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janeiro 27, 2020
Dança-instalação Aquilo que foge no Sesc Pinheiros, em São Paulo
Dança-instalação da artista Babi Fontana, em colaboração com a coreógrafa carioca Dani Lima, une dança, artes visuais e música experimental, circulou por Rio de Janeiro e São Paulo em 2019 e faz curtíssima temporada no Sesc Pinheiros.
28 e 29 e 30 de janeiro de 2020, terça, quarta e quinta-feira, às 20h30
Sesc Pinheiros - Sala de oficinas, 2º andar
Rua Pais Leme 195, Pinheiros, São Paulo - Metrô Faria Lima
Duração de 50 minutos, 30 lugares por sessão
Ingressos gratuitos, retirada com uma hora de antecedência
"Como as tecnologias digitais remediam nossas experiências de voz? Feito de quatro partes nas quais a experiência visceral da perda de voz se encena por meio da dança, imagens de cordas vocais em movimento se projetam sobre uma tela grande, argila moldada à forma de uma orelha é saltada pela força de um falante e áudios que relatam reminiscências de vozes que fazem falta tocam em falantes distribuídos pelo espaço de encenação, Aquilo que foge explora os complexos mecanismos de produção, transmissão e lembrança de voz"
Victoria Adams, Centre of Latin American Studies, University of Cambridge
"Se trata aqui de sair do pavor que a morte suscita para ser receptivo ao finito, reter uma lâmina: a singularidade como extrato do infinito múltiplo que nos circunda. O múltiplo n'Aquilo que foge se expressa, também nas múltiplas vozes de ausência que compõem a cena"
Hélia Borges, Faculdade Angel Vianna
Nesta dança-instalação Babi Fontana se debruça sobre as memórias de sua avó, a também artista Maria do Carmo Bauer*, que como consequência de uma lesão cerebral perdeu a fala nos últimos anos de vida, e sobre a obra " Não eu", do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. O trabalho conta com a colaboração da bailarina e coreógrafa carioca Dani Lima. Paisagem sonora, desenho de luz, live sonora e dramaturgia também foram criados em colaboração com outros artistas.
Babi é artista da dança e trabalha em diálogo com diversas outras linguagens. Em 2018, exibiu Outras Derivas (documentário sobre produção de arte contemporânea no interior de São Paulo) no Festival de cinema latino-americano de São Paulo. Em 2019, estreou e fez temporadas com a dança-instalação Aquilo que foge no Rio de Janeiro, em São Paulo e no interior paulista.
Para compor a performance, que conta com mais de 80 vozes, Babi reproduz áudios de WhatsApp em auto-falantes analógicos ligados à uma live sonora. Quando os auto-falantes desligam, Babi emite a paisagem sonora com seu próprio corpo, ligado a aparelhos portáteis de reprodução de som.
Aquilo que foge é "uma coleção de vozes, um inventário de vozes de vários idiomas. Uma coleção de biografias sonoras povoadas por paisagens audiovisuais. A ideia é experimentar o discurso e o não-discurso através de diferentes linguagens, movimentos, sons e gestos. Experimentar a ideia de eu como construção narrativa. É sobre o falar e o não-falar”, segundo Babi Fontana.
Criação e dança: Babi Fontana; colaboração artística: Dani Lima e Emílio Fontana Filho; colaboração na dramaturgia: Victor Costa; paisagem sonora: Dallanoras; desenho de luz: Laura Salerno; colaboração na instalação sonora e operação som: Andreson Kaltner; direção de produção: Aline Grisa | Bufa Produções; produção: Minotauro Produções.
Sobre Babi Fontana
Coreógrafa, bailarina e pesquisadora. Nos últimos anos desenvolveu trabalhos na fronteira entre a dança o cinema e as artes visuais. Mestranda em Artes da Cena pela Unicamp, no interior de São Paulo, e pós-graduada na Faculdade de Dança Angel Vianna, na cidade do Rio de Janeiro. Em 2019 apresentou sua performance Colisões na Fábrica de Arte Cubana, em Havana, e recebeu em 2018 o Prêmio Proac de Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Dança - executado em 2019 como Aquilo que foge. Colaborou com a/os artistas Dani Lima, Cristian Duarte, Marcio Abreu, Denise Stutz, Alex Cassal, Fernando Belfiore, Esther Arribas e Anne Leigniel. Além de cidades do Brasil e em Cuba, já apresentou seus trabalhos em Londres e Berlim.
* Maria do Carmo Bauer (1928-2010). Na década de 1950 se formou na EAD (Escola de Arte Dramática). Foi uma das fundadoras do Pequeno Teatro Popular, primeiro curso livre de teatro da cidade de São Paulo, onde passou a trabalhar de modo pioneiro com preparação vocal para artes da cena. Ganhou prêmios como atriz e trabalhou como preparadora vocal de diversos espetáculos de teatro, como Macunaíma e Eduardo III, de Antunes Filho. Nos anos de 1970 cursou fonoaudiologia na PUC-SP e por mais de dez anos lecionou interpretação vocal na Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP).