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janeiro 27, 2020
Galeria Risofloras-Jovem de Expressão ocupa a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
Para abrir a programação de exposições de 2020, a Galeria Casa será ocupada pelo programa Jovem de Expressão, com fotografia, pintura, graffiti, muralismo, performance, instalação e site specific. Adriane Oliveira, Dani Dumoulin, Mayra (an6trais), Ester Cruz, Gu Da Cei, Hud Artes, Kelly França, Key Amorim, Luiz Ferreira, Marconi Cristino, Mayron Ricarte (Vanz), Rayane Soares, Tais Geburt e Tatiana Reis são artistas periféricos que produzem no Distrito Federal e no Maranhão, com repercussão no Brasil e no mundo, mas que em Brasília ainda são pouco conhecidos. A coletiva “Deslocamentos” apresenta a obra desses artistas que abordam as questões éticas e estéticas pertinentes às artes visuais a partir de um olhar distanciado do centro, tantos das grandes metrópoles como dos grandes centros irradiadores e consumidores de arte. Com curadoria de Tatiana Reis e Rayane Soares, a mostra será inaugurada no dia 8 de janeiro, às 17h, e fica em cartaz até o dia 31 de janeiro, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e a classificação indicativo é livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no casapark, 1º Piso, ao lado do Espaço Itaú de Cinema. Telefone: (61) 3403-5300.
Segundo a curadora da mostra e artista visual Tatiana Reis, a mostra coletiva que será apresentada na Galeria Casa aborda as questões da ocupação do que é o espaço público e do encontro entre o periférico e o central. “O que é nosso, deslocar para ocupar o centro, a galeria, a história. “Deslocamentos” traz para esse espaço uma nova geração de artistas, das cidades do Distrito Federal, todes fora do eixo, das asas de Brasília, da cidade planejada”, afirma. A partir dessa perspectiva, as obras tangem questões etnográficas e geográficas, de presença, protagonismo e de visibilidade.
A mostra coletiva reúne 15 artistas visuais que trabalham com os mais variados suportes e linguagens, da fotografia à pintura, passando pela performance e a instalação. “Alguns dos artistas estão vinculados ao programa Jovem de Expressão, outros, por serem periféricos, se relacionam com a proposta de resistir entre os poucos espaços culturais existentes na Ceilândia, a cidade satélite mais populosa do Distrito Federal. A mostra apresenta a produção de cada um dos artistas em sua subjetividade, no trânsito pelo urbano, na recriação das memórias afetivas, ressignificando espaços, reorganizando fronteiras, compartilhando outras narrativas.
Artistas
Adriane Oliveira é artista visual e tatuadora, nascida no Gama-DF onde vive e trabalha. Tem como linguagem a pintura, gravura, fotografia e colagem. A maior parte da sua produção se concentra em pinturas a óleo, acrílico, guache e aquarela, mas também explora a fotografia, a ilustração e monotipia. Atuando há 3 anos como tatuadora, sua pesquisa em arte tem como foco questões do feminino, maternidade, sexualidade, melancolia, morte e vida. Busca através de signos da sacralidade como as representações das santas questionar idealizações do feminino.
Mayra, mais conhecida como An6trais desenha desde criança. Aos 16 começou a produzir obras voltadas para a temática da cultura negra, sobre a diáspora e a indígena. Também se interessa em abordar o sagrado feminino em seus trabalhos mais recentes. A técnica que utiliza é a aquarela.
Dani Dumoulin, artista visual, arte-educadora, zineira, produtora e fotografa. Reside em São Sebastião e caminha pela poética do cotidiano das periferias, buscando os entremeios e as miudezas das histórias vividas em diálogo com a gestualidade artesanal. Gestora e coprodutora do ateliê itinerante título provisório, grupo de produção, circulação e mediação de ações formativas. Em Fragmentos a artista cria a partir de história vividas no concreto do dia a dia. Recolhendo pedaços de paredes de obras e reconstrói em desenho esses locais. É um trabalho em construção constante iniciado em São Sebastião, mas com desdobramentos possíveis.
Ester Cruz natural de Ceilândia, é fotógrafa e web designer. Formada em fotografia no Instituto Iesb. Desenvolve seu trabalho a partir da estética negra, tendo como projetos: Deus é Negra (2018), Consciência Negra (2019), Re'torno (2019) e 365negro (2019).
Gu Da Cei é artista visual, bacharel em Comunicação Social com habilitação em Comunicação Organizacional pela Universidade de Brasília (UnB) e Tecnólogo em Marketing pelo Centro Universitário Internacional. Discute vigilância, imagem, direito à cidade e desenvolve o seu trabalho artístico no âmbito da intervenção urbana, performance e vídeo, além de buscar compreender as possibilidades dialógicas entre processos históricos e contemporâneos da fotografia, bem como seus espaços de exibição e circulação. Vencedor do Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea. Curou a exposição Ceilom(bra) e alguns de seus trabalhos também podem ser conferidos no livro "O Direito Achado na Rua: Introdução Crítica ao Direito à Comunicação e à Informação" e na exposição "TRIANGULAR - arte deste século", do acervo da Casa da Cultura da América Latina (CAL), em exibição na Casa Niemeyer.
Hud Artes mora em Samambaia, trabalha com arte urbana, arte gráfica, grafite no estilo afro ancestral e old school. Promove oficinas e intervenções urbanas, além de revitalizar e reutilizar espaços pela cidade com arte residente de rua.
Kelly França, é historiadora, educadora e também estudante de Teoria, Critica e História da Arte, busca referências vindas da história oral, do Griô, patrimônio imaterial e também das investigações acerca dos lugares de memórias e da construção dessas, através do caminhar e da transgressão à invisibilidade por meio da agência, intenção e causação que promove a identidade espacial. Por meio da fotografia e vídeo-arte, realiza registros de uma narrativa incomum. A partir de uma cadeira protagonista de vivências, que saí de seu lugar utilitário para ver e vir a ser o mundo e construir caminhos, a obra intitulada Memória em Repouso, revela uma busca pelo diálogo com reminiscências e com a construção de memórias, por meio “do caminhar diante da agência de um objeto inanimado, banal ou apenas utilitário”.
Key Amorim, natural de Ceilândia, começou sua trajetória artística ainda na infância, estudou teatro e ballet na adolescência através de projetos sociais, mas foi após ser acometida por uma síndrome rara que encontrou no graffiti a forma de expressar suas vivências com arte. Após o diagnóstico de síndrome de Guillain Barré teve que se adaptar a uma nova realidade de vida, novas limitações e aprender novas formas de se expressar e realizar diversas tarefas. Durante o tratamento, o novo aprendizado e a superação de cada obstáculo, o graffiti, veio como um trampolim para expressar seu o amor pela arte, suas vivências e encarar essa fase. Seu trabalho é focado no empoderamento negro, feminino, superação de barreiras e inclusão social trazendo fortes personagens femininos em murais cheios de cor
Luiz Ferreira cresceu no Recanto das Emas sempre foi fascinado por imagens, memória, histórias, materialidade e como o mundo é. Em suas produções investiga as relações do tempo, espaço e memória promovendo uma experiência da reminiscência através de registros fotográficos e intervenções com a materialidade. É graduando em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e está ligado às áreas de percussão, artes cênicas e design gráfico. Em 2018 foi selecionado para expor na Patchogue Arts Council no estado de New York, nos Estados Unidos, além de ter trabalhado para a VICE Brasil, Panta Magazine publicada em Londres, Berlim e Portugal Seu último trabalho desenvolvido foi o “Refazimento”, sobre cortar a raiz sem perder a raiz, é ressignificação do corpo negro através de uma reflexão sob às opressões diante desse corpo político. É sobre desatribuir e reconstruir feridas deixadas nesse corpo póscolonial.
Marconi Cristino é morador da Ceilândia, estudante de Artes Cênicas da UnB. Fotógrafo e ator, desenvolve seu trabalho a partir de suas vivências como corpo negro e periférico. Trabalha com intervenções urbanas em espaços de poder onde a representatividade de corpos negros historicamente, foi e é ocupada em sua maioria por corpos brancos. Atualmente, além de dedicar em realizar trabalhos autorais, é integrante do Coletivo DUCA (Departamento Urbano de Criação e Arte), formado por jovens de Ceilândia e de outras cidades periféricas da Ceilândia. O coletivo em questão desenvolve trabalhos nos campos das artes visuais e comunicação, atividade de produção, design gráfico, fotografia cinema, ilustração, intervenção urbana, Jornalismo e ativismo.
Rayane Soares, é pedagoga, membra da Rede Urbana de Ações Socioculturais – RUAS, ativista pelo asseguramento dos direitos da Juventude periférica. Atualmente faz parte da gestão do Programa Jovem de Expressão localizado na Ceilândia-DF. É curadora e administra a Galeria Riso Floras que também integra o Programa Jovem de Expressão. Em sua obra Desclocamento de Equilíbrio pretende provocar a reflexão a respeito dos olhares referentes às produções culturais urbanas periféricas, marginalizadas. Devido todo o preconceito estigmatizante criado sobre essa cultura, ser um jovem negro acaba sendo um ato de resistência. O nome da obra é inspirado no Princípio de Le Chatelier, onde fala sobre “quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força.
Taís Geburt é artista visual autodidata e graduanda em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Maranhão. Trabalha com técnica mista, técnica aguada e tinta óleo, materiais como Terra cal e tinta óleo sobre algodão. Em suas produções explora as dificuldades e burocracias envolvidas para a obtenção de moradias de moradias no espaço urbano. Representa a casa através dos véus de ciganas, muitas vezes estampados por azulejos portugueses, detalhes que remetem a sua cidade de origem, São Luís, Maranhão; Seu trabalho é inspirado pela dificuldade de sua mãe, mulher negra, ainda inquilina em busca do sonho da casa própria Além disso, carrega afetividade ao ser carregado por ciganas (ou povo Romani), cuja cultura demonstra grande respeito ao passado, mas nenhum compromisso em carregar consigo coisas que já se foram, nem coisas, nem sentimentos.
Tatiana Reis é artista visual, graduanda em Teoria Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília. Seu trabalho tem origem em memórias, cartografia afetiva e limites do corpo. O corpo deslocado. Tem sua pesquisa voltada para as relações de gênero e História da Arte. Após a experiência com a maternidade, começou a documentar o puerpério, o corpo materno e sua relação com a filha através de fotografias e textos e esculturas. Participa de um coletivo de artistas mães que questiona romantização e questões invisibilizadas da maternidade. Trabalha também como curadora e é a curadora dessa mostra chamada Deslocamentos.
Mayron Ricarte, mais conhecido como Vanz, é artista visual desde 2008, muralista, grafiteiro e artista plástico. Originário da Ceilândia desenvolve seu trabalho em arte urbana, usando técnicas mistas. Em ascensão tem trabalhos espalhados por vários estados brasileiros além de países da Europa e na América.
Sobre o Programa Jovem de Expressão
O Jovem de Expressão é uma iniciativa da Caixa Seguradora, em parceria com a Rede Urbana de Ações Socioculturais, RUAS. Está presente na cidade de Ceilândia, no Setor. M EQNM 18/20 Praça do Cidadão, Bloco C. No local, promove a saúde de jovens entre 18 aos 29 anos, realizando ações de prevenção à violência, ao crime e ao uso de drogas. Oferecendo gratuitamente à comunidade amplas atividades formativas e culturais. Aula de teatro, fotografia, audiovisual, produção cultural, cenografia, música. Em 2018 o espaço ganhou outro prédio, através do esforço colaborativo dos integrantes do RUAS que ocuparam e reformaram um antigo posto policial abandonado, vizinho à sede do projeto. O novo prédio abriga teatro de bolso e uma galeria de arte, a Risofloras. A galeria já recebeu 10 exposições sempre com chamamentos abertos à comunidade além das mostras resultantes das oficinas culturais. O programa Jovem de Expressão fica no Setor M EQNM 18/20 Praça do Cidadão, Bloco C - Ceilândia, Brasília. Telefone: (61) 33720957.