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fevereiro 10, 2020

Dani Tranchesi na Estação, São Paulo

O projeto desenvolvido por Dani Tranchesi, com acompanhamento de Diógenes Moura, resultou na exposição Lindo Sonho Delirante e no livro homônimo (Editora Martins Fontes). O escritor, que também assina a curadoria da mostra bem como o texto e a seleção de imagens da publicação, encontrou-se semanalmente com a artista ao longo de um ano.

Se para a sua primeira individual, realizada no ano passado na Galeria Estação, Tranchesi percorreu vários países, agora a sua lente concentra-se no Brasil, nas cidades de São Paulo, Belém e na Ilha do Marajó, em Salvaterra, Joanes, Soure e Cachoeira do Arari.

Segundo o curador, a mostra com cerca de 60 fotografias realizadas em 2018 e 2019 é formada em sua grande maioria por dípticos ou trípticos. “Busquei criar um roteiro em que as possibilidades narrativas entre as imagens ou de cada uma ficam por conta do olhar do espectador”, diz Moura. São fotos que ora miram a crueza de vidas e espaços de cidades metropolitanas, ora o onírico que guarda a Ilha de Marajó, onde ainda contemplar estrelas é um ato cotidiano.

“O semblante de uma cidade (São Paulo) é como um livro aberto, tão fatal como uma onda do mar, tão profundo com a angústia em um dia de domingo. Do lado de lá (Ilha do Marajó) os de dentro colocam o sofá nas portas das ruas para falar com os cometas, ter a certeza de que objetos voadores não identificados não dominarão os búfalos”, escreve Moura.

A fotógrafa paulistana, a partir de 2018, viajou várias vezes para a Ilha do Marajó. Em São Paulo seu núcleo de pesquisa se estabeleceu na região central da cidade. O interesse pelos outros e pelas diversas formas de viver, recorrente em sua produção, permanece expresso nas séries realizadas em Marajó e nas duas capitais. Fotografias de ambientes domésticos, detalhes de objetos, atmosferas de beleza e acolhimento contidas na resistência da simplicidade se contrapõem a destinos de homens e espaços urbanos abandonados na esteira do progresso.

Dani Tranchesi (1968, São Paulo) estudou Comunicação na Escola Superior de Propaganda e Marketing e Fotografia na Escola Panamericana de Arte. Em sua produção autoral, a artista se dedica à diversidade de pessoas e culturas nos cerca de 70 países que percorreu.

Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor. Em 2019 foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura com O Livro dos Monólogos – Recuperação para Ouvir Objetos (Vento Leste Editora). Premiado no Brasil e exterior, foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado entre 1998 e 2013. Escreve sobre existência, imagem e abandono.

Posted by Patricia Canetti at 9:38 AM