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fevereiro 27, 2020
Zip’Up: Vitor Mizael na Zipper, São Paulo
Ainda que em transição, o trabalho de Vítor Mizael não abandona o olhar em torno da memória. Em séries passadas, o artista refletia sobre a noção de patrimônio e conservação, priorizando suportes que exprimiam a vulnerabilidade e a perecibilidade da matéria. Agora, o interesse do artista migra para outra perspectiva do mesmo objeto: questões como afetividade e ornamento, e como elas se expressam no espaço e se acumulam ao longo do tempo, viram seu foco. Por isso, ao lado do desenho, surgem bordados em linho, pinturas em azulejos das décadas de 1970 e 1980, objetos em metal que remetem a padronagens de portões domésticos tão característicos das casas de São Paulo. Parte desta produção recente de Vítor Mizael está em sua nova exposição individual no programa Zip’Up, aberta a partir de 29 de fevereiro.
Desde o início de sua pesquisa, Vítor aborda as figuras animais e botânicas pela ilustração científica. Ele se apropria de manuais catalográficos para criar novas formas e buscar outras relações entre os trabalhos que se confrontam no espaço expositivo. Nesta individual, os trabalhos revelam a virtuose do desenho e seu poder de rompimento com a representação do real. Em estandartes de linho bordado e portões soldados, convivem o que antes eram opostos: serpentes e o pássaros — duas figuras frequentes no trabalho do artista — deixam os meros status de “predador” e “presa” e assumem novas simbologias.
Segunda individual do artista na Zipper, a mostra fica em cartaz até 28 de março.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a va-riadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência en-tre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos oito anos, somam mais de cinquenta exposições e cerca de 70 artistas e 30 curado-res que ocuparam a sala superior da galeria.