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dezembro 12, 2019
Gego - Gertrud Goldschmidt no Masp, São Paulo
Mostra é coorganizada com o Museo Jumex (Cidade do México), o Museu d’Art Contemporani (Barcelona) e o Tate Modern (Londres)
A partir de sexta-feira, 13 de dezembro, Gertrud Goldschmidt (1912-1994), mais conhecida como Gego, recebe sua primeira exposição individual no Brasil no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Batizada de Gego: a linha emancipada, a mostra fica em cartaz até o dia 1º de março de 2020.
A exposição é coorganizada pelo MASP com o Museo Jumex, da Cidade do México, o Museu d'Art Contemporani de Barcelona (MACBA), e o Tate Modern, de Londres. Organizada por Pablo León de la Barra com Tanya Barson e Julieta González, terá sua estreia em São Paulo e depois seguirá para Cidade do México (30 de abril a 20 de agosto de 2020), Barcelona (29 de abril a 28 de agosto de 2021) e Londres (29 de setembro a 9 de janeiro de 2022). A Fundación Gego, de Caracas, auxiliou na pesquisa curatorial, assim como na entrega de materiais de arquivo para o catálogo e a exposição, além de emprestar as principais obras exibidas.
Gego: a linha emancipada acontece simultaneamente à exibição dos trabalhos das artistas Leonor Antunes e Anna Bella Geiger no MASP, que encerram o eixo temático Histórias das mulheres, histórias feministas.
Gertrud Goldschmidt nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1912 (Gego, seu nome artístico, é a junção das primeiras sílabas de seu nome e sobrenome). Ela estudou arquitetura e engenharia na Technische Hochschule Stuttgart (hoje Universität Stuttgart). Diante do crescimento do antissemitismo, migrou para a Venezuela, onde passou a trabalhar com designers e arquitetos.
Foi apenas no início dos anos 1950 que Gego começou a carreira como artista, primeiro com aquarelas, monotipos e xilogravuras e depois com estruturas de metal tridimensionais. Ao lado de Carlos Cruz-Diez, Alejandro Otero e Jesús Rafael Soto, tornou-se um dos principais nomes da abstração geométrica e da arte cinética.
Durante sua trajetória, a artista se preocupou em investigar três formas de sistemas: linhas paralelas, nós lineares e o efeito parallax – no qual o formato de um objeto estático muda de acordo com a posição do observador. Gego explorou a relação entre linha, espaço e volume em uma série de esculturas tridimensionais feitas a partir de fios.
A exposição apresenta uma pesquisa cronológica e temática do trabalho da artista do início da década de 1950 até 1990, e inclui aproximadamente 150 obras entre esculturas, desenhos, gravuras e tecidos. A mostra traça ainda a evolução da abordagem distinta de Gego em relação à abstração e destaca sua prática no desenho e na gravura em diálogo com as séries tridimensionais, incluindo as esculturas vibracionais e cinéticas dos anos 1950 e 1960 como, por exemplo, Chorros (1970-71), Reticuláreas cuadradas (1970-73), Columnas (1971), Columnas (Reticuláreas cuadradas) (1972), Troncos (1974-77), Dibujos sin papel (1976-88), Esferas (1976-77), e Bichitos / Bichos (1987-91).
Para Pablo León de la Barra: “O trabalho interdisciplinar de Gego desconstrói não apenas a divisão entre imaginário e racional – visto que seu conhecimento em construção civil é combinado com sua prática artística – mas também seu papel social como uma mulher em um ambiente majoritariamente masculino, tanto na engenharia quanto na arte. Os dilemas que Gego enfrentou na vida, se pensarmos que a artista chegou na América Latina como uma refugiada judia, ainda são dilemas de muitas mulheres, tanto no campo profissional quanto pessoal”.
Catálogo
A publicação, organizada por Adriano Pedrosa e Pablo León de la Barra, inclui textos dos curadores e também artigos inéditos de Mari Carmen Ramírez, Geaninne Gutiérrez-Guimarães, Monica Ámor, Luis Pérez-Oramas, Vered Engelhard e Sean Nesselrode Moncada.