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janeiro 27, 2020
Luiz Dolino: exposição e livro na Referência, Brasília
O pintor carioca lança livro na Referência Galeria de Arte. Com textos de Ana Luísa Marinho, Frederico Morais e Nélida Piñon, a publicação passa em revista a produção do artista e os impactos causados pelos deslocamentos em sua obra
Na próxima terça-feira, 28 de janeiro, às 18h30, a Referência Galeria de Arte realiza o lançamento do livro “Agora e antes”, que apresenta um panorama da produção do pintor Luiz Dolino. A publicação de 120 páginas estará à venda por R$ 40,00. Na ocasião, será inaugurada a mostra homônima que traz um recorte da produção do artista carioca, radicado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A mostra fica em exibição até o dia 1º de fevereiro. A entrada é gratuita e livra para todos os públicos. Visitação, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Brasília DF. Telefone: (61) 3963-3501.
Em seu texto sobre a produção de Dolino, a produtora musical Ana Luísa Marinho descreve sua aproximação e a apreciação da obra do artista a partir de um paralelo com a construção de uma pauta musical. “... Dolino pinta música. São pinceladas rápidas como semicolcheias, ou esticando uma espátula como se fosse uma nota longa, combinando as cores como as notas certas num acorde”, escreve Ana Luísa.
A escritora e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon ressalta em seu texto os efeitos multiplicadores da linguagem pictórica de Dolino. Os dois se conheceram em Buenos Aires (Argentina), ainda na década de 1970, “O límpido cromatismo de um universo cujo porvir de sua gramática ajustava-se a novos conceitos, construía e desfazia ícones, mitos sob o julgo de irrestrita fidelidade a uma sintaxe geométrica, atrás da qual se escondiam labirintos lógicos, previstos pelo artista”, diz Nélida Piñon.
Ao analisar a obra do artista desde seus primeiros anos como pintor, o historiador, curador e crítico de arte Frederico Morais afirma que para Dolino, a arte é um processo de decantação de emoções e pressões da vida diária. “Para Dolino, a arte nunca teve um caráter de urgência expressiva”, escreve Frederico. O crítico lembra que o artista teve um início de carreira trabalhando com o figurativo. Esse flerte logo foi substituído por pesquisas com matérias e texturas, provavelmente sob influências da pintura formal, “que, como uma avalanche, inundou o mundo da arte no final dos anos 1950 início dos anos 1960, inclusive no Brasil”, afirma Frederico.
Luiz Dolino inicia seus estudos na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues, em 1961. Quatro anos depois, estuda no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com Ivan Serpa, passando a incorporar as formas geométricas ao seu próprio trabalho. Por volta de seus 20 anos, trabalha como funcionário do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Entre 1973 e 1984, reside em diversos países da América Latina, tais como México e Argentina. Em 1984, muda-se para a Costa do Marfim, de onde retorna ao Brasil em 1987, fixando residência na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, realiza o painel “Loco por ti” para o Palácio dos Bandeirantes e, em 1989, é responsável pela capa e pelo projeto gráfico do livro “A Lição do Amigo”, de Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), editado pela Editora Record. Um ano depois, a Editora Salamandra, do Rio de Janeiro, publica o livro “Dolino”, com uma coleção de trabalhos seus. Realiza exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1997. Em 2000, publica o livro “Allegro Affettuoso – memórias”. Ainda neste ano, realiza exposição individual no Museo de la Revolución, em Havana.
Frederico Morais afirma que essa longa permanência fora do Brasil reverberou em sua obra. De um lado, diz, “o distanciamento do país natal permitiu-lhe realizar um trabalho que não sofre a pressão do circuito da arte local... De outro lado, para não perder sua identidade nacional, apegou-se Às suas raízes culturais”, completa.