|
dezembro 15, 2019
Mariza Carpes no MARGS, Porto Alegre
“Digo de onde venho” celebra os 45 anos de produção da artista, concentrando-se na sua produção mais recente — desenhos, assemblages e vídeos produzidos entre 2015 e 2019 —, além de contemplar objetos e trabalhos anteriores
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) recebe a exposição Digo de onde venho, de Mariza Carpes (Santa Maria, RS, 1948), que traz a público a poética da artista visual gaúcha, concentrando-se na sua produção mais recente – desenhos, assemblages e vídeos produzidos entre 2015 e 2019 –, além de exibir objetos e guardados afetivos, bem como alguns trabalhos anteriores. Ocupando a galeria João Fahrion, e salas Angelo Guido e Pedro Weingärtner, com a reunião de cerca de 60 obras, a mostra individual tem curadoria da historiadora da arte, crítica de arte e professora do Instituto de Artes da UFRGS, Paula Ramos (ler texto). A abertura será na terça-feira, 17 de dezembro de 2019, às 18h.
A mostra segue em exposição até 15 de março de 2020. O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.
No primeiro semestre de 2020, após o término da exposição, será lançado livro homônimo, em edição bilíngue (português – inglês), contemplando obra e trajetória da artista.
Sobre a exposição
Digo de onde venho: o pessoal, o particular já na primeira palavra; o “eu” no início e no fim da sentença: digo / venho. Afirmação e movimento, com a segurança conquistada ao longo de décadas de continuada e sólida trajetória. O título da exposição assevera, portanto, a consciência e a maturidade da artista e aponta um eixo fundamental de sua pesquisa plástica: o mergulho em sua própria história, nas lembranças e nos materiais que constituem seus afetos, recolhidos e decantados ao longo de anos, alguns ao longo de décadas. Ao mesmo tempo, o feminino, representado pela figura da mãe, dos netos e dela mesma.
Memória. Assim como seu mestre e grande amigo Iberê Camargo (1914–1994) tantas vezes sublinhou em seus escritos, “a memória é a gaveta dos guardados”. É a partir dela que Mariza alinhava os fragmentos, os objetos, as texturas e as formas, construindo figuras, paisagens, narrativas visuais, metáforas, pontes para compartilhar suas vivências que também nos tocam, que também nos falam.
As cerca de 60 obras a serem apresentadas são provenientes, majoritariamente, da coleção da própria artista, além de acervos públicos, a exemplo do MARGS, do MAC RS, do Museu de Arte de Santa Maria e da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da UFRGS.
Sobre a artista
Nascida em Santa Maria, em 1948, Mariza Carpes fez sua formação na UFSM, Universidade Federal de Santa Maria, diplomando-se em 1973, em Desenho e Plástica. Na mesma instituição foi, durante anos (1975–1987), professora das disciplinas de “Interiores e Paisagismo”. Dedicando-se ao Desenho, conquistou diversos prêmios regionais, nacionais e internacionais, em salões organizados ao longo dos anos 1970 e 1990. No final da década de 1980, transferindo-se para Porto Alegre, passou a trabalhar no Instituto de Artes da UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987–1997), dedicando-se integralmente ao Desenho e ajudando a formar, pelo menos, uma geração de artistas; também dirigiu, na instituição, a Galeria da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Em 1995, concluiu o Mestrado em Artes pela Ball State University, em Muncie, Indiana, Estados Unidos.
A memória, os afetos e a própria história da artista são terreno constante de sua obra, assinalada pelo investimento no desenho, em trânsito com a pintura, assim como pela apropriação de fotografias, desenhos, impressos, objetos e fragmentos antigos, plenos de histórias e tempos.
A obra de Mariza Carpes está representada em várias instituições e coleções públicas, com destaque para: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) (Porto Alegre, RS), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC RS) (Porto Alegre, RS), Museu de Arte de Santa Maria (MASM) (Santa Maria, RS), Museu de Arte do Paraná (Curitiba, PR), Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura Municipal (Porto Alegre, RS), Pinacoteca Barão de Santo Angelo do Instituto de Artes da UFRGS (Porto Alegre, RS), entre outras.
Sobre a curadora
Paula Ramos (Caxias do Sul, RS, 1974) é historiadora da arte, crítica de arte e curadora. Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo (1996) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com Mestrado (2002) e Doutorado (2007) em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte, pela mesma IFES, ambos subsidiados com bolsa CNPq. Em 2005, realizou doutorado-sanduíche junto à Kassel Universität, na Alemanha, com bolsa CNPq/DAAD. No mesmo país, realiza seu Estágio Sênior (2018–2019; 2020–2021) na Hochschule Hannover, com bolsa da Fundação Alexander von Humboldt.
É Professora Associada do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, onde implantou o Bacharelado em História da Arte, coordenando-o nos seus cinco primeiros anos (2010–2015). Atua nos cursos de História da Arte e Artes Visuais, bem como no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS).
Assina diversas curadorias em arte moderna e contemporânea, muitas das quais agraciadas com prêmios. É autora e organizadora de várias publicações no segmento de cultura e artes visuais, com destaque para A madrugada da modernidade (1926) (Porto Alegre: UniRitter, 2006), A fotografia de Luiz Carlos Felizardo (Porto Alegre: Brasil Imagem, 2011), Walmor Corrêa – O estranho assimilado (Porto Alegre: Dux; São Paulo: Livre, 2015) e Lenir de Miranda – Pintura périplo (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2019). Também integrou a Comissão Editorial que organizou a publicação Pinacoteca Barão de Santo Ângelo – Catálogo Geral (1910–2014), nas comemorações dos 80 anos da UFRGS (Porto Alegre: UFRGS, 2015), um trabalho de ensino, pesquisa e extensão, que envolveu dezenas de estudantes e professores do Bacharelado em História da Arte da UFRGS. Em 2016, publicou A modernidade impressa – Artistas ilustradores da Livraria do Globo – Porto Alegre (Porto Alegre: UFRGS, 2016), reunindo as pesquisas desenvolvidas no âmbito do Mestrado e do Doutorado. Contemplado pelo edital Petrobras Cultural – Memória das Artes 2012, o livro foi lançado com exposição homônima, realizada no MARGS. Como um todo, o projeto A modernidade impresa recebeu oito prêmios em âmbito regional e nacional, com destaque para o Prêmio Açorianos de Literatura 2016 – Livro do Ano, o Prêmio ABEU 2017 – Ciências Sociais e da Expressão, e o Prêmio Jabuti 2017, 1º lugar na categoria Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia.