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janeiro 30, 2020
Rebecca Sharp + Condo São Paulo 2020 na Sé Galeria, São Paulo
Abrindo a programação de 2020, a Sé apresenta a primeira individual da artista paulistana, Trago uma mensagem do destino, radicada nos Estados Unidos, Rebecca Sharp (1976). Em seu processo poético-espiritual, combina, por meio de uma afincada dedicação de mais de uma década, as práticas pictórica e meditativa.
Sua obra, feita em transe, trata de uma variedade de planos astrais: insólitos mundos recobertos por abismos de vacuidade em matizes vívidos que convivem de modo vibrante. Cada uma das telas abstratas — marcadas por gestos expressivos a fim de materializar uma outra classe de geometria e luminosidade — funcionam como mensagens codificadas, provenientes de seu espaço anímico. “Como se tivéssemos a capacidade de entrar no subconsciente e tomar um retrato, um slide fotográfico”, descreve Sharp, “de um momento que após um instante se esfumaça”. E, para que ocorra a recepção (kabbalah) dessa mensagem, a artista recorre a um método de esvaziamento psíquico com o fim de que brilhe em máxima luminância tudo aquilo que soube e não pode ser visto.
As obras, em sintonia com o título da mostra, operam como mensagens de origem ancestral ou futura, assim como cometas que voltam a aparecer. Em seu universo, esses astros luminescentes surgem como metáforas de corpos que viajam em diversas velocidades, direções e intensidades em espaço e tempo indefiníveis, e o olhar da artista, como um telescópio, nos aproxima desses fenômenos remotos.
Nesse espaço fantástico, de processos psíquicos-pulsionais, todos os elementos imagéticos e sígnicos apresentados por ela afetam e continuamente são afetados por eles mesmos em um magnetismo surreal, sem sinonímias de alcance claro. No começo de uma nova década, em um estado de guerra eminente, Sharp nos desvela a resistência eficaz que podemos encontrar dentro de nós mesmos: a permissão de iluminar tudo o que sabemos e que não pudemos ver.
Com formação em Drama and Theater Arts na Goldsmiths College em Londres, em 2018 participou da 33o edição da Bienal de São Paulo, Afinidades Afetivas na sessão curada pela artista Sofia Borges. Em 2019, esteve em residência por cinco semanas no consagrado California Institute of the Arts. Com curadoria e texto dramatúrgico de Tiago de Abreu Pinto, a exposição ocupará o primeiro andar do novo espaço da Sé com pinturas inéditas, em sua maioria em pequeno formato, e esculturas em barro.
Condo São Paulo - Galeria The Breeder (Atenas) e Galeria Nuno Centeno (Porto)
Pela segunda vez, a Sé será anfitriã no projeto Condo São Paulo e receberá, em seu segundo andar, as galerias The Breeder, de Atenas, e a galeria Nuno Centeno, de Portugal. O Projeto Condo é um programa de exposições colaborativas de larga escala entre galerias internacionais. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com as galerias visitantes, seja co-curando uma exposição ou dividindo seus espaços.
A galeria Nuno Centeno tem destaque em importantes eventos internacionais. Em 2016, com menos de 10 anos de carreira, Nuno Centeno foi nomeado pelo Artnet como um dos 10 galeristas mais respeitados da Europa e em 2018 ganhou o prémio do melhor stand da feira internacional Frieze NY. A galeria visitante traz para o Condo São Paulo o artista português André Sousa. As instalações de Sousa jogam com as noções de valor e com o leque de possibilidades dos contextos da arte e da economia. Seu corpo de trabalho é composto por pinturas de dupla face, grandes contrastes estéticos, materiais e técnicas confrontantes, reproduções de arquitetura vernacular e outros objetos. Em suas pinturas ou vídeos encontramos paisagens, referências literárias, experiências individuais, elementos e apropriações codificadas.
A galeria The Breeder, uma das plataformas culturais pioneiras de Atenas com um time de artistas emergentes e também consolidados, por sua vez, trará o artista grego Angelo Plessas. Partindo do reconhecimento da Internet como potência ambivalente e como algo que se mistura com a realidade cotidiana, o trabalho de Angelo transita entre ambientes digitais e analógicos para evocar suas potencialidades espirituais. Talismãs para afastar os aspectos malignos da tecnologia, seus trabalhos são como convites à celebração do potencial de construção de um novo tipo de espiritualidade em rede.