|
março 1, 2020
#duplaPlus ocupa a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
Em março, o coletivo #duplaPLUS ocupa a galeria do casapark com uma retrospectiva dos últimos cinco anos de suas foto-proposições em dança, performance e fuleragem
Dando início ao ciclo 2 de ocupações, a Galeria Casa recebe a mostra (CORPO)sições para danças tímidas antes do meio-dia, do coletivo #duplaPLUS. Formado originalmente por Ary Coelho (RIP) e Luisa Günther, este coletivo precisou ampliar o sentido da presença do outro, instaurando novos significados para a parceria e a cumplicidade no fazer artístico. Além de ser uma retrospectiva das foto-proposições realizadas ao longo de cinco anos (2015-2020) em diferentes paisagens brasileiras, a exposição, marcada pela ruptura da ausência e os sentidos para a elaboração de novos formatos de parceria, também questiona a fronteira do ideal que faz de Brasília uma cidade-sonho. A exposição será inaugurada no dia 4 de março, às 17h, e fica em cartaz até o dia 29 de março, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no casapark, 1º Piso, ao lado do Espaço Itaú de Cinema. Telefone: 61-3403-5300.
A exposição articula sete nucleações para as mais de 150 imagens apresentadas, sendo quatro destas referências às escalas propostas por Lúcio Costa para o Plano Piloto e, as outras três, escalas inventadas, como também foi Brasília um dia. Temos então: residencial – monumental – gregária – bucólica & (poli)ética – (pan)estética – (pre)enfática. Sim. Para além de tudo que já acontece, novas palavras precisam ser inventadas para capturar imaginários alheios. Acredita-se aqui que seja preciso extrapolar os limites do próprio contexto e compreender as possibilidades: de si como parte do cotidiano de outros; do momento histórico como uma dimensão das biografias individuais; do artístico como uma prática cultural híbrida; das coisas como extensão das ideias como extensão das coisas.
Residência artística temporária
Além destas nucleações, a retrospectiva é uma obra-em-processo de tempo estendido. Para isto, propõe o formato de uma residência-artística-temporária, com a presença da artista Luisa Günther durante o período da exposição. Esta intenção em promover uma residência-artística-temporária, nos horários de funcionamento do espaço, tem por intuito desdobrar visualidades a partir da presença alternada e continuada, para assim dimensionar a própria galeria como um espaço aberto à criação de novos sentidos artísticos e não somente para a apresentação de conteúdos que supostamente já estão prontos.
Ao se fazer presente no espaço destinado a acolher a visitação fugaz dos curiosos inaugura-se uma rotina que acomoda as demais proposições da maneira mais permanente possível. Esta presença continuada é necessária para que uma rotina seja engendrada em nossos corpos como ações próprias de um cotidiano comum. Acordar e deslocar-se; permanecer até entediar-se; retornar, dormir e novamente acordar; amanhecer novas possibilidades. Ações continuadas, [que serão divulgadas diariamente pela conta de Instagram da própria Galeria Casa, quais sejam: performances; foto-danças; aulas públicas sobre temas avulsos em sociologia da arte e arte contemporânea; conversas com interlocutores; mediação com grupos escolares; devaneios com público espontâneo; oficinas de percepção corporal; ateliê aberto desenho; produção de texto; leitura de portfólios; etc.] que de tantas vezes repetidas, promovem também um estranhamento com a própria condição deslocada que, por sua vez, transforme-se em uma familiaridade inconsequente.
Afinal, por qual motivo alguém frequenta um espaço de arte?
Frequentar o espaço expositivo já é fazer arte?
Ademais, o interesse em dimensionar a possibilidade de uma rotina como residência-artística-temporária, advém de uma vontade de desmistificar os processos criativos e espaços expositivos, bem como em proporcionar uma acessibilidade imediata às qualidades mais experimentais de uma ação. Como materialidade desta proposição irão permanecer os registros e impressões configuradas como fotos, hashtags e postagens em redes sociais, que por sua vez, deshierarquizam procedimentos e protocolos, tornando também o público parte desta configuração de elaboração de sentidos e significados.
Galeria Casa | ciclo 2
A abertura da mostra “(CORPO)sições para danças tímidas antes do meio-dia”, do coletivo #duplaPlus marca o início do ciclo 2 de ocupações da Galeria Casa. A nova etapa traz como eixo os 60 anos de Brasília e os artistas e galeristas que fazem parte da história da cidade e da construção de sua identidade, direta ou indiretamente. Em abril, será a vez de a Galeria Celso Albano ocupar a Galeria Casa. Um dos principais galeristas e pioneiro no mercado da capital federal, Celso Albano foi responsável por realizar importantes mostras de artistas contemporâneos brasileiros, além de atuar no mercado de arte nacional.
Sobre os artistas
O bailarino e coreógrafo Ary Coelho realizou, desde 1995, coreografias autorais nas quais busca elaborar novos conhecimentos e formas de expressão, a partir de ações cotidianas do corpo como poética da dança. Começou seus estudos acadêmicos em Dança em 1990 na Faculdade de Dança da Pontifícia Universidade Católica PUC/PR. De 1991 à 1994 fez parte do corpo de baile do Ballet Teatro Guairá onde participou das montagens do Ballet Quebra-Nozes; Ballet Petruska; Ballet O Trono; Ballet Circo Místico e na Ópera Aïda. Em 1998 retorna a Porto Alegre onde ingressa no Terpsi Teatro de Dança e participa das montagens: Tolouse Lautrec e Orlandos. Em 2000, Ary Coelho recebe o PRÊMIO AÇORIANOS de melhor bailarino, concedido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, pelos espetáculos A + E = D e Náufragos em Manhattan. Em 2003, estabeleceu-se em Brasília para dar continuidade a seu trabalho solo. Aqui, participou do Festival Internacional da Nova Dança entre 2003 e 2007. Apresentou o espetáculo Destilando a Sensibilidade no Teatro Nacional Cláudio Santoro, no Espaço Cultural Renato Russo, e no Espaço Quasar, em Goiânia. Foi contemplado pelo FAC/DF em 2005 com o projeto LAB-5; 2008 com o projeto Desconexadança; e, 2010 com o projeto Pensar é o que o cérebro faz quando está sentindo. Graduou-se na Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes em 2010. Cursou o mestrado no PPG-Artes/UnB, na linha de pesquisa em Processos Composicionais para a Cena, no qual desenvolveu pesquisa sobre o dançar absurdado a partir de Beckett.
Luisa Günther é professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, atua no PPG-Arte na Linha de Pesquisa de Educação em Artes Visuais a partir de projeto de pesquisa em que elabora pedagogias sensoriais em investigações poéticas. Mestre (2007 / Neoconcretismo: Manifesto e Práxis) e Doutora (2013 / Experiências (des)compartilhadas: Arte Contemporânea e seus Registros) em Sociologia da Arte, entre diferentes e distintos interesses, desenvolve considerações verbovisuais em: desenho/grafismo/ilustração; escritos de artista/livrobjeto/intermidia; metodologias para o ensino das artes visuais; métodos de pesquisa em artes visuais; panfletagem e mecanismos de circulação; performance/videodança/dança contemporânea; sociologia da arte e crítica cultural. Realizou exposições individuais no Conjunto Cultural da Caixa de São Paulo e Salvador (Pangrafismos: coisas de Ler); no MARCO/MS (Pós-projetos de Pré-possíveis); na Endossa (Sobre Manchas e Outros Seres); na Galeria Almeida Prado (A delicada imagem de um pensamento). A visualização de algumas proposições artísticas está disponível em www.luisagunther.com.