nova sede do IAC recebe o público a partir do dia 13 de outubro
Seguindo todos os protocolos exigidos para abertura de centros culturais - controle de número de visitantes, medição de temperatura, percurso único, tapetes sanitizantes e fornecimento de máscara e álcool em gel, o Instituto de Arte Contemporânea abre as suas portas com a exposição Luzes da Memória.
Para celebrar o encerramento do ano e da exposição, o IAC promove um encontro entre as artistas Carmela Gross e Iole de Freitas, com mediação dos curadores da mostra Marilucia Bottallo e Ricardo Resende. O evento acontecerá no dia 9 de dezembro, quarta-feira, às 19h no canal do Instituto de Arte Contemporânea no YouTube.
Na confluência das avenidas Dr. Arnaldo e Paulista, importante eixo cultural da cidade de São Paulo, em um prédio de quatro andares integralmente reformado, está instalada a nova sede do IAC, finalmente própria, depois de mais de 20 anos de atuação em espaços cedidos por comodatos de curta duração.
A única instituição no país voltada exclusivamente à preservação de arquivos pessoais de artistas e arquitetos modernos e contemporâneos brasileiros passou a contar com espaços especialmente desenhados e tecnicamente equipados para processar, tratar e proteger seus hoje 13 acervos, agora com capacidade para receber muitos outros. A nova sede dispõe ainda de duas áreas de exposição, um auditório, sala de atendimento a pesquisadores, e estão previstos uma loja/livraria e um café.
Para ficar independente das exigências de outros comodatos, Raquel Arnaud, presidente e fundadora da instituição, optou por uma sede definitiva, viabilizada com recursos próprios. Com projeto de reforma assinado por Felippe Crescenti, o novo espaço atinge a área total do prédio, 900m2. Um leilão realizado em agosto de 2019, com peças oferecidas pelos artistas, garantiu as despesas finais, como transporte das obras, aquisição de mobiliário de reserva técnica para os acervos, ar condicionado, sistema de segurança, telefonia, internet, entre outras.
“Luzes da Memória”, exposição inaugural
Com curadoria do crítico Ricardo Resende e de Marilúcia Bottallo, museóloga e diretora técnica do IAC, a exposição para comemorar a abertura da nova sede apresenta projetos inéditos de artistas que em 2019/2020 passaram a confiar seus arquivos ao Instituto de Arte Contemporânea – Carmela Gross, Antonio Dias, Ivan Serpa, Jorge Wilheim e Rubem Ludolf –, além de obras de dois artistas integrados anteriormente ao acervo, Iole de Freitas e Sérvulo Esmeraldo. A exposição montada e interrompida pela pandemia, ganhou formato em vídeo, que pode ser acessado pelo canal do Instituto de Arte Contemporânea no Youtube.
Luzes da Memória reúne projetos em várias linguagens, como a utópica proposta de reurbanização do Boulevard Augusta (1973), não realizado, proposto pelo arquiteto Jorge Wilheim, ou cartas reveladoras como a de Nise da Silveira no arquivo de Ivan Serpa, em que a médica comenta sobre o trabalho do artista. Em nova obra escultórica, Pele: um corpo para memória (2019/2020), Iole de Freitas projeta o seu filme em super 8, Roteiro Cego (1972/2020), enquanto a máscara do senador Sam Ervin, responsável pelo Watergate, obra de Antonio Dias, pode ser experimentada pelo visitante. Por sua vez, Carmela Gross, a segunda mulher a entrar para o IAC, pinta de dourado as escadarias do prédio, emanando luz dourada para dentro do novo espaço, e Rubem Ludolf um dos artistas fundamentais do construtivismo brasileiro, pouco visto em São Paulo, tem um projeto de pintura reproduzido na parede e algumas de suas serigrafias reunidas que expressam o seu pensamento gráfico e construtivo.
Sérvulo Esmeraldo completa a exposição com uma instalação de luz prismática nunca antes apresentada em São Paulo. Na obra feita de plástico translúcido, água e corda sobrepostos e suspensos, os reflexos produzidos transformam o subsolo do prédio em uma fonte de raios de luz e cor: prismas que preenchem as sombras do lugar.
“O IAC nasceu para ser das mais instigantes e respeitadas instituições culturais do país. Tem a missão de guardar, preservar e disseminar os arquivos de artistas. Aquele material precioso que não se sabe muitas vezes como proceder ou para as famílias herdeiras dos legados, que destino dar para as “coisas” que ficam esquecidas e guardadas em pastas e gavetas nos ateliês dos artistas. Guarda-se de tudo nesses arquivos, o que importa e até o que não importa de uma obra artística. Pensando nisso, fomos buscar projetos curiosos não realizados ou aqueles projetos realizados e pouco vistos que ficaram guardados nas tais gavetas da memória”. (Ricardo Resende, curador e Conselheiro Curatorial do IAC).
Sobre o IAC
O IAC – Instituto de Arte Contemporânea surgiu em 1997 para a preservação inicial de dois acervos confiados a Raquel Arnaud: Willys de Castro e Sergio Camargo. Foram 23 anos de credibilidade, incluindo o Prêmio APCA, em 2006, como melhor iniciativa cultural do ano. Antes desta sede própria, operou por meio de parcerias institucionais com a Universidade de São Paulo (2006-2011) e com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2011-2019).
Se de um lado, com seu potente Núcleo de Documentação e Pesquisa, atende a estudiosos, de outro, o IAC oferece ao público exposições que revelam o processo de trabalho de grandes nomes da arte brasileira, além de cursos, palestras e workshops. Pela interface online ainda, pesquisadores de qualquer parte do mundo podem ter acesso ao seu banco de dados.
Até 2019 o acervo contava com 50 mil documentos aproximadamente, dos artistas Amilcar de Castro, Hermelindo Fiaminghi, Iole de Freitas, Ivan Serpa, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Sergio Camargo, Sérvulo Esmeraldo e Willys de Castro. Agora, no novo espaço, já estão em vias de processamento mais cinco arquivos documentais: dos artistas Antonio Dias, Carmela Gross, Ivan Serpa, Rubem Ludolf e do arquiteto, Jorge Wilheim.
Como resultado das pesquisas produzidas a partir do acervo do instituto foi lançado Encontros Fundamentais – IAC 20 anos, em maio de 2020, editado em parceria com a editora UBU, com projeto gráfico de Elaine Ramos. Concebido e organizado pelo curador Jacopo Crivelli Visconti, o livro reúne textos inéditos dos críticos Alberto Salvadori, Aleca Le Blanc, Carla Zaccagnini e Michael Asbury, além de Raquel Arnaud, Marilúcia Bottallo e do próprio Crivelli Visconti.
Outro lançamento do IAC em 2020 foi mis piedras – Sergio Camargo – ateliês 1950 ____1990, para celebrar os 90 anos do artista (Rio de Janeiro, RJ, 1930 - idem, 1990). O livro reúne imagens fotográficas, estudos, poemas e excertos sobre o pensamento plástico do artista e sobre sua prática de ateliê. Nesses espaços, Sergio Camargo criava e meditava sobre sua obra e sobre arte. Com vários ateliês no Rio de Janeiro, em Paris e em Massa, Itália, em distintos períodos, as imagens do livro testemunham suas pesquisas e inquietações conceituais e pragmáticas. Com formação na Sorbonne em filosofia e na École Pratique des Hautes Études em sociologia da arte, o livro apresenta uma faceta do artista que, por meio da prática do ateliê, consegue fundir seus interesses em um processo único e em gestos profundamente meditados.
mis piedras – Sergio Camargo – ateliês 1950 ____1990 tem projeto gráfico do artista Carlos Nunes, que também assina a concepção e organização juntamente com Marilúcia Bottallo e David Forell. (Para adquirir as publicações do IAC acessar: contato@iacbrasil.org.br ou os telefones +55 11 3129-4898 e 3129-4973)
Exposição Luzes da Memória: de 13 de outubro de 2020 – Até 20 de dezembro, de terça a domingo, das 11h às 17h, ingresso grátis pelo Sympla, grupo de cinco pessoas por circuito de 45 minutos.
Funcionamento do IAC para pesquisadores: de terça a sexta-feira, das 10h às 16h, mediante agendamento: Sympla (5 grupos por dia, sendo às 11h, às 13h, às 14h, às 15h, às 16h) a venda será liberada no sábado dia 10/10.