|
dezembro 12, 2019
Leonor Antunes no Masp, São Paulo
Exposição encerra ciclo Histórias das mulheres, histórias feministas e dialoga com outras artistas, como a arquiteta Lina Bo Bardi
Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Amanda Carneiro, curadora assistente do museu, a exposição leonor antunes: vazios, intervalos e juntas abre no dia 13 de dezembro, sexta-feira, no MASP e no dia 14, sábado, na Casa de Vidro. A mostra, que ocorrerá simultaneamente em dois edifícios icônicos da arquiteta Lina Bo Bardi, apresenta trabalhos inéditos, feitos especialmente para os espaços.
Leonor Antunes: vazios, intervalos e juntas acontece simultaneamente à exibição dos trabalhos das artistas Gego e Anna Bella Geiger no MASP, que encerram o eixo temático Histórias das mulheres, histórias feministas, programa que se dedicou a artistas mulheres ao longo de 2019 e teve exposições de Djanira da Motta e Silva, Tarsila do Amaral, Lina Bo Bardi e outros nomes.
Nascida em Lisboa, em 1972, Leonor Antunes mora desde 2005 em Berlim, na Alemanha. Considerada uma das mais importantes artistas portuguesas da atualidade, ela representou seu país na Bienal de Veneza de 2019 com a exposição a seam, a surface, a hinge or a knot. Definidas pela própria artista como “esculturas criadas no espaço”, suas obras estabelecem relações entre a escultura, a arquitetura, o design, a luz, e o corpo — que pode ser o do espectador que trafega pela galeria ou do ambiente que a artista ocupa. Antunes dedica atenção especial aos materiais que emprega, frequentemente naturais ou orgânicos, bem como à ação do tempo e o uso sobre eles, sublinhando traços e tramas, técnicas e texturas.
Uma das características mais marcantes de sua prática é o interesse por produções de algumas artistas, arquitetas e designers do século 20, sobre as quais ela investiga e nas quais se inspira. Ela constrói assim um verdadeiro arquivo de referências, composto sobretudo por pioneiras mulheres modernistas que muitas vezes foram deixadas de lado nas grandes narrativas da história da arte, e que surgem como personagens de sua obra: Anni Albers, Charlotte Perriand, Clara Porset, Egle Trincanato, Eileen Grey, Eva Hesse, Franca Helg, Gego, Lina Bo Bardi, Lygia Clark e Ruth Asawa, entre outras.
O título da exposição é uma alusão aos espaços criados por Lina Bo Bardi —no caso, MASP e Casa de Vidro— e à atenção da arquiteta para os “vazios, intervalos e juntas” presentes nessas arquiteturas. Verticalidade e transparência também aparecem como fios condutores da mostra. Em villa neufer, por exemplo, uma escultura é feita a partir de uma escada de Albini. Já Caipiras, capiau, pau a pique remete a elementos usados na famosa mostra de mesmo nome organizada por Bo Bardi no Sesc Pompeia em 1980.
No piso da galeria do MASP, um trabalho toma emprestada a composição geométrica de uma pintura de Lygia Clark (Superfície modulada, 1952), ampliada numa escala arquitetônica que permite uma participação ativa do espectador sobre a obra, antecipando um caminho que Clark trilharia na década seguinte, com a participação do espectador em seus famosos Bichos. Já a grelha de madeira no teto, inspirada em um detalhe da casa de Clara Porset na Cidade do México, ocupa dois nichos de concreto da galeria, mesclando dois personagens: Porset e Bo Bardi. O jogo de transparências é articulado através da rede que cobre a galeria, bem como o vidro que divide o exterior do interior do edifício.
Catálogo
A publicação, que terá versões em português e inglês, é organizada pelos curadores Adriano Pedrosa e Amanda Carneiro. Ela será lançada em janeiro de 2020 e inclui textos de Carneiro, Clara Kim, Grant Watson, Caoimhin Mae Giolla Léith, María Inés Rodríguez, Briony Fer, além de uma entrevista com artista feita por Adriano Pedrosa.