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dezembro 14, 2019
I-D - exposição comemorativa dos 45 anos da Luisa Strina, São Paulo
No dia de seu aniversário, a Galeria Luisa Strina inaugura I-D, coletiva que conta a história do período da consolidação de identidade do espaço
Os anos 1990 são marcados, na arte brasileira, por uma operação de desconstrução e reconstrução das noções de concreto e construtivismo, notadamente por meio das obras “pop-popular” – para usar a expressão de um crítico do período – de nomes como Marepe, Alexandre da Cunha e Emmanuel Nassar. Sobre este, afirmou-se que “faz literalmente uma gambiarra do concreto para o popular ou vice-versa”. Dessa mesma matriz desconcretista e desconstrutivista, nascem também as poéticas mais minimalistas de Marcius Galan, Renata Lucas e Fernanda Gomes naquela década e nos anos 2000.
Os anos 90 também são um momento de reconciliação com o belo, com a cor sendo reabilitada por artistas que não se identificam com a geração 1980, mas que praticam uma espécie de pintura conceitual, como é o caso de Caetano de Almeida, Monica Nador e Marina Saleme. Acerca de Saleme, se escreveu: “A alusão figurativa está firmemente ancorada pelo título; é uma paisagem, e, no entanto, é já uma pintura pós-conceito, pintura da pintura, figura que examina a viabilidade da pintura agora”. Finalmente, outra marca desse período histórico na arte é a emergência de uma subjetividade conflituosa em obras mais existenciais, como as de Leonilson, Dora Longo Bahia, Edgard de Souza e Cabelo.
A exposição I-D reúne obras desses e outros artistas para contar a história da Galeria Luisa Strina dos anos 1990 até meados dos anos 2000. Os nomes elencados acima eram todos representados pela galeria, foram artistas em que Luisa apostou quando iniciavam suas trajetórias, sendo, portanto, responsável por “lançar” suas carreiras, que viriam a se consolidar nos anos 2000 e 2010. Hoje, Marepe, Alexandre da Cunha, Marcius Galan, Fernanda Gomes, Caetano de Almeida, Renata Lucas e Marina Saleme continuam no time da galeria, configurando parcerias duradouras, de 20 ou 30 anos de trabalho conjunto e cumplicidade.
I-D trata da consolidação da identidade da galeria, incluindo também obras dos artistas estrangeiros que Luisa apresentou e/ou começou a representar no período coberto pela exposição, e que seguem integrando o núcleo de artistas que definem esta identidade: Muntadas, Jorge Macchi, Carlos Garaicoa e Alfredo Jaar. Os outros nomes internacionais, sobretudo latino-americanos, que hoje são parte fundamental do programa da galeria, assim como os jovens artistas brasileiros que passaram a ser representados nos anos 2010, serão objeto da terceira exposição deste ciclo comemorativo dos 45 anos, a ser inaugurada em março de 2020.
Além da geração 1990, I-D apresenta obras dos artistas que seguem participando ativamente da vida da galeria no período, como Cildo Meireles, Antonio Dias e Artur Barrio. E traz uma pequena seleção de obras de grandes nomes da história da arte contemporânea internacional que expuseram nas décadas contempladas pelo recorte curatorial: Peter Halley, Jenny Holzer e Wim Delvoye. A história de todas essas exposições também será contada em dois painéis com documentação (convites, clippings, fotografias), como ocorreu em Chão de Giz.