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janeiro 8, 2020
Fernanda Figueiredo na Kogan Amaro, São Paulo
A artista paulistana exibe telas inéditas e apresenta diálogo entre obra de Max Bill e concretistas brasileiros
Foi o contato com o concretismo do artista multidisciplinar suíço Max Bill (1908-1994) que catalisou a mais recente produção da artista Fernanda Figueiredo. Para somar, os encontros de Figueiredo com a poética de expoentes do movimento concretista no Brasil, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, ancoraram ainda mais seus processos criativos. O resultado dessa pesquisa simbiótica será exibido em A Visita de Max Bill, mostra individual em cartaz a partir de 11 de janeiro, na Galeria Kogan Amaro.
Fernanda Figueiredo reside há mais de uma década em Berlim, cidade que também abrigou a figura que inspira sua atual criação, Max Bill. Assim como ele, a artista paulistana faz valer da vivacidade em pinceladas de tinta acrílica, mas a linguagem e a temperatura dos trópicos seguem constantes em seus trabalhos.
O caminho que levou Figueiredo até Max Bill foi seu encantamento pelos concretistas brasileiros e sua imersão nos grupos Frente e Ruptura, que têm como denominador comum o legado de Bill. Expoente da Bauhaus e um dos fundadores da Escola de Ulm, Bill é autor de uma obra carregada de clareza, simplicidade e lógica em meio às formas geométricas e cores sólidas.
“Essas alusões aparecem desconstruídas, multiplicadas, recompostas e muitas vezes envoltas na natureza exuberante que ela recria e que nos remete ao Brasil, fazendo menção, inclusive, ao emblemático paisagismo de Burle Marx”, afirma a curadora Ana Carolina Ralston.
Fernanda funde essas referências com elementos de obras de artistas brasileiros e convida o visitante a encontrá-las em meio a um labirinto de cores. Ideia recorrente na tela Bulcão/Bill (2019), que como o nome sugere, traz a inspiração da artista nos padrões dos azulejos criados por Athos Bulcão, consagrado artista que alcançou prestígio por seus grandes murais em Brasília. As referências às obras de Bill também estão presentes nos pigmentos e padronagens. Em Castro/Mavignier/ Clark/Oiticica/Bill (2019) é possível conferir desenhos dos bichos de Ligia Clark, traços dos Metaesquemas de Helio Oiticica e elementos concretistas de Almir Mavignier.
Fernanda Figueiredo cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Artes Visuais na Fundação Armando Alvares Penteado em São Paulo. Após graduar-se trabalhou ativamente em duos com outros artistas utilizando majoritariamente suportes como a pintura e o desenho. Em 2015 mudou-se para Berlim, iniciou sua carreira solo e se interessou pelas narrativas Latino Americanas, o pós colonialismo, a biodiversidade tropical e compreendeu a importância de trazer essas pautas para o seu trabalho. Participou de exposições no Museu de Arte Moderna in Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia em Salvador, e Galerie im Körnerpark and Kunstquartier Bethanien em Berlim.